Desgaste na imagem antecipou aposentadoria de coronel da PM
A surpreendente saída do coronel Antônio de Carvalho do Comando de Policiamento Especializado (CPE), a uma semana do início da Copa do Mundo, revela na verdade uma série de problemas. Agora ex-chefe das tropas especializadas da polícia – que terão papel fundamental na segurança do evento –, ele teria desrespeitado um dos princípios básicos da corporação: a hierarquia. Além de se desentender com um superior, o coronel também caiu em descrédito com alguns colegas do comando devido a questões pessoais.
Como o Hoje em Dia divulgou nessa quinta (5), Carvalho teria discordado por não ser mais o principal ator das decisões ligadas ao evento e ainda ser obrigado a receber ordens de outro coronel. Um oficial da PM, que preferiu não se identificar, revelou que ele acabou batendo de frente com o chefe do Estado Maior, coronel Divino Pereira de Brito. “Durante a confusão, o Carvalho teria, inclusive, desacatado Brito, que chegou a dar voz de prisão ao policial. A rixa resultou na saída do Carvalho, ele não tinha opção”.
À frente de todas as ações das tropas durante a Copa das Confederações, no ano passado, o ex-chefe do CPE já enfrentava a desaprovação da cúpula da corporação e de alguns de seus próprios comandados, por causa de episódios ligados à sua vida pessoal. Uma discussão dele com a mulher, por causa de um relacionamento extraconjugal com uma major da PM, terminou sendo presenciada por vários policiais. Durante o episódio, que ocorreu no ano passado, alguns equipamentos do prédio onde funciona o CPE foram destruídos.
Ainda no mesmo ano, o coronel teria se envolvido em outro atrito com a esposa, exigindo a intervenção de militares. “Tudo isso gerou uma expectativa em torno do que ia acontecer com ele. O comandante acabou caindo em descrédito com outros coronéis e com a tropa, que ficou sabendo do ocorrido”, afirmou um policial do CPE.
POSTURA
Até entre militares de patentes mais baixas, o assunto é largamente comentado. “Essas coisas pegaram mal e todos passaram a olhar para ele de forma diferente. Muita gente achava que ele era uma unanimidade, mas, quem sabia dos detalhes, não concordava com essa postura”, explicou um sargento.
Apesar de ambos os casos serem de conhecimento de vários policiais, a PM nega que tenha ocorrido uma rixa no alto comando. Em nota, a assessoria de comunicação da corporação informou que “nunca houve desentendimento entre o chefe do Estado Maior e o coronel Antônio de Carvalho, que se transferiu, a pedido, para a reserva”. Sobre os problemas pessoais, a PM preferiu não se pronunciar e alegou não ter ciência de fatos da intimidade do militar.
Durante a coletiva que anunciou oficialmente a saída repentina do coronel, na última quarta-feira, o comandante-geral da PM, Coronel Márcio Sant’Anna, afirmou que a única justificativa apresentada foi o fato de o oficial ter completado 30 anos de trabalho. Carvalho não foi localizado nessa quinta (5) pela reportagem para comentar o caso.
Orientação é agir com cautela em protestos
A recomendação de mais cuidado nas ações da PM durante eventuais confrontos que possam ocorrer durante a Copa do Mundo também teria sido contestada pelo coronel Antônio de Carvalho. Como o Hoje em Dia adiantou nessa quinta (5), ele e outros oficiais foram chamados a dar explicações sobre condutas e termos utilizados durante o embate com manifestantes, em junho do ano passado. Para solucionar tais questões, todas as ordens vão partir de apenas um coronel e, além disso, todos devem seguir recomendações passadas pelo Ministério Público.
Um ofício com considerações sobre o trabalho da PM e recomendações sobre como agir foi encaminhado para os comandantes do Policiamento da Capital e do Policiamento Especializado. Por muitos, o documento foi encarado como um recado para a tropa agir de forma mais branda.
Entre as considerações, está a lembrança de “garantia do exercício dos direitos fundamentais das pessoas e preservação da segurança, notadamente, através do zelo pela integridade física, moral e psicológica dos manifestantes”, como mostra o documento ao qual o Hoje em Dia teve acesso. O ofício ainda lembra que, em caso de excessos, os policiais serão responsabilizados.
O alinhamento com o MP é confirmado pelo próprio comando da corporação. “O Ministério Público atua como controlador externo das atividades de polícia e como o detentor da ação penal. É fundamental que a Polícia Militar tenha um entrosamento muito estreito com o órgão”, afirmou o comandante-geral Márcio Sant’Anna, durante coletiva na última quarta-feira
FONTE: Hoje Em Dia.
Novo Comandante de Policiamento Especializado de Minas defende diálogo na Copa
O coronel Ricardo Garcia Machado, novo comandante do Comando de Policiamento Especializado da Polícia Militar de Minas Gerais, promete adotar o tom do diálogo para monitorar e acompanhar as possíveis manifestações durante a Copa do Mundo, que começa na próxima quinta-feira. Segundo ele, a força só será usada em caso de necessidade.
“A postura do diálogo prevalece na Polícia Militar. Nós não temos que discutir isso hoje em dia, estamos num estado democrático de direito. Obviamente, a firmeza da atuação vai depender do caso concreto”, ponderou o comandante.
Segundo Machado, o trabalho realizado pela PM no ano passado, durante a Copa das Confederações, servirá como base para o Mundial. Apesar disso, ele sabe que os policiais serão muito mais exigidos e cobrados agora, em função da grandiosidade do evento. “Nós tivemos outra realidade. A Copa das Confederações foi um contexto, mas estamos vivendo outro contexto neste momento”, ponderou.
Sobre as críticas recebidas pela corporação em 2013, que para muitos teria sido ‘frouxa’ durante as manifestações, Machado foi enfático e disse que a PM não agirá com truculência sem necessidade. “A Polícia Militar não é frouxa, a Polícia Militar obedece a lei. Temos que ter um uso gradativo da força. A força será utilizada de acordo com a necessidade. Temos toda uma estratégia, uma doutrina que rege a corporação e que está bem firme, sólida. E isso não vai mudar agora”, afirmou.
O novo Comando de Policiamento Especializado tem 48 anos, sendo 27 dedicados à corporação, e assumiu o cargo nessa quarta, em substituição ao coronel Antonio de Carvalho, que se aposentou a menos de dez dias do início do Mundial. Fato, aliás, que causou estranhamento ao alto comando da PM.
Mesmo pego de surpresa com o convite, ele se diz preparado para exercer a nova função. “Para mim não é novidade, como para nenhum oficial do alto comando da Polícia Militar assumir uma função estratégica dessa. Eu trabalho em equipe, como todos nós na Polícia Militar. Tenho meus comandados e meus comandantes, que são extremamente prepardos para exercer essas funções. Eu confio na minha tropa”, disse Ricardo Garcia Machado.
Coronel Márcio Martins Sant’anna, disse que Carvalho não apresentou os motivos de pedido de transferência para reserva |
ÚLTIMA ATUALIZAÇÃO: 05/06/2014, 07:00.
Os motivos para a aposentadoria do coronel Antônio de Carvalho, comandante do Comando de Policiamento Especializado (CPE), a menos de dez dias da Copa do Mundo, ainda não foram esclarecidos. Em coletiva à imprensa na manhã desta quarta-feira, comandante-geral da Polícia Militar de Minas Gerais, coronel Márcio Martins Sant’anna, disse que o militar não apresentou as razões para o pedido de transferência para a reserva. O substituto, coronel Ricardo Garcia Machado já foi apresentado.
Segundo Sant’anna, a decisão foi do profissional que já tem tempo suficiente de serviço para se aposentar. Conforme o comandante-geral, quando o coronel Carvalho o procurou para comunicar a saída, já havia protocolado todos documentos necessários para deixar o cargo.
Ainda conforme o comandante-geral, a saída pegou todos de surpresa. O coronel Carvalho era peça fundamental no planejamento estratégico e operacional para segurança na Copa. No início da manhã, o coronel Alberto Luiz Alves, assessor de comunicação da corporação, lamentou a decisão do comandante, que recebeu amplo apoio e treinamento da PM para organizar e comandar as ações para o Mundial.
Coronel Ricardo Garcia Machado tem 27 anos de serviço e agora assume o CPE |
Imagem do coronel Carvalho durante as manifestações em 15 de junho de 2013 |
Às vésperas da Copa do Mundo, o coronel Antônio de Carvalho, comandante do Comando de Policiamento Especializado (CPE), está se aposentando. A informação sobre o pedido de transferência do militar para a reserva foi confirmada na manhã desta quarta-feira pelo assessor de comunicação da Polícia Militar, tenente-coronel Alberto Luiz Alves. A saída de Carvalho ainda não foi oficializada pelo comando da corporação, o que deve ser feito em solenidade para troca do cargo, juntamente com anúncio do substituto.
Conforme assessor de comunicação, o coronel Carvalho tem quase 30 anos de serviço na corporação, o que permite a ele o pedido de reserva imediato. Carvalho pode oficializar a reserva assinando a documentação e aguardar em casa a tramitação do processo, assim como a publicação em Diário Oficial.
A saída de Carvalho é uma grande perda para corporação no momento em que enfrenta o desafio de trabalhar a segurança na Copa. “Eu diria que ele se preparou muito, a instituição investiu muito nele para que estivesse apoiando as decisões e ações por ocasião da Copa do Mundo. É lamentável, mas temos que respeitar a opinião do policial. Ele deve ter um motivo plausível e justificável. A decisão não é nada que comprometa todo o planejamento adotado, mas causa estranheza. Pode ser uma medida bem pessoal do Carvalho”, afirma o assessor de comunicação.
Para se ter ideia da importância do comando de Carvalho, o CPE é composto de nove unidades sendo o Regimento de Cavalaria Alferes Tiradentes, Batalhão de Polícia de Eventos, Batalhão de Polícia de Guardas, Batalhão de Rondas Táticas Metropolitanas (ROTAM), Batalhão de Radiopatrulhamento Aéreo, Grupo de Ações Táticas Especiais (GATE), Batalhão de Missões Especiais, Companhia de Polícia Militar de Meio Ambiente e Batalhão de Polícia Rodoviária.