Mais de cinco meses depois da inauguração do BRT/Move, a BHTrans concluiu ontem a implantação da primeira fase do sistema de transporte rápido por ônibus. Para finalizar esta etapa, faltava entrar em operação a parte relativa à Região de Venda Nova, atrasada por conta do desabamento do Viaduto Batalha dos Guararapes, em 3 de julho. Sete linhas troncais foram incorporadas pelo Move, sendo cinco na Estação Vilarinho e duas na Estação Venda Nova. Uma linha diametral também passou a fazer parte do sistema.
Com a conclusão da primeira etapa, o sistema passa a transportar a partir de amanhã 440 mil passageiros por dia útil. Desde 8 de março, data da inauguração, o número de ônibus que circulavam nos horários de pico nas faixas mistas teve redução de 67%, passando de 880 para 293 coletivos. Já nas faixas de concreto exclusivas do Move ,estão rodando 450 ônibus, entre veículos articulados e padrons.
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Assim como aconteceu nos terminais São Gabriel e Pampulha, a inauguração da plataforma de embarque do BRT na Estação Vilarinho, ontem, mostrou que ainda há muitos ajustes a serem feitos, como conclusão do meio-fio e instalação de grades na área de circulação dos ônibus, uma escada rolante desligada e uma bilheteria ainda em fase de construção. Também faltaram informações para os usuários.
A entrada em operação do Move transformou a estação em um imenso terminal multimodal de transporte de passageiros. O local agora conta com uma estação do metrô, do BRT/Move e um pavilhão do BRT Metropolitano, além de um shopping.
A desempregada Carla Amanda Martins, de 25 anos, ficou perdida na estação. Nem com a ajuda do informativo da BHTrans conseguiu se orientar. “Acho que as coisas não estão claras. Está muito bagunçado, faltando informação. Onde pego o ônibus da linha 65?”, questionou a jovem, que queria ir ao Centro.
A empregada doméstica Mônica Souza Dias, de 31, foi uma das pessoas que testaram um itinerário que começou a operar ontem: a linha 68 (Estação Vilarinho/Lagoinha). “Achei que demora demais nas paradas. Tem muita estação vazia e para mesmo assim”, disse. A faxineira Lourdes do Carmo Gonçalves, de 46, reclamou muito da demora da baldeação. “Antes, para ir do Bairro Minas Caixa (Venda Nova) ao Centro, gastava em torno de 40 minutos. “Hoje gastei 50. Esse tempo entre descer de um ônibus e esperar o outro atrapalhou muito”, diz ela.
Além da linha 68, começaram a operar no BRT/Move as linhas 65 (Vilarinho/Centro Direta), 66 (Vilarinho/Centro/Hospitais Via Cristiano Machado), 67 (Vilarinho/Santo Agostinho Via Carloz Luz) e 6350 (Vilarinho/Estação Barreiro Via Anel Rodoviário). Na Estação Venda Nova, o Move já operava com as linhas 61 (Venda Nova/Centro Direta) e 63 (Venda Nova/Lagoinha). Ontem foram integradas as linhas 62 (Venda Nova/Savassi Via Hospitais) e 64 (Venda Nova/Assembleia Via Carlos Luz).
ADAPTAÇÃO O presidente da BHTrans, Ramon Victor Cesar, afirma que é normal as pessoas sentirem a mudança quando deixam de usar um único ônibus e passam a fazer a baldeação. “Quando você introduz o transbordo, isso causa apreensão, mas rapidamente a população se adapta e verifica depois que é uma solução muito melhor para o seu trajeto”, diz Ramon.
Expansão para a Região Oeste
BHTrans já busca recursos do governo federal para implantar corredor do BRT/Move na Avenida Amazonas, até a Estação Barreiro. Modelo seria mais light, sem desapropriações
Conseguir recursos financeiros do governo federal para implantar o corredor do BRT da Avenida Amazonas. Concluída a primeira fase de operação do novo sistema de transporte coletivo na capital, este passa a ser o principal objetivo da BHTrans, segundo informou ontem o presidente da empresa municipal, Ramon Victor Cesar. “Já existem estudos iniciais sobre este novo corredor, que seria implantado sem desapropriações, em uma versão mais light, circulando pelas avenidas Amazonas e Tereza Cristina até chegar à Estação Barreiro”, informou Ramon.
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“Estamos com uma carta consulta em Brasília para tentar os recursos que seriam usados no detalhamento de projetos e na execução da obra. Não faremos desapropriações, por isso é uma versão mais simplificada, provavelmente com uma faixa em cada sentido”, explicou. O presidente da BHTrans disse que o terminal que nortearia o corredor é a Estação Barreiro. Dessa forma, o corredor iria do Centro pela Avenida Amazonas até o Bairro Gameleira, na Região Oeste, de onde seguiria pela Avenida Tereza Cristina até o terminal de integração, na área central do Barreiro.
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Ramon acrescentou que o percurso teria uma grande extensão na Amazonas, possivelmente num trecho que iria até a Cidade Industrial, em Contagem, na Grande BH.É bem provável que, mesmo sem desapropriações na Amazonas, a implantação do novo corredor demande intervenções viárias importantes na Região do Barreiro. Uma obra recente de canalização do Ribeirão Arrudas e ligação de duas pontas da Tereza Cristina entre BH e Contagem, na região da Vila São Paulo, tornaram mais fácil a iniciativa, mas ainda será necessário fazer a conexão da avenida com a estação. Hoje, um viaduto que opera em mão dupla viabiliza a passagem por cima da linha férrea entre as avenidas Tereza Cristina e Afonso Vaz de Melo, local do terminal.
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OUTROS AJUSTES A BHTrans também está com as atenções voltadas para ajustes pontuais nos corredores já implantados e para a integração de novas linhas ao sistema. O alvo são as linhas diametrais, que ligam dois bairros passando pelo Centro. Ao interligar esse tipo de itinerário ao Move, a empresa possibilitará que usuários de outros bairros passem a usar a baldeação, pagando apenas uma passagem.
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O planejamento inicial, que contempla as integrações de novas linhas diametrais ao Move, mostra que há muitas linhas que podem migrar para a busway, fazendo parte do chamado BRT intermediário
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.Já foram incorporadas as linhas 5401 (Dom Cabral/São Luiz), 8101 (Santa Cruz/Alto Santa Lúcia), 5106 (Bandeirantes/BH Shopping), que substituiu a antiga 2004, e 5201 (Buritis/Dona Clara). Conforme o planejamento anterior à implantação do sistema, ainda restam a 9502 (São Geraldo/São Francisco via Esplanada), 8207 (Maria Goretti/Estrela Dalva), 8108 (Cidade Nova/Savassi), 4205 (Ermelinda/Salgado Filho), 4102 (Aparecida/Serra), 5104 (Suzana/Cruzeiro), que substituiria as linhas 5101 e 5031, e 5103 (UFMG/Mangabeiras), que atenderia o público que hoje usa a 5102 e a 9502.
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De acordo com a demanda nas novas linhas, a BHTrans pode fazer modificações, como incremento no quadro de horários, mudanças em itinerários ou até mesmo criação de novos roteiros. “Vamos entrar numa fase de ajustes pontuais em diversas linhas. São coisas que podemos fazer nos próximos meses para adequar a estrutura básica às necessidades que vão aparecendo na prática do dia a dia”, concluiu Ramon Victor.