Laudando et vituperando abstine: tutum silentium praemium.

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Expert explica o mito da Quaresma

Podemos observar, hoje em dia, que várias pessoas fazem restrição ao álcool no período da Quaresma, como forma de penitência, mas nem sempre foi assim…

 

Na Idade Média, como havia falta de água potável, inúmeros mosteiros católicos produziam cerveja e vinho para consumo próprio e dos peregrinos e, na época da Quaresma (período de 40 dias compreendido entre a Quarta-feira de Cinzas e o Domingo de Páscoa), os monges – que tinham uma preparação pascoal de forma mais rigorosa – faziam o jejum canônico à base de – pasmem! – cerveja.

 Berkel Enschot, brewery de Koningshoeven

Como passavam longos períodos sem a ingestão de alimentos sólidos, eles consumiam cervejas mais encorpadas para suprir os nutrientes retirados das refeições. É desta época que surge a expressão “pão líquido” para representar a cerveja, pois as bebidas produzidas pelos monges continham grandes quantidades de cevada e malte, equivalentes aos pães.

 

Voltando à época medieval, vale lembrar que o consumo de cerveja não só era feito, como também incentivado pela Igreja Católica. Isso fica bem evidente em 1662, quando o Papa Alexandre II autorizou a ingestão da bebida pelos penitentes (Liquidum non frangit jejunum).

O ápice desse costume foi consolidado pelos monges alemães da ordem de São Francisco de Paula, que desenvolveram, em meados do século XVI, um estilo próprio de cerveja para o jejum canônico, o doppelbock (era forte em álcool e doce, entre 7% e 12% de teor alcoólico.)

Portanto, aprecie uma boa cerveja na época de Quaresma!

FONTE: O Tempo.

LÍCIA VIEIRA ( COLABORAÇÃO ESPECIAL)

É uma das integrantes da CONFECE (Confraria Feminina da Cerveja), apreciadora e profunda conhecedora de cervejas. A partir desta semana, vai nos dar dicas desse universo cada vez mais sofisticado e saboroso.