Antequam noveris, a laudando et vituperando abstine. Tutum silentium praemium.

TIRO E QUEDA
Números
“Há leis tão idiotas que depõem contra o bom senso, a lógica e a saúde mental dos legisladores, não somente no Brasil como no resto do mundo”

 

Eduardo Almeida Reis

Publicação: 18/02/2015 04:00

 (Son Salvador)

Se afanar é roubar, o país do ufanismo transformado em afanismo tem os seguintes indicadores, que copio do blog de Marcia Lobo: acesso à educação básica: 69º; acesso à universidade: 85º; qualidade de ensino universitário: 121º; qualidade de ensino básico: 129º; mortalidade infantil: 74º; expectativa de vida: 78º; cientistas e engenheiros em relação a toda população: 112º; qualidade do ensino de matemática e ciências: 136º; exportações em relação ao tamanho da economia: 145º. Marcia teve como fonte o Fórum Econômico Mundial.

A partir desses números, tire o leitor as conclusões que quiser, porque escrevo num domingo e é hora de esquentar o almocinho deixado na geladeira para comadre. Pela atenção, muitíssimo obrigado.

Criminologia 
Há leis tão idiotas que depõem contra o bom senso, a lógica e a saúde mental dos legisladores, não somente no Brasil como no resto do mundo. Vários dos mais de 50 estados norte-americanos costumam condenar à prisão professoras que transam com os seus alunos, lei de uma imbecilidade que espanta e irrita qualquer cavalheiro com um mínimo de informação.

Resumindo: não pode existir crime quando uma professora se relaciona com aluno ou alunos púberes. É muito melhor, mais saudável e divertido transar com a tia do que deixar o menino se masturbando no banheiro pensando na professora: todo menino pensa. Deve ser coisa aparentada com a Síndrome de Estocolmo (atração do dominado pelo dominador), do aluno púbere pela mestra, mesmo que ela não seja um tipo de beleza.

No país dos meus sonhos, meninos e mestras seriam muito mais felizes se fizessem amor, desde que “proibido”. Sim, porque a proibição dá sabor ao sexo. Proibição entre aspas, sem essa imbecilidade de prender as professoras, como aconteceu em Louisiana e vai ocorrer na Califórnia com duas mestras não muito bonitas, mas perfeitamente desejáveis por menores de 18 anos.

Foram presas domingo, 18 de janeiro, depois de transar com ao menos dois alunos durante viagens à praia de San Clemente, naquele estado da costa oeste norte-americana, como informou o jornal The Mirror. Melody Lippert, de 38 anos, viajou pela primeira vez com um grupo de jovens e manteve relações com um deles. Depois de algumas semanas, levou uma amiga, também professora da South Hills High School, em outra excursão, quando as duas beberam e transaram com ao menos dois alunos. As duas foram detidas e levadas à corte quarta-feira, 21 de janeiro, para responder pelo “crime”.

Que crime? Desde quando uma loura de 38 anos e sua colega morena, sósia de uma senhora que governou um estado brasileiro até dezembro de 2014, não podem tomar uns drinques e transar com os seus alunos? Crime é traficar cocaína, é cometer homicídio, é assaltar a Petrobras. Deitar-se com aluno é educação sexual, alegria, satisfação mútua. Tenho dito.

Maratonistas
No mundo inteiro, qualquer corrida de alguma expressão, que distribua prêmios razoáveis em dinheiro, pode contar com a inscrição de uma dúzia de cidadãos africanos, metade homens, metade mulheres. Só não inscrevem 50 para não diluir os prêmios por muita gente, porque é certo que vão chegar na frente dos demais concorrentes. São magros, longilíneos, da Etiópia ao Quênia, passando pelos outros países africanos. A esmagadora maioria passou fome na infância. Enquanto philosopho, tenho explicação para o fenômeno.

Há estados brasileiros em que milhões de patrícios brancos, negros, mulatos, cafuzos passam fome na infância antes de migrar para o Sudeste. Nem por isso nossos patrícios são fundistas. Os africanos tiveram seleção ao longo dos séculos fugindo de seus conterrâneos, que desejavam capturá-los para vendê-los como escravos aos portugueses, espanhóis, ingleses & cia. 

De botas, barrigudos, bigodudos, empanzinados da comezaina e vinhaça, os portugueses não saíam correndo atrás dos africanos para escravizá-los. Se corressem, não teriam capturado um único escravo, serviço que sempre ficou por conta dos sobas, chefes do povo e de pequenos estados africanos, que os capturavam e vendiam aos europeus.

Africanos espadaúdos, atléticos, que corriam 200 metros e cansavam eram capturados pelos sobas, como aqueles que foram parar na Jamaica, primeiro espanhola, depois inglesa, e são hoje campeões mundiais de corridas curtas (Usain Bolt & colegas). Os magrinhos corriam quilômetros, léguas, escapavam dos sobas, permaneceram em África e hoje abiscoitam todas as maratonas, meias maratonas, São Silvestre e competições do mesmo tipo. Processo de seleção ao longo dos séculos. Só isso.

O mundo é uma bola 
18 de fevereiro de 1979: neva no Deserto do Saara. No mesmo dia, mas em 1962, fundação do PCdoB, o Partido Comunista do Brasil, cisão do Partido Comunista Brasileiro. Código eleitoral 65, faz parte da base aliada do desgoverno federal. Em 2006, show dos Rolling Stones em Copacabana. Em 1836, nasceu Gadadhar Chattopadhyay, um dos mais importantes líderes religiosos da Índia, reverenciado por milhões de hindus e não hindus como mensageiro de Deus. Morreu em agosto de 1886, conhecido como Ramakrishna Paramahamsa. Em 1945, nasceu Edir Macedo Bezerra, fundador da Igreja Universal do Reino de Deus e proprietário da Rede Record de Televisão. Foi-lhe outorgada a Medalha Tiradentes, a mais alta condecoração concedida pela Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro.

Ruminanças 
“Não aguento mais a estupidez e a ignorância dos fundamentalistas religiosos – de qualquer credo” (Cora Rónai).

 

 

TIRO E QUEDA
Lavras
E queria me levar para sua cidade, aos beijos e abraços, no belo carro em que viajava com o maridão

 

Eduardo Almeida Reis

Publicação: 19/02/2015 04:00

 

A PM de Lavras recebeu um drone de R$ 8 mil para tristeza de dois irmãos da sociedade lavrense, um advogado e um nutricionista, que plantavam alguns pés de maconha nos vasos dispostos ao lado da piscina de sua casa. Presos, fotografados, expostos à execração pública, foram chamados de traficantes, perdão, suspeitos de traficar, quando na verdade são canabiscultores comercializando sua produção no mercado.

Tenho pela cidade sul-mineira o maior apreço e a lembrança de um pileque antológico, digno de figurar no Guinness dos recordes. Hospedei-me na casa de um amigo para festejar a formatura de dois dos seus filhos na Universidade Federal de Lavras, “Cidade dos Ipês e das Escolas”. Bem de vida, o saudoso amigo entupiu uma das geladeiras com 48 garrafas de champanhe Veuve Clicquot brut para o almoço do dia seguinte. Claro que não fui à festa de formatura, que terminou alta madrugada: fiquei dormindo. Manhã seguinte já estava na cozinha, barba feita e banho tomado, caçando jeito de preparar o meu café.

Na geladeira vejo aquele monte de garrafas deitadinhas, geladinhas, e desando a philosophar. Se estou aqui é porque sou amigo do dono da casa. Tive um avô, que não conheci pessoalmente, alemão de 1,90m conhecido pelo hábito de tomar champanhe desde cedo no período em que andou bem de vida. É justo que o neto imite o alemão para saber de onde vem a quarta parte dos seus genes.

Procurei uma flute, que não sou homem de beber champanhe em copo comum, lavei-a bem lavada e fui à luta. Um segundo hóspede, senhora paulista, casada, “dona” de uma das melhores cidades do interior de São Paulo, quando chegou à cozinha já me encontrou terminando a primeira bouteille e aderiu à ideia genial. Resumindo, por volta das 11 horas já não havia uma garrafa de Veuve Clicquot na geladeira.

Passamos para os vinhos tintos e o pileque coletivo merecia o Guinness. Durante o almoço, um médico amigo comentou: “Eduardo, esta mulher está de olho em você”. Estava. E queria me levar para sua cidade, aos beijos e abraços, no belo carro em que viajava com o maridão.

Explico. Seu marido era sócio do então governador de São Paulo, falava sem parar e monopolizava as atenções do pessoal sentado à mesa, enquanto o philosopho conversava com a milionária sem ouvir uma palavra do que ela dizia, tamanha a barulheira. Isto é, olhava para ela e fingia conversar. Casada com o tal sujeito falante, que lhe cobrava 10% para administrar os bens da família, não creio que a paulista tenha tido a oportunidade de conversar com ele. Abriu-se comigo, não escutei uma palavra, e se apaixonou. Beijou-me e beijei-a com sofreguidão, mas voltei para casa porque sou burro e muito ajuizado.

Síntese

Paulistano brilhante, o jornalista William Waack escreve muito bem e tem admirável poder de síntese. No programa Painel, da GloboNews, entrevista cidadãos sobre assuntos complicadíssimos, os entrevistados dão explicações complicadas em blocos de alguns minutos e Waack, de bate-pronto, sintetiza a explicação em duas fases: “Você quis dizer isto”.

Nas redes sociais ou lá no que isto signifique, Waack tem sido acusado de dar “patadas” em alguns colegas de trabalho, coices mais que justificados quando se sabe que os seus colegas continuam chamando de suspeitos cavalheiros vistos, filmados e fotografados praticando crimes. Foi o que ocorreu com aquele palestino que esfaqueou 12 pessoas num ônibus em Israel. O palestino foi visto esfaqueando por um policial, que atirou no “suspeito” atingindo-o numa perna.

Volto ao Waack para dizer que invejo suas sínteses. Ontem à noite, na tevê, um economista explicou que os juros altos reduzem e acabam com a inflação. Como? Havia na tela um quadro com uma porção de geladeiras. Juros altos desanimam compradores de geladeiras. Sem compradores, as geladeiras baixam de preço. Pronto: acabou a inflação. Simples, né?

O mundo é uma bola

19 de fevereiro de 197: início da Batalha de Lugduno entre as forças do imperador romano Septímio Severo e do usurpador Clódio Albino. Você talvez tenha ouvido referência à Batalha de Lyon, porque Lugduno era Lyon na França. Com a vitória, Severo passou a ser o único imperador do Império Romano. Essa batalha foi considerada a maior, a mais renhida e sangrenta de todos os confrontos entre os romanos. O historiador Dião Cássio falou em 300 mil envolvidos, número contestado por outros estudiosos, porque em 197 representaria três quartos de todos os soldados do Império Romano. É amplamente aceito que o número de soldados e pessoal de apoio tenha ultrapassado os 100 mil, podendo chegar a 150 mil, gente pra chuchu naquele tempo.

Em Portugal, no dia 19 de fevereiro de 1766, começou a funcionar o Colégio dos Nobres, criado por carta régia em março de 1761. Oficialmente Real Colégio dos Nobres era reservado aos moços fidalgos portugueses entre os 7 e os 13 anos de idade, e o seu corpo docente era constituído, em sua quase totalidade, por mestres estrangeiros. Extinto em 1837, em suas instalações funciona hoje a Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa. Hoje é o Dia do Desportista.

Ruminanças

“Devemos estudar e aprender durante toda a vida, sem imaginar que a sabedoria vem com a velhice” (Platão, 428-348 a.C.).

 

 


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