Mineira vende churros em rodoviária de Brasília para pagar a faculdade de direito
Faltam apenas quatro matérias para Maria Odete se tornar bacharel em direito. As mensalidades são pagas com o lucro que o doce recheado lhe dá, num ponto da rodoviária
![Jhonatan Vieira/Esp./CB/D.A.Press Jhonatan Vieira/Esp./CB/D.A.Press](https://i0.wp.com/imgsapp.em.com.br/app/noticia_127983242361/2015/12/18/718733/20151218162503156011u.jpg)
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Há sete anos, Maria Odete Silva vende churros na rodoviária do Plano Piloto. O carrinho está sempre ali, na plataforma inferior, de domingo a domingo. Por dia, dezenas de pessoas, ou até mesmo centenas, dependendo do movimento, aproveitam o intervalo entre uma viagem e outra para experimentar o quitute da dona Maria, 46 anos, que pode ser recheado de doce de leite, goiabada, chocolate ou mais de um sabor. Contudo, poucos sabem que a sobremesa alimenta uma outra carreira de Maria: a de advogada.
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Maria Odete nasceu em Araçuaí (MG), que tem 36 mil habitantes. Morava com os dois irmãos mais novos e a mãe, Maura Pereira, em uma roça. O pai, nunca conheceu. Quando estava com 7 anos, acompanhou a família em uma empreitada rumo à cidade de São Paulo. Maura buscava emprego como trabalhadora doméstica e, para isso, deixou os filhos na casa de uma tia. Por lá, ficaram quatro anos, até que a mãe decidiu retornar ao estado de origem, levando os meninos. Maria ficou na capital paulista, a pedido da parente.
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Dos 12 aos 19 anos, Maria se dedicou a uma única casa. Apesar de ter uma boa relação com a antiga patroa — chega a considerá-la uma segunda mãe — não conseguia conciliar a rotina de estudos com a labuta. “Estudava, mas daquele jeito. Vivia cansada demais”, define. Pouco depois, ela se casou e abandonou o emprego e também a capital. Passou a viver com o marido no interior de São Paulo, onde permaneceu por três anos e meio, enquanto durou o matrimônio.
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Solteira, retornou a São Paulo para trabalhar como babá. Alguns anos mais tarde, conheceu Marcos, com quem se casou e teve dois filhos, Mayara e Junior. Nessa época, começou a vender doces. A enchente que um dia invadiu a casa dela deixou intactos os saquinhos de balas, pirulitos e chicletes – o suficiente para que montasse, com a porta do guarda-roupa destruído pela correnteza, uma barraquinha de guloseimas na calçada. “Pedi R$ 10 emprestados à minha tia para dar comida aos meus filhos. Com o que sobrou, comprei os docinhos de que eles gostavam. Quando a água destruiu tudo, decidi vender as balas e, dos R$ 10, eu fiz R$ 15”, comenta.
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Uma doença pulmonar do filho, Marcos Junior, fez com que a família migrasse para o Distrito Federal, na expectativa de encontrar no ar puro do Planalto Central um refúgio. Mas não foi apenas o endereço que mudou. Aos 39 anos, Maria decidiu voltar a estudar. Matriculou-se no programa de Educação de Jovens e Adultos do Sesc, para concluir o ensino médio, e passou a vender de churros na rodoviária, de onde sairia o sustento da família.
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Enquanto os churros conquistavam os paladares, alimentavam também a mensalidade de R$ 907 do curso de direito em uma faculdade particular da Asa Sul. A apenas quatro matérias para se tornar bacharel em direito, sonha passar em concurso público para promotora. “Já pensei em desistir, porque fiquei muito tempo afastada da sala de aula e, ao retornar, não sabia se daria conta do recado. Eu mesma fui me surpreendendo, porque vi que sou capaz sim e faço isso com o maior prazer”, conta.
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Ingrediente amargo
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Para Maria, harmonizar as funções não é tarefa fácil, afinal, tanto a vida acadêmica quanto a profissional exigem tempo e dedicação. “Não tenho tanto tempo para estudar, como queria. Aos domingos, quando o movimento é menor, trago os livros e leio aqui mesmo. Quantas vezes a chuva molhou os questionários que estava estudando! Nas horas vagas, sempre dou uma estudadinha”, revela.
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Por vezes, a falta de recursos financeiros se torna um ingrediente amargo na luta diária de Maria pelo conhecimento: “Não é fácil, não. Fiquei sem pagar durante um tempo, mas, graças a Deus, quitei tudo. Às vezes atraso, peço para retirarem os juros e a equipe da faculdade me ajuda porque sabe que trabalho na rodoviária”.
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FONTE: Estado de Minas.
Fala inicial
Não posso mover meus passos,
por esse atroz labirinto
de esquecimento e cegueira
em que amores e ódios vão:
– pois sinto bater os sinos,
percebo o roçar das rezas,
vejo o arrepio da morte,
à voz da condenação;
– avisto a negra masmorra
e a sombra do carcereiro
que transita sobre angústias,
com chaves no coração;
– descubro as altas madeiras
do excessivo cadafalso
e, por muros e janelas,
o pasmo da multidão.
Batem patas de cavalos.
Suam soldados imóveis.
Na frente dos oratórios,
que vale mais a oração?
Vale a voz do Brigadeiro
sobre o povo e sobre a tropa,
louvando a augusta Rainha,
– já louca e fora do trono –
na sua proclamação.
Ó meio-dia confuso,
ó vinte-e-um de abril sinistro,
que intrigas de ouro e de sonho
houve em tua formação?
Quem ordena, julga e pune?
Quem é culpado e inocente?
Na mesma cova do tempo
cai o castigo e o perdão.
Morre a tinta das sentenças
e o sangue dos enforcados…
– liras, espadas e cruzes
pura cinza agora são.
Na mesma cova, as palavras,
o secreto pensamento,
as coroas e os machados,
mentira e verdade estão.
Aqui, além, pelo mundo
ossos, nomes, letras, poeira…
Onde, os rostos? onde, as almas?
Nem os herdeiros recordam
rastro nenhum pelo chão.
Ó grandes muros sem eco,
presídios de sal e treva
onde os homens padeceram
sua vasta solidão…
Não choraremos o que houve,
nem os que chorar queremos:
contra rocas de ignorância
rebenta a nossa aflição.
Choramos esse mistério,
esse esquema sobre-humano,
a força, o jogo, o acidente
da indizível conjunção
que ordena vidas e mundos
em pólos inexoráveis
de ruína e de exaltação
Ó silenciosas vertentes
por onde se precipitam
inexplicáveis torrentes
por eterna escuridão!
Romance XI ou do punhal e da flor
Rezando estava a donzela,
rezando diante do altar.
E como a viam mirada
pelo Ouvidor Bacelar!
Foi pela Semana Santa.
E era sagrado, o lugar.
Muito se esquecem os homens,
quando se encantam de amor.
Mirava em sonho, a donzela,
o enamorado Ouvidor.
E em linguagem de amoroso
arremessou-lhe uma flor.
Caiu-lhe a rosa no colo.
Girou malícia pelo ar.
Vem, raivoso, Felisberto,
seu parente, protestar.
Era na Semana Santa.
E estavam diante do altar.
Mui formosa era a donzela,
E mui formosa era a flor.
Mas sempre vai desventura
onde formosura for.
Vede que punhal rebrilha
na mão do Contratador!
Sobe pela rua a tropa
que já se mandou chamar.
E era à saída da igreja,
depois do ofício acabar.
Vede a mão que há pouco esteve
contrita, diante do altar!
Num botão resvala o ferro:
e assim se salva o Ouvidor.
Todo o Tejuco murmura,
– uns por ódio, uns por amor.
Subir um punhal nos ares,
por ter descido uma flor!
Antecedentes
Desde meados do século XVIII fazia-se sentir o declínio da produção aurífera nas Minas Gerais. Por essa razão, na segunda metade desse século, a Coroa portuguesa intensificou o controle fiscal sobre a sua colônia na América do Sul, proibindo, em 1785, as atividades fabris e artesanais na Colônia e taxando severamente os produtos vindos da Metrópole.
Desde 1783 fora nomeado para governador da capitania de Minas Gerais D. Luís da Cunha Meneses, reputado pela sua arbitrariedade e violência. Sem compreender a real razão do declínio da produção aurífera – o esgotamento das jazidas de aluvião – e atribuindo o fato ao “descaminho” (contrabando), a Coroa instituiu a cobrança da “derrama” na região, uma taxação compulsória em que a população de homens-bons deveria completar o que faltasse da cota imposta por lei de 100 arrobas de ouro (1.500 kg) anuais quando esta não era atingida.Era também descontado o quinto 20% do ouro e da quantidade escravos(capitalização)
A conjuração
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O poeta árcade Tomás Antônio Gonzaga, uma das figuras do movimento.
Estes fatos atingiram expressivamente a classe mais abastada de Minas Gerais (proprietários rurais, intelectuais, clérigos e militares) que, descontentes, começaram a se reunir para conspirar. Entre esses descontentes destacavam-se, entre outros, o contratador Domingos de Abreu Vieira, os padres José da Silva e Oliveira Rolim, Manuel Rodrigues da Costa e Carlos Correia de Toledo e Melo, o cônego Luís Vieira da Silva, os poetas Cláudio Manuel da Costa, Inácio José de Alvarenga Peixoto e Tomás Antônio Gonzaga, o coronel Francisco Antônio de Oliveira Lopes, o capitão José de Resende Costa e seu filho José de Resende Costa Filho, o sargento-mor Luís Vaz de Toledo Pisa e o alferes Joaquim José da Silva Xavier, apelidado de “Tiradentes”.
A conjuração pretendia eliminar a dominação portuguesa de Minas Gerais, estabelecendo um país independente. Não havia a intenção de libertar toda a colônia brasileira, pois naquele momento uma identidade nacional ainda não havia se formado. A forma de governo escolhida foi o estabelecimento de uma República, inspirados pelas ideias iluministas da França e da Independência dos Estados Unidos da América (1776). Ressalve-se que não havia uma intenção clara de libertar os escravos, já que muitos dos participantes do movimento eram detentores dessa mão-de-obra.
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Óleo sobre tela de Leopoldino de Faria (1836-1911) retratando a Resposta de Tiradentes à comutação da pena de morte dos Inconfidentes. A tela foi encomendada pela Câmara Municipal de Ouro Preto no final do século XIX, para homenagear Tiradentes, o Mártir da Inconfidência, como passou a ser retratado após a Proclamação da República.
Entre outros locais, as reuniões aconteciam em casa de Cláudio Manuel da Costa e de Tomás Antônio Gonzaga, onde se discutiram os planos e as leis para a nova ordem, tendo sido desenhada a bandeira da nova República, – uma bandeira branca com um triângulo e a expressão latina “Libertas Quæ Sera Tamen” – , cujo dístico foi aproveitado de parte de um verso da primeira écloga de Virgílio e que os poetas inconfidentes interpretaram como “liberdade ainda que tardia”.
O novo governador das Minas, Luís António Furtado de Castro do Rio de Mendonça e Faro, visconde de Barbacena, estava determinado a lançar a derrama, razão pela qual os conspiradores acertaram que a revolução deveria irromper no dia em que fosse decretado o lançamento da mesma. Esperavam que nesse momento, como apoio do povo descontente e da tropa sublevada, o movimento fosse vitorioso.
A conspiração foi desmantelada em 1789, ano da Revolução Francesa. O movimento foi traído por Joaquim Silvério dos Reis, que fez a denúncia para obter perdão de suas dívidas com a Coroa. O visconde de Barbacena mandou abrir, em junho de 1789, a sua Devassa com base nas denúncias de Silvério dos Reis, Basílio de Brito, Malheiro do Lago, Inácio Correia Pamplona, tenente-coronel Francisco de Paula Freire de Andrade, Francisco Antônio de Oliveira Lopes, Domingos de Abreu Vieira e de Domingos Vidal de Barbosa Laje.
Os réus foram acusados do crime de “lesa-majestade” como previsto pelas Ordenações Filipinas, Livro V, título 6, materializado em “inconfidência” (falta de fidelidade ao rei):
- “Lesa-majestade quer dizer traição cometida contra a pessoa do Rei, ou seu Real Estado, que é tão grave e abominável crime, e que os antigos Sabedores tanto estranharam, que o comparavam à lepra; porque assim como esta enfermidade enche todo o corpo, sem nunca mais se poder curar, e empece ainda aos descendentes de quem a tem, e aos que ele conversam, pelo que é apartado da comunicação da gente: assim o erro de traição condena o que a comete, e empece e infama os que de sua linha descendem, posto que não tenham culpa.“2 nota 1
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Jornada dos Mártires, por Antônio Parreiras. Retrata a passagem, em Matias Barbosa, dos inconfidentes presos.
Os líderes do movimento foram detidos e enviados para o Rio de Janeiro. Ainda em Vila Rica (atual Ouro Preto), Cláudio Manuel da Costa faleceu na prisão, onde acredita-se tenha sido assassinado, suspeitando-se, em nossos dias que a mando do próprio Governador. Durante o inquérito judicial, todos negaram a sua participação no movimento, menos o alferes Joaquim José da Silva Xavier, que assumiu a responsabilidade de chefia do movimento.
Em 18 de abril de 1792 foi lida a sentença no Rio de Janeiro. Doze dos inconfidentes foram condenados à morte. Mas, em audiência no dia seguinte, foi lido decreto de Maria I de Portugal pelo qual todos, à exceção de Tiradentes, tiveram a pena comutada.3
Os degredados civis e militares foram remetidos para as colônias portuguesas na África, e os religiosos recolhidos a conventos em Portugal. Entre os primeiros, viriam a falecer pouco depois de terem chegado à África, o contratador Domingos de Abreu Vieira, o poeta Alvarenga Peixoto e o médico Domingos Vidal de Barbosa Lage. Os sobreviventes reergueram-se integrados no comércio e na administração local, alguns mesmo tendo se reintegrado na vida política brasileira.4
Consequências
A Inconfidência Mineira transformou-se em símbolo máximo de resistência para os mineiros, a exemplo da Guerra dos Farrapos para os gaúchos, e da Revolução Constitucionalista de 1932 para os paulistas. A bandeira idealizada pelos inconfidentes foi adotada por Minas Gerais.
A execução de Tiradentes e exposição pública do seu corpo
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Tiradentes esquartejado (Pedro Américo, 1893).
Tiradentes, o conjurado de mais baixa condição social, foi o único condenado à morte por enforcamento, sendo a sentença executada publicamente a 21 de abril de 1792 no Campo da Lampadosa. Outros inconfidentes haviam sido condenados à morte, mas tiveram suas penas reduzidas para degredo, na segunda sentença. A casa onde ele viveu foi destruída.
Após a execução, o corpo foi levado em uma carreta do Exército para a Casa do Trem (hoje parte do Museu Histórico Nacional), onde foi esquartejado. O tronco do corpo foi entregue à Santa Casa de Misericórdia, sendo enterrado como indigente. A cabeça e os quatro pedaços do corpo foram salgados, para não apodrecerem rapidamente, acondicionados em sacos de couro e enviados para as Minas Gerais, sendo pregados em pontos do Caminho Novo onde Tiradentes pregou suas ideias revolucionárias. A cabeça foi exposta em Vila Rica (atual Ouro Preto), no alto de um poste defronte à sede do governo. O castigo era exemplar, a fim de dissuadir qualquer outra tentativa de questionamento do poder da metrópole.
Tiradentes, ao contrário do que se pensa, não tinha barba e cabelos longos quando foi enforcado, na prisão, onde ficou por algum tempo antes de cumprir sua pena, teve o cabelo e barba raspados para evitar a proliferação de piolhos, a própria posição de alferes não permitia tal aparência. Após a decapitação e exposição pública, a cabeça de Tiradentes foi furtada, sendo o seu paradeiro desconhecido até os dias de hoje.
Foi alçado posteriormente, pela República Brasileira, à condição de um dos maiores mártires da independência do Brasil e como um dos precursores da República no país.
Galeria
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Bandeira dos inconfidentes (1789)
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Bandeira dos inconfidentes (atual Bandeira de Minas Gerais)
A bandeira da Inconfidência Mineira tinha originalmente o triângulo verde, porém a bandeira que virou símbolo do movimento, e atualmente é a bandeira oficial do estado de Minas Gerais, com o triângulo vermelho.
EFERVESCÊNCIA INTELECTUAL
Conjuração Mineira ou Conspiração Mineira traduz com mais fidelidade os anseios e razões daqueles que se rebelaram contra a ordem estabelecida na colônia. E não a denominação imposta por quem estava no poder e contou a história como queria, acredita Villalta. O cenário no qual a Conjuração Mineira floresceu era de efervescência intelectual e política, a exemplo do que ocorria na Europa e no continente americano, em especial, com a independência, em 1776, das 13 colônias que deram origem aos Estados Unidos. Ao se libertar da Inglaterra, o novo país serviu de espelho para quem vivia aqui nos trópicos, compara o professor, lembrando que, nessa época, as transformações eram também mentais, pois as pessoas enxergavam a possibilidade de se cortarem os laços com a metrópole, Portugal.
O 21 DE ABRIL
O feriado do dia 21 de Abril se refere à morte de Tiradentes, que foi enforcado no Rio de Janeiro em 1792. A Conjuração Mineira se deu entre aproximadamente 1788 e 1789. A palavra inconfidente tinha um sentido pejorativo e, aos olhos e ouvidos da coroa portuguesa, significava traidor. Conjuração quer dizer conspiração e é mais apropriado aos ideais dos mineiros do século 18. A bandeira da república dos inconfidentes tinha, no centro do pano branco, um triângulo vermelho simbolizando a Santíssima Trindade e a inscrição retirada do poeta Virgílio: Libertas quae sera tamem (Liberdade ainda que tardia). Em Minas, na segunda metade do século 18, houve outros movimentos que receberam o nome de inconfidência: em Curvelo, Sabará e Mariana. Nesses casos, não houve repercussão como em 1789. Outra revolta memorável contra a cobrança exorbitante de impostos foi a Sedição de Vila Rica, em 1720, que teve à frente Felipe dos Santos.
Cenário
Passei por essas plácidas colinas
e vi das nuvens, silencioso, o gado
pascer nas solidões esmeraldinas.
Largos rios de corpo sossegado
dormiam sobre a tarde, imensamente,
– e eram sonhos sem fim, de cada lado.
Entre nuvens, colinas e torrente,
uma angústia de amor estremecia
a deserta amplidão na minha frente.
Que vento, que cavalo, que bravia
saudade me arrastava a esse deserto,
me obrigava a adorar o que sofria?
Passei por entre as grotas negras, perto
dos arroios fanados, do cascalho
cujo ouro já foi todo descoberto.
As mesmas salas deram-me agasalho
onde a face brilhou de homens antigos,
iluminada por aflito orvalho.
De coração votado a iguais perigos
vivendo as mesmas dores e esperanças,
a voz ouvi de amigos e inimigos
Vencendo o tempo, fértil em mudanças,
conversei com doçura as mesmas fontes,
e vi serem comuns nossas lembranças.
Da brenha tenebrosa aos curvos montes,
do quebrado almocafre aos anjos de ouro
que o céu sustêm nos longos horizontes,
tudo me fala e entende do tesouro
arrancado a estas Minas enganosas,
com sangue sobre a espada, a cruz e o louro.
Tudo me fala e entendo: escuto as rosas
e os girassóis destes jardins, que um dia
foram terras e areias dolorosas,
por onde o passo da ambição rugia;
por onde se arrastava, esquartejado,
o mártir sem direito de agonia.
Escuto os alicerces que o passado
tingiu de incêndio: a voz dessas ruínas
de muros de ouro em fogo evaporado.
Altas capelas cantam-me divinas
fábulas. Torres, santos e cruzeiros
apontam-me altitudes e neblinas.
Ó pontes sobre os córregos! ó vasta
desolação de ermas, estéreis serras
que o sol freqüenta e a ventania gasta!
Armado pó que finge eternidade,
lavra imagens de santos e profetas
cuja voz silenciosa nos persuade.
E recompunha as coisas incompletas:
figuras inocentes, vis, atrozes,
vigários, coronéis, ministros, poetas.
Retrocedem os tempos tão velozes
que ultramarinos árcades pastores
falam de Ninfas e Metamorfoses.
E percebo os suspiros dos amores
quando por esses prados florescentes
se ergueram duros punhos agressores.
Aqui tiniram ferros de correntes;
pisaram por ali tristes cavalos.
E enamorados olhos refulgentes
– parado o coração por escutá-los
prantearam nesse pânico de auroras
densas de brumas e gementes galos.
Isabéis, Dorotéias, Heliodoras,
ao longo desses vales, desses rios,
viram as suas mais douradas horas
em vasto furacão de desvarios
vacilar como em caules de altas velas
cálida luz de trêmulos pavios.
Minha sorte se inclina junto àquelas
vagas sombras da triste madrugada,
fluidos perfis de donas e donzelas.
Tudo em redor é tanta coisa e é nada:
Nise, Anarda, Marília…- quem procuro?
Quem responde a essa póstuma chamada?
Que mensageiro chega, humilde e obscuro?
Que cartas se abrem? Quem reza ou pragueja?
Quem foge? Entre que sombras me aventuro?
Quem soube cada santo em cada igreja?
A memória é também pálida e morta
sobre a qual nosso amor saudoso adeja.
O passado não abre a sua porta
e não pode entender a nossa pena.
Mas, nos campos sem fim que o sonho corta,
vejo uma forma no ar subir serena:
vaga forma, do tempo desprendida.
É a mão do Alferes, que de longe acena.
Eloqüência da simples despedida:
“Adeus! que trabalhar vou para todos!…”
(Esse adeus estremece a minha vida.)
PDF: Romanceiro
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Os irmãos Tiago Carneiro, à esquerda, e José Felipe Carneiro durante a premiação no campeonato internacional ‘World Beer Cup’ |
O Brasil levou medalha de ouro na ‘World Beer Cup’, a Copa do Mundo da Cerveja, campeonato que reúne quase 4,8 mil cervejas de 1403 cervejarias em 58 países. O evento bianaual é realizado em Denver, Colorado, nos Estados Unidos. A conquista é da cervejaria mineira Wäls, que marcou ponto em duas categorias. “Tivemos um feito histórico. Fomos premiados com o ouro da Dubbel e a Quadrubbel levou medalha de prata”, conta o empresário Miguel Carneiro, fundador da empresa. Para ele, a premiação traz muita responsabilidade, mais também reconhecimento. “Uma premiação dessas significa mais exportação para a gente. As cervejas que foram premiadas chegam a outros países já com divulgação”, diz.
A Dubbel e a Quadruppel são duas das 12 cervejas feitas pela Wäls. A fábrica produz 30 mil litros de cerveja por mês para todo o Brasil – principalmente Sul, Sudeste e Distrito Federal – além de atender pedidos de cervejas mais personalizadas e sazonais. Os produtos podem ser encontrados em supermercados Premium e bares especializados de Belo Horizonte. No site da empresa (www.wals.com.br) você encontra a lista de locais de venda em todo o país. Para quem quiser experimentar, uma garrafa tem preço médio de R$ 15,00. Combina com carnes vermelhas e também com sobremesas achocolatadas, segundo o expert.
A empresa começou a exportar alguns de seus produtos para os Estados Unidos e em julho exportará 30 mil garrafas para o Canadá. O primeiro container foi para Denver, no Colorado (EUA), com 20 mil garrafas de cerveja. Segundo a empresa, nesta primeira etapa, a cerveja que entrou no mercado americano foi a Petroleum e com marca própria: a Belô São Francisco e a Belô Ipê. A primeira é uma homenagem à capital mineira, ao bairro onde está situada a fábrica e à Igrejinha da Pampulha. A Belô Ipê brinda os famosos ipês da capital que florescem na primavera.
Sabor e aroma
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À esquerda a vencedora, a cerveja Dubbel. Ao lado, a Quadruppel. |
A Dubbel, cerveja ganhadora da medalha de ouro, pertence ao estilo Belgian Strong Ale, de aparência castanha escura, espuma densa e duradoura. Tem aroma de frutas secas com notas de especiarias e maltes especiais. Paladar com persistência do torrado, levemente picante e bastante seca. É refermentada na garrafa com 7,5 % de álcool e 26 IBU’s (índice de unidade de amargor).
Já a medalha de prata, a Quadruppel, é uma Belgian Strong Ale Quadruppel, elaborada com quatro tipos de malte, nobre cepa de levedura, lúpulos especiais e várias especiarias. A bebida tem coloração marrom rubi, equilibrado amargor, espuma aveludada e intenso aroma e sabor de malte, chocolate toffee, mel e frutas secas. A cerveja é maturada em carvalho francês marinado com cachaça genuinamente mineira, refermentada na garrafa com 11% de álcool e 35 IBU’s.
Paladar mineiro
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Petroleum com marca própria em homenagem a BH |
VEJA AQUI MAIS UMA PREMIAÇÃO PARA AS CERVEJAS MINEIRAS!
FONTE: Estado de Minas.
Mineira de 102 anos começa a ser alfabetizada para concretizar sonhoExemplo do aumento da longevidade expresso em pesquisa do IBGE, mineira do Vale do Rio Doce mostra a importância da socialização e estuda para realizar o sonho de ler toda a Bíblia
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Dona Ana exibe com orgulho material didático: “Não tive a oportunidade de estudar quando era mais nova. Me tiraram para trabalhar na roça” |
Essa sexta-feira foi um dia especial para Ana da Cruz de Almeida, de 102 anos. Nascida em Ramalhete, um povoado do Vale do Rio Doce, ela exibiu às colegas de classe – e com largo sorriso – tanto o cachecol de lã branca que ganhou de presente, no início da semana, quanto o caderno cheio de desenhos coloridos e palavras escritas a lápis.
Mesmo sem saber, dona Ana pratica os ensinamentos da geriatra Karla Giacomin, do Núcleo de Estudos de Saúde Pública e Envelhecimento da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Ao falar sobre o aumento da expectativa de vida da população brasileira demonstrado pelo IBGE, ela recomenda: “Não fumar, beber com moderação, praticar atividade física, ter alimentação equilibrada e ter amigos. Quando se envelhece, é muito necessário manter essa conexão com o mundo”. Com disposição de fazer inveja a muita gente, dona Ana mantém essa ligação como poucos e sonha ser alfabetizada para poder ler a Bíblia Sagrada do início ao fim. “Gosto de rezar, todas as noites, para o Senhor Jesus.”
Comunicativa, a idosa faz questão de apresentar as amigas de classe. A maioria divide os quartos no Lar Santa Rita de Cássia. Outras moram na comunidade – a Escola João Pinheiro está entre o Anel Rodoviário e a Via Expressa. “Todas da turma das flores são exemplos de vida. Com elas, temos muito o que aprender sobre a vida”, afirma a professora Helena Maria Costa, acrescentando que suas alunas têm de 66 a 102 anos. A mais experiente, dona Ana, está sempre de bom humor. Ela chegou ao lar no começo do ano, quando a classe foi reaberta – o local abrigou uma sala do EJA de 2005 a 2011.
Dona Ana já aprendeu parte do abecedário. Sua carteira, entre as das amigas Lia, de 92, e Aíla, de 74, fica em frente a um grande calendário de papelão pendurado na parede. Com os dedos no quadrado que marca a data de 27 de novembro de 2013, ela diz – e sem disfarçar a emoção: “Completarei 103 anos nesse dia aqui”. “Não tive a oportunidade de estudar quando era mais nova. Frequentei a sala de aula por poucos dias, quando eu tinha completado 11 anos. Mas me tiraram de lá para trabalhar na roça”, explica, recordando que plantou milho, arroz, feijão, abóbora e outros alimentos que iam direto da lavoura para o fogão a lenha.
A geriatra Karla Giacomin ressalta que a mudança desse quadro ao longo dos anos ajuda a explicar o aumento na longevidade dos brasileiros. “Com a urbanização, as condições de vida também melhoraram. Um dos principais fatores que elevaram a expectativa de vida foi a redução da mortalidade infantil, uma das fases mais frágeis do ser humano”, afirma. Mas, segundo ela, o ganho também se relaciona à educação e ao avanço da medicina. “É na escola que você recebe informações como o controle e prevenção de doenças, a higiene de alimentos. Além da educação, houve o avanço da medicina, tanto em relação aos diagnósticos quanto ao tratamento de diversas doenças, como o câncer e a Aids”, ressalta, lembrando que, se considerado o século inteiro, o salto na esperança de vida da população foi de mais de 30 anos.
Testemunha da história
Exemplo de longevidade das mineiras, dona Ana da Cruz já viu muitas coisas na vida. Perto de completar 103 anos, ela é um dos poucos brasileiros que fizeram compras com todas as moedas que vigoraram no país: réis, até 1945; cruzeiros, de 1942 a 1967; cruzeiros novos, 1967 a 1970; cruzeiros, de 1970 a 1986; cruzados, de 1986 a 1989; cruzados novos, de 1989 a 1990; cruzeiros, de 1990 a 1993; cruzeiros reais, de 1993 a 1994; e reais.
Na política, ela viu 33 presidentes ocuparem a cadeira que hoje é de Dilma Rousseff. Quando dona Ana nasceu, em novembro de 1910, o carioca Nilo Peçanha (1867-1924) era o chefe do Executivo. Pouco antes de ela completar quatro anos, estourou a 1ª Guerra Mundial (1914-1918). Já adulta, foi testemunha da 2ª Grande Guerra (1939-1945).
Mas ela não gosta de se recordar de coisas tristes. Prefere as lembranças que lhe dão alegria. Uma delas é o catolicismo. Dona Ana nasceu durante o papado de Pio X, de 1903 a 1914. De lá para cá, outros nove líderes católicos ocuparam o trono de São Pedro: Bento XV, de 1914 a 1922; Pio XI, de 1922 a 1939; Pio XII, de 1939 a 1958; João XXIII, de 1958 a 1963; Paulo VI, de 1963 a 1978; João Paulo I, de 26 de agosto a 28 de setembro de 1978; e João Paulo II, de 1978 a 2005; Bento XVI, de 2005 a 2013; e Francisco.
![Photo: TONINHO ALMADA, License: N/A, Created: 2009:02:16 15:59:10 Paulo Schettino terá de se afastar do cargo](https://i0.wp.com/www.hojeemdia.com.br/polopoly_fs/1.121717.1368136299!/image/image.jpg_gen/derivatives/landscape_714/image.jpg)
Às vésperas do Campeonato Mineiro ter seu desfecho, a Federação Mineira de Futebol, órgão que gere o torneio, ficou sem comando. Isso porque a 13ª Câmara Civil do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) cassou, nesta quinta-feira (9), a liminar que garantia Paulo Schettino como presidente do órgão. A sentença foi expedida pelo juiz Wauner Batista. O magistrado ordenou o afastamento imediato do dirigente.
Schettino chegou ao cargo após a cassação do então presidente da FMF, Elmer Guilherme, em 2004. Como vice-presidente da entidade foi empossado no cargo de seu antecessor e, posteriormente, conseguiu se reeleger. No ano passado, ele conseguiu postergar seu mandato até 31 de dezembro de 2014.
A Federação de Mineira de Futebol afirmou, em nota, que ainda aguarda uma notificação oficial da justiça. Paulo Schettino foi procurado pela reportagem, mas não atendeu às ligações.
“Uma decisão do Tribunal de Justiça de Minas Gerais anulou os efeitos da Assembléia Geral da Federação Mineira de Futebol, realizada em agosto de 2012, que permitia a prorrogação de mandato do presidente Paulo Schettino até 31 de dezembro de 2014.
A FMF esclarece que outras ações de idêntico teor e sentido foram manejadas sendo todas rejeitadas pela justiça. Nesta oportunidade a justiça entendeu de forma diversa não dando guarida aos argumentos da FMF.
O Departamento Jurídico da FMF aguarda a intimação para tomar as medidas jurídicas cabíveis.”
FONTE: Hoje Em Dia.
Dona Josefina completou 111 anos e entrou para a lista das raras pessoas que ultrapassam onze décadas. Natural de Rio Espera, na Zona da Mata, ela mora com filhos e netos em SP
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Mineira relembra o dia em que viu o cometa Halley, quando tinha 8 anos |
São Paulo – Passar por duas guerras mundiais, 11 papas, 19 Copas do Mundo, 25 presidentes do Brasil, 26 Jogos Olímpicos e ainda esbanjar lucidez e vitalidade é um privilégio para raras pessoas no planeta. Aos 111 anos, dona Josefina Neto de Assis Silveira é exemplo de vida para qualquer um. Nascida em Rio Espera, na Zona da Mata, em 22 de março de 1902, ela é a matriarca de uma família de mineiros que se estabeleceu na capital de São Paulo há cinco décadas. Apesar da idade avançada, dona Josefina tem forças para subir e descer sozinha a escada de seu sobrado no Bairro da Mooca todos os dias e ainda guardar vivas na memória lembranças que ultrapassaram os séculos.
Ao contrário de algumas mulheres que escondem sua data de nascimento, dona Josefina orgulha-se de tamanha longevidade. “Tenho 111 anos e estou feliz. Quanto mais a gente viver, melhor!”, diz, com um sorriso largo no rosto de poucas rugas. Tímida diante de desconhecidos, mas atenta a tudo que se passa ao redor, aos poucos ela se solta e recorda episódios de um passado rico em histórias. “Eu estava com oito anos quando falaram que um cometa ia passar no céu. Eu fui pra janela para ver e lembro-me como se fosse hoje. A gente enxergou aquela cauda grande dele. Foi uma beleza”, conta, referindo-se ao cometa Halley, que rasgou o céu brasileiro na madrugada de 19 de maio de 1910.
Dona Josefina não esquece também o dia em que o primeiro carro chegou a Rio Espera, cidade de 6.078 habitantes de acordo com o Censo 2010. “O primeiro carro da cidade era do sobrinho do padre Agostinho. Quando eu vi não senti nada de mais, mas as outras moças ficaram todas assanhadas. Ele cobrava cinco mil réis de cada uma para dar uma volta e enchia o carro de gente”, relembra. Saudosa, a mineira centenária guarda até hoje paixão pela terra, que não visita há mais de uma década. “Faz tempo que não vou pra lá, mas ainda me lembro de tudo. Tenho muitas saudades de Minas. Eu vim para São Paulo contrariada. Estava cheia de serviço como costureira lá, mas meu marido veio pra cá, o que eu ia fazer?”, repete várias vezes, chegando a se emocionar mesmo depois de tantos anos.
MEMÓRIA Josefina nasceu em uma família tradicional de Minas Gerais. Ela é neta por parte de mãe do doutor José Francisco Netto (1827-1886), nomeado Barão de Coromandel por dom Pedro II em reconhecimento aos serviços médicos prestados durante um surto de varíola que atingiu o estado. Nascido em Congonhas e radicado em Itaverava, o Barão de Coromandel chegou a governar a província entre 1880 e 1881. Durante a infância, a neta Fina, como era chamada, viveu junto com 10 irmãos na fazenda Pouso Alegre, produtora de leite e cachaça, onde conviveu com filhos de escravos libertos em 1888. No casarão e mais tarde no Colégio Imaculada Conceição, em Barbacena, ela aprendeu a ler, escrever, dançar, cantar, tocar violão, bordar e costurar – atividade que exerceu por quase um século.
Em 22 de fevereiro de 1930, ainda em Rio Espera, ela se casou com Jacob Nogueira da Silveira, dentista por instrução e comerciante e vereador por vocação. Com seu esposo teve três filhos – Aloísio, José e Geraldo –, e adotou mais um, a Nazinha, que vive com ela até hoje, aos 86 anos. Foi no fim da década de 1950, quando Jacob recebeu o convite de um amigo para trabalhar em São Paulo, que Josefina teve que deixar sua amada terra. O marido veio antes. Ela resistiu às cartas que chegavam com frequência, mas depois pegou a estrada também, em 1959. Os quatro filhos acompanharam a família e se estabeleceram na capital paulista. Quando Jacob faleceu, em 1982, Josefina já não tinha mais razões para voltar.
Hoje, ela tem cinco netos e dois bisnetos, e se o tempo deixar ainda verá outros nascerem. “Ela diz que não é fruta rara. Mas ela desce e sobe escada, toma banho sozinha. Ela tem muita vontade de viver”, conta Geraldo de Assis Silveira, de 71, administrador, o filho caçula. Aos 111 anos de idade, Dona Josefina carrega em si mais vida que muitas pessoas.