Antequam noveris, a laudando et vituperando abstine. Tutum silentium praemium.

Arquivo da tag: mulheres

Golpista se passa por piloto para seduzir mulheres no Tinder

Mulher de 30 anos pegava fotos do Google e se apresentava como Pierre, Bernardo ou Tiago; uma das vítimas, moradora de Belo Horizonte, perdeu R$ 30 mil para “namorado virtual”

estelionato

Para a imprensa, mulher disse ser inocente

Mulheres de classe média-alta, com nível superior, na faixa de 40 anos, algumas carentes, buscando namorado em um site de relacionamento amoroso. Com esse perfil, ao menos quatro mulheres, foram enganadas por uma mulher de 30 anos. No Tinder, ela se passava por piloto de uma companhia área, conquistava a confiança das “namoradas” e  arrancava  dinheiro delas. Apresentada à imprensa na manhã desta segunda-feira (13), a suspeita chegou a tirar R$ 30 mil de uma moradora de Belo Horizonte.

De acordo com a delegada Renata Fagundes, da 2ª Delegacia de Crimes Cibernéticos, do Departamento Estadual de Investigação de Fraudes da Polícia Civil, a investigação começou há quase três meses, quando duas vítimas prestaram queixas após desconfiarem do “piloto”, que nunca aparecia.

“Ela se passava por rapazes buscando por mulheres. Iniciava uma conversa e um relacionamento virtual. Quando criava uma certa intimidade com a vítima, ela arrumava alguma situação de emergência que demandava uma ajuda financeira”, contou a policial.

A situação de emergência foi muito bem montada. O “piloto”, que dizia morar  na França, afirmava que tinha sofrido um acidente, precisava receber uma indenização de  80 mil euros  em Londres, mas não tinha condições de pagar a passagem. Com isso, as “namoradas” ficavam sensibilizadas e depositavam várias quantias.

Os depósitos eram feitos em uma conta em nome da suspeita, que, para algumas vítimas, se passava por irmã do piloto. Para outras, era  amiga do homem. “Ela tinha um poder de manipulação muito grande. Não pedia dinheiro, mas envolvia tanto as mulheres que elas davam a quantia para ajudar”, contou a delegada.

A estelionatária também se aproximava das famílias das vítimas, como forma de criar laços e tentar esconder o crime. Segundo levantamentos da polícia, das quatro mulheres enganadas, a criminosa conseguiu tirar R$ 50 mil. “Acreditamos que o número de vítimas seja maior, mas, até mesmo por vergonha, muitas não denunciam. No entanto, a gente pede que, quem tiver sido lesado, procure a polícia”, finalizou Renata.

Alerta

A delegada Renata Fagundes destacou que, ao iniciar qualquer tipo de relacionamento, virtual ou pessoal, é necessário que as pessoas fiquem atentas. “Em casos como do site de relacionamento, alertamos para que não se crie vínculos tão rápido. O contato que durou mais tempo dessa estelionatária com uma das vítimas foi cinco meses. Um tempo curto”, explicou.

Além disso, a policial afirma que é preciso desconfiar quando a outra pessoa começa a pedir dinheiro, seja por qualquer motivo. As fotos usadas pela suspeita nos perfis criados no Tinder foram aleatórias da Internet.

“Uma boa opção também é procurar imagens no Google. É muito comum que criminosos retirem essas fotos de lá”, contou.

Estelionato

Segundo a Polícia Civil, a mulher, que até então só tinha um registro de ameaça em seu prontuário, está presa preventivamente por estelionato. A criminosa pode pegar de um a cinco anos de prisão.

 .

FONTE: O Tempo.


TJMG dedica uma semana inteira a julgar crimes contra mulheres

Tribunal aderiu à quinta edição da campanha nacional “Justiça pela Paz em Casa: Chega de Violência Doméstica”. A ação foi motivada por dados alarmantes desse tipo de violência

violência doméstica

O Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) vai dedicar uma semana inteira a julgar crimes contra a mulher. Processos que têm mulheres como vítimas de violência e ameaça terão prioridade no julgamento, de segunda a sexta-feira da próxima semana, em todo estado. É que o TJMG, por meio da Coordenadoria da Mulher em Situação de Violência Doméstica e Familiar, aderiu à quinta edição da campanha nacional “Justiça pela Paz em Casa: Chega de Violência Doméstica”.
.

Várias comarcas mineiras participam da iniciativa, a realizar-se entre 15 e 19 de agosto, com exceção de Belo Horizonte, que, em função da suspensão do experiente no dia 15, estenderá os trabalhos até o dia 23. A mobilização, proposta pelo Supremo Tribunal Federal (STF), é realizada nos 26 estados do país e no Distrito Federal, focalizando o combate à violência doméstica e familiar.

.
“Apesar dos avanços e de mais de uma década de promulgação da Lei Maria da Penha, ainda somos o quinto país com maior número de casos de violência contra a mulher”, declarou a presidente do STF, ministra Cármen Lúcia, lembrando que o objetivo da mobilização é reforçar as ações do Judiciário de combate à violência contra a mulher. Segundo ela, a iniciativa foi motivada por dados alarmantes desse tipo de violência.
.
Com isso, ganham prioridade os processos de violência e ameaça contra a mulher. Audiências, júris, sentenças e despachos de processos em que mulheres figuram como vítimas têm preferência neste período. O resultado positivo das campanhas anteriores é comprovado em números. As edições de março, agosto e dezembro de 2015 somaram mais de 4 mil audiências realizadas em Minas Gerais e mais de 2 mil sentenças dadas.
.

Em 2015, no Brasil, foram registradas 76.651 denúncias de violência contra a mulher. Em 72% dos casos, os agressores eram homens com quem as vítimas se relacionavam ou já tinham tido algum vínculo afetivo, segundo dados da Secretaria de Política de Mulheres (SPM). O número, apesar de subestimado – já que muitas vezes as vítimas têm vergonha de denunciar –, é 44,74% maior que o total de registros de violência registrados em 2014.

.

FONTE: Estado de Minas.


Empresário que divulgou ‘rodízio de mulheres’ é preso no Sul de MG

Homem pode responder por exploração da prostituição em Poços, MG.
Polícia Civil conseguiu localizá-lo em uma casa em Pouso Alegre (MG).

O empresário Ricardo Costa, suspeito de divulgar uma festa com ‘Rodízio de Mulheres’, foi preso nesta quinta-feira (26) em Pouso Alegre (MG). Segundo a Polícia Civil, ele pode responder por exploração da prostituição e por destruir provas importantes para o processo. Ele foi preso preventivamente, ou seja, por tempo indeterminado.

O caso começou a ser investigado no dia 11 de novembro, depois que uma denúncia foi feita ao Ministério Público e a Secretaria de Serviços Públicos lacrou a boate onde aconteceria a festa com ‘Rodízio de Mulheres’ por falta de alvará municipal em Poços de Caldas (MG).

“Quando ele foi ouvido, ele apresentou um aparelho celular alegando que teria solicitado ao funcionário da gráfica onde os panfletos seriam rodados que ele alterasse o teor, ele mesmo atribuindo ser agressivo o termo inicial que foi utilizado no primeiro panfleto, logo em seguida que ele saiu da delegacia nós já identificamos que ele tinha apagado remotamente todos os dados que serviriam para instruir a investigação”, disse a delegada Maria Cecília Gomes Flora.

Ainda conforme a delegada, o empresário já tinha duas passagens formais pela polícia, por roubo qualificado e latrocínio. Ele ficará preso por tempo indeterminado.

Cartaz anunciava 'rodízio de mulheres' em festa prevista para Poços de Caldas (Foto: Reprodução)

Cartaz anunciava ‘rodízio de mulheres’ em festa prevista para Poços de Caldas

‘Rodízio’ a R$ 150
O anúncio feito pelo empresário, que convidava homens para uma noite de rodízio com várias mulheres viralizou nas redes sociais. O cartaz dizia que por R$ 150, o cliente poderia se relacionar com quantas mulheres de programa quisesse. No entanto, a festa foi cancelada porque a casa noturna não tinha o alvará necessário.

Na ocasião em que a investigação teve início, Ricardo Costa falou sobre a festa e chegou a pedir desculpas. “Minhas desculpas, porque eu nunca trataria mulher como objeto”, disse

Após a repercussão do anúncio e da interdição da boate, uma nova propaganda da festa na página foi postada na página do estabelecimento em uma rede social, só que desta vez, modificada. No lugar de “consuma quantas garotas aguentar”, estava a mensagem: “Pague R$ 150 e fique à vontade”. Segundo o proprietário da boate, a primeira propaganda divulgada não era a definitiva, mas uma prova gráfica.

“O cliente pagaria R$ 150 para ficar à vontade na casa. Ele só não teria direito a bebidas, o restante da casa ele teria todo ao seu dispor”, acrescentou Costa. No entanto, ao ser questionado se por R$ 150 o cliente poderia se relacionar com quantas garotas de programa quisesse, Costa desconversou. “Essa é uma pergunta comprometedora”.

Situação gerou revolta
A situação incomodou a presidente do Conselho dos Direitos da Mulher, Claudia Luciana de Oliveira Lourenço, que fez uma denúncia formal ao Ministério Público. “Nós entendemos que a forma como a festa foi divulgada expõe e deprecia demais as mulheres. Quando é colocado que os homens podem consumir as garotas, é uma maneira agressiva e como nós fazemos um trabalho de enfrentamento à violência, interpretamos que um cartaz como este incita o machismo e a violência contra a mulher. Nós temos uma preocupação com as garotas que trabalhariam nesta noite na boate, já que elas ficariam muito vulneráveis. É até uma questão de saúde também”, disse.

Festa estava programada para acontecer no dia 20 em Poços de Caldas (Foto: Reprodução EPTV)
Festa estava programada para acontecer no dia 20 em Poços de Caldas

FONTE: G1.


Grupos transformam trabalho de coleta de lixo em música e dança

Quarteto da coleta de lixo de BH reúne multidões por onde passa.
Em Santos, outro grupo dança em cima de um caminhão de lixo.

Quando amanhece em Belo Horizonte, elas se arrumam, mexem no cabelo e acertam a maquiagem, porque o show já vai começar. É tanto sucesso que, de repente, um monte de marmanjos descobre uma vontade enorme de subir no caminhão. O quarteto da coleta de lixo na capital mineira reúne multidões por onde passa. E tem até música própria.

Marcelo Senna é o chefe. Foi dele a ideia de ter um time de coleta de lixo só com mulheres. “O restante nasceu delas. A música, a alegria e a espontaneidade são delas”, diz o gerente de limpeza urbana.

“A gente trabalha brincando, resolveu pendurar a caixinha e começou a interagir, brincar com as pessoas”, conta a coletora Grazielle Oliveira.

A caixinha de música também foi parte importante da história de outro grupo que dança em cima de um caminhão de lixo em Santos, no interior de São Paulo. “Nós levávamos uma caixinha de rádio. Aí a caixinha pifou, não pegou mais. Eu já comecei a cantar”, conta o coletor José Aparecido, conhecido como MC Cido.

Na carteira de identidade, eles são Lucas, José Aparecido e Luís Anderson, mas, nas ruas de Santos, são conhecidos como Menor Gigante, MD Cido e Nego Mala do Passinho, respectivamente. Eles cantam, dançam e ensinam a dançar.

“Muitas vezes a gente pedia água para os moradores. O pessoal ficava meio assim, porque vê a gente suado, caminhão fedido. Hoje em dia, mesmo a gente estando assim meio sujo, meio fedido, o caminhão assim, o pessoal vem aqui, vem tirar foto e tal”, diz Luís Anderson.

A bagunça em Santos e em Belo Horizonte continua até o fim do expediente.

Confira a letra da música da coleta de lixo feminina abaixo:
As meninas da limpeza vêm lançando um jeito novo
Vêm fazendo um quadradinho em cima do cheiroso
O Marcelo Senna inventou a guarnição
Em cima do cheiroso, só mulher tantão
Então, então vem com a gente, praticando o passo então
As meninas da limpeza vêm lançando um jeito novo
Vêm fazendo um quadradinho em cima do cheiroso
Vai vai vai vai vai vai
Em cima do cheiroso!
Vai vai vai vai vai vai
Em cima do cheiroso!

.

FONTE: G1 e Jornal da Alterosa.


Pesquisa pega anúncios de cosméticos na mentira 

Lei defende consumidor brasileiro, mas ler o rótulo ainda é fundamental 

Fernanda Amarante

“Descubra a perfeição da maciez instantânea”. “Máscara para cílios com colágeno: até 12 vezes mais volume”. “Nova base milagrosa: criador natural de luz; perfeição da pele nua”. É com frases de efeito como essas que a indústria da beleza pretende seduzir seus consumidores a comprarem o mais novo produto (que sempre promete operar milagres na vida do cliente). Mas nem sempre essas promessas se cumprem, e uma nova pesquisa feita em conjunto pelas universidades de Valdosta e de Lincoln, nos Estados Unidos, revelou o porquê: mais de 80% dos anúncios de cosméticos em revistas femininas contêm informações falsas.

O trabalho analisou os conteúdos de 757 anúncios de maquiagem, perfumes, produtos de cuidados com a pele, corpo, unhas e cabelos em sete publicações que circulam pelos EUA – algumas vendidas também no Brasil. “Nós conseguimos classificar em seis categorias os atributos anunciados e, depois, selecionamos os conteúdos que os consumidores achavam que era enganoso”, explica o professor de marketing e coautor da pesquisa Les Carlson, da Universidade de Lincoln.

As categorias em que os anúncios foram colocados eram: aceitável, vago ou ambíguo, omissão, alegação científica, aval e mentira descarada. “Nova base milagrosa” é um claro exemplo dessa última categoria – afinal, nenhum santo foi beatificado até hoje por esticar “pés-de-galinha”. Já a Julia Roberts afirmando usar um determinado produto seria um exemplo de aval. De todos os anúncios analisados, somente 18% tinham conteúdo considerado aceitável pelos pesquisadores.

Legislação. Esse número assustador foi possível pelas leis emitidas pelo “Foods and Drugs Administration” (FDA), órgão regulamentador de cosméticos nos EUA. “O FDA só focou na segurança física dos cosméticos e ignorou a razoabilidade das alegações das publicidades”, explica o texto da pesquisa.

Aqui no Brasil, a Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa) fiscaliza os rótulos dos produtos. Cada atributo alegado pelo fabricante deve ser cientificamente comprovado, sob risco de o produto ter seu registro caçado. Além disso, o Código de Defesa do Consumidor determina o crime de propaganda enganosa, definida como “aquela que mente sobre produtos ou serviços, ou deixa de dar informações básicas ao consumidor, levando-o ao erro”. A punição para o autor é de três meses a um ano de detenção e multa.

Mesmo assim, não é raro ver mulheres que caíram no conto da carochinha com produtos de beleza e acabaram comprando gato por lebre. A consultora de projetos sociais Mariana Novo Dias, 31, foi uma dessas. Comprou um “blur” (produto que promete ser um “alisador instantâneo da pele”). “Vi várias blogueiras falando dos resultados fantásticos dele. Comprei porque o produto promete diminuir a aparência dos poros dilatados. Mas, quando passei, foi a mesma coisa de não ter passado nada. Foi uma tristeza”, reclama Mariana, que gastou R$ 42 no produto. “Testei na minha irmã e na minha mãe, e foi a mesma coisa: nenhum efeito”, diz.

Dicas. Alguns cuidados simples podem fazer o consumidor fugir do efeito flauta de Hamelin da indústria de cosméticos. O primeiro deles pode parecer óbvio, mas é fundamental: ler o rótulo. “Há muitas chamadas de produtos que vêm acompanhadas de asteriscos. É isto que a pessoa tem que procurar: o que está por trás desse asterisco”, ensina a gerente de marketing Priscila Ariani, da marca de higiene íntima feminina Vagisil. Esse hábito vai se tornando mais fácil com o passar do tempo. “Quanto mais você lê, mais começa a se familiarizar com essa linguagem e entender o que está por trás daquele produto”, pondera.

Outra dica, esta da Mariana, que comprou o “blur”, é pedir indicações para pessoas idôneas. “Agora, peço a opinião de amigas e conhecidas que já usaram o produto que estou querendo comprar”, previne-se.

 

FONTE: O Tempo.


Para clarear pele, mulheres da Costa do Marfim usam produtos perigosos

Em abril, país criou lei que proíbe produtos que prometem clarear pele.
Apesar disso, mulheres continuam buscando esse tipo de tratamento.

 Foto de maio de 2015 mostra mulheres da Costa do Marfim que usam cosméticos para clarear a pele  (Foto: AFP Photo/Sia Kambou)
Foto de maio de 2015 mostra mulheres da Costa do Marfim que usam cosméticos para clarear a pele

Com apenas 26 anos, a pele de Fatou tem manchas devido ao uso de camadas e camadas de creme para clareamento. Alguns até a chamam de “salamandra”, em referência ao anfíbio cheio de pintas.

Mas nada desencoraja a cabeleireira da Costa do Marfim de usar o creme para clarear a pele em sua busca incessante por um rosto mais pálido. “Eu adoro pele clara”, diz Fatou. “Não consigo parar.”

Muitas mulheres do país africano – assim como cada vez mais homens – usam cremes com substâncias químicas perigosas para despigmentação, apesar dos esforços do governo para banir a prática.

No fim de abril, o país proibiu os cremes de clareamento por causa dos efeitos negativos para a saúde, que vão de manchas brancas e acne até câncer. Esse tipo de cosmético também pode estar associado ao surgimento de pressão alta e diabetes, de acordo com o professor Elidje Ekra, do Hospital Universitário Treicville, da cidade de Abidjan.

Os produtos banitos incluem cremes que contêm mercúrio, alguns esteróides, vitamina A e níveis de hidroquinona acima de 2%. A hidroquinona é usada frequentemente em fotografia preto e branca e é banida como um ingrediente para clarear a pele na Europa, já que é considerada potencialmente carcinogênica.

Os perigos não parecem assustar os consumidores, porém.

 Mulher de Abidjan, na Costa do Marfim, usa produtos para clarear a pele  (Foto: AFP Photo/Sia Kambou)
Mulher de Abidjan, na Costa do Marfim, usa produtos para clarear a pele

Mulheres que brilham à noite
Não há estatísticas disponíveis, mas os “tchatchos”, ou aqueles com pele clareada, são reconhecidos frequentemente por seus dedos e cotovelos mais escuros e passaram a ser onipresentes em Abidjan.

O comércio continua vendendo produtos clareadores porque sabem que as pessoas continuam comprando, apesar dos riscos.

“Sabemos que nossos produtos clareadores são perigosos”, disse um executivo de uma empresa de cosméticos da Costa do Marfim. Mas ele considera que banir os produtos é ainda mais perigoso, pois estimularia as pessoas a fabricarem seus próprios produtos. “Pelo menos, sabemos a composição.”

Outdoor em Abidjan, na Costa do Marfim, anuncia produto para clarear pele  (Foto: AFP Photo/Sia Kambou)
Outdoor em Abidjan, na Costa do Marfim, anuncia produto para clarear pele

Algumas mulheres dizem que é a pressão da sociedade, especialmente dos homens, que as força a clarear a pele. “São os homens que pressionam as mulheres a se tornarem mais claras”, diz Marie-Grace Amani, que tem clareado sua pele há 4 anos.

A ministra da Saúde da Costa do Marfim, Raymonde Goudou Coffie, concorda. Os homens do país “amam as mulheres que brilham à noite”, disse à AFP.

Medida ainda não foi efetiva
Três meses depois que a nova lei foi implementada, os salões de beleza ainda estão fazendo propaganda de produtos clareadores. Sabonetes clareadores com nomes como “Brilho e branco” e “Branco do corpo” não deixam dúvida sobre seu objetivo.

Produtos ara clarear a pele são vendidos em loja de Abidjan, na Costa do Marfim  (Foto: AFP Photo/Sia Kambou)
Produtos ara clarear a pele são vendidos em loja de Abidjan, na Costa do Marfim

“Depois de despertar a consciência, passaremos para a próxima fase, de remover os produtos do mercado”, disse a ministra Coffie.

Enquanto isso, rostos com a pele clareada continuam a proliferar em outdoors de Abidjan. Ekra diz que a lei que proíbe os produtos, apesar de ser uma ótima iniciativa, ainda é inócua. “Vemos mulheres na televisão nacional que usam esses produtos corrosivos”, diz Ekra.

A prática de clarear a pele não é presente apenas na Costa do Marfim, mas disseminada em vários países da África e em muitas regiões da Ásia.

FONTE: G1.


Com a palavra, a presidente
As frases de Dilma saudando a mandioca e a evolução das ‘mulheres sapiens’ são apenas algumas das muitas ‘pérolas’ criadas pela petista ao longo de quatro anos e meio de mandato
Gramática

Quem ouviu a saudação da presidente Dilma Rousseff (PT) à mandioca na terça-feira e sua teoria sobre a evolução dos “homo e mulheres sapiens” a partir da bola pode ter pensado que a petista, assim como sua personagem nas redes sociais, estava apenas “bolada” durante a inauguração dos Jogos Mundiais Indígenas. Só que essa não foi a primeira vez que ela ganhou os noticiários com frases engraçadas ou desconexas em discursos ou entrevistas durante seu governo. Ao longo dos quatro anos e seis meses de mandato, Dilma fez abordagens curiosas sobre cachorros ocultos, o ET de Varginha, a circunferência da Terra e até sobre as escadas em bibliotecas. As pérolas lhe renderam piadas nas redes sociais, um Top 10 no site Buzzfeed e um perfil chamado Dilmês, em que os usuários reúnem frases consideradas cômicas no Facebook.
.
Um clássico do pensamento dilmês, com direito a vídeo circulando no YouTube, foi o ensinamento da petista sobre as crianças no dia delas, em 2013. Ao anunciar investimentos em mobilidade urbana durante uma cerimônia em Porto Alegre, ela alertou que era também o Dia dos Animais. “Sempre que você olha uma criança, há sempre uma figura oculta que é um cachorro atrás, o que é muito importante”, afirmou.
.
Essa não foi a única vez que Dilma usou o melhor amigo do homem em seu discurso. Em abril do ano passado, ela fez uma comparação canina para defender o tão propalado legado da Copa. Começou falando de redução de impostos, passou pelas casas dos brasileiros que têm ou não cachorros e desembocou nas obras em aeroportos. “E é interessante que, muitas vezes, no Brasil, você é, como diz o povo brasileiro, muitas vezes, você é criticado por ter o cachorro e, outras vezes, por não ter o mesmo cachorro.” A presidente também já usou outro animal em seus discursos. Para falar da necessidade de se ter um plano de safra, Dilma disse que os bodes são importantíssimos.
.
Em outra ocasião, ao visitar Varginha, no Sul de Minas, a presidente Dilma chegou à cidade fazendo reverência ao seu personagem mais famoso, o ET. Entrevistada por uma rádio local em agosto de 2013, a petista disse que, no município, quem não viu, conhece alguém que viu o suposto extraterrestre que se tornou marca do lugar. “De qualquer jeito, eu começo dizendo que esse respeito pelo ET de Varginha está garantido”, disse. Em 2013, ao sobrevoar a Região Leste de Minas, arrasada pelas chuvas, Dilma concedeu entrevista em que confundiu os nomes das cidades. “O município apresentou seu estado de emergência, está liberado. Eu fui lá em Virginópolis… Virgolândia. Ou seja, é perto de Virginópolis – eu confundo porque virgo e virgem é a mesma coisa.”
.
Nem a Cidade Maravilhosa escapou das frases inusitadas da presidente. Em março passado, na comemoração do aniversário da cidade, Dilma disparou: “Paes é o prefeito mais feliz do mundo, que dirige a cidade mais importante do mundo e da galáxia. Por que da galáxia? Porque a galáxia é o Rio de Janeiro. A Via Láctea é fichinha perto da galáxia de que o nosso querido Eduardo Paes tem a honra de ser prefeito”.
.
Uma grande nação é grande porque sua população é grande
.
Primeiro, eu queria te dizer que eu tenho muito respeito pelo ET de Varginha. E eu sei que aqui, quem não viu conhece alguém que viu, ou tem alguém na família que viu, mas de qualquer jeito eu começo dizendo que esse respeito pelo ET de Varginha está garantido
Em entrevista a uma rádio de Varginha 7/8/13
.
Paes é o prefeito mais feliz do mundo, que dirige a cidade mais importante do mundo e da galáxia. Por que da galáxia? Porque a galáxia é o Rio de Janeiro. A via Láctea é fichinha perto da galáxia que o nosso querido Eduardo Paes tem a honra de ser prefeito
No aniversário do Rio de Janeiro em 1/3/2015
.
Então, aqui, hoje, eu estou saudando a mandioca. Acho uma das maiores conquistas do Brasil.
.
Então, para mim essa bola é um símbolo da nossa evolução. Quando nós criamos uma bola dessas, nós nos transformamos em Homo sapiens ou “mulheres sapiens”.
Terça-feira, durante a solenidade de lançamento dos Jogos Mundiais Indígenas em Brasília
.
E eu quero adentrar pela questão da inflação e dizer a vocês que a inflação foi uma conquista desses 10 últimos anos do governo do presidente Lula e do meu governo.
Durante lançamento da retomada de produção de insulina no Brasil, em Belo Horizonte, 16/4/13
.
O dia da criança é dia da mãe, do pai, das professoras, mas também é o dia dos animais. Sempre que você olha uma criança há sempre uma figura oculta, que é um cachorro atrás, o que é algo muito importante.
Em Porto Alegre, durante a entrega de máquinas e anúncio de investimentos do PAC 12/10/2014
.
O município apresentou seu estado de emergência, está liberado. Tá, gente! Eu fui lá em Virginópolis… Virgolândia. Ou seja, é perto de Virginópolis – eu confundo porque Virgo e Virgem é a mesma coisa.
Entrevista após sobrevoar área atingida pelas chuvas em Governador Valadares 27/12/2013

.

FONTE: Estado de Minas.


Visita a presídios para rever parentes que cumprem pena expõe mulheres e crianças a revistas vexatórias, condenadas por organismos internacionais.
Projeto de lei tenta pôr fim à prática

PresídioNos dias de visita, uma longa fila se forma em frente ao Presídio Dutra Ladeira, em Neves. Antes de ver o preso, parentes passam pela revista que é condenada por entidades de defesa dos direitos humanos

Elas chegam bem cedo. Algumas passam a noite na fila para garantir as cobiçadas primeiras senhas de entrada que dão direito a mais tempo ao lado do detento e também privacidade. Pouco antes do horário do início da visita nos presídios de Ribeirão da Neves, cidade da Região Metropolitana de Belo Horizonte que abriga seis unidades de privação de liberdade, começam os preparativos. Muitas se perfumam, passam batom, maquiagem e escovam o cabelo. Outras ajeitam a meninada, sempre presente nos dias de visita. 

Quem vê de longe o burburinho da fila e a ansiedade dessas mulheres e crianças, todas carregando sacolas lotadas de comida e utensílios de higiene pessoal, muitas vezes nem imagina o constrangimento a que todas são submetidas na hora de visitar um parente preso. Elas são revistadas nuas, algumas vezes conjuntamente, são submetidas a inspeções em cavidades corporais e obrigadas a fazer esforços físicos independentemente da idade e da saúde. Essa é a realidade de maioria absoluta das revistas vexatórias e humilhantes a que são submetidas as pessoas – na maioria absoluta, mulheres e crianças – que visitam detentos em todo o sistema prisional brasileiro. Prática condenada pela Corte Interamericana de Direitos Humanos, que considera esse procedimento, principalmente em caso de revista da genitália feminina, uma forma de violência contra a mulher. Mesma posição adotada pela Organização dos Estados Americanos (OEA), que considera a revista uma violação aos direitos fundamentais e às garantias do homem. Em setembro deste ano, o Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária editou uma resolução normatizando a revista para abolir procedimentos agressivos e humilhantes e determinando que ela preserve a integridade física, psicológica e moral da pessoa revistada. Ela também determina que a revista seja realizada por meio de aparelhos eletrônicos (detectores de metal, raio-x e scanner corporal) e veda todo procedimento degradante, como inspeções que exijam o desnudamento do visitante, parcial ou totalmente, introdução de objetos em cavidades corporais, uso de cães farejadores, agachamentos ou saltos. 

O Congresso Nacional também trabalha para abolir essa prática. Um projeto de lei nesse sentido foi aprovado no Senado e está sendo analisado agora pela Câmara dos Deputados, onde recebeu parecer favorável da Comissão de Direitos Humanos. Em alguns estados, esse procedimento já foi proibido, mas as normas nunca saíram do papel. Parecer do Instituto dos Advogados do Brasil (IAB) sobre os projetos de lei do Congresso que defendem o fim da revista vexatória afirma que, apesar de esse procedimento já ter sido proibido por meio de leis e resoluções em pelo menos 10 estados, ele continua em vigor. 

É o caso de Minas Gerais, terceira maior população carcerária do Brasil, onde uma lei determina a preservação da dignidade do visitante na hora da revista. “A Lei Estadual 12.492, criada em 1997 em nosso estado para acabar com a revista íntima abusiva realizada nos visitantes de pessoas reclusas, nunca foi cumprida. Ao contrário, a prática dessa revista íntima conhecida como revista vexatória foi e é amplamente aplicada nos estabelecimentos prisionais de Minas, expondo pessoas, principalmente mulheres idosas e, muitas vezes, jovens e crianças a situações degradantes e humilhantes”, afirma Massimiliano Russo, advogado da Pastoral Carcerária. No Rio de Janeiro a revista vexatória também foi proibida, mas, de acordo com a Organização Rede Justiça Criminal, continua sendo praticada insdiscriminadamente. 

Regra O defensor público Guilherme Rocha de Freitas, da Defensoria das Execuções Penais em Ribeirão das Neves, afirma que mesmo nos estados em que já há legislação desestimulando a realização de revistas íntimas, sempre vexatórias, ainda perdura a regra de exigir que os visitantes submetam-se a esses procedimentos. “Essa é a realidade em Minas Gerais, que ainda mantém as revistas íntimas como regra, ante a falta de condições materiais para aparelhar todas as unidades prisionais com os instrumentos adequados”. Segundo ele, não é raro receber na Defensoria Pública notícias de familiares que revelam ter deixado de visitar seus parentes porque não suportam a humilhação e o desconforto que envolve todo o processo de revista. 

O defensor afirma que esse tipo de procedimento não é eficaz no combate à entrada de objetos ilegais e drogas nos presídios. Estudo realizado pelo Núcleo Especializado em Situação Carcerária e da Ouvidoria-Geral da Defensoria Pública de São Paulo, estado com o maior número de pessoas privadas de liberdade, revelam que durante revistas íntimas realizadas no ano de 2012 em apenas 0,013% foram encontrados celulares e em 0,01% foram localizadas drogas. Em Minas Gerais os números também não são muitos diferentes de São Paulo. Ano passado, a média mensal de visitas nas maiores unidades prisionais do estado foi de 73.685 pessoas, sendo que ao longo de todo ano foram registradas 35 apreensões de celular e 68 de drogas.

 

Revistas sem sentido 

» Em Minas , durante o ano de 2013, a média mensal de visitas nas maiores unidades prisionais do estado foi de 73.685 pessoas, sendo que ao longo do ano foram registradas 35 apreensões de celular e 68 de drogas.

» Em São Paulo, em 2012, em apenas 0,013% das visitas em unidades prisionais do estado, que tem o maior número de pessoas privadas de liberdade, foram encontrados celulares e em 0,01% foram localizadas drogas

FONTE: Estado de Minas.


Estudo norte-americano indica que o cérebro de mulheres é ativado de forma semelhante diante de fotografias de suas crianças e de seus cães

Cães mulheres

Eles já não são mais simples donos de cachorros. Hoje, muitos proprietários de animais de estimação preferem chamar seus xodós de “filhos”. E não é só uma questão semântica: os pets ganham guarda-roupa próprio, dormem na cama dos “pais”, ganham presente no Dia das Crianças — enfim, ocupam um espaço privilegiado na família. Curiosa com essa relação construída com os bichos domésticos, uma equipe de pesquisadores do Hospital Geral de Massachussetts, nos Estados Unidos, decidiu investigar se, além do coração, o cérebro reconhece os cachorros como filhos de verdade. “Os animais domésticos ocupam um lugar especial no coração e nas vidas de muitas pessoas, e há evidências convincentes de estudos clínicos e laboratoriais de que interagir com pets pode ser benéfico para o bem-estar físico, social e emocional dos humanos”, defende Lori Palley, pesquisadora do Centro de Medicina Comparativa do hospital e coautora do estudo. Ela lembra que a domesticação dos cães começou entre 18 mil e 32 mil anos atrás, e que a prática de dispensar cuidados paternais a eles é um comportamento comum em diferentes culturas, que provavelmente emergiu da necessidade evolutiva de tê-los como companheiros fiéis. 

De acordo com Palley, aproximadamente dois terços dos lares americanos têm animais de estimação, e mais de US$ 50 bilhões são gastos anualmente com eles. No Brasil, há um cachorro para cada seis habitantes, e dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística indicam que, nos últimos quatro anos, aumentou 17,6% a população de cães e gatos domésticos no país. “Na mídia, os proprietários já são chamados de ‘pais de pets’ e metade deles considera que seus animais são tão parte da família quanto qualquer outro integrante da casa”, afirma Palley, citando uma pesquisa de 2009. 

A médica revela que muitos estudos anteriores constataram que níveis de neuro-hormônios, como a oxitocina, envolvidos no processo de ligação emotiva e vínculo materno, aumentam depois da interação com os pets. “Novas tecnologias de imagem estão nos ajudando a começar a entender as bases neurobiológicas dessa relação, o que é bastante animador”, afirma. 

Coincidências Para comparar os padrões de atividade cerebral envolvidos na relação humanos-pet e aqueles suscitados pela interação mãe-filho, o estudo recrutou um grupo de mulheres com pelo menos um filho de 2 a 10 anos e um cachorro que havia entrado para a família mais de dois anos antes do estudo. A pesquisa foi dividida em duas sessões. Na primeira, as participantes receberam os cientistas em casa e completaram diversos questionários, incluindo perguntas sobre sua relação tanto com os filhos quanto com os cães. Os pets e as crianças foram fotografados na casa das voluntárias. 

Na segunda fase, as participantes foram até o Centro de Imagens Biomédicas do Hospital Geral de Massachussetts, onde se submeteram ao exame de ressonância magnética funcional. Esse teste não invasivo indica os níveis de ativação de determinadas estruturas cerebrais, detectando alterações no fluxo sanguíneo e nas taxas de oxigenação. Os cientistas mostraram uma sequência de fotografias enquanto as mulheres faziam o exame. As imagens incluíam os filhos das voluntárias e seus cachorros, alternados com retratos de crianças desconhecidas e cães pertencentes a outras pessoas. No fim, cada participante completou algumas tarefas, incluindo um teste de reconhecimento de imagem, para confirmar se ela havia prestado atenção às fotos apresentadas durante o escaneamento. As mulheres também deram notas para diversas imagens mostradas durante a sessão em relação ao nível de prazer que essas fotos haviam despertado. 

Os resultados revelaram semelhanças e diferenças na forma como importantes regiões cerebrais reagem à imagem de um filho e de um cão. Áreas previamente associadas a funções como emoção, recompensa, afiliação, processamento visual e interação social tiveram aumento de atividade quando as participantes viram tanto as crianças quanto seus pets. Porém, uma região implicada na formação do vínculo mãe-filho se ativou apenas em resposta à imagem da criança. Já o giro fusiforme, envolvido no reconhecimento facial e em outras funções de processamento visual, teve uma resposta mais expressiva quando as mulheres viam a foto de seus cachorros. 

“Embora seja um pequeno estudo que pode não se aplicar a outras pessoas, o resultado sugere que há um circuito cerebral comum importante para a criação e a manutenção de ligação emocional, ativado quando as mães veem imagens tanto de suas crianças quanto de seus cachorros”, conta o psiquiatra Luke Stoeckel, coautor do trabalho. Os pesquisadores observam que mais estudos são necessários para replicar a descoberta, principalmente aumentando a amostra e incluindo outras populações, como mulheres sem filhos e homens. “Combinar estudos de ressonância com testes adicionais de comportamento e psicologia também nos ajudará a obter evidências que suportem o que observamos”, acredita Lori Palley.

Amor incondicional Na casa da comerciante Ana Paula Breder, 29 anos, o pug Hulk, 8 meses, é o caçulinha da família. O cão foi presente do marido de Ana, que estava muito triste com a perda de Yuri, um yorkshire que morreu de leishmaniose no início do ano. “Eu estava muito triste e só chorando. Foi muito difícil, pois não queria mais um cãozinho, até que esse gordinho ganhou meu coração e o dos meus filhos”, conta. Bagunceiro e sempre aprontando, Hulk faz a alegria das crianças da casa, Matheus, 5 anos, e João Lucas, 1. “O Hulk é um filho para nós, superprotegido e muito amado. Ele, com toda certeza, é um membro da minha família”, diz Ana Paula. 

Para a estudante de fisioterapia Erika Mercier, 41 anos, o west terrier Drake, 9, é como um filho. Tanto que ela não considera sacrificante fazer coisas como passar o réveillon debaixo da cama com o cãozinho, que tem medo de fogos, deixar de ir a algumas festas para ficar com ele, oferecer água filtrada e frutas cortadas… “Todo dia, ouço alguma crítica: ‘Deixa de ser boba, é só um cachorro, não é gente’. Eu falo: ‘Para mim, é um filho peludo de quatro patas’”, conta. 

A comerciante Ana Paula também sofre críticas pelo fato de o pug Hulk conviver diretamente com os “irmãos”, principalmente com o bebê. “Dizem que ele vai passar doenças, mas nem ligo, pois meus filhos o amam e são correspondidos. Ele tem acesso total aos meus filhos: eles brincam, dormem e fazem tudo juntos. Com toda certeza, o Hulk está no meu coração. Ele trouxe a luz e a alegria que faltavam. Nós não saberíamos viver sem ele hoje. É um amor incondicional ao gordinho”, derrete-se a “mãe” coruja, que até uma conta no Instagram fez para o pug. 

“Para famílias com filhos pequenos, os pets podem ser parte de um sistema de suporte social e fornecer oportunidades para educar as crianças”, observa a veterinária Lynette A. Hart, pesquisadora da Universidade da Califórnia em Davis e autora de diversos livros sobre a relação entre humanos e animais domésticos. Depois de mais de quatro décadas de investigações nessa área, ela constatou que, ao contrário do que dizem os estereótipos, pessoas sozinhas e solitárias não são as que mais adotam os pets nem as que relatam maior vínculo afetivo com os bichos. “Pode parecer paradoxal, mas isso é mais comum em famílias com filhos. Há uma forte relação entre ter animais com a coesão, o vínculo emocional e o respeito mútuo familiares. Ter uma relação próxima com seu pet pode ser um indicador da saúde das relações da família”, afirma.

FONTE: Estado de Minas.


Criança terá nome do pai e de duas mães em documento

Decisão inédita abre precedentes para situações semelhantes no restante do País. Promotoria não questionou sentença

A vida imita a arte…

duas mães

Uma decisão inédita da Justiça assegurou o direito a uma menina, nascida no último dia 27 de agosto, de ter em sua certidão de nascimento o nome do pai, de duas mães e dos seis avós. A sentença, proferida pelo juiz de Direito Rafael Pagnon Cunha nessa quinta-feira, não foi questionada pela promotoria e, 15 dias após a entrada do processo, a família teve o pedido assegurado por lei, abrindo precedentes para situações semelhantes no restante do PaísAs mães da menina são companheiras há quatro anos e casadas formalmente há dois meses. O pai biológico é um amigo das duas que concordou em ser o genitor, desde que isso constasse nos documentos. O Cartório do Registro Civil teve de adaptar seus sistemas para poder fazer constar todos os nomes, inclusive dos três pares de avós, um paterno e dois maternos.

A ação de suprimento de registro civil com multimaternidade foi movida pelos genitores e pela parceira da gestante em comum acordo, segundo descrição contida no despacho do magistrado. “Narraram que a gestação foi concertada pelos três, com concepção natural, intentando fazer constar no registro civil do nascituro os nomes do pai e das duas mães, bem como de seus ascendentes”, descreve o magistrado.

Na sentença, o juiz destaca que “o que intentam Fernanda, Mariani e Luís Guilherme, admiravelmente, é assegurar à sua filha uma rede de afetos. E ao Judiciário, guardador das promessas do Constituinte de uma sociedade fraterna, igualitária, afetiva, nada mais resta que dar guarida à pretensão – por maior desacomodação que o novo e o diferente despertem”.

FONTE: Estado de Minas.


‘Cidade de beldades’ desmente boato internacional de ‘campanha por homens’

Reportagens na imprensa estrangeira descreveram Noiva do Cordeiro, MG,

como paraíso de “garotas de extrema beleza em busca maridos”.

 

O pequeno distrito de Noiva do Cordeiro, a 100 km de Belo Horizonte, andou causando frisson na imprensa estrangeira – mas as reportagens não falavam sobre a criação de gado ou a produção artesanal de roupas pela cooperativa local.

Em pelo menos três jornais britânicos, sites de notícias em inglês, além de veículos turcos, tailandeses, norte-americanos, italianos e indianos, o vilarejo foi descrito como terra natal de “600 mulheres exóticas e solteiras”, todas entre “20 e 25 anos”, que teriam criado uma campanha para atrair homens e reverter a escassez masculina na região.

Manchetes como “Habitat de Beldades em Busca de Homens” e “Lugar Exclusivamente Ocupado por Garotas de Extrema Beleza Quer Atrair Maridos” causaram entre alguns leitores estrangeiros – a ponto de chegar ao topo da lista de mais lidas do jornal britânico The Telegraph.

Mail Online: 'Cidade no Brasil composta inteiramente por mulheres fez apelo por solteiros'.  (Foto: Mail Online / Via BBC)
Mail Online: ‘Cidade no Brasil composta
inteiramente por mulheres fez apelo por solteiros’.
Metro: 'Alerta a todos os solteiros: esta cidade é inteiramente composta por mulheres extremamente atrativas' - e elas estão em busca de homens. (Foto: Metro / Via BBC)
Metro: ‘Alerta a todos os solteiros: esta cidade é
inteiramente composta por mulheres extremamente
atrativas’ – e elas estão em busca de homens.
Mirror: 'Cidade cuja população é inteiramente de mulheres bonitas e jovens faz apelo por homens solteiros'. (Foto: Mirror / Via BBC)
Mirror: ‘Cidade cuja população é inteiramente de
mulheres bonitas e jovens faz apelo por homens
solteiros’.

Não seria difícil adivinhar que a história não fosse bem essa.A população de Noiva do Cordeiro, segundo os moradores, não é composta por “600 solteiras”, mas por aproximadamente 300 pessoas, homens e mulheres, em proporção similar.

Elas não têm “entre 20 e 25 anos” – são crianças, adolescentes, mães e idosas.

Principalmente: não há campanha alguma em busca de maridos.

Contexto

Quem desmente é Rosalee Fernandes, de 49 anos, moradora do local desde a infância. Ela é uma das “entrevistadas” que aparecem em jornais como os britânicos Daily Mail e o Metro, e em websites como o Huffington Post.

“Com certeza não tem campanha nenhuma. Não dei entrevista. Colocar a gente nessa situação é um absurdo.”

Noiva do Cordeiro fica numa área rural na região metropolitana de Belo Horizonte. “O que acontece é que os nossos maridos trabalham em BH durante a semana. Mas ninguém aqui está desesperada, não, senhor, somos trabalhadoras”, diz.

Na capital, os homens costumam trabalhar como operários em fábricas.

Pelo Facebook, mulheres da comunidade divulgam fotos de eventos como coral e festas de 'halloween' (Foto: Facebook Noiva do Cordeiro / Via BBC)Pelo Facebook, mulheres da comunidade divulgam fotos de eventos como coral e festas de ‘halloween’

A BBC Brasil conversou com outras duas moradoras da cidade para matar a charada. As frases incluídas nas reportagens parecem ter sido deliberadamente copiadas, fora de contexto, de uma matéria da revista Marie Claire publicada em 2009.

No texto, que mostra como a cooperativa local criada pelas mulheres se tornou exemplo de organização entre as moradoras, uma das entrevistadas diz que há poucos homens solteiros e que boa parte deles são parentes.

O que não significa que haja uma “campanha em busca de maridos”.

“A internet aqui é do governo e caiu há uns dias. A gente está sem acesso a nada e não faz ideia do que está saindo sobre nós”, disse Rosalee.

As fotos das falsas reportagens, que mostram as mulheres em poses e trajes provocantes, foram tiradas numa festa à fantasia e publicadas na página da associação local no Facebook.

Respeito

O vilarejo é composto por pessoas de origem humilde, na maioria sem ensino médio completo, que se organizam numa cooperativa onde tudo é decidido coletivamente.

Diariamente, elas trabalham na lavoura ou na produção de peças de artesanato, como tapetes, colchas e lingeries, e produtos rurais, derivados do leite e da pecuária.

Na ausência de homens nos dias úteis, a associação local foi o caminho encontrado pelas mulheres para se ajudar mutuamente e enfrentar o preconceito dos vilarejos do entorno.

É que, no passado, moradores das cidades vizinhas chegaram a taxar as moradoras como prostitutas – pelo simples fato de estarem desacompanhadas.

Juntas, elas dizem ter conseguido complementar a renda familiar por meio do trabalho coletivo, além de se ocupar nos períodos de ausência dos maridos.

Principalmente, dizem, acham que conseguiram impor respeito.

“Por favor, vocês precisam nos ajudar a desmentir esse boato, moço”, pede Rosalee. “Isso aqui é terra de gente digna.”

 

O distrito mineiro de NOIVA DO CORDEIRO, comunidade de Belo Vale, a 100 quilômetros de Belo Horizonte, na Região Central de Minas, virou manchete em jornais internacionais esta semana. O frisson da imprensa estrangeira é sobre a solteirice das moradoras da cidade. A mídia noticiou que a localidade tem população somente de mulheres, bonitas e loucas para arrumar namorados.
Noiva
A repercussão da tal “campanha” em busca de homens deixou as jovens revoltadas e ontem um desmentido do boato internacional foi publicado pela agência de notícias inglesa BBC. As matérias sobre a procura por homens tinham as seguintes manchetes: “Cidade no Brasil composta inteiramente por mulheres faz apelo por solteiros”; “Alerta a todos os solteiros: esta cidade é inteiramente composta por mulheres extremamente atrativas – e elas estão em busca de homens”; “Cidade cuja população é inteiramente de mulheres bonitas e jovens faz apelo por homens solteiros”.

Tudo indica, segundo a agência de notícias, que as reportagens foram traduzidas e publicadas fora do contexto, o que causou a impressão do desespero na solteirice. Os textos teriam sido retirados de uma entrevista, de 2009, concedida por moradoras a uma revista feminina. As fotos das reportagens, que mostram as mulheres em poses e trajes provocantes, foram retiradas do Facebook da comunidade. Nas imagens feitas em uma festa à fantasia, as mulheres estão caracterizadas. 

Sites britânicos, turcos, tailandeses, norte-americanos, italianos e indianos retorceram a história e colocaram o vilarejo como terra natal de “600 mulheres exóticas e solteiras”, todas entre “20 e 25 anos”. Conforme a BBC, os textos atraíram muitos leitores estrangeiros – a ponto de chegar ao topo da lista de mais lidas do jornal britânico The Telegraph.

Com a divulgação na internte, os boatos sobre as mulheres de Noiva do Cordeiro repercutiram em quase todo o planeta, exceto na comunidade feminina, que está sem internet. “Nossa internet é do governo e está fora do ar há meses. Ficamos sabendo das informações pelos jornalistas, que não param de ligar”, diz Rosalee Fernandes, vereadora de Noiva do Cordeiro. Ela conta que, ontem, diante da enorme repercussão do caso, a comunidade recebeu a visita de um repórter inglês do The Telegraph, que nunca tinha vindo ao Brasil. 

VERGONHA Segundo Rosalee Fernandes, o texto que está correndo o mundo não passa de um “grande mal-entendido”. “É complicado falar de algo que não vimos com nossos próprios olhos, mas estou contando com o apoio da mídia nacional para desfazer esse grande mal-entendido. Primeiro jornal a contar a nossa história, o Estado de Minas é nosso maior parceiro no combate ao preconceito contra a nossa comunidade formada por mulheres”, afirma a vereadora, que se sentiu também envergonhada perante o jornalista estrangeiro, obrigado a se deslocar para o município vizinho para transmitir a reportagem em tempo real direto para a Inglaterra. “O homem vai levar uma imagem péssima do Brasil. O governo desativou a internet da Noiva, deixando mais de 50 crianças e jovens da era digital desplugados”.

FONTE: G1 e Estado de Minas.


ÚLTIMA ATUALIZAÇÃO: 21/08/2014, 18:00.

O ex-médico Roger Abdelmassih, de 72 anos, apontou sua mulher, a ex-procuradora da República Larissa Maria Sacco, de 37 anos, como a mentora de sua fuga para o Paraguai, há três anos e meio. Aos policiais civis e à “Rádio Estadão”, durante conversa na quarta-feira, 20, no Aeroporto de Congonhas, ele afirmou que foi “condenado escandalosamente”, sem provas – a pena é de 278 anos de prisão por 48 estupros contra 37 vítimas. O áudio foi gravado com exclusividade.

Por volta das 16 horas de quarta-feira, 20, o ex-médico chegou à capital paulista e passou por exame de corpo de delito na delegacia do terminal da zona sul, onde contou aos agentes sua estratégia de fuga e sua rotina em Assunção. “Eu achava melhor me entregar. Minha mulher disse: ‘Não, vamos embora’. Aí, falei com minha irmã que tem um haras em Presidente Prudente. Fomos para lá. De lá fomos para o Paraguai”, disse Abdelmassih.Capturado na capital do país vizinho na terça-feira, 19, ele disse que só está preso porque pediu a renovação de seu passaporte em 2011 – o ex-médico, um dos maiores especialistas em fertilização in vitro do Brasil, foi condenado em novembro de 2010 e recorria em liberdade. “Eu estou preso, mas não existe prova nenhuma”, afirmou.

Segundo ele, sua intenção não era deixar o País. “Eles (a Justiça e o Ministério Público) achavam que eu ia fugir, mas eu não ia. Ia passear”, afirmou. “Sabe por que eu fui tirar passaporte? Porque o meu passaporte tinha dois meses para vencer. O Juca (criminalista José Luis Oliveira Lima, que defende o ex-médico) falou assim: ‘Tem lugar que você não vai conseguir usar passaporte com dois meses'”, disse.

Abdelmassih contou, então, que procurou o criminalista Márcio Thomaz Bastos. “Fui ao doutor Márcio: ‘O senhor pode me ajudar?'” A resposta foi: “Não! Vai lá na Polícia Federal, e tira logo (o passaporte)”, disse o ex-médico. “Quando fui buscar a juíza mandou eu entregar. Aí, os advogados começaram a ver o que queriam: ‘Ah, pode dar prisão’. Aí, a juíza substituta Jaqueline disse para o Juca: ‘Fala para o seu cliente que não vou prender. Fala para ele ficar tranquilo’. Eu disse: ‘Então, tá! Vamos para Avaré’.” Foi em uma fazenda no município paulista que promotores do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) de Bauru encontraram as pistas para chegar até Assunção.

Aos policiais civis, Abdelmassih disse que, na época da fuga, estava tranquilo. “Eu estava livre, eu estava solto. Aí, pum, me avisaram (da prisão) no meio do caminho. O Márcio falou: ‘Eu acho melhor se entregar’. Minha mulher falou: ‘Não, vamos embora!'”, contou. Após o pedido de renovação do documento, a juíza Cristina Escher, da 16.ª Vara Criminal, decretou sua prisão preventiva.

Fuga e rotina

Antes de deixar o País, o ex-médico contou que foi, ainda em 2011, para Jaboticabal, onde vive a família de sua mulher. Ele falou também sobre sua rotina em Assunção. “Fiquei três anos e meio no Paraguai. Assunção é uma cidade boa. Gostam dos brasileiros.”

“Era uma bela casa. Uma casa daquelas aqui (o aluguel) custaria uns US$ 8 mil. Lá custava US$ 1.800”, contou. Segundo o preso, o imóvel foi alugado em nome de uma empresa aberta em sociedade com um amigo. Os filhos gêmeos nasceram no país vizinho. “Não saía de casa sem peruca. E óculos. Ficava diferente do que eu era.”

O ex-médico relatou ter bons relacionamentos. “Sempre fui querido. E vou te contar mais: o Nicolas Leoz (paraguaio, presidente da Confederação Sul-Americana de Futebol) teve dois filhos comigo. E eu não procurei ele, para não constranger.”

Abdelmassih relatou sua captura. “Quem me pegou foi o rapaz da Polícia Federal. Diz ele ter informação até da igreja, de uma ‘cliente’ da igreja que me viu, mas principalmente depois da Veja, que estampa muito o rosto da Larissa”, afirmou.

Ele pediu reiteradamente para que fosse levado para a Penitenciária de Tremembé, para onde foi transferido. “Eu só vou assinar (o mandado de prisão) na hora em que eu tiver certeza de que é Tremembé. Não quero ir lá e depois ficar em Guaratinguetá.” Ele disse que merece ficar solto e comparou seu caso ao mensalão. “Se o (José) Genoino pode sair (da cadeia) por causa do problema (de saúde), eu posso também. Eu tenho uma prótese. Isso é muito pior”.

 

 

Filhos de Abdelmassih foram a pista que levou polícia à prisão de ex-médico

O casal de gêmeos estava matriculado em uma creche em Assunção

A localização do casal de gêmeos filhos de Roger Abdelmassih com Larissa Sacco, matriculados em uma creche na Rua Guido Spano, 2.314, no bairro de Villa Morra, em Assunção, levou à confirmação da identidade do brasileiro foragido da Justiça. Investigado pela Secretaria Nacional Antidrogas (Senad) do Paraguai em conjunto com a Polícia Federal, Abdelmassih foi preso quando chegava à creche, às 13h30 de terça-feira, 19, para buscar as crianças.

Desde o dia 12, agentes especiais da Senad seguiam os passos de Abdelmassih após checarem listas de brasileiros que moram no país e têm filhos gêmeos com idade em torno de 3 anos. Essa informação, mais as características físicas dele e da mulher, deram a certeza à polícia paraguaia de que o pacato morador de Villa Morra e o ex-médico famoso e procurado eram a mesma pessoa.
“A operação foi montada com muito cuidado após recebermos informações da Polícia Federal brasileira”, disse ontem o ministro executivo da Senad, Luis Rojas, que comandou a operação com o delegado brasileiro Cesar Luiz Busto Souza. Uma reunião entre os dois, no dia 12, selou a parceria que acabaria com uma fuga de mais de três anos do ex-médico. Um grupo de cerca de 15 agentes fez o cerco. Surpreendido, o ex-médico não reagiu.Depois de encontrarem a escolinha, os policiais vigiaram por cerca de uma semana os passos de Abdelmassih. O casal levava vida de alto padrão.

Costumava usar dois carros. Tinham uma perua Kia Carnival, preta, ano 2012, que está registrada em nome da empresa Gala Import and Export, e um Mercedez Benz, preto, C350, ano 2012, que era dirigido por Abdelmassih. O Mercedes está registrado no Paraguai em nome de Juan Gabriel Cortázar.

De acordo com a polícia, o brasileiro teria comprado o carro, porém não o transferiu para seu nome. Esses veículos foram monitorados pela polícia quando circulavam nos arredores do endereço do casal, que fica a menos de dez quadras da creche.

A casa estava trancada, na quarta-feira, 20. O imóvel foi alugado da imobiliária Saturno, em Assunção, por US$ 3,8 mil mensais há quase quatro anos, segundo a administradora, quando Larissa ainda estava grávida das crianças. Na imobiliária, Abdelmassih usou o nome de Ricardo Galeano, contou o administrador do imóvel, Miguel Portillo.

Ontem pela manhã, Portillo estava na casa acompanhado de funcionários. Contou que não sabia a verdadeira identidade do inquilino. E lembrou que Abdelmassih costumava fazer os pagamentos “mais ou menos” na data combinada – o aluguel atual era de US$ 5 mil. De acordo com Portillo, o casal está devendo alguns aluguéis. Ele não soube dizer de quanto era a dívida. À tarde, casa estava fechada. “A senhora foi embora ontem à noite”, contou uma vizinha.

Na creche, Abdelmassih também era conhecido como Ricardo Galeano. “Ele é gentil, cumprimenta, mas não é de falar muito”, contou um funcionário. “Às vezes ele vem buscar as crianças”, explicou o homem. No final da tarde, mães que buscavam os pequenos se negavam a comentar a presença do casal brasileiro na creche. E a informação na escolinha era de que a diretora não estava.

Bigode

“A gente atendia ele aqui, com bigode e sem bigode”, contou um garçom da churrascaria Paulista Grill, que fica no mesmo bairro. Segundo o gerente Ângelo de Paula, um brasileiro que vive no Paraguai há 13 anos, “o homem que apareceu na televisão preso era um cliente normal”. Ele disse que uma das regras do bom convívio no Paraguai é ninguém saber muito de ninguém. “O Paraguai é ótimo”, disse. “Aqui, se você não mexe com ninguém, ninguém mexe com você.”

Não é bem isso o que pensa o ministro Luis Rojas, da Senad. Pressionado por outros setores da polícia paraguaia, que questionam sua participação na operação, Roja disse que há uma decisão política do governo paraguaio de mandar embora “os criminosos de outros países”.

“Isso está muito claro”, afirmou. “E eu respondo diretamente ao presidente da República”, emendou, referindo-se a Horácio Cartes, que banca a política de ações conjuntas de combate às drogas com o Brasil.

“O Brasil é nosso parceiro estratégico, temos uma colaboração muito estreita de agentes, e isso vai continuar assim”, resumiu Rojas. Dias atrás, a Senad prendeu e o Paraguai expulsou Ricardo Munhoz, integrante do Primeiro Comando da Capital (PCC). Mandou ainda para a cadeia no Brasil José Benemário de Araújo, condenado a 73 anos por liderar o tráfico de drogas na favela de Manguinhos, no Rio.

Documentos

A expulsão imediata de Abdelmassih, explicou o ministro Rojas, só foi possível porque ele foi capturado sem documentos. Caso apresentasse qualquer documentação diferente da de Roger Abdelmassih, ele poderia ser processado no próprio Paraguai. E então pegaria dois anos de cadeia.

Por isso a operação policial foi montada para surpreender o casal, o que propiciou o possibilitou a expulsão do ex-médico.

Ex-médico Roger Abdelmassih é preso no Paraguai, diz PF

 

Prisão foi efetuada em Assunção pelo governo paraguaio com apoio da PF.

Condenado a 278 anos de prisão, Abdelmassih era procurado desde 2011.

Entrevista em São Paulo em 2009 com o médico Roger Abdelmassih, que à época era dono da maior clínica de reprodução assistida do Brasil e já enfrentava acusações de crimes sexuais (Foto: Sérgio Neves/Estadão Conteúdo/Arquivo)Em 2009, Abdelmassih já se defendia das acusações.

O ex-médico Roger Abdelmassih, de 70 anos, foi preso nesta terça-feira (19) em Assunção, capital do Paraguai, de acordo com a Polícia Federal (PF). Ele foi preso por agentes ligados à Secretaria Nacional Antidrogas do governo paraguaio com apoio da Polícia Federal brasileira.Segundo a PF, após o procedimento de deportação sumária, Abdelmassih dará entrada no Brasil por Foz do Iguaçu (PR), cidade na fronteira com o Paraguai, e depois será transferido para São Paulo.

Mapa do Paraguai (Foto: Arte/G1)

O ex-médico era considerado um dos principais especialista em reprodução humana no Brasil. Após sua condenação e fuga, passou a ser um dos criminosos mais procurados pela Polícia Civil do estado de São Paulo. A recompensa por informações sobre seu paradeiro era de R$ 10 mil.

Denúncias e condenação
Roger Abdelmassih foi acusado por 35 pacientes que disseram ter sido atacadas dentro da clínica que ele mantinha na Avenida Brasil, na região dos Jardins, área nobre da cidade de São Paulo. Ao todo, as vítimas acusaram o médico de ter cometido 56 estupros.

As denúncias contra o médico começaram em 2008. Abdelmassih foi indiciado em junho de 2009 por estupro e atentado violento ao pudor. Ele chegou a ficar preso de 17 de agosto a 24 de dezembro de 2009, mas recebeu do Supremo Tribunal Federal (STF) o direito de responder o processo em liberdade.

Em 23 de novembro de 2010, a Justiça o condenou a 278 anos de reclusão. Abdelmassih não foi preso logo após ter sido condenado porque um habeas corpus do Superior Tribunal de Justiça (STJ) dava a ele o direito de responder em liberdade.

O habeas corpus foi revogado pela Justiça em janeiro de 2011, quando ex-médico tentou renovar seu passaporte, o que sugeria a possibilidade de que ele tentaria sair do Brasil. Como a prisão foi decretada e ele deixou de se apresentar, passou a ser procurado pela polícia.

Em maio de 2011, Abdelmassih teve o registro de médico cassado pelo Conselho Regional de Medicina de São Paulo.

Médico alegava inocência
O ex-médico sempre alegou inocência. Chegou a dizer que só ‘beijava’ o rosto das pacientes e vinha sendo atacado por um “movimento de ressentimentos vingativos”. Mas, em geral, as mulheres o acusaram de tentar beijá-las na boca ou acariciá-las quando estavam sozinhas – sem o marido ou a enfermeira presente.

Algumas disseram ter sido molestadas após a sedação. De acordo com a acusação, parte dos 8 mil bebês concebidos na clínica de fertilização também não seriam filhos biológicos de quem fez o tratamento.

FONTE: G1, Estado de Minas, O Tempo.


Benefício

Direito a pensão por morte é reconhecido em dupla união estável

Juiz determinou o pagamento da pensão por morte às duas companheiras do segurado falecido.

dupla união

O juiz Federal Fernando Henrique Correa Custodio, da 4ª vara Cível do Juizado Especial Federal de SP, reconheceu o direito à pensão por morte de segurado com dupla união estável. A autora, ex-mulher e companheira do segurado até a data do falecimento, formulou pedido pleiteando a concessão do benefício previdenciário de pensão por morte, já concedido à outra companheira do falecido.

Consta nos autos que o segurado falecido casou-se com a autora da ação em 1976, com quem teve 2 filhos, tendo se separado em 1983, quando foi morar com a corré na ação, com quem também teve dois filhos. Desde então, era visto com as duas mulheres. A autora e seus filhos sempre tiveram um bom relacionamento com a corré, segunda companheira, e seus filhos, bem como com todos os membros da família do falecido. O segurado chegou a ter alguns períodos de internação hospitalar nos quais a autora e a corré se revezavam junto a ele, para acompanhar sua situação de saúde até o óbito.

O magistrado observou que as mulheres de submeteram ao fato de que o falecido tinha duas esposas, situação conhecida por todos os integrantes dos dois núcleos familiares mais próximos, e com bom relacionamento entre todos, de mútuo conhecimento e cooperação. “Assim, a meu ver, na data do óbito, tanto a autora quanto a coré eram verdadeiras companheiras do falecido“, afirmou.

Custodio considerou ainda que, apesar de que boa parte da jurisprudência pátria na esfera civil não reconheça as uniões estáveis simultâneas, na esfera previdenciária, protetiva das pessoas inseridas em estado de grande necessidade material e social, é possível tal reconhecimento.

Julgo procedente a ação, reconhecendo em favor da autora o direito de perceber o previdenciário de pensão por morte, em desdobro com a coré, que também comprovou a existência de união estável com o falecido“. Então, com resolução de mérito do processo nos termos do art. 269, inc. I, do CPC, condenou o INSS a pagar administrativamente o benefício às duas mulheres.

  • Processo: 0055972-93.2010.4.03.6301

Veja a íntegra da decisão.

FONTE: Migalhas.


LIBERDADE

Acorrentadas ao passado

Última reportagem da série sobre o universo feminino na prisão mostra o duro retorno delas à sociedade. Dificuldade de conseguir atestado de bons antecedentes, burocracia e preconceito se transformam em uma prisão a mais, mesmo fora das celas

%u201C vi que teria que viver com minhas próprias pernas. Eu ia morrer de overdose ou mataria minha mãe. ela não aguentaria passar por tudo de novo%u201D </p><br /><br /><br />
<p>Luciana (nome fictício), de 27 anos, que foi presa por tráfico, voltou a usar drogas depois de ser solta e hoje luta para retomar a vida e o filho mais velho (Cristina horta/em/d.a press)
%u201C vi que teria que viver com minhas próprias pernas. Eu ia morrer de overdose ou mataria minha mãe. ela não aguentaria passar por tudo de novo%u201D Luciana (nome fictício), de 27 anos, que foi presa por tráfico, voltou a usar drogas depois de ser solta e hoje luta para retomar a vida e o filho mais velho

Presas, condenadas a viver longe da família. Depois de ver de trás das grades parte da existência passar, finalmente chega a hora de colocar o pé fora da cadeia. É o dia mais esperado. É dia de respirar fundo e seguir em frente, com esperança. Elas sonham em reconstruir a família, estudar, trabalhar e, principalmente, não voltar ao crime. Nem sempre é possível. Às vezes, o projeto de futuro é atropelado pela realidade.

Apesar dos obstáculos, o índice de reincidência entre elas é considerado baixo em relação ao dos homens. “No geral, a reincidência da mulher no crime é baixa. Ela só é mais elevada no tráfico de drogas, mas por causa da influência dos companheiros. Sem romper o relacionamento, fica difícil deixarem o submundo”, observa o juiz da Vara de Execuções Penais de Montes Claros, Francisco Lacerda de Figueiredo. No presídio da cidade do Norte de Minas, estatísticas comprovam o baixo retorno delas ao crime: o percentual de reincidência é de 30%, contra taxas superiores a 60% entre os detentos no país.

A secretária-adjunta de Enfrentamento à Violência contra as Mulheres da Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República (SPM/PR), Rosângela Rigo, diz que permitir que egressas do sistema prisional tenham oportunidades é o principal desafio. Em Minas, convênios possibilitam a detentas ainda no regime fechado sair da penitenciária sob escolta para trabalhar em horário comercial. Outras, por meio de acordo com a Pastoral Carcerária e uma instituição privada de ensino, conseguem fazer um curso superior gratuito. Todas continuam lutando para que seu passado fique onde deveria ficar: no passado.

Um sonho fora dos muros

Maria de Fátima Souza (nome fictício), de 45 anos, já recebeu até proposta de emprego para quando sair do Presídio Feminino José Abranches Gonçalves, em Ribeirão das Neves, Grande BH. Cumpriu três anos e cinco meses em regime fechado, tempo estipulado pela Justiça, contando a remição por trabalho e estudo. Tinha uma vida estruturada, com emprego e filhos, até ser apresentada ao crack. Já conhecia a cocaína na juventude, mas a pedra a levou aos seus piores dias.A mãe está sempre ao seu lado. Viaja da capital paulista para visitá-la sempre que possível. Mas, entre os demais familiares, são poucos os que sabem do seu paradeiro. Foi no interior de Minas que se envolveu no crime que a levou à prisão. Abriu sua casa para que colegas processassem a droga. A polícia fez o cerco, achou entorpecentes e balança de precisão. “Não sei roubar, matar. Era usuária. Agora estou limpa, totalmente limpa.”Antes de ser presa, Fátima tinha profissão na área de saúde. Na cadeia terminou o ensino médio e trabalhou todos os dias. “Meu foco é a liberdade. E está perto.” Lá fora tem dois filhos, um de 28 anos e uma de 15, namorado e a mãe que a espera ansiosamente. Mas ela não sabe se vai voltar para o interior. Quer tentar a vida em Belo Horizonte. Seu primeiro plano é ajudar outras pessoas. Ainda não sabe como, talvez por meio das entidades religiosas que visitam a cadeia. Quer contar o que passou. “O crack é assim, você não pode dar o primeiro trago. Gastava tudo que ganhava com ele, uns R$ 1.400 por mês.”

Lenta recuperação Drogas, amor, gravidez, morte, prisão. Uma sequência de acontecimentos na vida de Luciana Silva  (nome fictício), de 27 anos, culminou com a pena por tráfico. Começou a se envolver aos 12 anos, no Bairro Tupi, onde morava. Apaixonada, decidiu morar com um dos chefes do esquema de venda de drogas. No sétimo mês de gestação, o companheiro foi assassinado. Ela passou a fazer parte ativa dos “negócios”. O filho ficava mais com a avó materna, a quem hoje chama de mãe. Quando ela foi presa, ele tinha 1 ano.

Na cadeia, Luciana foi apresentada ao inferno: ficou no castigo, tomou remédios, tentou suicídio. Cumpriu um ano e oito meses em regime fechado. Não achava que sair seria tão complicado. “O que ganho hoje em um mês ganhava com o tráfico em um dia. Ressocializar é muito difícil”, reconhece. Saiu em setembro de 2009. Do lado de fora, continuou usando droga, mas procurava emprego. “Não conseguia por causa da passagem. Ainda não tinha criado juízo quando saí da prisão.”

Foi assim até conhecer o atual marido, que também já foi usuário de drogas. Juntos, decidiram mudar. “Caí na real há quatro anos, quando engravidei do segundo filho. Vi que teria que viver com as minhas próprias pernas. Eu ia morrer de overdose ou mataria minha mãe. Ela não aguentaria passar por tudo de novo.” Com ajuda de um amigo, conseguiu emprego em uma empresa de TV por assinatura.

Poucos sabem pelo que ela passou, por isso Luciana prefere se preservar. “Agora sonho em ter minha casa própria, dar uma condição melhor para os meus filhos, que eles sejam homens de bem. Quero ser um exemplo para eles.” Quando esse dia chegar, quer resgatar o filho mais velho. “Minha mãe é a mãe para ele. De um tempo para cá, isso me dói muito, me machuca. Não cobro dele, o erro foi meu, mas ainda sonho em tê-lo comigo.”

Batalha diária Regiane Santos, hoje com 31 anos, tinha 14 quando um homem de 36 entrou em sua vida. Aos 16 estava grávida e envolvida no tráfico. Queria sair, mas tinha medo. Tentou se separar e não conseguiu. Tinha o segundo filho quando foi presa, em 2006. Longe da família e dos filhos pequenos, entrou em depressão. “Até hoje tenho dificuldade para dormir. Tomava sete remédios por dia.” Foi condenada a oito anos e oito meses de prisão, dois anos e sete meses em regime fechado. Sonhava com a liberdade. Agora, anos depois, mesmo fora da cadeia se frustra com a tal liberdade, tão difícil de alcançar.

Em 2010 começou a cumprir pena em domicílio. “Mas é assim: Não posso viajar, tenho horário para chegar em casa, é tudo dentro da regra.” A cada dois meses vai ao Tribunal de Justiça assinar um termo comprovando que “anda na linha”. Ainda na penitenciária, ganhou uma bolsa para estudar em uma instituição de ensino superior de BH. Cursa direito, sem a expectativa de advogar assim que concluir a graduação, no fim deste semestre. “Só estarei livre mesmo em 2016. Em parte não me sinto livre. A ressocialização é muito difícil e até contraditória. Não posso prestar concurso público, nem fazer a prova da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), por exemplo. É uma luta que não tem fim, até que tenha sua ficha totalmente limpa.”

Regiane distribuiu currículos, mas esbarrava na falta do documento de bons antecedentes. Trabalhou dois anos como cobradora em ônibus, mas os horários por vezes confusos a fizeram optar pela faculdade. Tentou estágios, sem sucesso. Cansada, agora vende produtos de beleza de porta em porta. “Queria que não houvesse preconceito, mas cheguei até aqui e agora quero servir de exemplo. Lá dentro a gente só pensa em sair, mas aqui fora é uma luta diária pela sobrevivência.”

FONTE: Estado de Minas.

ELAS NA CADEIA

Um muro chamado distância

Na terceira reportagem sobre o universo feminino na prisão, o EM revela que detentas recolhidas em unidades longe de suas cidades perdem vínculos com parentes, que não têm condições financeiras de visitá-las

Luciene Guimarães e os livros de química e biologia: sonho de se tornar oncologista para ajudar crianças
Luciene Guimarães e os livros de química e biologia: sonho de se tornar oncologista para ajudar crianças

Enfrentar a dura rotina da prisão, a saudade, a solidão e o abandono é apenas parte da pena cumprida por detentas espalhadas pelos presídios do interior de Minas. Para muitas, levadas para unidades longe de sua cidade natal, a distância é mais um muro que se ergue entre elas e filhos, maridos, parentes e amigos trancados do lado de fora. A falta de recursos das famílias para o deslocamento que as visitas exigem as condena a um cotidiano ainda mais solitário. Muitas já deixaram de esperar reconhecer um rosto entre os visitantes dos domingos; outras dizem entender a dificuldade dos familiares; todas sofrem com o isolamento imposto pelo crime pelo qual foram condenadas – ainda que muitas jurem inocência.

Na prisão, receber visita, além de matar a saudade, significa uma chance de contato com o mundo exterior. Uma oportunidade negada a muitas das internas de unidades como o Presídio do Bairro Alvorada, em Montes Claros, cuja ala feminina conta com 56 presas, a maioria (80%) envolvida com o tráfico de drogas. A unidade recebe mulheres de diversas partes do Norte de Minas, diante da falta de unidades femininas em outras cidades da região. Atualmente, 13 delas têm esse perfil. Entre todas, 98% são mães, mas menos de 5% preservam relacionamentos fixos. Somente três recebem visitas íntimas.

O dia de visitação é diferenciado na cadeia. Nele, as detentas acordam cedo, tomam banho e cuidam bem do visual, na expectativa de um abraço, um alimento diferente do cardápio da cadeia ou coisas simples para quem está do lado de fora, como produtos de higiene pessoal. Mas, no caso de internas como Cláudia de Jesus, condenada por envolvimento em latrocínio (roubo seguido de morte), domingo é data como outra data qualquer. Desde que chegou ao presídio de Montes Claros, há cinco meses, ela nunca recebeu ninguém. Quase um semestre sem contato com os três filhos, de 13, 14 e 16 anos. “No início, a gente estranha, mas acaba aceitando. Tenho que sair daqui com a cabeça erguida e não voltar mais para o mundo do crime”, afirma ela, cuja família é de Janaúba, a 130 quilômetros de Montes Claros.

Ex-garota de programa, ela cumpre condenação de 20 anos em regime fechado. Inicialmente, ficou presa seis anos nas cadeias de Itabira (onde o crime foi cometido) e de Rio Piracicaba, no Vale do Aço. Nessa última, conta, recebeu a visita da mãe uma única vez. “Vim para cá exatamente para ficar mais perto da minha família”, diz a mulher, que garante ter sido “envolvida no crime”, de forma alheia à sua vontade. “O problema foi que entrei em um carro com um cara que chamou a gente para tomar cerveja. O dono do carro tinha sido morto momentos antes”, afirma. Em Montes Claros, o único consolo é a permissão para, uma vez por mês, telefonar para um parente, com acompanhamento do Serviço de Assistência Social. “Fico muito feliz de pelo menos ouvir a voz de alguém da família.”

Da cela para a medicina

Luciene Guimarães tem 23 anos. Maior que a idade é sua pena: 26 anos de reclusão por coautoria em um latrocínio. No presídio de Montes Claros, é outra a sofrer com a falta de visitas dos familiares, que moram em Brasília de Minas, a 100 quilômetros de distância. Em quase quatro anos, foram raras as vezes que recebeu alguém. “No dia da visita, quando a agente (penitenciária) chega e anuncia que alguém veio me ver, fico até surpresa”, confessa. Luciene só recebe visitas de uma irmã, mas faz mais de dois meses que ela não aparece. “Antes, eu sempre esperava alguém. Agora não espero mais”, afirma a mulher, que reconhece as dificuldades da família.A saudade maior é do único filho, Plínio, de 7 anos, que mora com a avó. Desde que foi detida, só o viu uma vez. A dor de mãe, Luciene procura compensar dedicando-se aos estudos. Tenta usá-los para retomar a cidadania e um sonho de criança: quer ser médica. Não qualquer médica: oncologista. Quer salvar crianças, como o irmão de 5 anos, que viu morrer vítima de leucemia. Quando foi presa, tinha parado de estudar na sexta série. Na cadeia concluiu o supletivo do ensino fundamental e conseguiu o diploma do ensino médio. Agora, além de trabalhar na oficina de artesanato, dedica maior tempo à leitura de livros de biologia e química. “O sonho de fazer medicina eu tinha desde criança e achei que tinha morrido, mas, na verdade, estava apenas adormecido.” Pelos cálculos dela, em quatro anos, com a progressão de pena, deve passar para o regime semiaberto e poderá deixar a cadeia para estudar.A detenta que sonha ser médica tem consciência de que vai enfrentar preconceito, mas garante que está pronta. “Sei que algumas pessoas poderão virar as costas para mim, mas isso não vai fazer diferença. Acredito que serei capaz de driblar o preconceito. Não vou entrar numa universidade para sair matando as pessoas. Quero realmente o melhor para a minha família, especialmente para o meu filho.”

UNIDAS NO SOFRIMENTO Apesar da solidão experimentada pelas detentas que cumprem pena no interior, estar perto de parentes pode não ser exatamente um consolo. Que o diga Sheila Rodrigues, de 23 anos. Desde que chegou ao Presídio do Alvorada, em Montes Claros, ela tem contato apenas com uma pessoa da família: a mãe, Cícera, de 58. Mas isso não ocorre no momento de visita: mãe e filha estão presas por tráfico e dividem a cela. Elas são de Várzea da Palma, a 210 quilômetros de Montes Claros.

Sheila foi presa em 26 de dezembro de 2012. Quarenta e dois dias depois, foi transferida para Montes Claros, diante da falta de unidade feminina em sua cidade. Foi condenada a nove anos e seis meses de reclusão. De acordo com a polícia, a filha assumiu no tráfico o posto da mãe, que havia sido presa dois anos antes. Ela, porém, nega a venda de entorpecentes. Alega que quem traficava era o ex-marido, que a abandonou depois que foi levada para a prisão.

Assim como as demais detentas de outros municípios, Sheila reclama que, em mais de um ano na prisão de Montes Claros, além de não receber visitas, sofre com a distância dos quatro filhos, que ficaram com parentes em sua cidade. A dor maior é a saudade do caçula, Yago. Ela conta que quando foi presa, amamentava a criança, então com 4 meses. “Tive que parar de amamentar. Ele ficou com minha sogra. Depois que vim pra cá, só recebi fotos do meu filho uma vez”, diz a detenta. Dele, agora pouco sabe: “Só sei que está com 1 ano e alguma coisa”, afirma.

Sheila disse que seu atual companheiro, Tiago, pai de Yago, que trabalha como vigilante em Várzea da Palma, ainda não a visitou em Montes Claros. Mas ela relata que, uma vez, por mês, fala com ele pelo telefone, em ligações limitadas a 10 minutos. Contatos também são mantidos por carta. Apesar da falta de visitas, a mulher assegura que o companheiro nunca deixou de apoiá-la. “Ele sempre manda cartas, dizendo que acredita em mim. Pede para eu mudar de vida e diz que vai me ajudar a ser outra pessoa, a não mais mexer com esse ‘trem’ (a droga)”.

Além de dividirem a cela, mãe e filha freqüentam aulas da alfabetização de adultos na prisão. Atualmente, estão na quarta série do ensino fundamental. Também trabalham em uma oficina de artesanato. Cícera, a mãe, foi presa em 15 de julho de 2010 por vender drogas na casa simples da família, em Várzea da Palma. Alega que entrou no mundo do tráfico por pobreza e necessidade. Condenada a oito anos e dois meses de prisão, foi transferida para Montes Claros em dezembro de 2011. Sem  visitas, ficou mais de um ano sem ver ninguém da família. Até que a filha chegou para também cumprir pena, em fevereiro do ano passado.

Veja também a parte I e a parte II.
FONTE: Estado de Minas.

PENA TAMBÉM PARA OS FILHOS

Na segunda matéria da série sobre o universo feminino na prisão, EM mostra o drama das mães separadas da família. Os pequenos cumprem uma sentença para a qual não foram condenados. Elas têm na saudade um castigo a mais a ser enfrentado na cela

Erlana realizou dentro da cadeia o sonho de ter um menino. Agora, vive o pesadelo da separação que se aproxima  (Beto Novaes/D.A PRESS)
Erlana realizou dentro da cadeia o sonho de ter um menino. Agora, vive o pesadelo da separação que se aproxima

Elas do lado de dentro, os pequenos do lado de fora. Entre eles, um muro de saudade. Mães que não acompanham o dever de casa, não vão a reuniões escolares, não colocam as crianças para dormir. Filhos sem o carinho de todo dia, o puxão de orelha a cada bagunça, sem o acolhimento que só a figura materna pode oferecer. Assim crescem aqueles que estão separados das mães pelo crime que as levou para a prisão. Além do tormento da separação, as detentas sofrem à distância e se preocupam com o que será do futuro da família, e em como fazer para que não fiquem marcas do presente. São pensamentos que ocupam a mente de Gleici, que tem quatro filhos e um neto. Dilemas semelhantes aos de Cíntia, mãe de cinco pequenos.

As duas estão no Centro de Referência à Gestante Privada de Liberdade com os caçulas e só pensam em voltar ao lar e reconstruir a família. Denismara está no Presídio Feminino José Abranches e lhe dói ver, todos os dias de visita, a filha de 8 anos chegar cedo para a fila e sair a tempo de ver o pai, preso ali perto. Diretora-geral do Centro de Referência, Margarete Rodrigues Moreira está no posto há pouco mais de três anos. Mãe de uma menina de 1 ano e 8 meses, sofre cada vez que vê uma separação, um pequeno que vai embora chorando no dia de visita. Viveu sua gestação em meio às mulheres privadas de liberdade também grávidas ou com filhos de até 1 ano. “Mudei minha percepção sobre elas. Agora entendo essa angústia e penso: e se fosse com a minha filha?”, reflete a diretora-geral.

O marido estava envolvido com o tráfico de drogas em Betim. Foi preso e Gleicilene Gomes de Jesus, de 39 anos, passou a ser referência nos “negócios” na Região do Petrovale, em Betim, Grande BH. Com o marido trancafiado, ela engravidou nas visitas íntimas. Logo foi pega pela polícia em uma escuta telefônica, em maio de 2012. Foi para o Ceresp Centro-Sul e passou 15 dias na Penitenciária Estevão Pinto. Foi só lá que descobriu que esperava Grazieli, agora com 1 ano e 3 meses. Está casada há 18 anos e foi condenada a cumprir pena de 15 anos e oito meses.

Quando sair do Centro de Referência, volta para a Estevão Pinto ou vai para o Presídio José Abranches, em Ribeirão das Neves, não para casa. Ele está na prisão há nove anos. Ela ainda sonha em sair e viverem juntos. Mesmo com a condenação, Gleicilene espera poder em breve cumprir pelo menos o regime semiaberto. O advogado está recorrendo e um apelo são os filhos. Gleici, como é conhecida, também é mãe de Jéssica, de 18 anos, de dois meninos, de 16 e 4 anos, e de outra menina, de 12. A filha mais velha – que tem um filho de 1 ano e três meses, quase a idade da tia, o bebê Grazieli – cuida de todos os irmãos enquanto a mãe está presa. “Ela é quem vem me visitar, mas é difícil, porque toma conta de todos e eles não podem vir”, diz.

O coração fica apertado de saudade dos pequenos. O mais novo fica na escola integral e, segundo Gleici, chorava muito quando ia visitá-la. A cada 15 dias ela liga para eles, momento em que tenta manter a família de pé. “É difícil. A mãe é quem segura tudo. Sinto que sem eu tudo fica desestruturado. Mas sempre digo a eles que me arrependo do que fiz e que não quero que eles passem por isso. Eu e meu marido nunca aceitamos que eles fizessem nada de errado.” Gleici trabalha na cozinha do Centro de Referência. É lá que sonha com o dia em que vai sair. Quer montar um restaurante ou abrir um negócio. Desta vez, com tudo dentro da linha.

O sonho de Erlana Afonsina do Porto, de 33, era ter um menino. Teve e agora vive uma contagem regressiva. Cada dia que o pequeno, de seis meses, ganha de vida é menos um que os dois ficarão juntos. Ela é de Iapu, no Vale do Aço, onde foi presa e levada para o presídio de Inhapim. Grávida, foi transferida para Vespasiano, na Grande BH. A cerca de 250 quilômetros de distância ficaram as duas filhas, de 13 e 17 anos. “Só quero sair daqui e vê-las.” Sobre o crime, conta apenas que se envolveu com um rapaz e que gosta dele. Ele está preso em Governador Valadares. Os dois se comunicam por cartas. “Nunca vendi drogas, nunca roubei nada de ninguém”, ela se limita a dizer. Condenada a 11 anos e 10 meses, recorre para tentar diminuir a pena e manda cartas para a presidente Dilma Rousseff, suplicando liberdade. É o sonho comum de todas as detentas que querem vencer as grades que as separam dos filhos.

CORAÇÃO DE MÃE ENGAIOLADO

Seduzidas pela ilusão do dinheiro fácil, induzidas por amores bandidos ou incriminadas pelos companheiros, mulheres enfrentam a falta dos filhos e a dor de não poder vê-los crescer

Cíntia e a mais nova das cinco meninas: droga guardada em casa e marido preso como cúmplice ( Beto Novaes/EM/D.A PRESS)
Cíntia e a mais nova das cinco meninas: droga guardada em casa e marido preso como cúmplice

Uma renda semanal de quase R$ 2.000. Rápido, fácil, mas com consequências irreversíveis. Cíntia Vieira Gonçalves, de 32 anos, foi envolvida pelo tráfico. Na possibilidade de ganhar dinheiro sem fazer esforço, começou a guardar droga em casa para um amigo, no Bairro Céu Azul, Região da Pampulha, em BH. Escondia no forno micro-ondas, sem o marido saber. Ele, como ela conta, é um jovem trabalhador de carteira assinada, honesto e sem muitas ambições. Só queria estar junto da família. Para ele, bastava isso para ser feliz. Para ela, não.

Foi condenada a sete anos e seis meses, sendo quatro anos e um mês no regime fechado e o restante no semiaberto. Já cumpriu um ano e dois meses. Seu maior remorso: como ela foi pega em casa com droga, o marido foi levado junto e está preso também. “Corro mais atrás da liberdade dele do que da minha. Eu me arrependo mais por ele, que não tinha culpa de nada.” Juntos, os dois têm cinco meninas, de 16, 14, 12, 2 e a pequena Huiara, de 6 meses, que está com a mãe no Centro de Referência. As outras ficam com a mãe de Cíntia, mas mal suportam a distância. “É saudade demais. Mas agora é esperar para recomeçar.”

O recomeço será ao lado do marido, com quem se comunica por cartas. Fazem juras de amor. “Ele diz que quer ficar comigo, que me perdoou. Mas eu não me perdoo.” Cíntia não está presa pela primeira vez. Pelo mesmo motivo foi pega no Dia das Mães de 2007. Foi quando o companheiro descobriu o que fazia e como ganhava dinheiro. Não aceitou, pediu para ela parar, mas confiou que aquilo não aconteceria de novo. Em vão. Em 2012, ela foi detida novamente. “É muito difícil. Sinto falta das minhas filhas e elas de mim. Sinto saudades dele e espero que ele saia antes, porque é réu primário.”

Sirlene com a filha de 3 meses: expectativa pela liberdade e desafio de dar novo rumo à família ( Beto Novaes/EM/D.A PRESS)
Sirlene com a filha de 3 meses: expectativa pela liberdade e desafio de dar novo rumo à família

O SONHO DA LIBERDADE

A cada visita que recebe, Sirlene Silva dos Santos, de 33 anos, manda de volta para a casa um pouco dos seus pertences e da filha Pérola, de 3 meses. Para elas, o cadeado será destrancado em breve. Sirlene foi presa pela segunda vez por envolvimento com o tráfico, junto com o marido. Ele está na cadeia de Vespasiano. Estão casados há 11 anos.

Já teve a mesma sensação antes, de estar perto da liberdade, mas foi pega numa operação da Polícia Militar no Bairro Morro Alto, onde mora. Lá deixou, vivendo com parentes, um filho de 15 anos e outro de 9. Para sua saída, só faltava chegar às mãos da diretora do Centro de Referência a autorização judicial. Já tinha recebido a informação de que o documento havia sido expedido.

O mesmo aguarda o marido. Na volta para a casa, os planos são muitos: trabalhar, reunir os filhos novamente, zelar para que eles não caiam no crime. “Tentação sempre vai ter. O dinheiro é fácil. Mas não quero mais, quero mudança. Prometi para os meus filhos que nunca mais seria presa e vou cumprir.” Recentemente, ficou uma semana livre, em uma espécie de condicional para saber se está preparada para sair. Todo o tempo foi dedicado aos filhos. Passearam, fizeram almoço, dormiram juntos, se abraçaram. “Quero ter uma vida como a de todo mundo”, é o que pensa, ansiosa e nervosa, desde o dia em que recebeu a notícia de que ficaria livre.

O DIA COMUM QUE ACABOU NA CADEIA

Era 2 de novembro de 2012. Denismara Mariana, de 29, acordou às 5h30, como todos os dias. Deixou a filha de 8 anos na escola e seguiu para o trabalho no Bairro Prado, em Belo Horizonte. A viagem de Esmeraldas, na Grande BH, até o local onde funcionava o serviço de telemarketing era longa, mas ela não desistia. Por volta das 12h, uma vizinha buscava a criança na escola e com ela ficava até a mãe retornar, por volta das 19h. Naquele dia, Denismara ainda passou no supermercado, comprou mantimentos para a casa e para o lanche da menina. Lembra-se bem da rotina: “Cheguei em casa, guardei as compras, e minha filha já estava lá. Fizemos os deveres da escola, vimos um pouco de televisão. Ela dormiu e eu fui para a cama também”. O marido, motoboy, de 27, que, por causa de um acidente, recebia auxílio-doença e estava sem trabalho, chegou às 23h30. Trazia uma bolsa com drogas, armas e munição.

Os dois discutiram, Denismara não queria aquilo na casa dela, onde estava a filha. Queria preservá-la de tudo em que o pai estava envolvido. Mas chovia naquela noite e ela resolveu ceder. Pediu que no dia seguinte cedo ele levasse tudo embora. Não deu tempo. “A polícia estava monitorando. Chegou minutos depois que ele, acho que foi uma denúncia anônima.” A pequena acordou com o barulho da operação. Como não tinha com quem ficar, seguiu na viatura junto com os pais para o Ceresp Centro-Sul. O pai algemado, a mãe abraçada à filha. Denismara ainda tinha a esperança de que não ficaria presa. Em vão.

A partir daí, a rotina da criança mudou. Ela teve de se mudar para a casa da avó, no Bairro Serra, em Belo Horizonte. Mudou também de escola e de colegas. No fim de semana, não se arruma mais para ir passear com o pai ou ir ao parque com a mãe. Coloca uma roupa bonita, ajuda a avó a separar alguns alimentos e segue para o Presídio José Abranches. Vai de manhã para ver a mãe. À tarde, no mesmo caminho, em Ribeirão das Neves, vai com a avó ver o pai no Complexo Prisional Público-Privado.

Denismara foi condenada a 11 anos e três meses por associação ao tráfico. A Justiça entendeu que foi conivente com o marido. Cumpre dois quintos da pena em regime fechado e depois segue para o semiaberto. “Minha filha ficou sem os dois, a vida mudou toda. Só penso em sair logo e ficar com ela. Eu não tinha nada a ver com aquilo.” Denismara conversa com o marido por cartas e em todas, diz, ele pede perdão, promete que vai mudar de vida. “Eu imaginava que uma hora ou outra ele seria preso, mas eu, não.” Hoje, diz que não sabe se a união de 14 anos vai acabar quando eles se reencontrarem do lado de fora, mas não esconde que o ama. “Às vezes sinto raiva, mágoa, mas gosto dele.” Também por cartas se comunica com a filha. Todas as respostas terminam com a mesma declaração: “Mãe, eu te amo”.

VEJA AQUI A PRIMEIRA PARTE DA REPORTAGEM!

VEJA AQUI A TERCEIRA PARTE DA REPORTAGEM!

FONTE: Estado de Minas.


Detentas

ELAS NA CADEIA

Série especial do Estado de Minas mostra a realidade das detentas por trás das grades. Presas à família e ao passado deixado fora da cela, elas são cada vez mais numerosas e revelam medos, dramas, culpas e solidão que não aparecem nas sentenças ou estatísticas oficiais

Detenta em unidade da Grande BH: desintegração familiar é uma parte pouco conhecida das penas (Beto Novaes/EM/D.A PRESS)
Detenta em unidade da Grande BH: desintegração familiar é uma parte pouco conhecida das penas

Elas não acordam cedo para pegar o ônibus nem dão um beijo nos filhos ou no marido antes de seguir para o trabalho. Não telefonam para a escola nem vão às reuniões de pais de alunos. Um muro alto, portões pesados e uma sentença as separam do cotidiano de mulheres comuns. Amores bandidos, a ilusão de dinheiro fácil ou a presença no lugar e hora errados as separaram de suas famílias. E elas são cada vez mais numerosas, presas ao passado recente que as levou à penitenciária. Em Minas, são quase 3 mil, 20% a mais que há cinco anos. Todas presas ao que ficou do lado de fora.

Para retratar o cotidiano delas por trás das grades, visitas a três endereços: Centro de Referência à Gestante Privada de Liberdade, em Vespasiano, Presídio Feminino José Abranches Gonçalves, em Ribeirão das Neves, ambos na Grande BH, além do Presídio Alvorada, em Montes Claros, Norte de Minas. Deles emergem histórias que o Estado de Minas retrata a partir de hoje, em uma série de reportagens sobre o cotidiano feminino nas cadeias. Lá estão mães que se envolveram em crimes e tiveram que deixar seus filhos com parentes e mulheres que foram levadas pela polícia no momento em que também perdiam seus maridos. Todas com um sentimento em comum: a família se dissolveu no instante em que entravam na viatura, sem direito a despedida. Nas prisões de Minas, são 2.965 que dividem esse perfil.
Entre elas estão Patrícia e Sara, que mesmo detidas mantêm laços com os maridos, uma raridade entre as colegas. Bem mais comum é a situação de Fernanda e Juliana, abandonadas na prisão. Com ou sem apoio externo, todas acalentam o mesmo sonho de Sirlene e Maria de Fátima, que acordam todos os dias esperando a notícia da liberdade, que está próxima. Uma espera que se torna ainda mais angustiante para detentas como Gleicilene, Cíntia e Denismara, que convivem com a saudade sufocante dos filhos.

As histórias, com discretas mudanças de enredo, parecem se repetir com frequência inquietante entre a população carcerária feminina. A maior parte delas, 1.728, ainda nem foi julgada. Apesar de numerosas, são minoria em relação aos homens: 5,51% de um total de 51.785 presos nas 142 unidades do estado, segundo a Subsecretaria de Administração Prisional (Suapi). Os dados da Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds) mostram que a maior parte, 43,94%, está presa por tráfico de drogas. O crime de roubo vem na sequência: 12,93%, seguido de furto (10,79%) e homicídio (6,69%).

Entidades como a Pastoral Carcerária defendem que a mulher, quando condenada, cumpra penas alternativas em liberdade, para que mantenha laços com a família. “A maior parte dessas mulheres está presa por crimes ligados a entorpecentes. A prisão é o momento em que elas sofrem o abandono do companheiro. Muitas vezes, só recebem visita da mãe. Notamos que o perfil é de mulheres que têm mais de dois filhos menores, baixa escolaridade e cometeram crimes de menor gravidade”, detalha Maria de Lourdes de Oliveira, coordenadora da pastoral. Quase metade delas tem entre 18 e 29 anos, cor parda e ensino fundamental completo. Apenas 0,72% tem superior completo.

Recentemente, a Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República publicou diretrizes negociadas com os estados para melhorar o atendimento às detentas no país. O resultado, segundo a secretária-adjunta de Enfrentamento à Violência contra as Mulheres, Rosângela Rigo, deve aparecer a longo prazo, mas é uma forma de orientar os governos estaduais sobre o que é preciso fazer. “Ainda precisamos garantir atendimento adequado, como humanização e assistência jurídica, e também melhorar as ofertas de oportunidades na saída, para que elas sejam reinseridas na sociedade em melhores condições”, afirmou.

Enquanto o resultado das políticas públicas ainda é uma perspectiva, elas pagam por seus crimes com sofrimentos e particularidades que não aparecem nas sentenças que as condenaram. Nem nas estatísticas. Nas próximas páginas, do depoimento de cada uma emerge essa experiência, contada por elas mesmas, sem filtros. Sem advogados, diretores, agentes penitenciários por perto. Só elas e seus olhares, suas penas, culpas, medos, angústias e solidão.

A MULHER E O CÁRCERE

Dados da Secretaria de Estado de Defesa Social mostram que o número de presas em Minas cresceu quase 20% em cinco anos

Evolução

2010
2.472 detentas

2011
2.511 detentas

2012
2.501 detentas

2013
2.860 detentas

2014
2.965 detentas


Os crimes delas *

Tráfico de entorpecentes…….. 43,94%

Roubo…………………………….. 12,93%

Furto………………………………. 10,79%

Homicídio…………………………  6,69%

As idades *

18 a 24 anos…………………….14,16%

25 a 29 anos…………………… 22,58%

30 a 34 anos…………………… 20,68%

35 a 45 anos……………………. 27,78%

46 a 60 anos……………………. 13,41%

Mais de 60 anos………………..  1,32%

* Dados de 2014

Fonte: Suapi/Seds

NA LIBERDADE E NA PRISÃO

Para mulheres, momento da detenção costuma significar o fim do relacionamento amoroso. Minoria, as que conseguem manter laços com os companheiros se consideram privilegiadas

Enquanto dura a pena, Israel faz companhia a Patrícia  na foto, que lembra: lá fora há uma vida esperando (Beto Novaes/EM/D.A PRESS)
Enquanto dura a pena, Israel faz companhia a Patrícia na foto, que lembra: lá fora há uma vida esperando

Todos os domingos, o despertador do vigilante Israel Nogueira, de 44 anos, chama às 4h40. Ele se levanta, toma um banho, passa seu perfume, se arruma, ajunta presentes e lanches preparados na noite anterior e pega o ônibus de Ibirité até o Centro de Belo Horizonte. Lá, toma outra condução para chegar ao destino: o Centro de Referência à Gestante Privada de Liberdade, em Vespasiano, também na Grande BH. Entre um trajeto e outro lá se vão 46 quilômetros. Quando vence a distância são quase 9h. Israel é o primeiro da fila. O único homem. Ele vai visitar Patrícia Santos Moraes Cordeiro, de 33, e a filha Rebeca, de 2 meses.

Patrícia está detida desde o início do ano passado, quando descobriu que havia um mandado de prisão contra ela por envolvimento em um assassinato em 2003. Então grávida de quatro meses, foi direto para o centro de referência. “Quando ela sair, vamos nos casar”, planeja Israel, esperançoso. Ela segue para o regime semiaberto em um ano.

É uma contagem regressiva para o casal. “Quero trabalhar, ter minha vida ao lado dele. Vejo que sou quase a única a receber visita do marido aqui. É um conforto, né?”, comenta Patrícia, também mãe de um menino, de 17 anos, que vive com o ex-marido. Quando soube da condenação da mulher, Israel, muito sereno, só disse que estaria ao lado dela, sempre. “Sinto muito falta dela”, disse ele, por telefone depois de um dia de trabalho. “Encontramos forças juntos; tudo isso vai passar”, disse ela, agarrada a Rebeca, enquanto enxugava as lágrimas.

Sara se rendeu à insistência do pretendente depois de presa. Hoje, é uma das poucas que recebem visita do companheiro (Beto Novaes/EM/D.A PRESS)
Sara se rendeu à insistência do pretendente depois de presa. Hoje, é uma das poucas que recebem visita do companheiro

QUANDO O AMOR QUEBRA AS GRADES

Uma jovem bonita e simpática, que ainda conta com tranquilidade, sem muito pesar, como chegou ao Presídio Feminino José Abranches Gonçalves. Sara Maria Souza Pereira, de 21 anos, guardava drogas, fazia a entrega e ajudava a recolher o dinheiro, em troca de cerca de R$ 1.500 por semana. Era de manhã, sempre às 8h. Foi nesse horário que foi alvo de uma operação no Bairro Céu Azul, na Região da Pampulha, em BH. Já estava sendo monitorada. Correu junto a outras seis pessoas, mas não mais que os policiais. Todas foram presas.

Sara ainda não foi condenada. Em fevereiro, participou da segunda audiência. No fórum, foi a última vez que viu a filha, de 5 anos. A pequena é portadora de uma doença congênita, que a obriga a conviver com uma traqueostomia (abertura cirúrgica na tranqueia). Mesmo com uma vida tão turbulenta, Sara ficou noiva há seis meses, assim que chegou ao presídio. Lá fora está um rapaz de 27 anos, que gritou “eu te amo”, repetidamente, na porta do Ceresp Centro-Sul quando ela foi detida.

Ela não queria saber de visitas. Ele insistiu. Ela acabou cedendo. É um dos poucos homens que estão lá todos os dias de visitas, sábado ou domingo, quando larga seu restaurante, no Bairro Santa Mônica, na Pampulha, e segue para a José Abranches. “Ele sempre reclamou que eu fazia hora, mas resolvi dar uma chance. Ele está sempre comigo, sempre quer me ajudar. Já o coloquei em cada roubada… Uma vez, liguei pra ele de madrugada, pedindo para ir me buscar em um lugar. Eu estava com uma mala cheia de drogas e armas. Ele ficou tenso, mas me ajudou. É difícil achar alguém assim”, ela considera.

Nas sacolas, o pequeno empresário leva salpicão, macarrão e não deixa faltar o doce de leite, que ela tanto gosta. “Ele diz que de segunda a quarta-feira fica péssimo de saudades, de quinta a sábado fica ansioso. Não tem envolvimento nenhum com coisa errada e se preocupa muito comigo. Quando vem, pede para eu dividir tudo com as colegas, não ser egoísta, lavar as mãos antes de comer, escovar bem os dentes. É um carinho, não é qualquer um que ia fazer isso por mim. Ele tem esperança de que eu vá ficar aqui pouco tempo e que possamos nos casar.”

A filha de Sara fica com a avó e demanda muitos cuidados. Para a menina, a mãe diz que está “de castigo, porque fez uma coisa errada”. Mas ouve como resposta que o castigo está demorando demais a acabar. “Depois que meu pai morreu, a situação em casa ficou difícil e eu precisava de dinheiro para cuidar da minha filha. Trabalhava no salão, fazia unha, cabelo, tudo, mas não tinha o que precisava para ela. Entrei nessa vida do tráfico e todo o dinheiro eu gastava com ela. Agora, estou pagando.”

CONDENADA PELA FAMÍLIA

Conheça o drama da detenta que, mesmo jurando inocência, perdeu contato com parentes desde que foi presa, de carona em carro roubado. Laços rompidos são uma rotina na prisão

“Não esperava que minha mãe fosse me abandonar. perguntei se ela me amava. o telefone ficou mudo”, Fernanda Tatiana da Silva, de 29 anos

Três crianças – um menino de 5 anos e duas meninas, de 3 anos e 1 ano e seis meses – não veem a mãe desde 25 de novembro do ano passado. Antes da separação, não se abraçaram, nem se beijaram ou se despediram. Fernanda Tatiana da Silva, de 29, tomava conta de carros na Região de Venda Nova. No dia em que foi presa, precisava ir ao Centro e pegou carona com um colega. O carro era roubado e o rapaz, o principal suspeito de ter cometido um assalto. Ela jura que não tem nada a ver com o crime, mas acabou na cadeia. Grávida de quatro meses, aguarda julgamento da Justiça. Pela família, já foi condenada.

Fernanda nunca mais viu seus filhos, a mãe, o pai ou irmãos. Morre de saudades. Aos domingos, costumava reunir a família e cozinhar. Agora, na fila da penitenciária para a visitas nesse mesmo dia da semana, nenhum parente aparece. Os pais, conta, são muito rigorosos e nunca esperavam ver um dos quatro filhos na cadeia. Viraram as costas. Ela liga, manda cartas, chora, implora. Nada. “Não esperava que minha mãe fosse me abandonar neste momento. Preciso dela, sinto saudades dela. Perguntei a ela se me amava. O telefone ficou mudo.”

Não é fácil para Fernanda contar sua história, seu isolamento. As lágrimas não deixam. Para o tempo passar, ela estuda e trabalha de cuidadora (função de uma detenta que fica com o filho de outra para que a mãe da criança estude ou trabalhe). Com o dinheiro que recebe, compra seus cremes, biscoitos, xampus. Coisas que ela não tem alguém que possa levar.

“Esperava que eles sentissem minha falta”, disse, referindo-se de novo à família e contando que seu processo está nas mãos de um defensor público. “Meu pai tem condição de me ajudar, tenho uma prima que é advogada. Mas fui abandonada.” Hoje, só pensa em sair, abraçar os filhos e pedir perdão à mãe. “Nunca consegui explicar o que aconteceu, nunca consegui dizer que sou inocente. Nunca deveria ter pegado aquela carona. Mas foi um aprendizado. Vi que só Deus não me abandona.”

“Na rua experimentei maconha, cocaína, cola, tíner, crack. Olhava uns carros e gastava tudo em droga. mas sinto falta de ter alguém que goste de mim”, Juliana Gomes de Barros, de 28 anos

O VÍCIO COMO SEGUNDA PRISÃO

“Nunca tive casa, nunca tive ninguém.” É a sexta vez que Juliana Gomes de Barros, de 28 anos, está presa. A cadeia é o lar que ela nunca teve. Lá tem cama, comida, roupa, um travesseiro, um teto. Não se queixa. Queria mudar de vida, mas não consegue. Está presa há um ano e três meses por tráfico. Foi pega com um monte de gente em uma operação no Centro de BH, atrás do terminal rodoviário, onde costumava ficar. A rua era o seu lugar.

Usuária de crack, Juliana diz que pensa na droga todos os dias. Trabalha e estuda na prisão, mas ainda se sente presa ao vício. “Aqui me sinto em uma casa de recuperação.” Mas tem que se recuperar sozinha. Não tem mãe, que morreu há 10 anos, nem conhece o pai. As duas irmãs estão presas na Penitenciária Feminina Estevão Pinto – uma por roubo, outra por tráfico. O ex-marido está no Presídio Inspetor José Martinho Drumond. Duas filhas, de 8 e 10 anos, entregues à avó paterna, moram no Bairro Alto Vera Cruz. Outra, de 2, está com uma tia por parte de pai, no Bairro São Gabriel. “O juiz disse que sou má influência para elas e transferiu a guarda”, resume.

Juliana tem semblante pesado. Não sorri, parece não conseguir ficar à vontade para uma conversa. Pouco expressa os sentimentos, mas só até falar das filhas. Queria ter a oportunidade de reconquistá-las, dar às três uma vida normal. “Não tenho ninguém, nunca tive uma família. Na rua experimentei maconha, cocaína, cola, tíner, crack. Olhava uns carros e gastava em droga tudo o que ganhava. Comia o que os donos de restaurante no Centro davam para a gente. Mas sinto falta de ter alguém que goste de mim.”

No presídio, os dias de visita são longos, sofridos. Juliana vê as colegas receberem parentes e presentes. Ela fica sozinha na cela. Sua companhia é a Bíblia. Todos os dias abre o evangelho e lê os salmos 91 e 23. “Eles me dão força.” Os salmos 40 e 41 lhe dão esperança. “Sei que Deus vai me tirar desta vida. Esperarei com paciência, meu dia vai chegar, tenho fé.” As meninas sabem que têm mãe, mas assim chamam também a avó. “Sei que elas estão bem, mas dói muito. Só queria poder vê-las.”

VEJA AQUI A SEGUNDA PARTE DA MATÉRIA!

VEJA AQUI A TERCEIRA PARTE DA MATÉRIA!

VEJA AQUI A ÚLTIMA PARTE DA MATÉRIA!

FONTE: Estado de Minas.


120 mil mamografias gratuitas em Minas Gerais no “Outubro Rosa”

praça da estação - outubro rosa
O rosa tomou conta da Praça da Estação para marcar o mês de alerta contra o câncer de mama
Dez caminhões equipados com mamógrafos irão percorrer sete cidades mineiras, incluindo BH, durante este mês para realizar exames gratuitos em mulheres. A ação faz parte do “Outubro Rosa’, movimento internacional de conscientização sobre a importância dos exames de prevenção do câncer de mama. A previsão é a de que sejam feitas 120 mil mamografias.
Em Belo Horizonte, a campanha foi lançada nesta terça-feira (1º), com o rosa tomando conta da Praça da Estação e outros prédios públicos da capital. Além dos caminhões, este ano a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES/MG) vai ampliar o atendimento à mineiras: poderão fazer a mamografia mulheres a partir dos 40 anos até os 69. A faixa etária alvo da campanha, anteriormente, era a partir dos 45 anos.
O secretário de Estado de Saúde, Antônio Jorge de Souza Marques, acredita que haverá, para 2014, um aumento de 30% na meta estadual de mamografias, beneficiando cerca de 750 mil mulheres. Esse número é mais que o dobro do número de exames realizados em 2010.
Essa mobilização, segundo Sérgio Bicalho, coordenador do Programa Estadual de Controle do Câncer de Mama, reforça a proposta de diagnosticar a doença cada vez mais precocemente e, com isso, aumentar as chances de cura.
Para chamar ainda mais a atenção das mulheres e da sociedade, a secretaria iluminará prédios e monumentos públicos com tons de rosa também em Varginha, Montes Claros, Juiz de Fora, Uberaba, Governador Valadares e Divinópolis.
Santa Casa no Outubro Rosa - Luiz Costa/Hoje em Dia
                Também a Santa Casa de BH aderiu ao movimento “Outubro Rosa”
Alerta
Segundo Antônio Jorge, 39% das mulheres mineiras nunca fizeram exames de mamografia e o objetivo é reduzir ao máximo esse índice. No ano passado, o programa chegou a 99% dos municípios e, neste ano, mantendo a abrangência, a proposta é alcançar 50% das mulheres dentro da nova faixa de idade anunciada.
Em Minas, a projeção é a de que 4.700 novos casos de câncer de mama sejam registrados até o fim do ano. Para Sérgio Bicalho, questões culturais, falta de informação e orientação, problema estrutural nas unidades de saúde e só procurar o médico quando sente dores são os principais motivos para que as mulheres deixem de fazer o exame.
No ranking nacional, Minas saiu do quarto lugar em número de mamografias, para o segundo, com o total de 586.640 mamografias.
Os exames poderão ser feitos, nos caminhões adaptados, sem a necessidade de um pedido médico. Basta apresentar um documento com foto. Informações estão disponíveis no site da SES.

 FONTE: Hoje Em Dia.


Nova fórmula para levar à mesa

Pirâmide alimentar é redesenhada com o objetivo de melhorar a qualidade da dieta dos brasileiros. Nutrólogo mineiro, Enio Cardillo Vieira questiona valor dado ao feijão, que deveria estar na base

Nutrólogo Enio Cardillo alerta para consumo excessivo de batata e carne  (Beto Novaes/EM/D.A Press )
Nutrólogo Enio Cardillo alerta para consumo excessivo de batata e carne

Arroz, feijão, carne e salada. O prato presente na mesa de milhões de brasileiros é alardeado por especialistas há anos como uma combinação das mais saudáveis à mesa. Mas esse cardápio tem mudado, e para pior. A população está obesa, ainda que não seja responsabilidade só do que se consome (incluem-se aí o sedentarismo, o estilo de vida, o hábito alimentar e a atividade física), e o fast food assume importância indesejável.

.
No Brasil, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) publicou, em 2010,  dados da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF 2008/2009) indicando que o peso dos brasileiros aumentou nos últimos anos, devido à alimentação inadequada.
.
O excesso de peso em homens adultos saltou de 18,5% para 50,1% – ou seja, metade dos homens já estava acima do peso – e ultrapassou o excesso em mulheres, que foi de 28,7% para 48%.  Para resgatar a importância da boa alimentação e na tentativa de aproximar a informação, a pirâmide alimentar adaptada à população brasileira publicada em 1999 foi redesenhada para o modelo atual com 2.000 quilocalorias (kcal), atendendo a recomendação energética média diária para o brasileiro estabelecida pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
.
Assim, no desenho atual, os alimentos estão distribuídos em oito grupos e em quatro níveis, de acordo com o nutriente que mais se destaca na sua composição. Para cada grupo são estabelecidos valores energéticos, fixados em função da dieta e das quantidades dos alimentos, permitindo estabelecer os equivalentes em energia (kcal). Outra orientação é o planejamento das refeições conforme os grupos de alimentos. A alimentação deve ser composta por quatro a seis refeições diárias, distribuídas em três principais (café da manhã, almoço, jantar), com 15% a 35% das recomendações diárias de energia, e em até três lanches intermediários (manhã, tarde e noite), com 5% a 15% das recomendações diárias de energia.

Nova.-pirâmidealimentar.Dsaude

A pirâmide alimentar foi redesenhada com o objetivo de melhorar a qualidade da dieta dos brasileiros, já que ela é o instrumento mais usado no país para nortear qualitativa e quantitativamente o padrão alimentar da população. A pesquisadora Sonia Tucunduva Philippi, do Departamento de Nutrição da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo, elaborou e publicou o primeiro trabalho sobre essa pirâmide adaptada e colaborou com o Ministério da Saúde no desenvolvimento do Guia alimentar brasileiro com os cálculos do número de porções e valor energético médio de cada uma delas, para todos os grupos alimentares e para uma dieta de 2.000 kcal. O trabalho foi apresentado no V Congresso Brasileiro de Nutrição Integrada (CBNI). “A refeição é um momento de prazer e as boas escolhas alimentares devem ser levadas em conta. Não basta falar, é preciso orientar, auxiliar e levar a informação para a população.”

.

REGIONAL VALORIZADO

.

Sonia Philippi explica que nessa mudança a preocupação foi destacar os alimentos integrais e regionais. A proposta é que sejam mais  aproveitados. “Como o hábito regional não muda rapidamente, o esforço é resgatar o bom hábito alimentar. É preciso valorizá-lo a todo momento e, por isso, é interessante torná-lo mais próximo. Então, valoriza-se, por exemplo, as frutas do Nordeste, ou o maior consumo de leite, iogurte e queijo nas regiões que têm problema de cálcio entre seus habitantes. Ou sugere-se o consumo dos doces de Minas em menor quantidade”, explica.

.
Na nova pirâmide podem-se valorizar alimentos como iogurte, leite e queijo, ricos na culinária mineira e fonte de cálcio. Segundo o Ministério da Saúde, o brasileiro deve ingerir diariamente três porções de lácteos ao dia para obter a recomendação diária desse nutriente. Dados da Secretaria de Estado de Saúde de Minas mostram que, na faixa de 10 a 19 anos, 13,8% dos mineiros tinham o índice de massa corporal (IMC) acima do recomendado. Em 2012, eram 15,1%. No Brasil, de acordo com o último Vigitel – pesquisa do Ministério da Saúde feita por inquérito telefônico –, 21,7% dos meninos e 19% das meninas estavam acima do peso em 2008/2009.

.

“Quanto mais capim comemos, melhor”

.

Com experiência de sobra, o nutrólogo mineiro Enio Cardillo Vieira usa com seus pacientes a pirâmide alimentar do laboratório americano Mayo, um dos mais respeitados do mundo. Em relação à brasileira redesenhada, ele destaca a inversão do carboidrato (arroz, pão, massa, batata, mandioca) com as frutas e hortaliças (legumes e verduras). “Quanto mais capim comemos, melhor. A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda cinco porções de uma combinação de frutas e hortaliças. E é importante saber que uma porção é um punho cerrado ou uma mão cheia. Uma laranja, uma maçã, uma mão cheia de couve. O que não se deve é abusar do produto animal. Mas a pirâmide brasileira está correta, não tem grande novidade, a não ser nos detalhes”, diz.

.

Com o carboidrato na base da pirâmide brasileira, Cardillo lembra que é preciso ter cuidado com o consumo da batata. “Ela tem o índice glicêmico elevado porque a absorção da glicose é mais rápida que qualquer outro alimento. É contraindicada para quem tem diabetes. Walter Willett, da Universidade de Harvard, desenvolveu um estudo provando que grande parte da obesidade na população é pelo consumo em excesso da batata”, aponta.

.
O médico gosta da ideia de regionalização, mas faz uma ressalva: “É importante e lúcido incentivar o consumo de cupuaçu e graviola no Amazonas ou do feijão-de-corda no Nordeste. Mas não se pode perder o óbvio de vista, que o espírito da pirâmide é atender o ser humano, que é um só”.

.
Em acordo está o perigo da gordura, que precisa ser consumida cada vez menos. Ela é o maior vilão da alimentação. “Os alimentos que mais contribuem com as calorias são carboidratos, carnes e laticínios, além dos doces e do óleo. A gordura é a mais calórica, tem 9 calorias por grama. Deve ser evitada. É epidemiológica por acarretar alto índice de obesidade”, alerta Cardillo.

.

SUBSIDIAR

.

Apesar de achar a pirâmide alimentar brasileira sensata, o nutrólogo discorda de um ponto importante. “O feijão no terceiro andar tinha de estar na base. Cereais como arroz, centeio e trigo têm deficiência de aminoácido essencial ao organismo e que precisa ser obtido da dieta. As leguminosas, como feijão, ervilha, lentilha, são ricas em lisina. Portanto, arroz com feijão é a complementação perfeita, um ajuda o outro”.

.

Ele reforça que essa combinação, consagrada no Brasil, tem sua versão espalhada pelo mundo. “No México e na América Central é o milho com feijão. Na África, lentilha mais o sorgo. Em determinados países árabes, o trigo mais o grão de bico. No extremo Oriente, o arroz se junta à soja. Essa mistura é das mais saudáveis. Inclusive, o professor Dutra Oliveira, um pesquisador em nutrição, médico e professor aposentado da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, autoridade máxima em nutrição no Brasil, propôs ao governo brasileiro subsidiar o arroz e o feijão. Os produtos ficariam mais baratos e o povo mais nutrido. Mas ninguém se interessou”, lamenta Cardillo.

.

FONTES: Estado de Minas e Dieta e Saúde.


Por que as mulheres falam mais do que os homens?

Ao analisar estudos sobre o cérebro de primitivos, pesquisador da Turquia conclui que as mulheres falam mais porque precisaram desenvolver a habilidade com a linguagem enquanto os pares saíam para caçar

A partir das diferenças na anatomia do cérebro de homens e mulheres, Güvendir decidiu estudar como os processos distintos de comunicação podem ter surgido entre grupos tribais (Banco de imagens / sxc.hu)

A partir das diferenças na anatomia do cérebro de homens e mulheres, Güvendir decidiu estudar como os processos distintos de comunicação podem ter surgido entre grupos tribais
Quando elas dizem que querem discutir a relação, eles se assustam. Reza a lenda que, nesses casos, as mulheres quase sempre têm razão, mas falam muito. Os homens confessam que, muitas das vezes, são vencidos pelo cansaço. Mas que mecanismos físicos estão por trás dessa suposta tagarelice? O pesquisador Emre Güvendir, da Universidade de Trakya, na Turquia, traz uma explicação evolutiva. As diferenças estruturais relacionadas ao sexo nas áreas de linguagem do cérebro podem ser resultado de adaptações às diferentes pressões ambientais e sociais que homens e mulheres foram sofrendo ao longo do tempo.A partir das diferenças na anatomia do cérebro de homens e mulheres, Güvendir decidiu estudar como os processos distintos de comunicação podem ter surgido entre grupos tribais. Segundo ele, a história evolutiva pode explicar a diversidade no órgão. Tumbas de caçadores-coletores com crânios esmagados, antebraços quebrados ou ausentes, que foram tomados como troféus, e os pontos de pedra embutidas nos ossos contam uma história de violência na Pré-história. Levando em conta estudos anteriores, o pesquisador sugere que os homens eram os agentes da violência entre os grupos.

Enquanto eles eram mais envolvidos com a caça e as brigas tribais, as mulheres eram o principal espólio de guerra. As férteis eram valiosas moedas de troca nessas comunidades. Escravizadas ou doadas para manter a paz, acabavam garantindo a sobrevivência das tribos. A mudança de grupo, que, entre outros fatores, demandava a compreensão de um idioma diferente resultou em uma evolução da capacidade cognitiva, assim como a responsabilidade de cuidar da prole. “Nos tempos primitivos, cabia às mulheres o cuidado com os filhos e a manutenção do grupo coeso. Nesse sentido, desenvolver a linguagem pode ter trazido benefícios na medida em que isso ampliou a capacidade de argumentação, de comunicação e de ponderação das mulheres”, avalia Marcus Vinicius Minucci, professor adjunto da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio).

Fisiologicamente, segundo Güvendir, foram constatadas diferenças nos volumes absolutos e proporcionais do giro temporal superior (área Wernicke) e de suas subdivisões; e do giro frontal inferior (área de Broca) do polo frontal — região que não é associada à linguagem. “A partir de imagens obtidas com ressonância magnética, estudos anteriores verificaram que as mulheres tinham 23% a mais de massa na área de Broca, 13% a mais na área de Wernicke e 11% mais neurônios do que os homens nas áreas relacionadas à linguagem”, diz o pesquisador.

A área de Wernicke, segundo Minucci, está relacionada à compreensão da linguagem; e a área de Broca, à expressão motora da linguagem, a fala propriamente dita. As mulheres têm representação cerebral bilateral da linguagem, enquanto os homens possuem essa representação apenas no hemisfério esquerdo. O neurologista acredita que essas diferenças explicam a maior habilidade das mulheres, de forma geral, com o manuseio da linguagem, inclusive em seus aspectos subjetivos, não racionais e até mesmo não verbais.

Isso acontece porque o hemisfério direito é sintético, artístico, musical, intuitivo e não racional, ao passo que o esquerdo é objetivo, concreto, linear e “matemático”. “Em resumo, mulheres falam e interpretam a linguagem com os dois lados do cérebro, e homens apenas com o lado esquerdo. Isso pode explicar a dificuldade eventual que os homens têm de compreender as nuances de linguagem das mulheres”, conclui Minucci.

Especialista brasileiro alerta para o perigo das generalizações (CB/ DA Press)

Especialista brasileiro alerta para o perigo das generalizações
Ricardo Afonso Teixeira, neurologista do Instituto do Cérebro de Brasília e doutor em neurologia pela Universidade de Campinas (Unicamp), ressalta que, apesar das questões evolutivas e fisiológicas, homens e mulheres são criados em uma cultura que impulsiona a diferença de comportamentos. “As meninas começam a falar mais precocemente, leem e escrevem melhor. As brincadeiras de boneca e de casinha estimulam essas capacidades. Já os meninos são mais ativos fisicamente e chegam à idade adulta com uma melhor capacidade de orientação visuo-espacial”, sugere o médico. “Pensando na evolução, nossos ancestrais homens cuidavam mais da caça do que as mulheres. É bem razoável dizer que essa atividade seja ainda mais estimulante do que as esportivas.”

Volume

De acordo com Minucci, em geral, o cérebro dos homens tem um volume 10% maior e é de 11% a 12% mais pesado. Além disso, tem cerca de 4% a mais de células no córtex cerebral, que é a camada externa onde estão localizadas as funções cognitivas do ser humano. O neurologista Ricardo Afonso Teixeira, reforça que, embora o cérebro feminino seja menor, isso não faz delas menos inteligentes ou em posição de desvantagem. “Entretanto, o cérebro feminino tem fluxo sanguíneo e proporção de substância cinzenta mais avantajados”, ressalta.Segundo Minucci, a mielina — substância branca que envolve os axônios dos neurônios — é mais abundante nas mulheres, assim como a quantidade de fibras nervosas no corpo caloso, estrutura que une os dois hemisférios do cérebro. “Essas diferenças podem explicar a maior capacidade de processamento de informações apresentada pelas mulheres, que é uma observação do senso comum, no sentido de que elas sejam mais capazes de desempenhar varias tarefas, eventualmente até de forma concomitante.”

Teixeira completa que as mulheres têm maior hipocampo e amígdala cerebral menor. As duas são estruturas vizinhas, sendo o hipocampo uma das principais regiões do cérebro responsável pela memória e a amígdala pode ser comparada a uma válvula de regulação das emoções. Independentemente do gênero, o cérebro humano alcança o maior volume por volta dos 15 anos e, aos poucos, vai diminuindo. “Nos homens, a redução de volume é relativamente maior nas regiões frontais e temporais, enquanto, nas mulheres, isso é mais expressivo no hipocampo e nas regiões parietais”, diferencia Teixeira.

O neurologista destaca ainda que elas têm maior capacidade de se lembrar de eventos autobiográficos e de reconhecer fisionomias. Mulheres e homens também apresentam diferenças quando a tarefa é orientação espacial. “Temos dois sistemas neuronais que se complementam para esse fim. Um deles usa pistas visuais, como placas de trânsito e árvores, enquanto o outro usa direção e distância. Os homens tendem a se guiar mais pelo primeiro e as mulheres por pistas visuais. No mato, os homens têm menos chance de se perder, mas, em compensação, no shopping, as mulheres são imbatíveis.”

 (Soraia Piva / EM / DA Press)

O risco das generalizações

“As mulheres falam mais do que os homens e, em geral, isso pode ser o resultado de todas as diferenças estruturais existentes nas áreas relacionadas à linguagem. Entretanto, generalizações são sempre perigosas. Isso porque, apesar das influências genéticas e hormonais, existem outros fatores que também imprimem efeitos, até mesmo físicos, no cérebro humano. E é graças a essa complexa rede de interações entre o cérebro e o mundo que a humanidade produziu escritores como Shakespeare e Dostoiévski, e guerreiras como Joana d’Arc.”

Marcus Vinicius Minucci, professor da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro

FONTE: Estado de Minas.

neymar5


Se não existisse, a mulher deveria ser inventada. Quando realmente feminina, não há nada que se lhe compare. Ressalvo o fato de nunca ter experimentado injeção de heroína, carreirinha de cocaína e outras drogas que têm muitos admiradores. Contaram-me que a sensação proporcionada pela heroína é semelhante à que se deve ter ao entrar no paraíso, mas a mulher pode levar-nos ao paraíso terrestre.

Até o champanhe perde para a mulher, se bem que o ideal seja combinar os dois. “Buscai a mulher” escreveu Dumas Pai. “Tirando a mulher, o resto é paisagem” emendou Dante Milano. E o imenso Wagner, festejado outro dia pelos 200 anos do seu nascimento, constatou: “A música é mulher”.

Os livros de citações têm páginas e mais páginas dizendo mal da mulher, porque escritas por veados e/ou despeitados. Demóstenes (384-322 a.C.), antecipando-se ao doutor Dado Dolabella, teria dito: “A violência é agradável às mulheres”.

Difícil, mesmo, é entender o gosto das mulheres, daí o título deste belo suelto. Não todas, é verdade, mas milhões delas. Veja-se o entusiasmo pelo jogador Neymar. No futebol é um craque, um artista, um profissional que vai longe. Mas como tipo masculino? Tenham a santa paciência…

Dir-se-á que ganha bem e está ficando rico. E daí? Há milhões de outros muito mais ricos e bem-apessoados. Isso não obstante, as mocinhas gritam pelo craque e se hospedam no mesmo hotel, ou ficam nas calçadas suspirando pelo artista da bola. Que coisa, hein?

FONTE: Estado de Minas (coluna Tiro & Queda, Eduardo Almeida Reis).


Para se aposentar com mesmo salário, trabalhador deve contribuir por mais 7 anos

Quem quiser receber do INSS uma aposentadoria equivalente à sua média salarial pode ter de trabalhar por até sete anos além do exigido pela Previdência.

Dados do Ministério da Previdência obtidos pela reportagem mostram que, em média, o homem se aposenta com 54,8 anos de idade e 35,2 de contribuição.

Nessa situação, o fator previdenciário (que reduz o benefício de quem se aposenta cedo) “come” praticamente 30% do valor. Se ele tiver média salarial de R$ 1.000, terá só R$ 698 de aposentadoria.

Para manter o padrão salarial, precisaria adiar a aposentadoria e contribuir por mais cinco anos e dois meses, segundo cálculos do consultor atuarial especialista em Previdência Newton Conde.

O caso da mulher é pior. Com idade média de 51,9 anos na concessão do benefício (e 30 anos de pagamento ao INSS), teria de esperar, e contribuir, até os 59 anos. Ou seja, sete anos e um mês a mais. Caso contrário, o corte aplicado pelo fator será de 38%.

Para Conde, o segurado sofre essa grande redução na aposentadoria por falta de planejamento. “Na prática, o trabalhador completa o tempo mínimo para a aposentadoria e já pede o benefício”, afirma.

Os dados de idade e tempo de contribuição médios são de 2011 –os últimos disponíveis–, mas há pouca variação de um ano para outro.

Como muitos continuam trabalhando mesmo aposentados, o benefício, no início, vira uma segunda fonte de renda. “O problema é que eles só descobrem que o valor é baixo quando param de trabalhar”, diz Conde.

Em 2012, havia 703 mil aposentados na ativa e contribuindo, segundo o INSS. O número não considera os que estão na economia informal. O IBGE calcula em cerca de 5 milhões os aposentados que ainda estão trabalhando.

O pagamento cedo demais das aposentadorias contribui para o deficit previdenciário, que de janeiro a abril somou R$ 21 bilhões, com aumento de 28,1% sobre o mesmo período do ano passado.

A aposentadoria por tempo de contribuição exige só tempo mínimo de pagamento ao INSS (35 anos, para o homem, e 30, para a mulher).

Se uma mulher tiver contribuído ininterruptamente desde os 18 anos poderá se aposentar aos 48. Se viver até os 79, terá recebido do INSS por um tempo maior do que o de contribuição.

O ministro da Previdência, Garibaldi Alves, propõe uma reforma, com idade mínima de 60 anos para mulheres e 62 anos para homens.

PROBLEMA JURÍDICO

Além do deficit, a situação atual criou um problema jurídico. Aposentados que trabalham pedem que o tempo de contribuição após a concessão do benefício seja usado para recalcular o valor recebido da Previdência.

O Superior Tribunal de Justiça já deu ganho de causa aos segurados, mas o INSS, que estima em R$ 70 bilhões o custo só com as 24 mil ações que tramitam na Justiça, recorreu. O Supremo Tribunal Federal também deve se pronunciar sobre o caso.

Veja mais aqui sobre APOSENTADORIA E DESAPOSENTAÇÃO – vantagens.

Veja mais aqui sobre CÁLCULO DE BENEFÍCIO DE DOMÉSTICA – como fazer.

FONTE: UOL.


Universitário é condenado a pagar R$20 mil por organizar “rodeio das gordas”

Mulheres teriam sido humilhadas durante encontro esportivo estudantil (Reprodução internet/ www.orkut.com)
Mulheres teriam sido humilhadas durante encontro esportivo estudantil

Um aluno do campus de Araraquara (SP) da Unesp (Universidade Estadual Paulista) foi condenado a pagar 30 salários mínimos a um fundo de reparação por envolvimento no “rodeio das gordas”, que consistia em montar nas universitárias obesas. A brincadeira foi sugerida durante o Interunesp de 2010, evento esportivo que reúne milhares de alunos de todos os campi da universidade.

Várias estudantes teriam sido humilhadas pelo autor e pelo menos mais dois alunos, que fugiram da condenação – divulgada nesta semana, porque fizeram um acordo se comprometendo a doar 20 salários mínimos em forma de cestas básicas para instituições assistenciais. Já o outro universitário, chamado ao Ministério Público, se negou a fazer um acordo e acabou condenado.

De acordo com a denúncia, durante os jogos estudantis que também são marcados por festas, os três jovens ficavam incentivando outros estudantes a pularem nas costas das alunas consideradas acima do peso. A partir daí era contado o tempo em que eles permaneciam sobre as escolhidas, como se fosse uma montaria.

Dezenas de estudantes teriam sido vítimas do rodeio que tinha até página na internet. Em um site de relacionamento os universitários eram orientados a como participarem do “jogo”. O criador desse canal de comunicação foi um dos três citados no processo que foi julgado pela 2ª Vara Cível de Araraquara. Na acusação, o Ministério Público apontou que, entre outras coisas, as alunas teriam sido expostas a situação vexatória.

FONTE: Estado de Minas.

Retirar as mamas não é a única opção para prevenir o câncer, dizem médicos

 

Angelina Jolie - Brad Pitt - Viviane Jolie-Pitt
Brad e Angelina com os filhos Knox e Vivienne

SÃO PAULO – Retirar as mamas, como fez Angelina Jolie, é apenas uma das formas de se lidar com o fato de ter um risco aumentado para desenvolver tumores de mama e de ovário.

Mulheres nessa situação podem optar pelo rastreamento mais frequente para o câncer de mama, intercalando a cada seis meses exames de mamografia e ressonância magnética.

Podem ainda começar os exames preventivos mais cedo do que o habitual -a partir dos 25 anos, por exemplo. Para a população feminina em geral, a recomendação é de mamografia a cada dois anos, a partir dos 50 anos.

Também é possível optar pela quimioterapia preventiva, com a droga tamoxifeno. Cada caso é um caso, dizem os médicos. “É importante que as mulheres tenham pleno conhecimento de todas as opções que estão disponíveis. A mastectomia preventiva foi a escolha de Angelina Jolie, mas pode não ser o caso de uma outra mulher em situação similar”, afirma o médico Richard Francis, chefe de pesquisa do instituto inglês Breakthrough Breast Cancer.

Segundo a médica Maria Isabel Achatz, diretora de oncogenética do Hospital A.C. Camargo, para as mulheres portadoras de mutação dos genes BRCA1 e BRCA2, a retirada dos ovários e das trompas é ainda mais prioritária do que a das mamas.

Isso porque não há exames preventivos eficazes para diagnosticar precocemente tumores nessa região. “Em geral, os tumores de ovário são descobertos em estágios avançados e o desfecho é ruim”, diz ela.

A médica afirma que, nos casos de mulheres que já tiveram lesões malignas nas mamas e que carregam a mutação, a mastectomia preventiva é claramente indicada.

A cirurgia, porém, não é isenta de riscos e os resultados podem não ser tão bons porque a retirada de tecido mamário e de gordura é muito maior do que numa colocação de próteses de silicone só para fins estéticos.

Quando se deixa a aréola, o mamilo e algum tecido (é sempre impossível remover tudo) também sobra um risco residual (de 5%) de o tumor se desenvolver.

Mulheres com essa mutação genética também têm risco aumentado para outros tipos de câncer. Para o tumor de pâncreas, por exemplo, o risco é de 10%. “Homens também carregam essas mutações podem desenvolver câncer de pâncreas e de próstata e passar genes mutantes para os filhos, assim como as mulheres”, reforça Richard Francis.

FONTE: Hoje Em Dia.


Sem os seios, Angelina Jolie revela que passou por cirurgia para reduzir risco de câncer

 

Angelina Jolie
Angelina Jolie é casada com o ator Brad Pitt e tem seis filhos

NOVA YORK – A americana Angelina Jolie, uma das atrizes mais famosas do mundo, casada com o ator Brad Pitt, revelou que passou por uma dupla mastectomia preventiva para reduzir o risco elevado de câncer.

Em um artigo com o título “Minha opção médica” publicado no jornal New York Times, a atriz de 37 anos explica que decidiu passar pela operação porque tem uma mutação genética que aumenta o risco de câncer.

Em seu caso, a mutação genética, conhecida como BRCA1, representava 87% de possibilidades de desenvolver um câncer de mama  e 50% de padecer um câncer de ovários. A mãe de Angelina Jolie morreu de câncer aos 56 anos.

“Quando soube qual era minha situação, optei pela prevenção para minimizar o risco o máximo possível. Tomei a decisão de submeter-me a uma dupla mastectomia preventiva”, explica Jolie no artigo.

“Comecei com os seios porque meu risco de ter câncer de mama é maior do que o de ter câncer de ovário, e a operação é mais complexa”, afirma.

No dia 27 de abril a atriz concluiu os três meses de preparação para a operação, depois da qual seu risco de ter câncer de mama é de apenas 5%. Jolie, que teve três filhos com Brad Pitt e adotou outros três, afirma que está muito melhor depois da cirurgia.

Brad Pitt - Angelina Jolie
“A operação deixou pequenas cicatrizes que não chocarão nossos filhos”, conta Jolie

“Posso dizer a meus filhos que não devem ter medo de me perder por culpa de um câncer de mama”, escreve. Conhecida por ter interpretado a heroína dos jogos eletrônicos Lara Croft no cinema, Angelina Jolie, que nos últimos anos também estreou na direção, explica em detalhes a operação para retirada de tecido mamário e a substituição por implantes temporários.

“Você levanta com tubos de drenagem e extensores nos peitos. Parece uma cena de um filme de ficção científica. Mas alguns dias depois da operação, você pode voltar à vida normal”, recorda. A atriz também ressalta que Brad Pitt foi um grande apoio durante todo o processo.

“Conseguimos encontrar momentos para rir juntos. Sabíamos que era o melhor que podíamos fazer para nossa família e que nos uniria ainda mais. E foi assim que aconteceu”.

A operação deixou apenas pequenas cicatrizes que não chocarão nossos filhos, conta Jolie. “Pessoalmente não me sinto menos mulher. Me sinto mais forte e tomei uma decisão importante que não diminui em nada minha feminilidade”, completa.

Angelina Jolie, uma das atrizes mais bem pagas do mundo, lamenta que o teste para detectar a mutação genética BRCA1, assim como a BRCA2, custe mais de 3.000 dólares nos Estados Unidos, “um obstáculo para muitas mulheres”.

Também espera que seu caso sirva de exemplo para outras mulheres com risco de câncer. “Se escrevo agora sobre isto é porque espero que outras mulheres poderão beneficiar-se de minha experiência”.

“A vida está cheia de desafios. Os que não devem nos dar medo são os que podemos enfrentar e podemos controlar”, conclui.

FONTE: Hoje Em Dia.


Esposa e companheira têm direito a receber o benefício da pensão por morte de segurado. O entendimento é da JF/SP ao observar que, apesar de no país não se reconhecer os casamentos concomitantes, na esfera previdenciária é possível tal reconhecimento.

Duas

A JF/SP reconheceu o direito à pensão por morte de segurado com dupla união estável. A autora, ex-mulher e companheira do segurado até a data do falecimento, formulou pedido pleiteando a concessão do benefício previdenciário de pensão por morte, já concedido à outra companheira do falecido.

Consta nos autos que o segurado falecido casou-se com a autora da ação em 1976, com quem teve 2 filhos, tendo se separado em 1983, quando foi morar com a corré na ação, com quem também teve dois filhos. Desde então, era visto com as duas mulheres. A autora e seus filhos sempre tiveram um bom relacionamento com a corré, segunda companheira, e seus filhos, bem como com todos os membros da família do falecido. O segurado chegou a ter alguns períodos de internação hospitalar nos quais a autora e a corré se revezavam junto a ele, para acompanhar sua situação de saúde até o óbito.

O magistrado observou que as mulheres de submeteram ao fato de que o falecido tinha duas esposas, situação conhecida por todos os integrantes dos dois núcleos familiares mais próximos, e com bom relacionamento entre todos, de mútuo conhecimento e cooperação. “Assim, a meu ver, na data do óbito, tanto a autora quanto a coré eram verdadeiras companheiras do falecido“, afirmou.

O juiz considerou ainda que, apesar de que boa parte da jurisprudência pátria na esfera civil não reconheça as uniões estáveis simultâneas, na esfera previdenciária, protetiva das pessoas inseridas em estado de grande necessidade material e social, é possível tal reconhecimento.

Julgo procedente a ação, reconhecendo em favor da autora o direito de perceber o previdenciário de pensão por morte, em desdobro com a coré, que também comprovou a existência de união estável com o falecido“. Então, com resolução de mérito do processo nos termos do art. 269, inc. I, do CPC, condenou o INSS a pagar administrativamente o benefício às duas mulheres.

FONTE: Migalhas.


Acusado de estuprar 16 mulheres em BH, Pedro Meyer está solto desde o dia 10

 

Meyer estava preso no Presídio Inspetor José Martinho Drumond, na Grande BH (Juarez Rodrigues/EM/D.A Press)
Meyer estava preso no Presídio Inspetor José Martinho Drumond, na Grande BH

O ex-bancário Pedro Meyer Ferreira Guimarães, também conhecido como Maníaco do Anchieta, de 56 anos, está solto há 12 dias em Belo Horizonte. Acusado de estuprar 16 mulheres na década de 1990, ele estava preso desde 30 de março de 2012 no Presídio Inspetor José Martinho Drumond, em Ribeirão das Neves, na Grande BH, mas conseguiu ser liberado através de um habeas corpus expedido pela 5ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG).

De acordo com o advogado de Meyer, Lucas Laire Faria Almeida, o alvará de soltura foi motivado pelo “excesso de prazo da justiça na instrução do processo”. Segundo o defensor, o laudo de sanidade mental de Pedro foi pedido em abril passado, mas, um ano depois, ainda não ficou pronto. Conforme o TJMG, a avaliação ficou a cargo do Instituto Médico Legal (IML) e, como não foi apresentada, ocorreu o atraso na instrução, suspendendo duas audiências.

Vítima tem medo de Meyer

A notícia de que o Maníaco do Anchieta está solto vazou apenas nesta segunda-feira, quando uma das vítimas foi informada. A mulher está desesperada e relatou ter medo de Meyer. O acusado está em Belo Horizonte na casa de parentes e não pode deixar a cidade sem autorização judicial.

Maníaco pode ficar impune

Das 11 acusações contra Pedro Meyer encaminhadas pela Polícia Civil à Justiça, 10 foram consideradas prescritas e arquivadas. É que venceu o prazo de 16 anos previsto na lei em vigor na época dos fatos para julgamento. A prescrição é resultado da atuação do defensor do ex-bancário, que entrou com habeas corpus na Vara de Inquéritos pedindo o trancamento das ações, alegando que os crimes estavam prescritos.

Apenas um processo segue na 8ª Vara Criminal do Fórum Lafayette, porém o mesmo está suspenso aguardando o laudo do exame de sanidade mental.

Múltiplas vítimas nos ataques

Alguns dos processos contra Pedro Meyer têm mais de uma vítima. Em 1996, por exemplo, ele atacou duas irmãs de 11 e 13 anos, e a prima delas, de 12, no Bairro Nova Floresta, na Região Nordeste da capital. As adolescentes foram abordadas na entrada do prédio onde moravam e levadas para a garagem, sob a mira de um revólver. Nesse caso, a violência não se consumou, pois as garotas conseguiram fugir depois que o acusado saiu para verificar um barulho na escada.

Entenda o caso

  • Em 28 de março, ao passar pela Avenida Francisco Deslandes, no Bairro Anchieta, uma jovem de 26 anos viu Pedro Meyer e o reconheceu como o homem que a estuprou em 1997, no Bairro Cidade Nova;
  • A jovem seguiu Pedro até um prédio residencial no mesmo bairro e avisou seu pai, que chamou a polícia. O ex-bancário foi preso e levado para a Delegacia de Proteção à Mulher;
  • A notícia da prisão de Pedro Meyer e a divulgação de sua foto incentivaram várias mulheres a procurar a polícia para denunciar que ele era o responsável por crimes sexuais cometidos desde o início da década de 1990;
  • A polícia ouviu todas as vítimas e 16 mulheres reconheceram oficialmente o ex-bancário como o autor da violência sexual a que foram submetidas quando eram crianças ou adolescentes;
  • Um porteiro aposentado de 66 anos, preso e condenado por um estupro cometido na Cidade Nova em 1997, denunciou que foi vítima de um erro judiciário, por causa da semelhança física com o ex-bancário. A mulher que o havia reconhecido na polícia por ocasião do ataque, procurou a polícia e refez seu depoimento, afirmando que na verdade foi atacada por Pedro Meyer;
  • A polícia concluiu as investigações em julho e os processos no qual o ex-bancário aparece como acusado foram remetidos à Justiça;
  • Como as acusações foram consideradas prescritas, 10 processos já foram arquivados;
  • Com a demora para elaboração do laudo de sanidade mental, Pedro é solto pela Justiça.

FONTE: Estado de Minas.


 

Aos 45 anos, F.* entrou em desespero quando começou a receber mensagens cifradas. O problema se agravou a partir do momento em que foi ameaçada por pessoas que a espionavam e a perseguiam dia e noite. “Elas pareciam conhecer detalhes da minha vida que eu nunca havia revelado a ninguém”, relatou. Então, ela procurou ajuda especializada. Não em uma delegacia de polícia, mas na ala psiquiátrica de um hospital. Sem histórico de distúrbios mentais, perto de chegar à meia-idade, a mulher acabou diagnosticada com crise psicótica aguda. O que teria desencadeado o episódio seriam horas intermináveis no Facebook.

Doida internet

A dependência em internet já é um assunto bem discutido por psicólogos e psiquiatras, que consideram o vício semelhante ao de jogar ou beber. Agora, artigo publicado na revista Israel Journal of Psychiatry and Related Sciences sugere que a rede mundial favoreceu o surgimento de um tipo específico de distúrbio mental, a psicose de internet. O psiquiatra israelense Uri Nitzan encontrou três casos de mulheres previamente saudáveis que tiveram surtos psicóticos depois de começar a frequentar as redes sociais e salas de chat. Ele defende que pessoas sem muita intimidade com computadores e emocionalmente frágeis – F., por exemplo, cuidava de um idoso que morreu dois meses antes do surto – ficam mais suscetíveis a confundir realidade e ambiente virtual, a ponto de desenvolver o grave distúrbio.

“No nosso artigo, descrevemos apenas três casos. É claro que precisamos de estudos mais aprofundados, que incluam um número maior de pacientes. Contudo, delírios desencadeados pela internet já foram bem explorados pela literatura médica”, observa Nitzan. “Além disso, os sintomas apresentados pelas três pacientes encaixam-se perfeitamente no diagnóstico da psicose. Todas elas passavam por momentos difíceis em sua vida, tendo uma característica em comum: estavam tentando se reerguer com o auxílio da comunicação mediada pelo computador (CMC).” Esse termo refere-se a qualquer tipo de relação interpessoal exercida por meio de máquinas conectadas remotamente. Redes sociais, chats e serviços de mensagem instantânea são as mais populares.

O delírio não é uma condição exclusiva dos transtornos psicóticos. O uso de remédios e drogas, além de tumores no cérebro, também podem desencadeá-los. Nos casos descritos por Nitzan, porém, as pacientes não tinham contato com narcóticos nem tinham lesões cerebrais. O psiquiatra também não acredita que os surtos sofridos pelas três possam ser dissociados do uso da internet, daí a defesa de que esse tipo de psicose mereceria uma classificação à parte no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM, na sigla em inglês), um guia organizado pela Associação Psiquiátrica Americana e usado por profissisonais de todo o mundo, inclusive do Brasil.

Mensagens cifradas

“Nos três casos, elas afirmaram que os episódios psicóticos estavam intimamente relacionados com a internet. Os surtos giravam em torno de mensagens trocadas em sites, de pessoas que elas só conheceram no ambiente virtual e de supostos avisos cifrados que chegavam pelo computador”, diz Nitzan. O psiquiatra conta que tentou encaixar os casos nos transtornos de personalidade borderline, no transtorno delusional erotomaníaco – quando a pessoa acredita, erroneamente, que outra está apaixonada por ela –, na esquizofrenia e no transtorno esquizoafetivo, caracterizado por períodos de depressão e mania.

“Porém, nenhum deles se ajustava. Baseado em nossas experiências profissionais e em consultas que fizemos com outros colegas, nossa impressão é de que a CMC é capaz de gerar um espectro amplo de fenômenos psicopatológicos, que vão de leves experiências dissociativas a um episódio verdadeiramente psicótico”, diz.
Na ausência de uma classificação oficial para a psicose de internet, as três mulheres cujos relatos são descritos no artigo receberam diagnósticos diferentes dos hospitais psiquiátricos. Enquanto o caso de F. foi considerado um episódio psicótico leve, o de M., de 30 anos, foi classificado como esquizofrenia. A única experiência prévia da mulher com distúrbios mentais havia sido 10 anos antes, quando, pressionada pelos exames da universidade, passou a sofrer de ansiedade e teve de tomar um antidepressivo, além de fazer psicoterapia.

Na época em que entrou para o Facebook, M., que também não tinha muita intimidade com a internet e era totalmente leiga em redes sociais, estava separada do marido. Ela adicionou o perfil de um homem casado, que morava no exterior e não a conhecia. Esse usuário, com quem M. passou a trocar mensagens, tinha o hábito de postar videoclipes, e foi aí que os surtos começaram. “Gradualmente, ela começou a atribuir importância às cores, às palavras e às músicas dos clipes, convencida de que mensagens íntimas estavam escondidas por trás dessas ‘pistas’, imaginando que todas eram destinadas a ela”, conta Nitzan.

“Mergulhei em uma relação, comecei a fantasiar sobre o homem e a criar esperanças. Cheguei a um ponto em que minha correspondência com ele ocupava a maior parte do dia”, confessou a mulher. Ela respondia às mensagens achando que eram privadas, mas, como era ignorante em tecnologia, descobriu que qualquer pessoa poderia lê-las. M. começou a desconfiar de que a mulher ou os conhecidos do “namorado virtual” é que mandavam as mensagens, com alguma intenção maléfica. Ela procurava recados dele no rádio, na televisão, em anúncios publicitários e acreditou estar sendo perseguida.

Indícios fortes 
No caso de R., de 30, as alucinações chegavam a ser físicas. A mulher passou a frequentar redes sociais depois que foi demitida. Queria buscar emprego e novos contatos, mas o que encontrou foi um desconhecido, por quem acreditou estar apaixonada. “A um certo ponto, quando interagia pela internet com o homem, ela sentiu as mãos dele tocando suas costas e sua barriga. Essa alucinação ocorreu diversas vezes, acompanhada de muita ansiedade. Quando foi atendida (no hospital psiquiátrico), não conseguia explicar a impossibilidade de aquilo ocorrer. Seu diagnóstico final foi breve episódio psicótico”, recorda Nitzan.

O psiquiatra Tom Heston, da Universidade de St. Louis, concorda que é preciso considerar a psicose de internet como um distúrbio único, para facilitar o diagnóstico e o tratamento dos pacientes. “A comunicação mediada pelo computador passou por um crescimento explosivo nas últimas duas décadas.

Esse meio relativamente novo de interação com os outros tem o efeito único de eliminar dicas sociais que normalmente conseguimos captar quando estamos falando com uma pessoa diretamente. Isso pode criar mal-entendidos, erros de julgamento e, em casos extremos, o desenvolvimento de problemas mentais, como psicose”, diz.

“Embora ainda não tenha sido definida suficientemente bem para ser incluída no DSM, há indícios fortes para considerá-la um novo tipo de transtorno”, defende o médico. A psicose é uma condição mental severa e se for possível preveni-la, então isso precisa ser feito. No caso da psicose de internet, ela parece facilitada por comunicações em chats, redes sociais, e-mails etc.. Portanto, é possível prevenir alguns indivíduos mais suscetíveis por meio de educação, explicando a eles as limitações das relações interpessoais on-line”, acredita.

Para o pesquisador Peter W. Halligan, da Faculdade de Psicologia da Universidade de Cardiff, as alucinações associadas ao uso da internet precisam ser levadas em conta na avaliação psiquiátrica para uma indicação correta de tratamento. “A terapia cogntiva, por exemplo, pode ser extremamente útil para essas pessoas”, afirma.

Em 2005, ele publicou artigo na revista Psycopathology no qual também descrevia episódios psicóticos desencadeados por sites. Em um deles, um homem achou ter descoberto uma rede terrorista e começou a imaginar que seu telefone estava sendo grampeado pelas autoridades, que também teriam instalado câmeras escondidas em sua casa.

Assim como no estudo israelense, a falta de intimidade com a tecnologia foi considerada um fator de risco. “Essa é uma linha de pesquisa que merece atenção. Novos estudos poderão colaborar para constatar se, de fato, a psicopatia de internet deve ser considerada um fenômeno diferente dos que já conhecemos”, diz Halligan.

 

FONTE: Estado de Minas.