Laudando et vituperando abstine: tutum silentium praemium.

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Em votação aberta, Senado dá aval à prisão de Delcídio decretada pelo STF

Líder do governo foi preso nesta quarta-feira (25) por ordem do Supremo.
Cabia ao Senado referendar prisão, que é mantida por tempo indeterminado.

O Senado decidiu nesta quarta-feira (25), em votação aberta no plenário, manter a ordem de prisão expedida pelo Supremo Tribunal Federal (STF) contra o senador Delcídio do Amaral (PT-MS), líder do governo na Casa. Com isso, o parlamentar petista continuará preso por tempo indeterminado. A manutenção da prisão foi decidida por 59 votos favoráveis, 13 contra e 1 abstenção.

Delcídio foi detido nesta quarta, pela Polícia Federal (PF), acusado de atrapalhar as investigações da Operação Lava Jato. Em uma gravação, ele oferece R$ 50 mil mensais à família de Nestor Cerveró para tentar convencer o ex-diretor da área internacional da Petrobras a não fechar um acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal (MPF).

Pela Constituição, prisões de parlamentares que estejam no exercício do mandato têm de ser submetidas à análise da casa legislativa a qual ele atua. Mais cedo, por meio de nota, o advogado Maurício Silva Leite, responsável pela defesa do parlamentar, divulgou nota em que manifesta “inconformismo” com a decisão do STF de determinar a prisão do senador e em que afirma ter “convicção” de que a decisão será revista.

Com a decisão do Senado de manter a prisão, Delcídio Amaral só poderá ser solto quando o STF entender que ele não mais coloca em risco a investigação e não pode cometer crimes fora da prisão. Agora, a Procuradoria Geral da República terá 15 dias para apresentar ao STF uma denúncia, com acusações formais contra o senador.

 

OPERAÇÃO LAVA JATO – PF investiga esquema de corrupção

A votação ocorreu de forma aberta, com a divulgação do voto de cada parlamentar, conforme decidiu a maioria dos senadores instantes antes.

Mais cedo, por 52 votos a 20, com uma abstenção, o plenário do Senado decidiu pela votação aberta. Momentos antes, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), havia defendido que a sessão fosse secreta, mas decidiu submeter a palavra final ao plenário.

O ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), também havia decidido, enquanto os senadores discutiam no plenário, que o Senado realizasse uma votação aberta ao decidir pela manutenção ou revogação da prisão de Delcídio. O pedido para realização de votação aberta foi enviada ao Supremo Tribunal Federal por vários senadores de oposição.

O líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), orientou a bancada a votar contra a manutenção da prisão de Delcídio Amaral porque, para ele, validar a decisão do Supremo abriria caminho para a derrubada do princípio constitucional da “inviolabilidade do mandato”.

“O que está em discussão é se um Poder pode mandar prender um parlamentar no exercício do seu mandato, que é o que diz a Constituição. Se nós queremos mudar a Constituição, mudemos. Mas é isso que ela diz, e é isso que está ligado à inviolabilidade do mandato. Imagine se a partir de agora os tribunais de Justiça resolvam por alguma razão passar a mandar prender deputados estaduais, outros aqui ou outros lá na Câmara dos Deputados sem que isso seja no entendimento do que foi efetivamente um flagrante. É isso que está sendo neste momento colocado”, disse Humberto Costa.

Os autos do processo relativo a Delcídio Amaral chegaram ao Senado na tarde desta quarta. O líder do governo foi preso, em Brasília, pela Polícia Federal por decisão do ministro do STF Teori Zavascki sob acusação de tentar prejudicar as investigações do esquema de corrupção na Petrobras. Na manhã desta quarta, Zavascki submeteu a determinação aos ministros da Segunda Turma da Corte, que decidiram por unanimidade ratificar a decisão.

Mais presos
Também foram presos pela PF nesta manhã o banqueiro André Esteves, do banco BTG Pactual e o chefe de gabinete de Delcídio, Diogo Ferreira. As prisões são preventivas, ou seja, não há data para vencer.

No pedido para que o líder do governo fosse preso, a Procuradoria-Geral da República afirmou que o petista ofereceu R$ 50 mil mensais ao ex-diretor da área internacional da Petrobras Nestor Cerveró para que o ex-dirigente não o citasse em seu acordo de delação premiada.

Além disso, os procuradores da República alegam que Delcídio havia planejado uma rota de fuga para Cerveró, que passava pelo Paraguai e ia até a Espanha. Segundo a Procuradoria, Delcídio também prometeu a Cerveró influir em julgamentos no STF para ajudá-lo. O senador disse que falaria com o vice-presidente da República, Michel Temer, e com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL) para influenciar a Corte.

A prova da tentativa de obstrução é uma gravação feita pelo filho de Cerveró que mostra a tentativa do senador de atrapalhar as investigações e de oferecer fuga para o ex-diretor não fazer a delação. Conforme a Secretaria-Geral da Mesa do Senado, Delcídio é o primeiro senador em exercício preso desde a Constituição de 1988.

Repercussão
A notícia da prisão de Delcídio foi recebida com “perplexidade” pelos parlamentares, alguns dos quais são suspeitos de envolvimento no esquema de corrupção investigado pela Operação Lava Jato. Há um temor por parte dos políticos alvos de inquérito de que eles próprios sejam presos.

Já parlamentares petistas tentaram dissociar do governo o episódio ocorrido com Delcídio. “É importante registrar também que não há, em nada que foi dito até agora, qualquer tipo de envolvimento ou participação do governo. Isso é importante dizer,” disse o líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE).

O líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), afirmou que a prisão do colega de partido o deixou “abalado” e é uma “questão inusitada”, mas não pode, segundo ele, “paralisar país”.

Guimarães defendeu que seja realizada sessão do Congresso Nacional nesta tarde, apesar do clima de perplexidade que tomou conta do Legislativo com a prisão do petista.

A preocupação do governo é viabilizar a aprovação do projeto de lei que reduz a meta fiscal para 2015. “O governo quer votar. O governo não pode, em função desse episódio, paralisar o país. Há uma questão inusitada. Há um ineditismo. Mas as coisas tem que caminhar em seus leitos normais. Houve uma decisão do Supremo. Uma decisão inusitada. E cabe ao Senado dar uma solução para o problema”, disse Guimarães.

LISTA DE VOTOS

Veja quem votou contra e quem votou a favor da prisão de Delcídio
O gaúcho Paulo Paim e o baiano Walter Pinheiro foram os únicos petistas a votarem pela manutenção da prisão; os mineiros Aécio e Zezé Perrella também votaram no sim

Lista

59 SIM (a favor da prisão)

Acir Gurgacz (PDT-RO)
Aécio Neves (PSDB-MG)
Aloysio Nunes (PSDB-SP)
Ana Amélia (PP-RS)
Antônio C Valadares (PSB-SE)
Ataídes Oliveira (PSDB-TO)
Benedito de Lira (PP-AL)
Blairo Maggi (PR-MT)
Cássio Cunha Lima (PSDB-PB)
Cristovam Buarque (PDT-DF)
Dalírio Beber (PSDB-SC)
Dário Berger (PMDB-SC)
Davi Alcolumbre (DEM-AP)
Douglas Cintra (PTB-PE)
Eduardo Amorim (PSC-SE)
Elmano Férrer (PTB-PI)
Eunício Oliveira (PMDB-CE)
Fernando Coelho (PSB-PE)
Flexa Ribeiro (PSDB-PA)
Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN)
Hélio José (PSD-DF)
Ivo Cassol (PP-RO)
Jader Barbalho (PMDB-PA)
João Capiberibe (PSB-AP)
José Agripino (DEM-RN)
José Maranhã (PMDB-PB)
José Medeiros (PPS-CE)
José Serra (PSDB-SP)
Lasier Martins (PDT-RS)
Lídice da Mata (PSB-BA)
Lúcia Vânia (PSB-GO)
Magno Malta (PR-ES)
Marcelo Crivella (PRB-RJ)
Marta Suplicy (PMDB-SP)
Omar Aziz (PSD-AM)
Otto Alencar (PSD-BA)
Paulo Bauer (PSDB-SC)
Paulo Paim (PT-RS)
Raimundo Lira (PMDB-PB)
Randolfe Rodrigues (REDE-AP)
Reguffe (PDT-DF)
Ricardo Ferraço (PMDB-ES)
Ricardo Franco (DEM-SE)
Roberto Requião (PMDB-PR)
Romário (PSB-MA)
Romero Jucá (PSB-RR)
Ronaldo Caiado (DEM-GO)
Rose de Freitas (PMDB-ES)
Sandra Braga (PMDB-AM)
Sérgio Petecão (PSD-AC)
Simone Tebet (PMDB-MS)
Tasso Jereissatti (PSDB-CE)
Valdir Raupp (PMDB-RO)
Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM)
Vicentino Alves (PR-TO)
Waldermir Moka (PMDB-MS)
Walter Pinheiro (PT-BA)
Wilder Morais (PP-GO)
Zezé Perrella (PDT-MG)

13 NÃO (contra a prisão)

Ângela Portela (PT-RR)
Donizeti Nogueira (PT-TO)
Fernando Collor (PTB-AL)
Gleisi Hoffmann (PT-PR)
Humberto Costa (PT-PE)
João Alberto Souza (PMDB-MA)
Jorge Viana (PT-AC)
José Pimentel (PT-CE)
Lindbergh Farias (PT-RJ)
Paulo Rocha (PT-PA)
Regina Sousa (PT-PI)
Roberto Rocha (PSB-MA)
Telmário Mota (PDT-RR)

 

1 ABSTENÇÃO
Edison Lobão (PMDB-MA)

FONTE: G1 e O Tempo.


 

 

EDUARDO COSTA

panelaço

O melhor do 7 de setembro foi a decisão da presidente de fazer pronunciamento pela internet. Aliás, repetiu o procedimento do Dia do Trabalho e a razão é simples, como diz o velho ditado: gato escaldado tem medo de água fria. Encontrei inúmeras razões para aplaudir a novidade e queria dividir algumas delas com os caríssimos.
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A primeira é que, nas redes sociais, a leitura é opcional, individual e independe de horário. Ninguém terá de ver a programação interrompida, perder alguma notícia ou o melhor do filme para ouvir o que não quer. A segunda é que as pessoas se soltam mais nas chamadas redes sociais (prefiro mídias), tanto que, vez por outra, se arrependem do que dizem… Acho que dificilmente Dilma diria, no rádio e na TV, que começa a acreditar em erros. Não que tenha reconhecido, mas, deixou escapar um “se por acaso erramos…”.
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Claro que a mudança de estratégia deve-se ao medo das panelas. Todo mundo percebeu – inclusive o Palácio do Planalto – que, se continuássemos na toada de abril, haveria “panelaço” com muita frequência do país. Ora, na rede mundial de computadores, ficou sem hora marcada, desmobilizou as cozinhas, suavizou as janelas, contribuiu-se para a diminuição da poluição sonora nas grandes cidades. Não vem ao caso se foi apenas nas casas dos bacanas, com panelas cheias, etc…. Afinal, todo mundo é brasileiro e a presidente é a de todos.
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Fiquei pensando numa sugestão: por que a gente não decide que, a partir de agora, todo e qualquer pronunciamento de autoridade política será pela internet? Já pensou ficar livre dessa propaganda enjoada, todo dia, dez minutos da mesma lorota? Posso dizer com autoridade porque não estou entre os que não viram e não gostaram; assisto sempre, ainda que sob o xingamento de minha mulher. E lhes garanto: a mesma baboseira, aquele papo dirigido, programado, coisa de marqueteiro, do tipo fale sobre saúde, educação e segurança, defenda o direito das mulheres e senta o pau no governo… Uma nulidade!
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Outra coisa é a “Voz do Brasil”. Reconheço sua importância, seu conteúdo e seu alcance. Só não me conformo é de ser obrigatória e as 7 da noite. É um crime você privar o ouvinte de informação de trânsito, consequências de chuvas e todas as outras urgências do horário mais agitado das grandes cidades para ouvir as propostas dos senhores deputados. Esse horário tem de ser flexível! Vou pegar as panelas!

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FONTE: Hoje Em Dia.


MÁRCIO DOTI

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O governo já está com os pés na areia movediça. Como o próprio termo indica e como bem sabemos, areia movediça é aquele terreno em que mais nos afundamos à medida em que vamos nos mexendo. Cada movimento e o corpo desce um tanto até encobrir todo o corpo. A salvação é quando chega alguém com uma vara ou uma corda. O difícil no caso do governo é que não tem vara nem corda e muito menos quem se disponha a puxar, mesmo que nessa areia estejamos todos nós a reboque dessa turma desajeitada que soube bem chegar até aqui em matéria de presunção e incompetência, incapaz de enxergar onde iriam dar os rombos feitos na base dos favores governamentais, dos programas sociais desproporcionais em relação ao que podiam os cofres.
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Enfim, a confissão
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Enquanto sobravam as reservas, enquanto a inflação estava sob controle e o governo arrecadava superávit a cada ano, batendo recordes impulsionados por uma economia estabilizada, enquanto era assim, foi fácil distribuir favores, gratuidades, bolsas e conquistar aplausos, embora paralelamente foi sendo construído esse ambiente desagradável em que estão todos pagando de alguma forma pelos erros cometidos. O que restou foi exatamente isto que estamos vendo, ouvindo e vivendo. Tivemos que escutar no Dia da Pátria que o governo distribuiu favores conscientemente.
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Para exercitar o discurso, quase sempre equivocado, mas desta vez bem verdadeiro, a presidente precisou evitar cadeia nacional de rádio e TV para fugir do panelaço e por ironia foi falar justamente onde tem sido mais criticada quais sejam as redes sociais. Foi dizer nas redes que as dificuldades e desafios resultam de um longo período em que o governo entendeu que deveria gastar o que fosse preciso para garantir o emprego e a renda do trabalhador e a continuidade dos investimentos e dos programas sociais. Pois é… e agora? Não garantiu nem o emprego e sequer a renda. De que adiantou debruçar tanto na janela se agora os empregos estão indo embora, a capacidade de comprar está escapando dos bolsos porque, como foi dito com clareza pela presidente, o governo não mediu a água e o fubá.
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Levy no time do ilusionismo
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Agora, até o ministro Levy entrou no time do ilusionismo ao prever para dentro de seis meses o fim das grandes dificuldades. O governo vai adotar remédios amargos em cima de uma população adoecida, insegura, com medo da inflação, do desemprego, com receio de investir, submetida a uma nova carga de impostos e a uma elevação dos já existentes e é aí que entra em cena a areia movediça. Quando mais se mexe, mais se alimenta a inflação, o desemprego, o desaquecimento dos negócios e, sobretudo, a crise política.
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De um lado, porque o dinheiro que alimenta eleição, palanque, eleitores é o dinheiro que vai continuar faltando em nome de um ajuste que todo o mundo político quer. Quer sim, contanto que não seja em prejuízo das emendas e verbas de cada um. É uma equação complicada esta em que um governo enfraquecido decide governar por decreto, caminho encontrado para aumentar impostos e taxas. E enfrentar os efeitos perversos da areia movediça.

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FONTE: Hoje Em Dia.


ÚLTIMA ATUALIZAÇÃO: 05/06/2015

De volta para a amada
Xerife, cachorro de rua que havia desaparecido na Cidade Nova, retorna à rua do Prado onde vive a cadela com quem teve 10 filhotes. Dona do imóvel vai tentar ficar com o cão

Xerife, Olívia e filhotes em casa da Rua Turquesa: dona do imóvel quer que eles fiquem juntos, mas brigas com outro cachorro atrapalham (Edésio Ferreira/EM/D.A Press)

Novo capítulo do romance entre Xerife ou Lord Voldemort e Olívia Palito. Depois de quatro dias sem ser visto na Rua Turquesa, esquina com a Avenida Francisco Sá, no Bairro Prado, na Região Oeste de Belo Horizonte, o cachorro de rua voltou a cortejar a cadela e sua ninhada de filhotes. Como mostrou o EM na semana passada, Xerife costuma ficar deitado no passeio em frente à casa onde vive Olívia, que deu à luz no mês passado 10 filhotes do casal.

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Xerife desapareceu, na última terça-feira, quando foi levado a um veterinário na Avenida José Cândido da Silveira, no Bairro Cidade Nova. Pelo menos sete quilômetros separam o local onde ele desapareceu e a casa no Prado. Mas, mesmo com toda a distância, o cachorro voltou à Rua Turquesa. Por volta de 8h30 de ontem, os vizinhos viram Xerife se aproximar do portão da casa de Olívia.

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“Ele veio sozinho. Achou o caminho por conta própria, sem ajuda de ninguém”, disse a aposentada Cleusa de Azeredo Coutinho, de 69 anos, que mora no imóvel. “Hoje, eles já deram um beijinho de focinhos, mas Xerife é bem arisco”, completou. No dia em que Xerife desapareceu, Tatiana de Azeredo Coutinho, filha de Cleusa, rodou a vizinhança do petshop por três horas para tentar encontrá-lo, mas não conseguiu. A jovem adotou Olívia e também é a dona de Kurt Cobain, outro cachorro que vive na casa.
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No regresso, Xerife chegou de vagar e com receio. Foi preciso que Tatiana colocasse comida para encorajá-lo a atravessar a rua e se aproximar. Quando Olívia apareceu, ele ficou mais à vontade e, minutos depois, estava dentro da casa com a cadela e a ninhada de filhotes.
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Futuro O destino dos dois é incerto. Depois de o EM publicar a história, uma mulher de Juiz de Fora se interessou em adotá-lo. Tudo caminhava bem até Xerife desaparecer. O tempo em que esteve sumido fez com que a interessada e a própria Tatiana avaliassem que não é boa ideia separá-lo de Olívia. O desejo de Tatiana é que, em caso de adoção, os dois possam seguir juntos.

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A rivalidade entre Xerife e Kurt Cobain é o maior empecilho para que ele possa viver sob o mesmo teto de Olívia. No regresso, os dois voltaram a se estranhar, demonstrando que falta muito para uma boa convivência. “Vamos ver se conseguimos ficar com os dois juntos. Estamos olhando um adestrador para que ele possa conviver com o Kurt”, contou Tatiana.
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Linha do tempo
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29 de maio – O EM publica reportagem sobre o romance de Olívia Palito e Xerife, ou Lord Voldemort. Havia três meses o cachorro passava boa parte do tempo no portão da casa onde vive a cadela adotada.
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30 de maio – A história teve grande repercussão, inclusive nas redes sociais, e muita gente demonstrou interesse em adotar o cachorro. Ativistas da defesa dos animais sugeriram que os vizinhos se unissem e cuidassem do animal.No mesmo dia, Xerife conseguiu escapar de um táxi-dog no Bairro Cidade Nova, Região Nordeste, quando era levado para uma clínica para ser castrado, a pedido de uma pessoa de Juiz de Fora, Zona da Mata, interessada em adotá-lo.
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Ontem – Xerife reapareceu no Prado, em frente à casa de Olívia. O cão percorreu mais de sete quilômetros  e acertou o caminho de volta. A dona de Olívia, Tatiana Azeredo, estuda a possibilidade de adotar o cachorro de rua.
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“Vamos ver se conseguimos ficar com os dois juntos”

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Tatiana Coutinho, moradora da casa de onde Xerife não desgruda

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Futuro de cão apaixonado vira assunto entre ativistas e internautas

Um dia depois de o EM mostrar romance de vira-lata que vive na rua e cadela adotada no prado, todos querem saber qual será o destino do animal. Adoção e guarda dividida são opções

Fotos: Beto Novaes/EM/D.A Press

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Quem vai ficar com Xerife, também chamado de Lord Voldemort? A pergunta passou de boca em boca nessa sexta-feira nas imediações de uma residência no Bairro Prado, Região Oeste de Belo Horizonte, onde, há mais de três meses, um cão de rua fica deitado no passeio, dia e noite, na esperança de ver sua “amada” Olívia Palito, que deu à luz, em 9 de maio, 10 filhotes do casal. Nem a chuva e o frio da manhã impediram a visita do esperto vira-lata – na quarta-feira, ele escapou da coleira de um agente de endemias do Centro de Controle de Zoonoses da prefeitura, que foi ao local capturá-lo após denúncias anônimas de que poderia atacar os pedestres (VEJA A HISTÓRIA DA FUGA ABAIXO).

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A história de amor no reino animal, publicada pelo Estado de Minas, teve grande repercussão nas redes sociais, com muita gente interessada em adotar o cachorro de pelo preto e olhos apaixonados. Ativistas da defesa dos animais sugerem que os vizinhos se unam e cuidem do bicho, dando vacina, alimento, vermífugo, casa e afeto, em vez de enviá-lo a um abrigo.
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A casa da Rua Turquesa, com grade marrom, virou atração logo cedo e chamou atenção de quem passava a pé, no volante ou indo para a escola de van. “Há muito tempo estou pedindo, pela internet, para adotarem esse cachorro. Ele não pode mais ficar desse jeito, sem dono, solto por aí. Sempre o vejo parado em frente ao portão”, disse a motorista Mônica, obrigada a acelerar o carro, quando o sinal da Avenida Francisco Sá abriu para os veículos. O mestre de obras Alaerte Alves Pereira, de 53 anos, reafirmou a intenção de levar o bicho, batizado por ele de Xerife, para sua casa em Ribeirão das Neves, na Grande BH, mas notou mudanças no comportamento do animal e está pensando duas vezes antes de agir.
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“Acho que ele ficou meio traumatizado com a tentativa de captura, por isso se afasta ao notar a minha presença. Gostaria muito de ficar com ele, e não descarto a possibilidade, mas agora estou preferindo um filhotinho. Xerife sempre foi dócil, não faz mal a ninguém”, comentou, ao ver a ninhada na varanda da casa sendo paparicada pela funcionária pública Tatiana de Azeredo Coutinho Ferreira e por sua mãe, a dentista aposentada Cleusa. Apaixonadas por animais, assim como toda a família, as duas moradoras deram ontem um dia especial a Xerife, que entrou na varanda de rabo em pé, cortejou Olívia Palito, saiu com ela para um passeio pelo bairro e, depois teve direito a almoço no mesmo prato, no melhor estilo A dama e o vagabundo, filme de animação dos estúdios Disney lançado há 60 anos. “É só oferecer um pouco de queijo que ele vem louco. É louco por queijo!”, disse Cleusa, com carinho. Dito e feito, e lá veio o cão com pinta de galã do pedaço.
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Tatiana esclarece que gostaria de ficar com o animal, mas não há a menor chance. É que na casa moram, além de Olívia Palito – “por ser magrinha ao chegar aqui, parecia a namorada do marinheiro Popeye”, recorda-se –  Kurt Cobain, de 11 anos, nome em homenagem ao guitarrista (1967-1994) da extinta banda Nirvana. O estranho triângulo se forma, pois Kurt é louco pela cadelinha de sangue nobre e viralata, embora a paixão nunca tenha se consumado. O problema é o cãozinho não ter altura suficiente para cruzar. “Nas vezes em que Lord Voldemort, como tratamos o Xerife, entrou aqui para beber água, mordeu o Kurt. Eles brigam muito”, contou Tatiana. Ao lado, Cleusa traduziu o sentimento mútuo: “Puro ciúme”. O nome Lord Voldemort é o do vilão da série Harry Potter, mas Xerife é tratado com todo carinho pela família.
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CUIDADO DIVIDIDO Há muitas sugestões para o destino de Xerife, que, até agora, só tem promessas de pretendentes à adoção, sem nada de concreto. A presidente da Associação Cão Viver, Marisa Catelli, propõe o sistema “cão comunitário”, no qual os vizinhos se unem para cuidar de um animal. “Os abrigos das organizações governamentais, os canis, enfim, todos os lugares que poderiam receber o cão estão superlotados”, afirma. “Os moradores podem se responsabilizar fazendo uma casinha na própria rua para o cachorro, além de dar vacina, vermífugos, cobertor para os dias frios, consultas no veterinário e providenciando a castração”, indicou.
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Ao ler a reportagem no EM e assistir ao vídeo no portal Uai, a psicóloga Débora Vaz, moradora do Bairro São Marcos, na Região Nordeste de BH, confessa que chorou. E é candidata a adotar Xerife. “Fiquei com muita pena dele, tão romântico…”, comentou ela, que acrescentou com bom humor: “Acho que estou assim, tão enternecida, pois vou me casar”. Na opinião da psicóloga, Xerife deveria ficar com a família que já tem Olívia Palito e Kur Cobain. “Mas entendo a impossibilidade, devido ao Kurt”.
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FESTA NA PORTA Por volta das 11h, Tatiana saiu com Olívia Palito com a guia, mas logo deixou a cachorrinha correr livre e solta ao lado do seu grande amor, Xerife. A parte conhecida da história dessa dupla começou pouco antes do carnaval, quando Tatiana acolheu em casa a fêmea, que, logo depois, no cio, escapuliu e voltou prenha. Não tardou muito para Xerife rondar a área e ficar de prontidão no portão da frente.
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Depois da refeição ao meio-dia, hora de lamber as crias, que Olívia Palito ainda está amamentado. Se alguém se aproxima, como fez o repórter, ela dá um “chega pra lá”, marcando a roupa do intruso com a pata suja de barro. Com a netinha Luiza, de 2 anos, no colo, a pedagoga Terezinha Passos, moradora do bairro, contemplou durante longos minutos a cena de Xerife, Olívia Palito e a prole se enroscando sobre uma almofada no chão da varanda.
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Feliz ao contemplar a família canina, a vendedora de loja infantil Aline de Abreu não escondeu a emoção: “A natureza nos surpreende. Esse sentimento é mais bonito do que o dos seres humanos, algo inexplicável”. Já a atendente de uma loja de pet shop da Avenida Francisco Sá, Tatiane Viana, contou que Xerife é muito esperto. “Ele andava com uma coleira antipulgas, mas não está mais com ela. Tentei pegá-lo para cuidar, mas ele se assustou e mordeu a minha mão”.

Fotos: Beto Novaes/EM/D.A Press

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Castração: a nova fuga de Xerife
Vira-latas mais famoso do Prado escapa de táxi-dog a caminho de pet shop. Cão, que já se livrou da carrocinha para voltar para a cadela Olívia, é procurado nos quatro cantos de BH

Olívia recebeu visitas e carinho durante todo o dia de ontem, mas seu olhar atento procurava por Xerife, que ainda não havia aparecido<br /><br /><br />
 (Alexandre Guszanche/EM/D.A Press)

Depois da primeira noite dormindo em família – com a amada Olívia Palito e seus 10 filhotes, Xerife desapareceu. O cão vira-lata, que há mais de três meses montou vigília na porta de uma residência na Rua Turquesa, no Bairro Prado, à espera de viver junto à cadela, foi acolhido pela funcionária pública Tatiana Azeredo Coutinho Ferreira, dona de Olívia, para estar de prontidão às 7h de ontem, quando seria levado por um táxi-dog. Ele seria encaminhado para adoção.
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Mas Xerife não chegou nem mesmo a conhecer o novo lar. Apanhado pelo táxi-dog na porta da casa onde Olívia mora desde fevereiro, para seguir a uma clínica no Bairro Cidade Nova, onde seria castrado, tomaria banho e faria teste de leishmaniose, o cão fugiu quando a motorista abriu a porta do veículo. A fuga impôs um novo capítulo à saga entre Xerife, também conhecido por Lord Voldemort (personagem de Harry Porter), e a cadela Olívia. Na casa da funcionária pública, a pergunta é: “Será realmente o destino do cão viver ao lado da ‘amada’?” A família ainda acredita que o vira-latas irá voltar e tenta achar uma solução para que os dois não mais se separem.
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O desafio, até então, era lidar com o triângulo amoroso entre o casal e o cão Kurt Cobain – cachorro de 11 anos que também mora na casa de Tatiana e “morre de ciúmes” do rival Xerife. Além do mais, com a ninhada de 10 filhotes, Tatiana não via condições de abrigar mais um animal em casa. A funcionária pública conta que foram várias as tentativas de conseguir um lar adotivo, sem sucesso. “O que ele queria mesmo era ficar aqui. Sempre fica batendo a patinha no portão, pedindo para a gente abrir e faz festa quando vê Olívia. Mas já temos muitos cães”, justifica.
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Agora, a angústia passou a ser outra. Na tarde de ontem, Tatiana e a mãe, a dentista aposentada Cleuza Azeredo Coutinho, de 69, tentavam imaginar onde estaria Xerife. “Para onde ele pode ter ido? Ele é um cão difícil, arredio. Quando a moça veio buscar, explicamos isso a ela. Agora, para voltar, vai ser difícil, porque vai ter que passar pelo Túnel (da Lagoinha) e pela Via Expressa”, conjecturou Cleuza. Pela manhã, Tatiana passou três horas percorrendo o Bairro Cidade Nova, na tentativa de encontrar Xerife, sem sucesso. “Vou voltar lá com Olívia, para ver se eles sentem o cheiro um do outro”, disse.
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Tatiana mora em Brasília e vem para Belo Horizonte nos fins de semana. Está decidida de que, na viagem de volta, vai levar Kurt para o Distrito Federal. Nas entrelinhas, dá a deixa para que a mãe adote Xerife e ponha fim ao sofrimento do vira-lata, que vive à espera de Olívia na grade marron da casa no Prado.
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FUGA Essa não foi a primeira vez que Xerife fugiu, depois de ser retirado da porta da casa de Olívia. No bairro, a história já é conhecida e muita gente tentou levar o cão pra casa, mas ele se recusa. “Uma vez, levei ele para vacinar e o veterinário contou que umas seis pessoas já levaram ele à cliníca, na tentativa de adotá-lo, mas ele sempre fugia”, lembrou Tatiana. Na quarta-feira, ele escapou da coleira de um agente de endemias do Centro de Controle de Zoonoses da prefeitura, que foi ao local capturá-lo, depois de denúncias anônimas de que poderia atacar os pedestres. Dona Cleuza não esconde o carinho que tem pelo animal, mas explica a dificuldade em ficar com o bicho, por questões de saúde. “Não estou muito bem. Esse tanto de cachorro dá muito trabalho. Vamos ver se ele vai voltar”, deixa o assunto no ar.
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As protetoras de animais que estavam intermediando a adoção de Xerife e os tratamentos na clínica no Bairro Cidade Nova também estão preocupadas com o futuro de Xerife. Uma delas, que preferiu não se identificar, disse temer pela situação em que o bicho se encontra. “No Prado, pelo menos, ele já conhecia o bairro, as pessoas. Agora está em um lugar estranho. Estamos angustiadas, porque não sabemos como e o quê ele está passando”, disse. As protetoras estão avaliando quais providências serão tomadas junto ao serviço de táxi-dog, contratado para buscar Xerife. “A motorista foi alertada de que ele era arisco e não se precaveu para evitar que ele fugisse. Foi uma irresponsabildiade”, avalia.

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Zoonoses só age com nova denúncia
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Segundo a Secretaria Municipal de Saúde (SMSA), o agente de endemias só retornará ao Bairro Prado se houver nova denúncia de agressão. Em nota, a direção do órgão informa que o Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) recolhe os animais em situação de rua por meio de ações de rotina e também via demanda espontânea da população. Ao chegar à unidade, os cães são avaliados clinicamente por médico veterinário e submetidos à coleta de sangue para exame de leishmaniose visceral, informam os técnicos, ficando aguardando por três dias úteis o resgate por seus proprietários. Expirado o prazo, os animais se tornam disponíveis para adoção, após serem castrados, vacinados contra raiva e outras doenças, vermifugados e identificados com microchip e com resultado negativo para leishmaniose visceral. De acordo com o censo canino realizado em 2014, BH tem aproximadamente 283 mil cães e 64 mil gatos. Desse total, cerca de 10% têm acesso às ruas sem supervisão.

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Discussão na Web
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Comentários de leitores e internautas nas redes sociais
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Que lindo! Ele precisa de um lar e ser castrado, afinal não dá pra deixar cachorrinhos abandonados. Estes estão bem, mas outros… vai saber.
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Aline Vieira 
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Próximo capítulo? Se a zoonoses pegou, já era!
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Raquel Colares
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Excelente, em meio a tanta notícia de desastre, corrupção e outras coisas ruins, os leitores precisam de algo bom assim. Espero e torço que algum vizinho adote o xerife.
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João
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Em janeiro, ao chegar em casa do trabalho, fui atacado por dois cães de rua, morderam minha perna e por sorte passava um carro que atropelou os dois e me salvou. Minha esposa tinha acabado de chegar com meu filho de 3 anos. Imagina se fosse com eles? Na verdade, esses cães de rua, são, sim,  perigo para população. 
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Marcos
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E cadê o Xerife? Ele realmente fugiu? Eu adoto ele. E a história foi muito legal..
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Eduardo
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Muito legal. Só aparece coisa ruim e a gente fica surpreso com uma história dessa. Tomara que essa família adote o Lord também.
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Wesley

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FONTE: Estado de Minas.


ÚLTIMA ATUALIZAÇÃO: 21/08/2014, 18:00.

O ex-médico Roger Abdelmassih, de 72 anos, apontou sua mulher, a ex-procuradora da República Larissa Maria Sacco, de 37 anos, como a mentora de sua fuga para o Paraguai, há três anos e meio. Aos policiais civis e à “Rádio Estadão”, durante conversa na quarta-feira, 20, no Aeroporto de Congonhas, ele afirmou que foi “condenado escandalosamente”, sem provas – a pena é de 278 anos de prisão por 48 estupros contra 37 vítimas. O áudio foi gravado com exclusividade.

Por volta das 16 horas de quarta-feira, 20, o ex-médico chegou à capital paulista e passou por exame de corpo de delito na delegacia do terminal da zona sul, onde contou aos agentes sua estratégia de fuga e sua rotina em Assunção. “Eu achava melhor me entregar. Minha mulher disse: ‘Não, vamos embora’. Aí, falei com minha irmã que tem um haras em Presidente Prudente. Fomos para lá. De lá fomos para o Paraguai”, disse Abdelmassih.Capturado na capital do país vizinho na terça-feira, 19, ele disse que só está preso porque pediu a renovação de seu passaporte em 2011 – o ex-médico, um dos maiores especialistas em fertilização in vitro do Brasil, foi condenado em novembro de 2010 e recorria em liberdade. “Eu estou preso, mas não existe prova nenhuma”, afirmou.

Segundo ele, sua intenção não era deixar o País. “Eles (a Justiça e o Ministério Público) achavam que eu ia fugir, mas eu não ia. Ia passear”, afirmou. “Sabe por que eu fui tirar passaporte? Porque o meu passaporte tinha dois meses para vencer. O Juca (criminalista José Luis Oliveira Lima, que defende o ex-médico) falou assim: ‘Tem lugar que você não vai conseguir usar passaporte com dois meses'”, disse.

Abdelmassih contou, então, que procurou o criminalista Márcio Thomaz Bastos. “Fui ao doutor Márcio: ‘O senhor pode me ajudar?'” A resposta foi: “Não! Vai lá na Polícia Federal, e tira logo (o passaporte)”, disse o ex-médico. “Quando fui buscar a juíza mandou eu entregar. Aí, os advogados começaram a ver o que queriam: ‘Ah, pode dar prisão’. Aí, a juíza substituta Jaqueline disse para o Juca: ‘Fala para o seu cliente que não vou prender. Fala para ele ficar tranquilo’. Eu disse: ‘Então, tá! Vamos para Avaré’.” Foi em uma fazenda no município paulista que promotores do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) de Bauru encontraram as pistas para chegar até Assunção.

Aos policiais civis, Abdelmassih disse que, na época da fuga, estava tranquilo. “Eu estava livre, eu estava solto. Aí, pum, me avisaram (da prisão) no meio do caminho. O Márcio falou: ‘Eu acho melhor se entregar’. Minha mulher falou: ‘Não, vamos embora!'”, contou. Após o pedido de renovação do documento, a juíza Cristina Escher, da 16.ª Vara Criminal, decretou sua prisão preventiva.

Fuga e rotina

Antes de deixar o País, o ex-médico contou que foi, ainda em 2011, para Jaboticabal, onde vive a família de sua mulher. Ele falou também sobre sua rotina em Assunção. “Fiquei três anos e meio no Paraguai. Assunção é uma cidade boa. Gostam dos brasileiros.”

“Era uma bela casa. Uma casa daquelas aqui (o aluguel) custaria uns US$ 8 mil. Lá custava US$ 1.800”, contou. Segundo o preso, o imóvel foi alugado em nome de uma empresa aberta em sociedade com um amigo. Os filhos gêmeos nasceram no país vizinho. “Não saía de casa sem peruca. E óculos. Ficava diferente do que eu era.”

O ex-médico relatou ter bons relacionamentos. “Sempre fui querido. E vou te contar mais: o Nicolas Leoz (paraguaio, presidente da Confederação Sul-Americana de Futebol) teve dois filhos comigo. E eu não procurei ele, para não constranger.”

Abdelmassih relatou sua captura. “Quem me pegou foi o rapaz da Polícia Federal. Diz ele ter informação até da igreja, de uma ‘cliente’ da igreja que me viu, mas principalmente depois da Veja, que estampa muito o rosto da Larissa”, afirmou.

Ele pediu reiteradamente para que fosse levado para a Penitenciária de Tremembé, para onde foi transferido. “Eu só vou assinar (o mandado de prisão) na hora em que eu tiver certeza de que é Tremembé. Não quero ir lá e depois ficar em Guaratinguetá.” Ele disse que merece ficar solto e comparou seu caso ao mensalão. “Se o (José) Genoino pode sair (da cadeia) por causa do problema (de saúde), eu posso também. Eu tenho uma prótese. Isso é muito pior”.

 

 

Filhos de Abdelmassih foram a pista que levou polícia à prisão de ex-médico

O casal de gêmeos estava matriculado em uma creche em Assunção

A localização do casal de gêmeos filhos de Roger Abdelmassih com Larissa Sacco, matriculados em uma creche na Rua Guido Spano, 2.314, no bairro de Villa Morra, em Assunção, levou à confirmação da identidade do brasileiro foragido da Justiça. Investigado pela Secretaria Nacional Antidrogas (Senad) do Paraguai em conjunto com a Polícia Federal, Abdelmassih foi preso quando chegava à creche, às 13h30 de terça-feira, 19, para buscar as crianças.

Desde o dia 12, agentes especiais da Senad seguiam os passos de Abdelmassih após checarem listas de brasileiros que moram no país e têm filhos gêmeos com idade em torno de 3 anos. Essa informação, mais as características físicas dele e da mulher, deram a certeza à polícia paraguaia de que o pacato morador de Villa Morra e o ex-médico famoso e procurado eram a mesma pessoa.
“A operação foi montada com muito cuidado após recebermos informações da Polícia Federal brasileira”, disse ontem o ministro executivo da Senad, Luis Rojas, que comandou a operação com o delegado brasileiro Cesar Luiz Busto Souza. Uma reunião entre os dois, no dia 12, selou a parceria que acabaria com uma fuga de mais de três anos do ex-médico. Um grupo de cerca de 15 agentes fez o cerco. Surpreendido, o ex-médico não reagiu.Depois de encontrarem a escolinha, os policiais vigiaram por cerca de uma semana os passos de Abdelmassih. O casal levava vida de alto padrão.

Costumava usar dois carros. Tinham uma perua Kia Carnival, preta, ano 2012, que está registrada em nome da empresa Gala Import and Export, e um Mercedez Benz, preto, C350, ano 2012, que era dirigido por Abdelmassih. O Mercedes está registrado no Paraguai em nome de Juan Gabriel Cortázar.

De acordo com a polícia, o brasileiro teria comprado o carro, porém não o transferiu para seu nome. Esses veículos foram monitorados pela polícia quando circulavam nos arredores do endereço do casal, que fica a menos de dez quadras da creche.

A casa estava trancada, na quarta-feira, 20. O imóvel foi alugado da imobiliária Saturno, em Assunção, por US$ 3,8 mil mensais há quase quatro anos, segundo a administradora, quando Larissa ainda estava grávida das crianças. Na imobiliária, Abdelmassih usou o nome de Ricardo Galeano, contou o administrador do imóvel, Miguel Portillo.

Ontem pela manhã, Portillo estava na casa acompanhado de funcionários. Contou que não sabia a verdadeira identidade do inquilino. E lembrou que Abdelmassih costumava fazer os pagamentos “mais ou menos” na data combinada – o aluguel atual era de US$ 5 mil. De acordo com Portillo, o casal está devendo alguns aluguéis. Ele não soube dizer de quanto era a dívida. À tarde, casa estava fechada. “A senhora foi embora ontem à noite”, contou uma vizinha.

Na creche, Abdelmassih também era conhecido como Ricardo Galeano. “Ele é gentil, cumprimenta, mas não é de falar muito”, contou um funcionário. “Às vezes ele vem buscar as crianças”, explicou o homem. No final da tarde, mães que buscavam os pequenos se negavam a comentar a presença do casal brasileiro na creche. E a informação na escolinha era de que a diretora não estava.

Bigode

“A gente atendia ele aqui, com bigode e sem bigode”, contou um garçom da churrascaria Paulista Grill, que fica no mesmo bairro. Segundo o gerente Ângelo de Paula, um brasileiro que vive no Paraguai há 13 anos, “o homem que apareceu na televisão preso era um cliente normal”. Ele disse que uma das regras do bom convívio no Paraguai é ninguém saber muito de ninguém. “O Paraguai é ótimo”, disse. “Aqui, se você não mexe com ninguém, ninguém mexe com você.”

Não é bem isso o que pensa o ministro Luis Rojas, da Senad. Pressionado por outros setores da polícia paraguaia, que questionam sua participação na operação, Roja disse que há uma decisão política do governo paraguaio de mandar embora “os criminosos de outros países”.

“Isso está muito claro”, afirmou. “E eu respondo diretamente ao presidente da República”, emendou, referindo-se a Horácio Cartes, que banca a política de ações conjuntas de combate às drogas com o Brasil.

“O Brasil é nosso parceiro estratégico, temos uma colaboração muito estreita de agentes, e isso vai continuar assim”, resumiu Rojas. Dias atrás, a Senad prendeu e o Paraguai expulsou Ricardo Munhoz, integrante do Primeiro Comando da Capital (PCC). Mandou ainda para a cadeia no Brasil José Benemário de Araújo, condenado a 73 anos por liderar o tráfico de drogas na favela de Manguinhos, no Rio.

Documentos

A expulsão imediata de Abdelmassih, explicou o ministro Rojas, só foi possível porque ele foi capturado sem documentos. Caso apresentasse qualquer documentação diferente da de Roger Abdelmassih, ele poderia ser processado no próprio Paraguai. E então pegaria dois anos de cadeia.

Por isso a operação policial foi montada para surpreender o casal, o que propiciou o possibilitou a expulsão do ex-médico.

Ex-médico Roger Abdelmassih é preso no Paraguai, diz PF

 

Prisão foi efetuada em Assunção pelo governo paraguaio com apoio da PF.

Condenado a 278 anos de prisão, Abdelmassih era procurado desde 2011.

Entrevista em São Paulo em 2009 com o médico Roger Abdelmassih, que à época era dono da maior clínica de reprodução assistida do Brasil e já enfrentava acusações de crimes sexuais (Foto: Sérgio Neves/Estadão Conteúdo/Arquivo)Em 2009, Abdelmassih já se defendia das acusações.

O ex-médico Roger Abdelmassih, de 70 anos, foi preso nesta terça-feira (19) em Assunção, capital do Paraguai, de acordo com a Polícia Federal (PF). Ele foi preso por agentes ligados à Secretaria Nacional Antidrogas do governo paraguaio com apoio da Polícia Federal brasileira.Segundo a PF, após o procedimento de deportação sumária, Abdelmassih dará entrada no Brasil por Foz do Iguaçu (PR), cidade na fronteira com o Paraguai, e depois será transferido para São Paulo.

Mapa do Paraguai (Foto: Arte/G1)

O ex-médico era considerado um dos principais especialista em reprodução humana no Brasil. Após sua condenação e fuga, passou a ser um dos criminosos mais procurados pela Polícia Civil do estado de São Paulo. A recompensa por informações sobre seu paradeiro era de R$ 10 mil.

Denúncias e condenação
Roger Abdelmassih foi acusado por 35 pacientes que disseram ter sido atacadas dentro da clínica que ele mantinha na Avenida Brasil, na região dos Jardins, área nobre da cidade de São Paulo. Ao todo, as vítimas acusaram o médico de ter cometido 56 estupros.

As denúncias contra o médico começaram em 2008. Abdelmassih foi indiciado em junho de 2009 por estupro e atentado violento ao pudor. Ele chegou a ficar preso de 17 de agosto a 24 de dezembro de 2009, mas recebeu do Supremo Tribunal Federal (STF) o direito de responder o processo em liberdade.

Em 23 de novembro de 2010, a Justiça o condenou a 278 anos de reclusão. Abdelmassih não foi preso logo após ter sido condenado porque um habeas corpus do Superior Tribunal de Justiça (STJ) dava a ele o direito de responder em liberdade.

O habeas corpus foi revogado pela Justiça em janeiro de 2011, quando ex-médico tentou renovar seu passaporte, o que sugeria a possibilidade de que ele tentaria sair do Brasil. Como a prisão foi decretada e ele deixou de se apresentar, passou a ser procurado pela polícia.

Em maio de 2011, Abdelmassih teve o registro de médico cassado pelo Conselho Regional de Medicina de São Paulo.

Médico alegava inocência
O ex-médico sempre alegou inocência. Chegou a dizer que só ‘beijava’ o rosto das pacientes e vinha sendo atacado por um “movimento de ressentimentos vingativos”. Mas, em geral, as mulheres o acusaram de tentar beijá-las na boca ou acariciá-las quando estavam sozinhas – sem o marido ou a enfermeira presente.

Algumas disseram ter sido molestadas após a sedação. De acordo com a acusação, parte dos 8 mil bebês concebidos na clínica de fertilização também não seriam filhos biológicos de quem fez o tratamento.

FONTE: G1, Estado de Minas, O Tempo.


Após prisão, petistas tentam isolar Pizzolato

O relato da tentativa de Pizzolato de se passar por Celso, seu irmão morto num acidente de carro em 1978, contrasta com as imagens da prisão de petistas com os braços levantados, como o ex-ministro José Dirceu

pizzolato

A prisão de Henrique Pizzolato na Itália na semana passada com documentos falsos e a descoberta de um plano de fuga que remonta a 2007, cinco anos antes de o Supremo Tribunal Federal (STF) dar suas sentenças sobre o mensalão, deixaram parte dos petistas constrangida e já levam os integrantes do partido da presidente Dilma Rousseff a tentar “isolar” o caso do ex-diretor de Marketing do Banco do Brasil.

O relato da tentativa de Pizzolato de se passar por Celso, seu irmão morto num acidente de carro em 1978, inclusive na hora em que foi descoberto pela polícia italiana, contrasta com as imagens da prisão, em novembro do ano passado, de petistas com os braços levantados, como o ex-ministro José Dirceu e o ex-presidente do partido José Genoino.
Entenda a prisão do mensaleiro.

O gesto que buscou dar uma conotação de “julgamento político” ao mensalão também foi repetido pelo ex-presidente da Câmara João Paulo Cunha, dias antes de sua prisão, e virou provocação quando feito pelo vice-presidente da Câmara, deputado André Vargas (PT-PR), ao lado do presidente do Supremo, Joaquim Barbosa, na cerimônia de abertura do ano legislativo.

A reação de constrangimento com Pizzolato veio do líder do PT na Câmara, Vicentinho (SP). “Quando foge parece que está assumindo a culpa. É um sentimento de vergonha que fica para a militância do PT”, disse na quinta. “Estamos defendendo a tese da inocência, combatendo o que foi feito no julgamento, então ele não tinha que ter fugido.” No dia seguinte, Vicentinho disse ter feito só um “desabafo”.


Henrique Pizzolato fugiu do país pela fronteira com a Argentina, diz PF

Ex-diretor do BB saiu do país 2 meses antes da ordem de prisão do STF.
Ele usou nome de irmão morto há 36 anos para confeccionar documentos.

A Polícia Federal (PF) afirmou nesta quarta-feira (5) que o ex-diretor do Banco do Brasil Henrique Pizzolato fugiu do país através da fronteira com a Argentina dois meses antes de ser decretado o mandado de prisão dele. O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Joaquim Barbosa, determinou a prisão de Pizzolato em 15 de novembro de 2013.

O ex-diretor do Banco do Brasil foi detido nesta quarta em Maranello, cidade da Itália famosa por abrigar a fábrica e o museu da Ferrari. O comandante da polícia da província de Modena, na Itália, Carlo Carrozzo, afirmou ao G1 que a prisão do condenado no mensalão foi motivada por um mandado de prisão internacional.

A polícia local também informou que, depois de ser detido, Pizzolato foi levado para Modena, a cerca de 21 km de distância, onde ele está preso.

Arte Pizzolato VALE (Foto: Arte/G1)

De acordo com a PF, o único foragido do mensalão deixou o Brasil de carro pela cidade de Dionísio Cerqueira, em Santa Catarina, e ingressou no território argentino, provavelmente no dia 12 de setembro. Depois, percorreu 1,3 mil quilômetros até Buenos Aires, capital argentina.

As investigações da Polícia Federaldemonstraram que o ex-diretor de Marketing do BB embarcou para Barcelona, na Espanha, em um voo da Aerolíneas Argentinas. Da cidade espanhola, informaram os policiais federais, ele seguiu para a Itália. A PF não sabe de que forma ele chegou ao território italiano.

Impressões digitais
Uma exigência da legislação argentina auxiliou a PF a rastrear a fuga de Pizzolato. No vizinho sul-americano, todo cidadão estrangeiro que deixa o país precisa tirar fotografia e registrar sua impressão digital.

Na entrevista, a Polícia Federal revelou que, ao embarcar do aeroporto de Ezeiza, na capital argentina, para Barcelona, Pizzolato havia passado pelo procedimento.

Quando descobriu que o ex-diretor do BB poderia estar usando documentos em nome de um irmão, a Polícia Federal pediu que as autoridades argentinas verificassem se alguém chamado Celso Pizzolato havia embarcado do aeroporto de Buenos Aires.

Com os dados em mãos, a PF conferiu as digitais do homem que deixou o território argentino se apresentando como Celso Pizzolato e verificou que, na realidade, se tratava de Henrique Pizzolato.

Falsificação
Segundo a Polícia Federal, assim que perceberam que o ex-diretor do BB poderia ter fugido do país, as autoridades policiais brasileiras questionaram todos os países da América do Sul se havia registro de entrada de algum homem com nome de Henrique Pizzolato e todos os países disseram que não.

“Não havia registro de saída de Pizzolato. A América Latina deu informações de que ele não havia ingressado ou deixado o território. Faltava uma peça”, disse Luiz Cravo Dórea, coordenador-geral de Cooperação Internacional da Polícia Federal.

A peça que faltava para o desenrolar da investigação foi dada pela Polícia Federal da Itália. “A PF da Itália informou que um irmão de Pizzolato havia pedido no ano anterior [2012] status de italiano residente na Itália, e não mais de italiano residente no exterior”, relatou Dórea.

De acordo com o delegado da PF, Pizzolato usou documento de identidade no nome de Celso Pizzolato, irmão dele, para fazer passaporte, título de eleitor e outros documentos. Celso Pizzolato morreu em 1978, com 24 anos. A falsificação do RG do irmão, que foi o ponto de partida para elaborar os demais documentos, ocorreu em 2007.

Site da Interpol traz imagem de passaporte de Celso Pizzolato, irmão do condenado foragido (Foto: Reprodução/Interpol)
Site da Interpol traz imagem de passaporte de Celso
Pizzolato, irmão do condenado foragido

Em fevereiro de 2008, seis meses após oSupremo Tribunal Federal aceitar denúncia contra Pizzolato e outros réus por participação no esquema do mensalão, o ex-diretor do BB usou o documento de identidade do irmão para fazer um passaporte brasileiro. Em 2010, pediu um passaporte italiano, também em nome de Celso Pizzolato.

Desse modo, a preparação para a fuga teve início quando o mensalão ainda era investigado pela Procuradoria-Geral da República e se reforçou quando o STF aceitou a denúncia do Ministério Público.

“Verificamos que Celso Pizzolato havia morrido há 36 anos. Faleceu em 1978 em um acidente automobilístico na região de Foz do Iguaçu. Ele morreu quando tinha apenas 24 anos de idade”, disse o oficial de ligação da política italiana no Brasil.

O diretor-executivo da Polícia Federal, Rogério Dalloro, disse que a falsificação de documentos será investigada pelas polícias brasileira e italiana. “O uso dos documentos falsos será investigado pela polícia federal e italiana e nós também instauramos procedimento policial de investigação para apurar a falsidade dos documentos”, comentou.

Localização
Na Itália, Henrique Pizzolato ficou escondido na casa de um sobrinho chamado Fernando Grando, engenheiro que trabalha na fábrica da Ferrari. A residência fica na cidade de Maranello, ao norte da Itália. A localização foi descoberta porque as polícias da Itália e do Brasil passaram a monitorar a mulher de Pizzolato, Andreia.

Luiz Dórea explicou que a PF obteve informações de que Andreia desembarcou na Espanha meses antes do marido e lá comprou um Fiat Punto vermelho com placa da cidade de Malaga. O veículo, registrado no nome da mulher de Pizzolato, foi usado por ela para cruzar a fronteira da Espanha com a Itália.

De posse dessas informações, a polícia italiana passou a procurar pelo veículo. As autoridades policiais também já sabiam que o sobrinho de Pizzolato poderia ter ajudado o tio na fuga.

Por esse motivo, o monitoramento da polícia italiana foi maior na cidade de Maranello e nas proximidades da casa do sobrinho. Com base em informações enviadas pela polícia brasileira, a PF da Itália logo localizou o carro de Andreia nas proximidades da casa de Fernando Grando.

A abordagem a Pizzolato, que estava na residência do sobrinho, ocorreu na manhã desta terça-feira (5). O condenado se apresentou com o nome do irmão, Celso Pizzolato, e apresentou documentos. No entanto, de acordo com a PF, após algumas horas de interrogatório, ele admitiu que era o homem procurado pela Justiça brasileira.

Extradição
A Polícia Federal relatou durante a entrevista que Pizzolato havia sido interrogado nesta quarta na Itália. O adido da Polícia Federal italiana no Brasil,
Rogério Donati, disse não saber se o condenado ficará preso até que a Justiça da Itália analise futuro pedido do Brasil de extradição.

Donati disse ainda que tudo aponta para a possibilidade de Celso Pizzolato ter cidadania italiana, apesar de estar portando documento falso.

“Com certeza, a questão da cidadania dele vai ser esclarecida e averiguada nos próximos dias. A prisão foi feita a fim de uma extradição para o Brasil. A corte de apelação [da Itália] vai analisar a exposição dos feitos que a pessoa fez. Tem que averiguar se aquele tipo de crime é previsto na legislação italiana e a partir disso é confirmada a prisão”, explicou Donati.

Conforme o oficial da PF italiana, agora caberá à Justiça do país europeu decidir se aceita o pedido de extradição e se Pizzolato deve ou não continuar detido.

“Ele foi preso a pedido do Brasil. Não é investigado lá na Itália. Feito isso, o restante é uma questão do Judiciário, que não compete mais à PF”, ressaltou.

‘Providências necessárias’
O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, afirmou nesta quarta-feira (5) que tomará “todas providências necessárias” para que o ex-diretor de marketing seja extraditado da Itália para o Brasil.

“Uma vez que há mandado de prisão, comunicaremos ao Supremo da prisão e tomaremos todas as medidas necessárias [para que Pizzolato cumpra a pena no Brasil]”, afirmou.

Após a prisão de Henrique Pizzolato vir à tona, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, informou, por meio de nota, que já iniciou as providências para pedir ao Supremo Tribunal Federal (STF) a extradição do ex-diretor de marketing do Banco do Brasil Henrique Pizzolato, condenado no processo do mensalão que estava foragido e foi preso na Itália.

Janot destacou, na nota, que cabe ao procurador-geral provocar o Supremo e o Ministério da Justiça para a formalização do pedido de extradição.

Polícia Federal concede coletiva para explicar detalhes sobre a fuga de Henrique Pizzolato do Brasil e sua posterior prisão na Itália (Foto: Nathalia Passarinho / G1)Polícia Federal concede coletiva para explicar detalhes sobre a fuga de Henrique Pizzolato do Brasil e sua posterior prisão na Itália

FONTE: G1.


Advogado diz que Pizzolato está na Itália; delegado vê saída ‘clandestina’
Polícia aguardava apresentação de condenado no mensalão neste sábado.
Em telefonema, advogado disse que foi informado da viagem por familiares.

Policiais estiveram no apartamento de Pizzolato, mas o  condenado no mensalão não foi encontrado no local

Mensalão5
O advogado Marthius Sávio Cavalcante Lobato, defensor de Henrique Pizzolato, afirmou à Polícia Federal neste sábado (16) que o ex-diretor de Marketing do Banco do Brasil está na Itália. Em telefonema para o delegado Marcelo Nogueira por volta de 11h40, Cavalcante disse que, ao chegar à casa do seu cliente, em Copacapana, no Rio de Janeiro, foi informado por familiares que ele tinha viajado para o país europeu.

Henrique Pizzolato é o único dos 12 condenados do processo do mensalão que tiveram os mandados de prisão expedidos na sexta-feira (15) que ainda não se apresentou à polícia. A pena total dele é 12 anos e 7 meses, tendo sido condenado pelos crimes de formação de quadrilha, peculato e lavagem de dinheiro. O STF negou o último recurso possível e decidiu que, para Pizzolato, o processo do mensalão terminou. A pena deve ser cumprida em regime fechado, em presídio de segurança média ou máxima.

Leia sobre os demais condenados presos ontem (sexta, 15).

O delegado Marcelo Nogueira explicou que o réu saiu do Brasil de forma clandestina, uma vez que seu nome estava na lista de procurados impedidos de deixar o país. Apesar da cidadania e do passaporte italiano, ele não teria conseguido sair do país usando seu nome. Agora, de acordo com o delegado, cabe ao Ministério da Justiça pedir a extradição judicial do condenado.

Nogueira informou ainda, que, por telefone, o advogado informou que a família de Pizzolato divulgara uma carta explicando as razões da saída do condenado do país. O delegado não sabia qual era o teor completo da carta, mas disse que, segundo informações do advogado, Pizzolato havia deixado o Brasil pela cidade de Pedro Juan Caballero, no Paraguai, há 45 dias.

A Polícia Federal do Rio de Janeiro aguardava a apresentação de Pizzolato na manhã deste sábado, uma vez que havia um acordo por parte do advogado de que apresentaria o réu. Na sexta à noite, agentes da PF foram ao endereço de Pizzolato para cumprir o mandado, mas não o encontraram.

Transferências

Nove condenados no processo do mensalão detidos em São Paulo e Belo Horizonte devem ser transferidos para Brasília neste sábado (16). Na capital paulista estão José Dirceu e José Genoino, que se entregaram na noite de sexta após expedição do mandado prisão pelo STF. Em Minas Gerais estão Marcos Valério, Cristiano Paz, Kátia Rabello, Simone Vasconcelos, José Roberto Salgado, Romeu Queiroz e Ramon Hollerbach.

Uma aeronave da Polícia Federal (PF) decolou do aeroporto de Brasília, por volta das 11h40, para buscar os condenados do processo do mensalão que estão sob custódia das superintendências da corporação em São Paulo e em Belo Horizonte. A PF não informou se o plano de voo do avião prevê a primeira parada em São Paulo ou em Minas. A previsão é de que a aeronave retorne ainda neste sábado para Brasília.

Jacinto Lamas, que também teve o pedido de prisão expedido, já está no Distrito Federal. O ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares se entregou no fim da manhã deste sábado, em Brasília, segundo o advogado Celso Vilardi.

Exames e depois prisão

De acordo com a assessoria PF, ao desembarcarem no Distrito Federal, os condenados que tiveram a prisão decretada seguirão do aeroporto diretamente para a Superintendência da Polícia Federal. No prédio, eles serão apresentados ao diretor-geral da PF, Leandro Daielo, que é quem coordena a operação. Em seguida, serão levados para fazer exames de corpo de delito. Depois serão apresentados ao juiz que decidirá em que penitenciária cada um vai cumprir a pena.

Presos com pena inferior a 8 anos irão para o regime semiaberto, no Centro de Progressão Penitenciária (CPP). Neste regime, os presos saem durante o dia para trabalhar e dormem na cela. Já os condenados com pena superior a 8 serão encaminhados para presídios.

Pela legislação, os condenados cumprem a prisão na cidade onde têm domicílio. De acordo com a PF, os condenados em regime fechado devem passar o fim de semana na Superintendência, já que a penitenciária de Brasília não recebe presos no fim de semana. Já os que cumprirão pena no semiaberto poderão ser encaminhados ao CCP neste sábado ou domingo.

Ordens de prisão
Um ano depois de o Supremo Tribunal Federal (STF) condenar 25 réus do mensalão, foram expedidos na sexta (15) os 12 primeiros mandados de prisão. As ordens de execução imediata das penas foram dadas pelo presidente do STF, Joaquim Barbosa, e chegaram à Polícia Federal em Brasília por volta das 16h10 pelas mãos de dois oficiais de Justiça. A PF disse que enviaria os ofícios para as superintendências regionais por meio de fax para iniciar a execução das prisões. Os primeiros condenados começaram a se entregar no início da noite.

Em julgamento realizado em 2012, sete anos após o escândalo estourar no primeiro mandato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o STF considerou que um grupo comandado por José Dirceu, então chefe da Casa Civil, operou um esquema de compra de votos no Congresso..

Depois de uma fase em que as penas foram definidas ainda em 2012 (dosimetria) e um período em que os réus puderam apresentar recursos contra as decisões, o STF julgou esses recursos até setembro, aceitando parte deles e rejeitando outros. No dia 13 de novembro, o tribunal decidiu que já era possível fazer cumprir as penas definitivas (transitadas em julgado), mesmo que o réu ainda pudesse recorrer de parte das condenações.

FONTE: G1.


Em 1784, cinco anos antes da Revolução Francesa, o menino Bernadino da Motta Otelho pastoreava o gado em Mont Santo, uma das regiões mais áridas do sertão da Bahia, quando uma pedra de superfície lisa e escura, diferente de toda as demais, chamou sua atenção no meio da pastagem. Era uma descoberta que ficaria famosa.

Em 1810, um grupo de cientistas da Sociedade Real de Londres atestaria que se tratava de um meteorito, uma rocha espacial que se havia chocado com a superfície da Terra depois de viajar milhões de quilômetros pela escuridão do universo. Com dois metros de diâmetro e mais de cinco toneladas de peso, o Meteorito de Bendegó é o maior já encontrado na América do Sul.

Está hoje exposto no saguão do Museu Nacional do Rio de Janeiro. Situado na Quinta da Boa Vista, a algumas centenas de metros do Estádio do Maracanã, com vista para o morro da Mangueira, este é um dos museus mais estranhos do Brasil. Seu acervo reúne, além do meteorito, aves e animais empalhados e vestimentas de tribos indígenas abrigadas em caixas de vidro que lembram vitrinas de
lojas das cidades do interior.

As peças estão distribuídas ao acaso, sem critério de organização ou identificação. O Museu Nacional é ainda mais esquisito pelo que esconde do que pelo que exibe. O prédio que o abriga, o Palácio de São Cristóvão, foi o cenário de um dos eventos mais extraordinários da história brasileira.

Ali viveu e reinou o único soberano europeu a colocar os pés em terras americanas em mais de quatro séculos. Ali, Dom João VI, rei do Brasil e de Portugal, recebeu seus súditos, ministros, diplomatas e visitantes estrangeiros durante mais de uma década.

Ali, aconteceu a transformação do Brasil colônia num país independente.

Apesar de sua importância histórica, quase nada no Palácio São Cristóvão lembra a corte de Portugal no Rio de Janeiro. A construção retangular de três andares, que Dom João ganhou de presente de um grande traficante de escravos ao chegar ao Brasil, em
1808, é hoje um prédio descuidado e sem memória.

Nenhuma placa indica onde eram os dormitórios, a cozinha, as cavalariças e as demais dependências usadas pela família real.

É como se nesse local a História tivesse sido apagada de propósito.
A mesma sensação de descaso se repete no centro do Rio de Janeiro, onde outro prédio deveria guardar lembranças importantes desse período.

Localizado na Praça 15 de Novembro, em frente à estação das barcas que fazem a travessia da Baía da Guanabara em direção a Niterói, o antigo Paço Imperial é um casarão de dois andares do século XVII. Foi a sede oficial do governo de Dom João no Brasil, entre 1808 e 1821, mas hoje um turista desavisado poderia passar por ele sem tomar conhecimento dessa informação.

Com exceção de uma carruagem antiga, de madeira e sem identificação,
exposta junto à janela direita da entrada principal, nadaali faz referência a seu passado histórico.

Na parede ao lado da carruagem, um mapa em alto-relevo mostra os prédios e arranha céus do centro do Rio de Janeiro atual. É uma curiosidade fora de contexto. Em se tratando do Paço Imperial, seria mais razoável que se tentasse reproduzir a cidade
colonial da época em que a corte portuguesa chegou ao Brasil.

Os aposentos vazios são usados de forma esporádica para eventos que, na maioria das vezes, são deslocados de contexto. No começo de novembro de 2005, a sala do tromo no andar superior, onde Dom João VI despachava com seus ministros, estava ocupada por uma exposição de artes plásticas em que rosários católicos espalhados pelo chão reproduziam o formato da genitália masculina.

Ainda que seja de natureza da arte surpreender e desafiar o senso comum, a exibição desses objetos naquele local, que por tantos anos abrigou uma das cortes mais religiosas e carolas da Europa, se resumia a uma provocação de mau gosto.

O desprezo pela conservação dos monumentos históricos nunca foi novidade no Brasil. No caso de Dom João VI, porém, há um aspecto adicional que acentua a sensação de esquecimento forçado que o cerca.

É a forma caricata com que o rei e sua corte costumam ser tratados nos livros, no cinema, no teatro e na televisão.

Um exemplo é o filme Carlota Joaquina – a princesa do Brasil, da atriz e diretora Carla Camurati.

A rainha, que dá nome à obra, é apresentada como uma mulher histérica, pérfida e ninfomaníaca.

Dom João, como um monarca abobalhado e glutão, incapaz de tomar uma só decisão.

Enquanto escrevia este livro, perguntei a Camurati, num almoço em São Paulo, por que havia construído os personagens dessa forma. “Porque não pude evitar”, ela me respondeu. “Quando comecei a pesquisar, fui me deparando com tipos cada vez mais hilários e absurdos, a tal ponto que se tornou irresistível retratá-los assim.”

O propósito deste livro é resgatar a história da corte portuguesa no Brasil do relativo esquecimento a que foi confinada e tentar devolver seus protagonistas à dimensão mais correta possível dos papéis que desempenharam duzentos anos atrás.

Como se verá nos capítulos adiante, esses personagens podem ser, sim, inacreditavelmente caricatos, algo que se poderia dizer de todos os governantes que os seguiram, inclusive alguns muito atuais.

Obviamente, o Brasil de Dom João VI não se resume a graçolas.

A fuga da família real para o Rio de Janeiro ocorreu num dos momentos mais apaixonantes e revolucionários do Brasil e de Portugal, em que grupos de interesses tão diversos, como monarquistas, republicanos, federalistas, separatistas, abolicionistas, traficantes e senhores de escravos, se opunham numa luta pelo poder que haveria de mudar radicalmente a história desses dois países.

É natural, portanto, que a visão que se tem de Dom João VI, Carlota Joaquina e sua corte permaneça ainda hoje contaminada pelas disputas políticas em que se envolveram. Isso explica tanto a sensação de abandono que cerca os lugares freqüentados pela realeza como a carga de preconceito que ainda a acompanha nas obras que inspirou.

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