Antequam noveris, a laudando et vituperando abstine. Tutum silentium praemium.

TIRO E QUEDA
Você sabia?
O brasileiro de 16 anos pode votar, mas não comete crime, e sim ato infracional (sic), quando estupra, sequestra, rouba e mata

Eduardo Almeida Reis

Publicação: 15/03/2014 04:00

Ilustrado amigo mandou-me imenso e-mail com as fotos de quadros pintados por Pablo Ruiz Picasso. Telas belíssimas. Pensei que fossem pintadas por um parente do famoso Picasso, que numa fase andou pintando quadros pour épater le bourgeois, ou, pelo menos, para espantar aqui o burguês, que nada entende de artes e desaprendeu o que julgava saber sobre produção de leite nos trópicos.

Fui conferir no Google e vi que Picasso também era conhecido como Pablo Ruiz Picasso, nasceu em Málaga, Espanha, no dia 25 de outubro de 1881, e foi a óbito no dia 8 de abril de 1973 em Mougins, França.

Mas o melhor da pesquisa foi descobrir seu nome de batismo: Pablo Diego José Francisco de Paula Juan Nepomuceno María de los Remedios Cipriano de La Santíssima Trinidad Ruiz y Picasso.

Impressionante

Bem que avisei: dentro de seis meses todos estarão soltos. Mas o que me impressionou, mesmo, foi a unanimidade nas críticas à decisão do STF. Normalmente, criticam-se os autores e se preserva a instituição. Desta vez, a instituição foi desmoralizada, ressalvado o fato de nela ainda atuarem cinco patrícios com vergonha nas respectivas caras. Logo, logo devem tratar de cair fora por desencanto, nojo ou por atingir o limite de idade. E suas cadeiras serão preenchidas pelos critérios que nortearam (ou desnortearam?) as nomeações dos outros seis. O que vi e li de gente falando em cair fora desta choldra, que tem hino, bandeira e constituição, nunca esteve no gibi. Choldra, país inzoneiro.

Besteirol 

A senhora Camille Anna Paglia, 67 anos em abril, ph.D. em língua inglesa pela Universidade de Yale, foi casada por 14 anos com a artista Alison Maddex e tem com ela um filho. É muito de desejar que tenham adotado o menino, para evitar a constelação gênica da ph.D. em língua inglesa nascida em Endicott, New York. Pesquisando, acabo de descobrir que Paglia adotou legalmente o filho de Alison Maddex.

Entrevistada em agosto de 2012 pelo jornal The Independent, Camille disse ter uma “queda” pela cantora Daniela Mecury. Apaixonou-se por Daniela quando veio ao Brasil dar uma palestra. Naquele tempo, a cantora baiana era casada com o empresário italiano Marco Scabio, de quem se divorciou pouco depois. Ano passado, Daniela se casou com a jornalista Malu Verçosa, união festejada com estardalhaço semelhante ao do casamento do goleador Ronaldo Fenômeno com a senhorita Daniela Cicarelli em França, no Château de Chantilly.

Até aí, tudo nos conformes do que temos visto nos últimos tempos. Surpreendente, para mim, foi a entrevista de Camille Paglia à repórter Mariana Barros da revista Veja, edição 2363. Ornejou na entrevista um besteirol para ninguém botar defeito. Só não levou a palma em matéria de asnices da semana, porque concorreu com os votos de seis ministros do STF e com o discurso de improviso, em Bruxelas, feito por uma senhora que faz política na América Latina e sabe que a Zona Franca de Manaus é a capital da Amazônia e que a natureza planta árvores, cuja derrubada é altamente lucrativa.

Tolerância zero 

Rudolph William Louis Giuliani, nascido no Brooklyn, Nova York, em maio de 1944, foi prefeito daquela cidade entre janeiro de 1994 e dezembro de 2002. Ficou famoso por implementar política de tolerância zero contra o crime, que diminuiu notavelmente as taxas nova-iorquinas de criminalidade.

Com Giuliani prefeito, os crimes tiveram redução de 57% e os homicídios de 65%, ao ponto de o FBI considerar Nova York a mais segura das grandes cidades norte-americanas. Além de modelo para as outras cidades, Nova Iorque viu crescer o número de turistas. A cidade também teve sua cracolândia e conseguiu acabar com ela, além de cuidar da limpeza das ruas e do metrô.

Enquanto isso, num país grande e bobo, um grupo de senadores impede a redução da maioridade penal de 18 para 16 anos, quando é sabido que nessa faixa etária os bandidos, chamados menores infratores, já têm expressiva participação e liderança na criminalidade hedionda. Pesquisas recentes demonstram que 93% da população brasileira é a favor da redução da maioridade penal para 16 anos. No capítulo dos absurdos, o brasileiro de 16 anos pode votar, mas não comete crime, e sim um ato infracional (sic), quando estupra, sequestra, rouba, mata.

O mundo é uma bola 

15 de março de 1147: dom Afonso Henriques conquista Santarém aos mouros, o que não impediu que os portugueses fizessem o fado “Ai, Mouraria”, que ouvi cantado pela imensa Amália e pelo meu saudoso amigo Tristão da Silva, Manuel Augusto Martins Tristão da Silva, o Miúdo do Alto do Pina: “Ai Mouraria, da velha Rua da Palma, onde eu um dia deixei presa a minha alma, por ter passado, mesmo a meu lado, certo fadista, de cor morena, boca pequena e olhar trocista”. Escusado é dizer que o Tristão cantava “certa fadista”.

Em 1789, Joaquim Silvério dos Reis (não era parente…) entrega ao visconde de Barbacena sua carta-denúncia sobre a Inconfidência Mineira. Hoje é o Dia da Escola.

Ruminanças

“E que é, a meu pensar, para que bem se viva. / A escola da experiência a mais educativa” (Moliére, 1622-1673, A escola dos maridos, palavras de Aristeu).

 

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