Polícia Civil investigará prisão ao vivo dentro de estúdio da Rádio Itatiaia
Sem esclarecer sobre a existência, ou não, de mandado para entrar no prédio da emissora, a corporação disse que já iniciou processo investigativo
A Polícia Civil de Minas Gerais afirmou nesta segunda-feira que já iniciou apuração para esclarecer as circunstâncias da prisão de Armando Júnio Pereira da Cruz, durante entrevista ao vivo à Rádio Itatiaia. O homem é casado com a vereadora Flávia de Oliveira Silva, de Confins, na Região Metropolitana, presa durante Operação Lavagem III. A corporação afirmou que por determinação do chefe da PC, Oliveira Santiago Maciel, a corregedoria vai atuar no caso. A nota, no entanto, não esclarece se os policiais possuíam mandado para entrar nos estúdios da emissora. Nas imagens dos corredores, divulgadas pela rádio, é possível perceber que nenhum dos policiais apresentou qualquer documento que pudesse ser o mandado. O suspeito foi preso no momento em que estava prestes a falar com o jornalista Eduardo Costa, que apresenta o programa “Chamada Geral”.
No momento da abordagem, Eduardo Costa começou a narrar ao que estava ocorrendo dentro do estúdio. “Eu quero comunicar aos senhores que, neste momento, dois policiais civis estão no estúdio da Rádio Itatiaia para prender o Armando, marido da vereadora de Confins. Até aqui, respeitosamente, estou resistindo e dizendo a eles que não acho crível, lógico e correto que invadam o estúdio da maior emissora de Minas para fazer uma prisão. Poderiam ter no mínimo a delicadeza de esperar na portaria do estúdio, como eu pedi, mais ainda na porta da rádio”, disse.
Ainda durante a transmissão, o jornalista tentou argumentar dizendo que os policiais não poderiam invadir o local, já que não teriam mandado. Eduardo Costa classificou como “falta de respeito” a atitude dos policiais e clamou pelo chefe da Polícia Civil, Oliveira Santiago Maciel, Marco Antônio Romaneli, secretário de Defesa Social e até o governador Alberto Pinto Coelho (PP). “Estão levando o moço preso neste momento, arrastado de dentro do estúdio da radio da minas. Ai nos vamos ver as consequências jurídicas. A prisão se consolidou, levaram o Armando.”, narrou.
FONTE: Estado de Minas.
Feito para veículos, viaduto José Alencar tem armadilha fatal para ativistas nas manifestações
Feitas só para veículos, estruturas que ligam avenidas Antônio Carlos e Abrahão Caram viraram um risco para ativistas
Inaugurado em dezembro de 2011, o Viaduto José Alencar, que faz a ligação entre as avenidas Antônio Carlos e Abrahão Caram, na Região da Pampulha, foi projetado para facilitar o acesso ao Mineirão para veículos que saem do Centro e também para ligar bairros como Jaraguá, Dona Clara e Liberdade, todos na Pampulha, ao estádio de maneira mais rápida, eliminando um cruzamento. A estrutura também foi pensada para se adequar ao transporte rápido por ônibus (BRT, da sigla em inglês), mas nem o mais pessimista dos engenheiros imaginava que um dia manifestantes tomariam o lugar dos carros e andariam a pé pelo elevado, correndo o risco de cair, como ocorreu com o jovem Douglas Henrique de Oliveira Souza, de 21 anos, que não resistiu, e com outras cinco pessoas que ficaram feridas em acidentes semelhantes.
Para o vice-presidente do Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia (Ibape/MG), Clémenceau Chiabi, o viaduto foi concebido da maneira correta, sendo usado apenas para o trânsito de veículos. “Como há semáforo para pedestres embaixo do elevado, na Avenida Antônio Carlos, não há justificativa para trânsito de pedestres na parte de cima”, diz o engenheiro. Ele também explica que em outros casos, como no viaduto da Avenida Raja Gabaglia que passa por cima da BR-356, no Belvedere, Centro-Sul da capital, pode haver uma passarela, mas sempre com o objetivo de fazer a travessia de uma avenida que passa embaixo. “O viaduto não foi concebido para que suas pistas sejam atravessadas”, acrescenta Chiabi. Ainda segundo o especialista, as características da estrutura, como o vão entre os dois viadutos, dependem do traçado das avenidas que são conectadas por eles.
O empresário Silas Brasil, de 36, também estava em cima do Viaduto José Alencar no momento em que Douglas Henrique caiu sobre a Avenida Antônio Carlos. Segundo Silas, quando começou o confronto na frente de uma concessionária, com muitas bombas, os manifestantes pularam de uma parte do viaduto para a outra, com o objetivo de ver o que estava acontecendo na Antônio Carlos. “Quase todo mundo pulou da parte segura, que tinha um canteiro, onde basta passar a perna para o outro lado para conseguir chegar à outra pista. Creio que ele achou que em qualquer ponto era assim, mas acabou tentando passar em um trecho em que há o vão e as muretas são bem distantes.”
A PM solicitou intervenção da Prefeitura de BH para evitar que os manifestantes pulassem de um lado para o outro, mas a tela instalada não surtiu efeito. Ela não foi colocada acompanhando a linha das muretas, apenas na cabeceira do viaduto. O Estado de Minas fez contato com a prefeitura para que se pronunciasse sobre o assunto. Em nota, a administração limitou-se a afirmar que “a Superintendência de Desenvolvimento da Capital (Sudecap) utiliza, para projetos dessa natureza, os mais rigorosos critérios de segurança, coerentes com o uso esperado para essas estruturas”.
FERIDOS Em nota divulgada ontem, a Secretaria de Estado da Saúde (SES) informou que Douglas Henrique recebeu atendimento imediato depois que caiu do viaduto, dado por uma equipe médica de plantão na Pampulha, no Posto Médico Avançado instalado próximo ao Mineirão. Das outras cinco pessoas que caíram do Viaduto José de Alencar, uma já teve alta do HPS João XXIII. É um homem de 28 anos que também sofreu a queda na quarta-feira e teve traumatismo craniano leve. Três jovens que despencaram da estrutura no sábado, durante a partida entre Japão e México, continuam internados. L.F.A., de 22, respira por aparelhos, em estado grave e C.A.C.L., de 17, permanece estável respirando normalmente, ambos no João XXIII. Já R.C.G., de 22, aguarda uma cirurgia para o punho no Hospital Risoleta Neves e passa bem.
Outra pessoa que caiu foi o jovem G.M.J., 18, na última segunda-feira. Ele também está no Risoleta Neves, mas já passou por cirurgia na bacia e faz fisioterapia. Segundo a Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig), 16 pessoas ficaram feridas nas manifestações de quarta-feira, sendo que 15 já receberam alta e uma delas permanece internada.
T.M.A., de 24, levou um tiro de bala de borracha no olho e foi transferido para uma clínica particular, onde foi submetido a cirurgia na tarde de ontem. Segundo parentes, o rapaz, um advogado, não participava do protesto. Ele retornava do Mineirão, onde assistiu a Brasil x Uruguai, e já estava perto de casa quando foi ferido. A vítima corre o risco de perder a visão no olho atingido.
FONTE: Estado de Minas.