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MP e Polícia Civil vão investigar suposta adulteração de leite em MG

Medida cautelar impede comercialização em São Sebastião do Paraíso.

Segundo empresa, produto era distribuído para Campinas e São Paulo.

 

O Ministério Público de São Sebastião do Paraíso (MG) determinou que a Polícia Civil abra inquérito para investigar uma suposta adulteração no leite produzido pela Cooperativa Agropecuária Paraísense, a Coolapa. Análises de amostras do leite pasteurizado comercializado pela cooperativa apontam que o produto apresenta uma quantidade de soro acima do permitido, o que o faria estar impróprio para o consumo humano.

A comercialização do leite pasteurizado da cooperativa foi suspensa na cidade pelo Ministério Público através de uma medida cautelar. Mesmo assim, algumas unidades do produto ainda eram vendidas livremente nesta quarta-feira (14) em alguns estabelecimentos do município. A Vigilância Sanitária está orientando os comerciantes a retirarem o produto das prateleiras desde terça-feira (13).

Conforme o MP, há cerca de seis meses a Ouvidoria do órgão recebeu uma denúncia anônima de que a cooperativa adulterava o leite. Segundo o Ministério Público, parte do produto era distribuído em Campinas (SP) e na capital paulista. Em fevereiro, uma amostra foi encaminhada para análise. No dia 1º de abril, um laudo técnico com o resultado comprovou que havia adulteração no leite. A multa por descumprimento da proibição da comercialização é de R$ 10 mil por dia.

A cooperativa de São Sebastião do Paraíso (MG) processa diariamente 40 mil litros de leite. Segundo os advogados da empresa, o leite é fornecido para a Secretaria Estadual de Desenvolvimento Social de São Paulo, no entanto, essa informação ainda não foi confirmada pelo órgão. Eles dizem ainda que não pretendem suspender a comercialização do produto e que aguardam o resultado de uma contraprova para entrar com um mandado de segurança.

Nota da Redação: Diferente do que foi publicado anteriormente, a empresa afirmou que o leite é distribuido para a Secretaria de Desenvolvimento Social de São Paulo e não Secretaria de Educação, como foi divulgado. A informação foi corrigida no texto.

Cooperativa de São Sebastião do Paraíso é investigada por suposta adulteração (Foto: Reprodução EPTV)Cooperativa de São Sebastião do Paraíso é investigada por suposta adulteração

“Toda a documentação da análise do produto será apresentada para que fique demonstrado que não há nenhuma irregularidade. A partir do momento em que se comprova que não está irregular, que não está impróprio ao consumo, nós entendemos que a multa deixe de ser exigida”, diz o advogado da cooperativa, Guilherme de Souza Borges.

Adulteração do leite em Passos
O caso de São Sebastião do Paraíso lembra a “Operação Ouro Branco”, realizada pela Polícia Federal em outubro de 2007. Cerca de 200 policiais federais realizaram a operação na Copervale, em Uberaba e na Casmil, em Passos. No Sul de Minas, 9 pessoas foram presas, entre elas técnicos e diretores da cooperativa e um funcionário do Serviço de Inspeção Federal. As cooperativas eram investigadas por adulterar o leite com a adição de produtos químicos. Na ocasição, galões e sacos de peróxido de hidrogênio (água oxigenada) e citrato de sódio, foram apreendidos no laticínio da Casmil.

Leite produzido por cooperativa de São Sebastião do Paraíso era distribuído em São Paulo (Foto: Reprodução EPTV)Leite produzido por cooperativa de São Sebastião
do Paraíso era distribuído em São Paulo

Segundo o Ministério Público, as substâncias eram adicionadas ao leite com o objetivo de aumentar o tempo de conservação do produto e disfarçar a adição de soro usado para dar mais volume à bebida. A Casmil chegou a ser interditada pelo MP. Dias depois, o beneficiamento do leite e a comercialização foram retomados.

Em julho de 2013, vinte e seis pessoas foram condenadas pela Justiça Federal de Passos (MG) por participação na adulteração do leite. As penas variavam de 2 a 17 anos de prisão. Entre os condenados está o então presidente da cooperativa na época, Dácio Francisco Delfraro, que recebeu uma pena de 15 anos e 5 meses de prisão. O diretor-presidente da cooperativa entre 2003 e 2006, José Calixto Mattar, também foi condenado, assim como um funcionário do Ministério da Agricultura, Luiz Antônio da Silveira, responsável pela fiscalização na unidade.

Para que esta mistura não fosse apontada nos exames, era usada uma fórmula com quatro substâncias químicas: peróxido de hidrogênio (água oxigenada), soda cáustica, citrato de sódio e uma pasta base. A fórmula teria sido passada aos funcionários da Casmil por um engenheiro de Goiás. Funcionários, diretores e o inspetor do Ministério da Agricultura na cidade foram presos na época. Notas fiscais e boletins de análise da época comprovaram que o leite batizado na Casmil ia para várias empresas do país.

Na sentença, o juiz federal Élcio Arruda confirmou que houve a a adição de água oxigenada e de quantidade indevida de água no leite, conforme exames feitos pelo Instituto Nacional de Criminalística e pelo Laboratório Nacional Agropecuário.

FONTE: G1.