ÚLTIMA ATUALIZAÇÃO: 05/01/2015.
SEM POMPA, SEM BRILHO…
Último adeus »
Enterro de Hilda Furacão reúne apenas duas pessoas em Buenos Aires
Sepultamento da brasileira no Cemitério de Chacaritas ocorreu sem pompa no último dia 31

O corpo de Hilda Maia Valentim, o nome verdadeiro de Hilda Furacão, que fez história na Zona Boêmiade Belo Horizonte, na década de 1950, está sepultado no Cemitério de Chacaritas, o mais popular de Buenos Aires, sem qualquer alusão ao fato de ela ter sido mulher e viúva de um dos maiores jogadores da história do Boca Juniors, Paulinho Valentim, como era conhecido, que também defendeu o Atlético, seu primeiro clube como profissional.
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O sepultamento aconteceu no último dia 31 de dezembro e, segundo o Dr. Jorge Stolbizer, diretor do Hogar Guillermo Rawson, o asilo onde ela passou seus últimos dias, em Buenos Aires, somente ele e uma mulher, funcionária do Consulado brasileiro naquela cidade, mas que pediu sigilo absoluto, compareceram á cerimônia. Ninguém reclamou o corpo. Não apareceu nenhum parente. Seu ente mais próximo, o filho Ulisses, já havia morrido há um ano e meio e também foi sepultado no mesmo local.
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A morte de Hilda ocorreu no dia 29. Ela já não se alimentava há cerca de 10 dias e foi encontrada morta em seu leito, num dos quartos do Guillermo Rawson. “Não houve qualquer pompa. Foi uma cerimônia bem simples”.
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O jornal Estado de Minas, versão on line, de Belo Horizonte, traz uma chamada no site UAI anunciando a morte de Hilda Furacão, porém, por enquanto, o link abre uma página em branco.
VEJA AQUI A HISTÓRIA DE HILDA FURACÃO!
CONFIRMADO: Hilda Furacão morre em asilo de Buenos Aires
Pernambucana que tornou-se célebre na noite de Belo Horizonte viveu a última metade da vida na capital argentina, para onde mudou-se com o marido, o jogador Paulo Valentim
Nascida no Recife, Hilda Maia Valentim foi famosa na BH da década de 1950, época em que vivia da prostituição. fez história na Zona Boêmia de Belo Horizonte, fazendo ponto no Maravilhoso Hotel da Rua Guaicurus, e ganhou notoriedade na obra de Roberto Drummond com a obra que levava sua alcunha como título. Em seus documentos, herdou o último sobrenome ao se casar com o ex-jogador de Atlético, Botafogo, Boca Juniors e da Seleção Brasileira, Paulo Valentim.
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Segundo os médicos, Hilda agonizava há cerca de 10 dias e já não comia. A direção do asilo, que trata essa morte como a de uma celebridade, tenta que a Associação dos Ex-jogadores do Boca Juniors faça o sepultamento. Caso a resposta seja negativa, o próprio hogar arcará com as despesas, já que ela estava internada, lá, por conta da municipalidade, que tem uma lei especial para ajuda a idosos.
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Hilda Valentim morreu sozinha. Sua única companhia eram os outros idosos que também eram moradores do mesmo asilo. Por muitos deles, ela era cultuada, e não eram poucos os velhos torcedores do Boca que se aproximavam e entoavam a cantiga que a torcida dirigia a Paulo Valentim: “TIM, TIM, TIM, gol de Valentim”.
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O sepultamento, seja através da associação dos veteranos do clube ou correndo por conta da municipalidade, acontecerá no Cemitério de Chacaritas, em Buenos Aires, onde também foi sepultado Paulo Valentim, cujos ossos já foram retirados. Não existe hoje nenhum registro, nenhuma lápide ou placa referente ao fato de ele, um dos maiores ídolos da história do Boca, ter seu corpo ali guardado. O único registro está no livro do cemitério.
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Hilda Furacão morre na Argentina
Hilda Furacão foi eternizada em livro de Roberto Drummond e minissérie.
Em agosto reportagem do Fantástico foi a asilo e conversou com ela.

Hilda Maia Valentim, conhecida como Hilda Furacão, morreu na manhã desta segunda-feira (29) no asilo Guillermo Rawson, em Buenos Aires, na Argentina, segundo informou ao G1 o diretor da instituição, Jorge Stolbizer. Ela foi eternizada em um livro escrito por Roberto Drummond. A história virou minissérie, exibida em 1998 pela TV Globo, na qual Ana Paula Arósio representou a personagem.
Hilda era viúva do ex-jogador do Boca Juniors Paulo Valentim. O jornalista Ivan Drummond, parente de Roberto Drummond, foi quem localizou Hilda no país vizinho. Uma assistente social brasileira entrou em contato com Ivan após elucidar a história da paciente. Em agosto de 2014, a reportagem do Fantástico foi até o asilo e conversou com Hilda, que na época estava com 83 anos.

De acordo com Jorge Stolbizer, a morte aconteceu às 10h10 por “causas multiorgânicas” – ela começou a ficar debilitada por um problema respiratório, depois agravado por uma falha renal. Hilda era mantida numa ala de internação há oito meses devido à saúde frágil. Até um mês atrás, estava totalmente lúcida. Depois, passou a ter “flashes” eventuais de lucidez.
Segundo Stolbizer, ela nunca foi visitada por familiares enquanto esteve no asilo e, por enquanto, não foi possível localizar nenhum parente para encaminhar as questões ligadas ao enterro. Se ninguém próximo fizer contato, Hilda deve ser enterrada no Cemitério de Chacarita, na capital argentina.

Viúva desde 1984, ela morava com um filho até que ele morreu, no ano passado. Hilda sofreu uma queda e ficou internada seis meses em um hospital público em Buenos Aires. Depois ela foi levada para o asilo mantido pela prefeitura. Foi aí que começou a ser desvendada parte do mistério.
A assistente social Marisa Barcellos, brasileira, foi quem correu atrás do passado dela. “Conheci a Hilda e comecei a pesquisar e a recuperar parte de documentação e a identidade da Hilda. E chegamos a essa história fantástica da Hilda Furacão. Ou da Hilda Maia Valentim, viúva de Paulo Valentim, um grande herói do Boca Juniors”, disse a assistente social Marisa Barcellos, em entrevista ao Fantástico.

Na obra, Hilda é descrita como uma mulher linda, jovem da alta sociedade mineira que larga a família e se transforma em uma das mais famosas prostitutas de Belo Horizonte na década de 1950. A rainha da zona boêmia deixava os homens loucos, entre eles, até um frei dominicano, papel de Rodrigo Santoro.
O autor do livro, Roberto Drumond, morreu em 2002. Em 1991, ele deu pistas sobre a personagem. “Hilda existiu. Agora de tal forma ela foi mitificada, e mistificada que ela se transformou em um boato. Um boato festivo, colorido, maravilhoso, então o livro é contado através desse boato”, contou o criador de Hilda Furacão.
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Natura Musical leva shows a três praças de BH: confira a programação
Ney Matogrosso, Elba Ramalho, Arnaldo Antunes e Karina Buhr falam da preparação antes de subir ao palco na capital mineira; organização estima público de 50 mil pessoas
Última atração confirmada para o Natura Musical, Arnaldo Antunes, em show com a participação de Marisa Monte neste domingo, 14, na Praça da Estação, só veio referendar o tom da quarta edição do evento. São muitos os encontros que vão ocorrer nas três praças do festival. A expectativa é que 50 mil pessoas assistam aos shows, que começam de manhã, em programação dedicada às crianças na Praça da Liberdade e tem sequência nas praças da Estação e JK.

Já o encontro de Ney não será com um convidado, mas com seu público. O cantor apresentou em teatro seu mais recente show, Atento aos sinais, por duas ocasiões em BH. Agora, com a praça cheia, o sentimento será outro. “O que mais gosto ao fazer shows assim é ver a reação do público, coisa que não ocorre em teatro. A praça permite que as pessoas dancem, por exemplo”, conta Ney, que a despeito da mudança de espaço, não vai mudar absolutamente nada do que é visto em um espaço fechado.
E é um trabalho e tanto para que o show chegue na praça. Atento aos sinais não tem cenário – o único objeto em cena é uma cadeira espelhada. Toda a parte cenográfica é feita com a iluminação, assinada pelo próprio Ney. “É a maior iluminação que já fiz. E isso me causa alguns problemas. Como o equipamento é muito pesado, passamos a usar dois caminhões (para o transporte). Quando colocamos tudo num só, fomos multados por excesso de peso.” Show de seu álbum mais recente, ele traz no repertório canções de Arnaldo Antunes e Lenine, Paulinho da Viola, Pedro Luís, Criolo e Itamar Assumpção. Com o DVD já gravado, Ney deve lançá-lo em outubro.
Chips trocadosOutros encontros que marcarão o domingo são de Fernanda Takai e Samuel Rosa (ele gravou com ela ‘Pra curar essa dor’, versão de Heal the pain, de George Michael); Nação Zumbi com BNegão; Felipe Cordeiro com Luê e Dona Jandira; Siba com Chico Lobo; Marcella Bellas e Juliana Sinumbu e Elba Ramalho e Mariana Aydar. As duas últimas se encontraram tantas vezes no palco que Elba já perdeu a conta. “Não foi uma nem duas vezes, acho que desde que ela começou a cantar. A Mariana tem casa em Trancoso, eu também, então sempre nos encontramos no verão. Como temos intimidade, quando chegar a hora a gente idealiza o que vai cantar”, diz Elba.
A cantora não para, traz na manga diferentes formatos de show. Além do seu próprio, que pode vir com formação de quatro até 12 músicos, ela faz apresentações com Geraldo Azevedo e com o projeto Cordas, Gonzaga e afins, em que relê a obra de Gonzagão ao lado do armorial SaGRAMA, das cordas do Encore, do baterista Tostão Queiroga e dos sanfoneiros Beto Hortis e Marcelo Caldi. “Tenho que trocar chip para tudo”, brinca a cantora, que também está envolvida com as gravações de seu próximo álbum. Os produtores serão Yuri Queiroga (sobrinho de Lula) e Luã, o primogênito de 26 anos, que se formou recentemente em música na prestigiosa Berklee.
Marisa Monte e Arnaldo Antunes selam reencontro ao fim do festival, na Praça da Estação
“É sempre um aprendizado, tanto para mim quanto para ele. Música é experiência, você até corre o risco de errar. Sou muito moderna, mas quando você é cantora, colocam rótulos que limitam. Mas esse disco vai trazer uma variedade de compositores e sonoridades ousadas”, adianta Elba, que está gravando canções de Chico Science, Zeca Pagodinho, Lenine, Arlindo Cruz, Siba. Há ainda duas inéditas de Dominguinhos.
NATURA MUSICAL
Domingo, 14 de setembro, a partir das 10h. Praças da Estação, Liberdade e JK, com entrada franca. Para as apresentações nas praças da Estação e JK é necessário ingresso, para a da Liberdade a entrada é livre. Informações: naturamusical.com.br/festival.
• Programa de domingo
» Praça da Estação
• 14h – Marcela Bellas convida Juliana Sinimbu
• 15h – 5 a Seco
• 16h30 – Fernanda Takai convida Samuel Rosa
• 18h – Elba Ramalho convida Mariana Aydar
• 19h30 – Ney Matogrosso
• 21h15 –Arnaldo Antunes convida Marisa Monte
Nos intervalos, Vinil é Arte
» Praça da Liberdade
• 10h – Érika Machado
• 11h15 – Giramundo/Oficina de percussão e atividades lúdicas
• 14h30 – Disco Baby com Anderson e Yan Noise e Daniel Cozta
• 16h30 – Pequeno Cidadão
» Praça JK
• 15h – Siba com Chico Lobo
• 16h30 – Felipe Cordeiro com Luê e Dona Jandira
• 18h – Karina Buhr canta Secos e Molhados
• 19h30 – Nação Zumbi com BNegão
Nos intervalos, Vinil é Arte
FONTE: Estado de Minas.
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Ana Paula Arósio, no papel de Hilda
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Hilda e Paulo, nos bons tempos do craque, que jogou no Atlético e Botafogo e foi ídolo no Boca Juniors |
Buenos Aires – “A Hilda Furacão, onde ela estiver…”.
NOTA DO EDITOR: HILDA EXISTIU OU NÃO?
O próprio Roberto Drummond se dizia “refém de Hilda”, porque ninguém aceitava o fato de ela não haver existido, portanto, o autor do romance negou a existência da personagem (ou seja, aquela Hilda deslumbrante, de família rica, frequentadora do Minas Tênis, de sobrenome chique, é fantasia). Mas é preciso entender que, se ele atribui a ficção ao romance, claro está que se inspirou em pessoas e fatos reais para desenvolvê-lo. O próprio autor é personagem da obra, assim como Frei Beto e o playboy Antônio Luciano. Certamente nem todos os fatos, pessoas e situações ocorreram exatamente como descritos no livro e retratados na minissérie, mas é perfeitamente factível que a dona Hilda de hoje tenha vivido algumas das histórias contadas (inclusive o apelido e a sua mudança para a Argentina). Ao final, link para download do livro (PDF).
A assistente chegou à história de Hilda e se surpreendeu com o passado da mulher, que foi famosa em Buenos Aires, personagem de reportagens em jornais e revistas. Era tratada como primeira-dama do Boca Juniors, mulher de um dos maiores astros do clube, apontado como um dos principais responsáveis pelos títulos de campeão argentino nos anos de 1962 e 1964. Uma dama que conheceu o luxo vive agora na miséria, de favores. Antes de ser recolhida ao asilo, Hilda morava com a ex-companheira de um dos filhos que teve com Valentim, Ulisses, que morreu no ano passado.
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VEJA AQUI A REPERCUSSÃO DA REPORTAGEM NA INTERNET!
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CONTINUA A REPERCUSSÃO, AGORA SE REVELA A BELA B!
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A LENDA HILDA FURACÃO!
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É na sala de TV e refeições que Hilda recebe o Estado de Minas para, em um dos momentos de lucidez, contar que viveu uma vida de luxo, falar de venturas e desventuras. “Com o Paulo, conheci 25 países. Onde o Boca jogava eu estava. Ele era o único que tinha permissão para levar a mulher. Eu ia a todos os lugares. O Jose Armando foi presidente do Boca e gostava muito do Paulinho (Paulo Valentim) e por isso eu era a única a viajar.”
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Casamento em Barra do Piraí teve João Saldanha (destaque) como padrinho |
Hilda força a memória e volta aos tempos de adolescência e a Belo Horizonte. Conta que chegou muito nova à capital mineira com o pai, José, a mãe, Joana Silva, e quatro irmãos. Isso, no entanto, não é possível confirmar, pois nesse momento ela parece confusa. Volta a falar da união com Valentim. Vê uma foto dela, tirada logo depois do casamento com o jogador, e diz: “Estava embarazada (grávida)”.
A foto pertencia ao falecido jornalista mineiro Jáder de Oliveira, que chegou a morar em Buenos Aires, vizinho do casal. Foi feita no apartamento onde Hilda e Paulinho moravam. O comentário de Hilda surpreende, pois na época o casal já tinha um filho: Ulisses. Seria, então, o segundo filho. Uma foto confirma que eles tiveram dois e o mais novo teria morrido e foi enterrado na capital argentina. Desde então, ela evita tocar no assunto. Quando percebe que falou o que não pretendia, disfarça.
Na verdade, Hilda criou algumas fantasias que a ajudam a esconder o que considera ruim na vida, como a história do segundo filho. A outra fantasia é para esconder a vida que levava em BH. Os tempos da zona boêmia, do Hotel Maravilhoso, na Rua Guaicurus, não existem na memória dela. “O meu apelido, de Furacão, é antigo, porque eu era brigona. Se mexessem comigo estourava, discutia, queria bater. Sou assim desde pequena.”
De repente, entra na sala de TV e refeitório Jose Francisco Lallane, de 80 anos, um torcedor do Boca, que também vive no Hogar Dr. Guillermo Rawson. Ela está sentada onde gosta: bem perto da telinha. Da porta, avista Hilda e grita: “Tim, Tim, Tim, gol de Valentim”. Esse era o canto da torcida para reverenciar o ídolo dos anos 1960. Jose caminha em direção a Hilda, ainda cantando. Ela sorri. Ele pega a mão dela e a beija. Então, começa a falar de Valentim. “Era um craque. Era demais. Não passava jogo sem fazer gol. Uma vez, o Carrizo, goleiro do River Plate, já havia levado um gol de falta dele. Então, houve uma segunda falta e, antes que ele batesse e fizesse o segundo gol, Carrizo fingiu estar machucado e pediu substituição.” Hilda sorri, está feliz porque falam do marido, um dos orgulhos de sua vida.
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Hilda Valentim |
Buenos Aires – José Francisco Lallane, o velho torcedor do Boca, deixa a sala do asilo e Hilda passa a falar da vida de casada, de como conheceu o grande amor. Diz que a família do ex-marido a ajudou muito e que o conhecia desde garota, quando tinha 13 anos e ele, 21. Outro devaneio. Na verdade, Valentim era um ano mais novo que ela. O que importa é que Hilda se apaixonou. Uniram-se e começaram a correr mundo, até chegarem à cidade-residência que ela considera definitiva: Buenos Aires.
“O pai do Paulo, seu Joaquim, nos ajudava. Minha mãe, Joana, estava muito doente e eu tinha de sair para trabalhar e ajudar em casa. Ele sempre me arrumou empregos em casas de família. Muito tempo depois, o Paulo me procurou e começamos a namorar.” Isso é o que Hilda conta sobre o início da vida com o jogador. De Belo Horizonte, são poucos os lugares que ainda tem na memória. “Eu me lembro muito bem da Praça Sete, do Brasil Palace Hotel, do Cine Brasil e da Igreja de São José, onde costumava assistir a missas aos domingos pela manhã.”
É o pouco que consegue recordar da cidade. Não cita nenhum lugar relacionado ao passado verdadeiro. Conta que nos tempos de empregada doméstica aprendeu a cozinhar, a fazer comidas gostosas sempre para os patrões. O que só terminaria quando se uniu a Valentim. “A gente se casou em Barra do Piraí (RJ), onde estava toda a família do Paulo. Um dos nossos padrinhos foi o João Saldanha, que era técnico do Botafogo e um grande amigo do meu marido. Ele sempre ajudava. Fomos para o Rio, pois o Paulo jogava no Botafogo”, diz, mostrando um sorriso.
Depois, fala da Seleção Brasileira. “Ele jogava com o Garrincha, o Didi e o Zagallo, no Botafogo. Foi para a Seleção e lá jogou com o Pelé, que era o maior da época. E foi por causa da Seleção que viemos para Buenos Aires. O Boca, do José Armando, comprou o passe dele e nos mudamos. Viemos para um lugar que nos acolheu, como se fôssemos daqui.”
Hilda muda de assunto. Fala da vida do casal. Acusa a família de Valentim de ter arruinado a vida dela, de ter gastado todo o seu dinheiro. “Um irmão dele, o Valdir, montou um armazém em Barra do Piraí. O Paulo pagou. Mas o Valdir perdeu tudo. Deu dinheiro para o pai, para a mãe. Uma irmã, Wanda, ficou com um apartamento em Brasília.”
E garante ter provas. “Uma vez, fui ao Banco Nacional da Argentina e uma amiga – diz sem lembrar o nome da mulher – me contou que todos os meses o Paulo mandava dinheiro para um monte de gente no Brasil, todos com o sobrenome dele. É mentira que ele bebia e que jogava. Gastou o dinheiro com a família.”
Moedas Conta-se no Brasil e na Argentina que Hilda teria herdado um baú grande, cheio de notas e moedas. Valentim teria como mania jogar dinheiro dentro do baú, que sempre os acompanhava. “Eu tenho dois baús. Uma mulher ficou com eles e quer que eu pague para buscá-los. Não tenho dinheiro. Sei onde ela mora e qualquer dia vou lá buscar, na marra”, diz, brava, mostrando um pouco do que a levou, talvez, a ganhar o apelido de Furacão.
Nas parcas reminiscências, ela vai ao México, mas antes passa por São Paulo. “O Paulo foi jogar no São Paulo. Mas ficou lá pouco tempo, pois surgiu uma proposta do Atlante. Gostava muito do México. Tratavam-no bem. Ficamos lá uns dois anos e voltamos para a Argentina. Aí, o Paulo foi treinar o time dos meninos do Boca.”
Quem ouve Hilda revirar o que lhe resta de memória no refeitório do asilo pensa que tudo esteve sempre às mil maravilhas com ela. Mas não foi assim. Na volta a Buenos Aires, o casal passou a viver de aluguel ou de favor. “A gente morou em muitas casas e apartamentos que o Boca cedia, como parte do contrato, ou arrumados pelo Armando, que gostava muito do Paulo.”
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Drummond levava a vida para o jornal |
A narrativa de Roberto Drummond no livro Hilda Furacão começa quando ele chegou ao extinto jornal Folha de Minas, no ano de 1953. Ele entrou na redação para pedir a publicação de uma nota sobre o movimento estudantil da época, do qual fazia parte. Foi recebido pelo jornalista Felippe Drummond, que, depois de anotar os dados da notícia – uma passeata que ocorreria no dia seguinte –, se surpreendeu com o sobrenome do escritor. “Então você é meu primo. Sabe bater máquina? Quer trabalhar aqui?’’ Diante das respostas afirmativas, no dia seguinte Roberto se tornou jornalista.
Naquele tempo, a zona boêmia era sempre foco de notícias na Folha de Minas, principalmente pelos fatos policiais. Eram brigas, golpes e prisões. Os jornalistas, em geral, tinham por hábito frequentar os bares do chamado Polo Norte e o Montanhês Dancing. Lá, Roberto tomou conhecimento de Hilda Furacão, um nome que guardou na memória. Quando do casamento dela com Paulo Valentim, a curiosidade do escritor aumentou. Era ingrediente para um texto especial. E guardou a história que considerava fantástica.
Quando começou a escrever o livro, anos mais tarde, falava de Hilda Furacão como se fosse ela uma personalidade rara. Sabia que não poderia falar de uma mulher pobre. Isso não atrairia leitura. Fantasiou, então, a personagem, que teria saído da alta sociedade, frequentadora do Minas Tênis Clube. A isso, acrescentou outros ingredientes, como a Tradicional Família Mineira (TFM), os movimentos políticos que precederam o golpe militar de 1964.
Muitos dos personagens do livro, como a própria Hilda, são reais, assim como alguns fatos, como a compra de retirantes nordestinos por Roberto Drummond, em reportagem para mostrar a condição miserável dos sertanejos, que lhe valeu o Prêmio Esso.
Hilda Furacao – Roberto Drummond
FONTE: Estado de Minas.
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