Confira 13 programas culturais gratuitos para curtir neste fim de semana
Quem gosta de uma música erudita ou mais refinada poderá curtir várias atrações neste fim de semana e sem ter que pagar por isso. A programação gratuita conta com concertos em Belo Horizonte, Betim e Nova Lima, além de apresentações do músico Rafael Pansica e do grupo O Couro Acorda o Vento em praças da capital.
Confira esses e outros eventos deste fim de semana nas áreas da música, do teatro, da literatura, do cinema e do entretenimento que não cobram nadinha para entrar. É só chegar e aproveitar:
1) Teatro infantil em Santa Tereza
Parceria dos Grupos Cine Teatro Vagalume e O Terno Teatro de Bonecos, “Os Românticos” é a última atração do mês na programação do projeto Diversão em Cena ArcelorMittal. A apresentação será gratuita na praça Duque de Caxias, domingo (30), às 15h. “Os Românticos” é uma banda de bonecos criada pelo bonequeiro Paulinho Polika, inspirada nas bandas de rock dos anos 80. Cada boneco representa um integrante da banda: Rita Colcheia nos vocais, Rime Shot no contrabaixo e Peruca na bateria. No repertório, músicas compostas exclusivamente para a montagem.
2) Último cortejo dedicado a Murilo Rubião
Este é o último fim de semana da programação dedicada ao centenário de Murilo Rubião na Biblioteca Pública (Praça da Liberdade). Neste sábado (29), das 10h às 13h, haverá manhã de autógrafos com os ilustradores Marilda Castanha, Nelson Cruz e Odilon Moraes, que mergulharam no imaginário mágico de Rubião, a partir dos contos “Bárbara”, “O Edifício” e “Teleco, o Coelhinho”, em trilogia publicada pela Editora Positivo. Às 10h acontece ainda o último Cortejo Rubiano na Praça da Liberdade. Este é também o último fim de semana da exposição “Absurdus: Murilo Rubião 100 anos”, em cartaz na biblioteca.
3) Concerto da Orquestra de Câmara do Sesc
A Orquestra de Câmara Sesc completa cinco anos e, para comemorar a data, um concerto especial será apresentado no domingo (30), às 11h, no Grande Teatro do Sesc Palladium (rua Rio de Janeiro, 1046, Centro). Haverá participação do Coral Jovem Sesc, Desvio e do Trio Amaranto. A entrada é gratuita e a retirada dos ingressos estará liberada duas horas antes da apresentação, limitado a um par por pessoa.
4) Orquestra Sinfônica de Betim e jovens solistas
A Orquestra Sinfônica de Betim prossegue com a série de concertos com jovens solistas, às 19h de sexta (28), na Casa da Cultura Josefina Bento (av. Padre Ozório, Centro, Betim). Na segunda apresentação da série serão interpretados o concerto para violoncelo de Edouard Lalo e o Capriccio Italiano de Tchaikovsky. O solista convidado é o jovem violoncelista Haziel Cândido. A regência e direção artística são do maestro Márcio Miranda Pontes.
5) Coral Lírico em Nova Lima
Com a proposta de difundir a música coral em diferentes regiões do Estado, a Fundação Clóvis Salgado leva o Coral Lírico de Minas Gerais a Nova Lima, para apresentar uma edição especial da série Lírico em Concerto, sob regência do maestro assistente, Augusto Pimenta. A apresentação terá acompanhamento de Fred Natalino ao piano e solos da soprano Andreia de Paula. No repertório, composições de Mozart, Fauré, Leonard Bernstein, Dorival Caymmi, Edu Lobo, Aylton Escobar e Astor Piazzola. No Teatro Municipal de Nova Lima (Praça Bernardino de Lima, s/nº, Centro), sexta (28), às 20h.
6) Exposição e performances no Instituto Undió
O projeto-laboratório “Nessa Rua tem um Rio”, desenvolvido pelo Instituto Undió, chega a sua 12ª temporada com a exposição do “Projeto Mesa Bordada” e performances dos artistas Marco Paulo Rolla, Noemi Assumpção, Grupo Indigestão, Marta Neves e Nickary Aycker. A programação inicia-se às 10h de sábado (29) com um café da manhã coletivo. No Instituto Undió (rua Padre Belchior, 280, Centro).
7) Edição especial do Festival Jardim das Cervejas
Para comemorar a sua 10ª edição e seus 12 meses de encontros ininterruptos, será realizada uma edição especial do Festival Jardim das Cervejas neste sábado (29), das 15h às 22h. O evento gratuito acontece no Krug Biergarten (av. Montreal, 280, Jardim Canadá) e vai contar com os shows com as bandas mineiras Seu Madruga e Folk Javalli. Além da anfitriã Krug Bier, as cervejarias Hofbrauhaus e Uaimmi farão parte do encontro.
8) Rafael Pansica na Praça da Saúde
O violonista Rafael Pansica, vencedor da edição do ano passado do Prêmio BDMG Instrumental em duas categorias, é o convidado do projeto Dia de Feira na Praça da Saúde (Grajaú), neste sábado, às 9h. Ele convida Felipe José para a apresentação, que conta com abertura de Sofia Cupertino.
9) O Couro Acorda o Vento na Praça da Liberdade
Projeto dos músicos Marcos Ruffato (Bandolim), Túlio Araújo (Pandeiro), Lucas Telles (Violão 7 Cordas), Marcelo Chiaretti (Flauta), Rafael Pimenta (Cavaco) e Julian Tarragô (Acordeon), O Couro Acorda o Vento é a atração do projeto Dia de Feira neste domingo (30), às 11h, na Praça da Liberdade. A proposta é partir da influência regional do choro, extrapolando as fronteiras do jazz e da música instrumental contemporânea, com composições próprias e releituras de Hermeto, Coltrane, Dominguinhos, Pixinguinha, dentre outros. Quem abre a programação é o cantautor Raphael Sales.
10) Oficina de “cheerleading” na Savassi
Neste domingo (30), o programa “A Savassi é da Gente” conta com a participação do grupo Panthers All Stars Cheerleading, que fará uma apresentação com 15 atletas e realizará uma oficina para ensinar os movimentos básicos do “cheerleading”. Essa modalidade esportiva consiste no uso organizado de música, dança e elementos de ginástica para animar torcedores em partidas de jogos coletivos, como o futebol americano e o basquetebol. A partir das 9h, na Praça da Savassi.
11) Reunião de artistas latinos
Neste sábado (29), às 19h, acontece na galeria Mama/Cadela (rua Pouso Alegre 2048, Santa Tereza) o show de encerramento da Residência Imersão Latina, que foi realizada no próprio local. Esta é a última semana que músicos do Peru, Chile, Argentina e Brasil que estão reunidos para intercâmbio cultural e produção de um disco e um mini documentário com apoio do Fundo Ibermúsicas. Os residentes já criaram 7 músicas que estão sendo gravadas na próxima semana em estúdio.
12) Mostra Spike Lee
Considerado um dos maiores nomes a abordar a contemporânea situação da comunidade negra norte-americana, Spike Lee ganhou projeção mundial tratando de questões como desigualdade social, relações de poder, criminalidade urbana e atuação da grande mídia com relação à essas temáticas. O Cine Humberto Mauro (Palácio das Artes) começa a dedicar uma mostra com 20 longas do diretor. Nesta sexta (28), serão exibidos “Mais e Melhores Blues” (15h), “Ela Quer Tudo” (17h15), “Lute Pela Coisa Certa” (19h) e “Faça a Coisa Certa” (21h15). No sábado (29), é a vez de “Febre da Selva” (17h) e “Malcolm X” (19h30). No domingo (30), a mostra conta com “Crooklyn” (16h), “Irmãos de Sangue” (18h) e “Todos a Bordo” (20h15).
13) Clássicos infantis no Cine Santa Tereza
O Cine Santa Tereza (rua Estrela do Sul, 89) continua a exibir clássicos infantis para entreter a criançada nas férias. No sábado (29), a mostra apresenta “Pocahontas” (17h) e “A Noviça Rebelde” (19h). No domingo (30), é a vez de exibir “Labirinto – A Magia do Tempo” (17h) e “Gremlins” (19h).
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FONTE: Hoje em Dia.
Fernando Campelo Martelleto
Defensor público em Minas Gerais, integrante do Conselho Superior da Defensoria Pública
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Passados quatro anos da mudança das regras da prisão, o que se constata é que a situação prisional brasileira, em especial a de Minas Gerais, pouco mudou, e para pior. A realidade atual fica longe daquela vislumbrada pelo legislador, de humanizar o sistema prisional em estado de colapso, reservando a prisão somente para aqueles casos mais graves, a exigir a privação da liberdade do cidadão antes mesmo da condenação definitiva. Ao contrário, nunca se prendeu tanto quanto nesses últimos anos.
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A prisão provisória, que deveria ser a última alternativa quando nenhuma das outras nove medidas cautelares diversas da prisão previstas na nova lei se revelassem efetivas, tornou-se a regra de ouro, especial e vigorosamente aplicada quando o destinatário é o hipossuficiente, o necessitado, o pobre mesmo!
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As estatísticas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) revelam que o Brasil tem a quarta maior população carcerária do planeta (563.526), já descontadas as prisões domiciliares (147.937). Só fica atrás dos Estados Unidos (2.228.424), da China (1.701.344) e da Rússia (676.400). Nos últimos anos, caminhando na contramão dos propósitos da Lei 12.403, o número de presos no Brasil aumentou em torno de 37%, sendo que do total de pessoas privadas da liberdade, 41% são presos provisórios, aguardando julgamento.
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Em Minas Gerais, segundo dados da Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds), a população carcerária atual é de 64,7 mil presos, dos quais 30,3 mil provisórios, o que representa 46,8% do total de presos, portanto, bem acima da média nacional. O déficit de vagas do sistema prisional brasileiro em relação ao número total de encarcerados já ultrapassa a conta de 200 mil, o que dá a média de 1,65 preso/vaga, média essa que só não é pior que a da Bolívia, país em último lugar no ranking mundial, com 1,66 preso/vaga.
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Mas se a Lei 12.403 surgiu da necessidade de se abrandar o instituto da prisão, propiciando condições minimamente dignas de cumprimento das penas privativas de liberdade, por que o número de prisões provisórias vem crescendo nos últimos anos em proporções tão maiores que as próprias estatísticas de criminalidade? O que deu errado?
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A resposta está na extrema dificuldade de se romper com a cultura encarceradora dominante na sociedade brasileira, refletida na mentalidade dos atores judiciários. De acordo com as mudanças introduzidas pela Lei 12.403 no regime jurídico da prisão processual, cabe ao juiz a quem for comunicada a prisão em flagrante examinar de plano a possibilidade de aplicação das medidas cautelares diversas da prisão, somente convolando o flagrante em prisão preventiva como última alternativa, quando nenhuma das outras medidas se revelarem suficientes e proporcionais para tutelar a situação de conflito entre a transgressão da lei penal e a privação da liberdade do transgressor.
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Todavia, o que se vê no cotidiano das prisões em flagrante é a sua automática conversão em prisão preventiva, mediante o uso de bordões abstratos para fundamentar o ato decisório da prisão, sem que efetivamente se examine o contexto fático, gerando excessivo número de prisões provisórias, totalmente desnecessárias.
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Buscando-se reverter esse quadro de encarceramento massivo, estão sendo instituídas em diversos foros do país as chamadas “audiências de custódia”, cuja iniciativa fixa prazo de 24 horas para que o preso em flagrante seja levado à presença do juiz, a fim de que possa ser ouvido, bem como se oportunize a manifestação do seu defensor e do Ministério Público. Somente depois desse contato direto em audiência o juiz decide se mantém a prisão ou se aplica as medidas cautelares alternativas.
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A audiência de custódia é medida prevista no Pacto de Direitos Civis e Políticos e na Convenção Americana sobre Direitos Humanos, dos quais o Brasil é signatário, e tem por propósito tornar mais célere o exame da necessidade da prisão e a prevenção à tortura e outros crimes cruéis. Sobre o tema, tramita no Senado o Projeto de Lei 554/11, de autoria do senador Antônio Carlos Valadares (PSB-SE), visando adequar o ordenamento jurídico brasileiro a essa prática reconhecida mundialmente na promoção dos direitos humanos, já tendo sido adotada pioneiramente no estado de São Paulo, além de contar com a adesão de outros estados da Federação, inclusive Minas Gerais, por meio de projeto em desenvolvimento pela Seds, a ser implantado em parceria com a Defensoria Pública estadual, o Judiciário e o Ministério Público, no sentido de reduzir a quantidade de prisões provisórias, com consequente diminuição da superlotação das unidades prisionais mineiras.
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Louvável, portanto, a iniciativa governamental da instituição das “audiências de custódia”, por representar um avanço na promoção e defesa dos direitos humanos no Brasil, contribuindo para o aprimoramento de suas instituições jurídicas, além de ser medida eficaz no enfrentamento da grave questão da superlotação carcerária brasileira.
Morre no Recife, aos 87 anos, o escritor Ariano Suassuna
Ele sofreu um AVC na noite de segunda-feira e passou por cirurgia.
Nascido na Paraíba, ele vivia no Recife desde 1942.
JULHO NEGRO PARA A CULTURA… TAMBÉM NOS DEIXARAM RUBEM ALVES E JOÃO UBALDO…
Os integrantes da Academia Brasileira de Letras receberam a notícia da morte do escritor e dramaturgo Ariano Suassuna, de 87 anos, durante a sessão desta quarta-feira, 23, quando homenageavam o também acadêmico João Ubaldo Ribeiro, que morreu na última sexta-feira (18). Eles ficaram muito abalados, pois perderam três membros em 20 dias – o poeta Ivan Junqueira morreu no dia 3.
“Três mortes em 20 dias é algo que eu acho que nunca aconteceu aqui. Ele vinha pouco à academia por não morar no Rio. É uma perda para as letras brasileiras e para o teatro mundial. Sendo ele internacional, será pranteado em todo lugar do mundo. Já vi peças dele na Alemanha”, disse o presidente da casa, Geraldo Holanda Cavalvanti.
O Real Hospital Português, onde Suassuna estava internado desde segunda-feira, 21, divulgou nota informando que o falecimento ocorreu às 17h15. O paciente teve uma parada cardíaca provocada pela hipertensão intracraniana. De acordo com o hospital, a família ainda não informou os detalhes do funeral.
Morreu no Recife, nesta quarta-feira (23), o escritor, dramaturgo e poeta paraibano Ariano Suassuna, aos 87 anos. Ele estava internado desde a noite de segunda (21) na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Português, onde foi submetido a uma cirurgia na mesma noite após sofrer um acidente vascular cerebral (AVC) do tipo hemorrágico. Segundo boletim médico, o escritor faleceu às 17h15. “O paciente teve uma parada cardíaca provocada pela hipertensão intracraniana”.
O velório do corpo do escritor começa ainda esta noite, no Palácio do Campo das Princesas, sede do governo estadual, que decretou luto oficial de três dias. A partir das 23h, será aberto o acesso do público ao local. O enterro está previsto para a tarde de quinta-feira (24), no cemitério Morada da Paz, em Paulista, no Grande Recife.
Internamentos
Em 2013, Ariano foi internado duas vezes. A primeira delas em 21 de agosto, quando sentiu-se mal após sofrer um infarto agudo do miocárdio de pequenas proporções, de acordo com os médicos, e ficou internado na unidade coronária, mas depois foi transferido para um apartamento no hospital. Recebeu alta após seis dias, com recomendação de repouso e nenhuma visita.
Dias depois, um aneurisma cerebral o levou de volta ao hospital. Uma arteriografia foi feita para tratamento e ele saiu da UTI para um apartamento do hospital, de onde recebeu alta seis dias depois da internação, no dia 4 de setembro.
Na noite de segunda-feira (21), Ariano Suassuna deu entrada no hospital e foi operado após o diagnóstico do AVC. A cirurgia foi para a colocação de dois drenos, na tentativa de controlar a pressão intracraniana. Na noite de terça, o quadro dele se agravou, devido a “queda da pressão arterial e pressão intracraniana muito elevada”, conforme foi informado em boletim.
Ativo até o fim
Ariano Suassuna nasceu em 16 de junho de 1927, em João Pessoa, e cresceu no Sertão paraibano. Mudou-se com a família para o Recife em 1942. Mesmo com os problemas na saúde, ele permanecia em plena atividade profissional. “No Sertão do Nordeste a morte tem nome, chama-se Caetana. Se ela está pensando em me levar, não pense que vai ser fácil, não. Ela vai suar! Se vier com essas besteirinhas de infarto e aneurisma no cérebro, isso eu tiro de letra”, disse ele, em dezembro de 2013, durante a retomada de suas aulas-espetáculo.
Em março deste ano, Ariano foi homenageado pelo maior bloco do mundo, o Galo da Madrugada. Ele pediu que a decoração fosse feita nas cores do Sport, vermelho e preto, e ficou muito contente com a homenagem. “Eu acho o futebol uma manifestação cultural que tem muitas ligações com o carnaval”, disse, na ocasião.
No mesmo mês, o escritor concedeu uma entrevista à TV Globo Nordeste sobre a finalização de seu novo livro, “O jumento sedutor”. Os manuscritos começaram a ser trabalhados há mais de trinta anos.
Na última sexta-feira, Suassuna apresentou uma aula espetáculo no teatro Luiz Souto Dourado, em Garanhuns, durante o Festival de Inverno. No carnaval do próximo ano, o autor paraibano deve ser homenageado pela escola de samba Unidos de Padre Miguel, do Rio de Janeiro.
Obra
A primeira peça do escritor, “Uma mulher vestida de sol”, ganhou o prêmio Nicolau Carlos Magno em 1948. Ariano escreveu um de seus maiores clássicos, “O Auto da Compadecida”, em 1955, cinco anos depois de se formar em direito. A peça foi apresentada pela primeira vez no Recife, em 1957, no Teatro de Santa Isabel, sem grande sucesso, explodindo nacionalmente apenas quando foi encenada – e ganhou o prêmio – no Festival de Estudantes do Rio de Janeiro, no Teatro Dulcina. A obra é considerada a mais famosa dele, devido às diversas adaptações. Guel Arraes levou o “Auto” à TV e ao cinema em 1999.
O escritor considera que seu melhor livro é o “Romance d’A Pedra do Reino e o príncipe do sangue do vai-e-volta”. A obra começou a ser produzida em 1958 e levou 12 anos para ficar pronta. Foi adaptada por Luiz Fernando Carvalho e exibida pela Rede Globo em 2007, com o nome de “A pedra do reino”.
Na década de 70, Ariano começou a articular o Movimento Armorial, que defendeu a criação de uma arte erudita nordestina a partir de suas raízes populares. Ele também foi membro-fundador do Conselho Nacional de Cultura.
Após 32 anos nas salas de aula, Suassuna se aposentou do cargo de professor da Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. O período também ficou marcado pelo reconhecimento nacional do escritor – Ariano tomou posse na cadeira 32 da Academia Brasileira de Letras (ABL), no Rio de Janeiro, em 1990.
FONTE: G1 e Hoje Em Dia.
Quinze dias depois de adquirir uma casa de 1920 em ruínas, na Rua Capitão Procópio, 18, no Bairro Santa Tereza, Região Leste de Belo Horizonte, o engenheiro José Liberato, de 53 anos, recebeu, em 2004, um documento da prefeitura autorizando o antigo dono a demolir o imóvel e vender o terreno para uma construtora. “Salvei a casa”, comemora até hoje o morador. Ele conta que fez uma pesquisa histórica para reformar o imóvel e preservar o estilo eclético. Depois, elaborou um memorial para pedir o tombamento da propriedade ao Conselho Municipal do Patrimônio. Conseguiu. A exemplo do engenheiro, outros moradores do bairro, considerado um dos mais tradicionais da capital mineira pela sua importância histórica, cultural e arquitetônica, unem forças na luta contra a verticalização e pela manutenção de seu ar de interior.
O tombamento não é consenso entre os donos de imóveis afetados, mas, na quarta-feira, o grupo que o defende teve uma boa notícia. Durante reunião organizada pelo Movimento Salve Santa Tereza, o representante da Diretoria de Patrimônio Histórico da Fundação Municipal de Cultura (FMC), Carlos Henrique Bicalho, anunciou que cerca de 120 bens de interesse histórico, cultural e arquitetônico do bairro, mapeados em 1998, serão tombados.
Desde 19 de novembro, o Movimento Salve Santa Tereza, criado para defender a Área de Diretrizes Especiais (ADE) do bairro e mobilizar sua população para atuar institucionalmente para esse fim, vem batalhando pela preservação dos imóveis antigos. Um abaixo-assinado pedindo a proteção do conjunto urbano e arquitetônico foi entregue à Fundação Municipal de Cultura, que abriu processo de tombamento. Reunião na quarta-feira no antigo Bar Odeon, na Praça Duque de Caxias, buscou esclarecer como será a iniciativa.
Segundo a arquiteta Karina Carneiro, integrante do movimento pela preservação do bairro, o Mercado Distrital de Santa Tereza, onde há projeto para a construção de uma escola profissionalizante, ainda não faz parte da lista de bens em processo de tombamento. “O mercado ainda não tinha aparecido como equipamento de referencial simbólico para o bairro. Ele não figurava nas pesquisas que eram feitas com os moradores, mas durante a reunião, constatamos a necessidade de incluí-lo na mancha de proteção”, afirmou Carlos Henrique Bicalho, representante da Fundação Municipal de Cultura. Segundo ele, “é importante que os instrumentos da ADE, que já atende o bairro em termos de proteção, e do tombamento atuem juntos para fechar o ciclo da preservação de Santa Tereza”.
O processo de tombamento dos imóveis do bairro deve ser concluído em três meses, pois o inventário ainda está sendo feito. Depois, o trabalho será apreciado pelo Conselho Deliberativo do Patrimônio Cultural do Município.
Quem é contra
A professora Silvana Magalhães preserva a construção, mas defende liberdade de proprietários
Moradores de casas antigas do Bairro Santa Tereza, na Região Leste de Belo Horizonte, não têm opinião unânime quando o assunto é tombar seus imóveis como patrimônio histórico. Em reunião quarta-feira com a Diretoria de Patrimônio da Fundação Municipal de Cultura, eles foram esclarecidos sobre os benefícios da operação. Mesmo assim, proprietários como a professora Silvana Magalhães, de 54, que vive em uma casa do início do século passado na Rua Eurita, não se convenceram. Ela é contra o tombamento da construção – que foi restaurada e chama a atenção pela beleza –, por considerar que o dono perde liberdade de dispor sobre a propriedade. “A casa foi dos pais do meu marido e a gente já cuida muito bem dela. Mas, com o tombamento, perdemos autonomia sobre uma coisa que é nossa. Nada que é obrigatório é bom”, disse
Catálogo organizado pelo Instituto Antônio Carlos Jobim reúne 45 mil itens entre fotos, vídeos e álbuns do cantor
A partir desta terça-feira, o acervo do cantor e compositor Milton Nascimento está disponível para visualização e pesquisa no portal do Instituto Antonio Carlos Jobim – www.jobim.org . São cerca de 45 mil itens, entre fotos, documentos, áudios, vídeos e álbuns. O acervo é o mais extenso já digitalizado pelo instituto, que desde 2001 desenvolve projetos de catalogação, conservação e disponibilização de acervos digitais de artistas representativos da cultura brasileira.
São mais de 4.500 fotos do cantor, desde a infância em Minas Gerais, na década de 40, até imagens mais recentes. Os visitantes do portal também podem visualizar documentos como a caderneta escolar de Milton do ano de 1958, quando ele cursava a 4ª série do Colégio São Luís, em Três Pontas (MG); cartas do poeta Carlos Drummond de Andrade e da atriz francesa Jeanne Moreau; letras manuscritas e um cartaz do show El Gran Concerto, que Milton fez com os cantores argentinos Mercedes Sosa e León Gieco, em Buenos Aires, em 1984.
Para marcar o lançamento do acervo digital, a Orquestra de Sopros Pró-Arte fará um show em homenagem a Milton Nascimento, às 20h30 desta terça, no Espaço Tom Jobim, no Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Com direção de Cláudia Ernest Dias, Fernado Trocado e Raimundo Nicoli, a apresentação tem participação do instrumentista Marcelo Caldi e participação da Companhia Folclórica do Rio de Janeiro, com coreografia de Eleonora Gabriel.
No repertório, nove canções de Milton, entre elas ‘Nada será como antes’, ‘Vera cruz’, ‘Morro velho’ e ‘Canção do sal’, cada uma com um diferente arranjador. No foyer do teatro, parte do acervo estará em exposição.
O Instituto Antônio Carlos Jobim
Criado em maio de 2001 para abrigar a memória e o acervo de Antonio Carlos Jobim (1927-1994), o instituto foi instalado no Jardim Botânico, como um tributo da família e dos amigos do maestro ao amor que ele sempre demonstrou pelo parque. O primeiro acervo a ser catalogado e digitalizado pelo instituto foi o do próprio Tom Jobim, com 9.435 itens.
Coordenados por Georgina Staneck, outros projetos de digitalização foram implementados pelo instituto, que tem o patrocínio da Vale por meio da Lei de Incentivo à Cultura do governo federal. São eles os dos compositores Dorival Caymmi (4.311 itens), Chico Buarque (5.901 itens) e Gilberto Gil (17.674) e o do arquiteto Lucio Costa (3.977 itens arquivados). Atualmente, encontra-se em processo de catalogação o acervo do instrumentista, maestro e compositor Paulo Moura (1932-2010).
Milton Nascimento no Palácio das Artes
Milton Nascimento traz o espetáculo ‘Uma Travessia’ a Belo Horizonte neste fim de semana, com apresentações no Palácio das Artes nos sábado, 25 e domingo, 26. As apresentações terão participação de Wagner Tiso e Lô Borges, parceiros do músico no Clube da Esquina. Os ingressos para o showpodem ser comprados na bilheteria do Palácio ou pelo ingresso.com.
FONTE: Estado de Minas.