Laudando et vituperando abstine: tutum silentium praemium.

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O objetivo da “aula” foi mostrar aos jovens outras possibilidades de vida, longe da criminalidade

Palestra Pachecao
O professor Pachecão falou aos adolescentes da necessidade de acreditar nos sonhos e fazer o bem

A convite da juíza Livia Borba, da 2ª Vara Criminal, da Infância e Juventude de Ribeirão das Neves, o professor José Inácio da Silva Pereira, o Pachecão, esteve hoje, 23 de março, no Centro Socioeducativo de Justinópolis. No local, o professor, conhecido em todo o Brasil pelas aulas divertidas e pela irreverência, fez uma palestra motivacional para os adolescentes autores de ato infracional internados no local. O objetivo da “aula” foi mostrar aos jovens outras possibilidades de vida, longe da criminalidade.

No Centro Socioeducativo de Justinópolis estão internados 82 jovens, entre 15 e 19 anos, autores de atos infracionais graves. Metade deles assistiu à palestra. “Fiz o convite ao professor, que o aceitou prontamente. Acredito que as palavras podem tocar os adolescentes, contribuindo para que eles saiam do Centro e não voltem a praticar crimes. Nosso objetivo foi promover um momento de reflexão”, explicou a magistrada.

Durante cerca de uma hora, Pachecão mostrou imagens da sua infância e juventude, e contou de sua trajetória, do interior de Minas, em Laranjal, até obter o reconhecimento de seu trabalho. “É preciso querer e ter um objetivo na vida. Não importa a sua condição, o que importa é a sua decisão”, disse aos jovens.

Inércia

Em sua fala, o professor relatou as dificuldades e até impossibilidades enfrentadas na infância. Condições que, contudo, nunca o impediram de acreditar que era possível chegar mais longe. “Todo ambiente é adverso. Em qualquer profissão enfrentamos problemas. É preciso acreditar”, aconselhou. O professor incentivou os adolescentes a refletirem sobre os próprios gostos e sonhos. “Aonde você quer chegar? Saia da inércia e tome uma atitude”, disse.

Pachecão relatou a descrença que enfrentou com a escolha da profissão, que parecia não trazer muitas perspectivas.

“Não é preciso fazer coisa errada para ganhar dinheiro. É preciso fazer o bem. Vocês têm outras opções de vida”, lembrou. Durante sua palestra, o professor mostrou fotos, recortes de jornal e trechos de programas televisivos dos quais participou. No final da “aula”, os adolescentes aprenderam trechos de uma canção do repertório do professor e foram convidados a cantar.

Para o professor, a palestra foi uma oportunidade de apresentar outros caminhos para os jovens. “Contei a história da minha vida. Quero mostrar que todo mundo pode escolher algo diferente – se quiser. Uma conversa muda uma vida. Então, sei que eles sairão diferentes”, disse o professor.

Ressocialização

O promotor de Justiça, também da comarca de Ribeirão das Neves, Leonardo Morroni Araújo de Mello, explicou que a palestra serviu para mostrar possibilidades, mesmo diante de adversidades e da falta de recursos. “Essa interação com uma pessoa que está fora do sistema socioeducativo é muito importante e auxilia na ressocialização. O professor trouxe outra visão, com uma linguagem que não é técnica ou jurídica, mas que está mais próxima da realidade deles”, pontuou.

Welbert, 18 anos, internado há oito meses, gostou das palavras do professor. O jovem disse que acredita que existem outras possibilidades fora do mundo do crime. “Estou tentando mudar. Quero ser um MC”, afirmou. Kaíque, 17 anos, também internado há oito meses, aprovou a palestra. “A realidade muitas vezes é de falta de apoio. As pessoas não acreditam. Eu tenho o apoio da minha família. Quero sair da vida do crime e ter uma padaria. Quero trabalhar com meu pai. Vou correr atrás desse objetivo até conseguir”, disse.

FONTE: TJMG.


Minas Gerais pode ter 11 novas cidades, entre elas o Barreiro

barreiro
Se for economicamente viável e a população decidir, Barreiro pode se emancipar de Belo Horizonte
Onze distritos em Minas Gerais poderão virar cidades, caso a presidente Dilma Rousseff (PT) sancione o projeto de lei complementar PLS 98/2002, que trata da fusão, criação e incorporação de municípios. O texto foi aprovado no Senado na última quarta-feira.
De acordo com a Associação Mineira dos Municípios (AMM), o estudo indica os distritos de até 12 mil habitantes que poderiam ser emancipados por atenderam ao primeiro de uma série de critérios. Se cumprirem os requisitos e tiverem seus pedidos aprovados pela ALMG, os distritos seriam desmembrados de Belo Horizonte, Sabará, Santa Luzia, Contagem, Coronel Fabriciano, Esmeraldas, Pedro Leopoldo, Ribeirão das Neves, Ibirité e Ipatinga.
Um caso que ilustra a situação é o do Barreiro, cujo primeiro pedido de desmembramento de Belo Horizonte se deu na década de 90. Os moradores da região, no entanto, ainda hoje se dividem sobre a ideia.
A estimativa no país é de criação ou incorporação de 180 cidades, o que representaria um gasto médio de R$ 9 milhões para instalar prefeituras e câmaras. A menos de um ano das eleições de 2014 e em meio à choradeira de prefeitos eleitos no ano passado com relação à queda do Fundo de Participação dos Municípios (FPM), o autor do texto, senador Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR), nega que a proposta seja um agrado para a base do governo.
Também rejeita a ideia de que a proposta facilite a criação de cidades indiscriminadamente. Ele diz que, se tivesse sido aprovado há dez anos, o texto poderia ter evitado a criação de 2.800 cidades por motivação “puramente política, sem atender a critérios populacionais e de viabilidade”.
Pré-requisitos
O PLS 98/02 condiciona o desmembramento, fusão ou criação de municípios a um estudo prévio de viabilidade econômico-financeira, sócio-ambiental e urbana, além de político-administrativa, seguindo de um plebiscito que ficaria a cargo da Justiça Eleitoral. O levantamento seria feito por “institutos ou órgãos independentes”, acionados pelas Assembleias.
“Assembleias são um caminho, mas os estudos não seriam realizados por uma comissão de deputados e sim por instituições competentes nesse assunto”, esclarece Cavalcanti.
Na avaliação do presidente da Comissão de Assuntos Municipais da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), deputado Paulo Lamac (PT), “apesar da dificuldade, aumentaria a tarefa da Casa”. “Porém, temos equipe competente para desenvolver esse trabalho em Minas”, completa.
O petista diz que pode haver veto por parte da presidente Dilma e que a comissão aguardará o posicionamento para depois convocar audiência pública e definir os critérios a serem adotados regionalmente. “Não aprovamos nenhum requerimento para audiências, pois estamos esperando a legislação federal”.
Segundo a ALMG, a Casa não recebe pedidos de emancipação desde 2000 e os requerimentos feitos pelos parlamentares entre 1996 e 1999 foram arquivados ou rejeitados.
Justinópolis tem pedido antes mesmo da sanção
Antes mesmo da validade da lei, já foi protocolado na Assembleia Legislativa o primeiro pedido de emancipação em Minas: de Justinópolis em relação a Ribeirão das Neves, na Região Metropolitana de Belo Horizonte.
O autor do pedido, Valério Neto de Oliveira, preside a “Comissão Pró-Emancipação de Justinópolis”. Ele defende a causa há pelo menos cinco anos, enquanto morador, e diz que “fazia questão de ser o primeiro”.
“Tem vários motivos para querermos separar o distrito de Neves: temos 100 mil eleitores, cerca de 180 mil moradores, concentramos a maior renda per capita de Neves e queremos nos desvincular dos presídios da cidade”, conta.
O grupo tem nove membros e, segundo Valério, sem ligação com políticos ou partidos. “A nossa bandeira é a emancipação. Convidamos a todos que queiram estar conosco”.
FONTE: Hoje Em Dia.