Prejuízo causado por vândalos no Mineirão chega a R$ 300 mil; Cruzeiro terá que pagar
Na manhã desta terça-feira (10), o Mineirão divulgou um balanço do prejuízo causado ao estádio após os atos de vandalismo praticados por torcedores do Cruzeiro durante e depois da partida contra o Palmeiras, que decretou o primeiro rebaixamento da história do clube.
O Gigante da Pampulha informou que os estragos já vêm sendo reparados e o custo total das operações deve ser de aproximadamente R$ 300 mil. Todos os orçamentos e relatórios serão compartilhados com o Cruzeiro, responsável por arcar com o valor.
Além de detalhar os danos materiais, que consistem em 24 televisores e 460 cadeiras, por exemplo, o maior palco do futebol mineiro repudiou os atos de violência praticados pelos vândalos. Ainda segundo a nota divulgada, as imagens das câmeras de segurança do Mineirão foram compartilhadas com a Polícia Militar.
Confira a nota na íntegra
“Porque BASTA de violência nos estádios de futebol. O esporte e os torcedores apaixonados – torcedores de verdade – não merecem rótulos tão negativos.
Como resultado das depredações ocorridas na partida entre Cruzeiro e Palmeiras, no último domingo (08/12) até o momento, foram contabilizados danos em 24 televisores, 460 cadeiras totalmente quebradas, 6 câmeras de segurança, 2 totens e cancelas de estacionamento, 30 portas, 2 banheiros inteiros, 8 vidros de guarda corpo, 30 granitos das divisórias dos banheiros, 10 bebedouros e 60 lixeiras.
Importante dizer: todos os reparos já estão em andamento, porque essa engrenagem não pode – e não vai – parar de girar. Em uma vistoria preliminar, a estimativa do prejuízo do ocorrido na partida entre Cruzeiro e Palmeiras é de aproximadamente R$ 300 mil. Serão compartilhados com o clube relatórios e orçamentos detalhados para que a restauração dos nossos espaços seja rapidamente executada – com o custo mais enxuto possível e sempre em linha com os padrões de contratação do Mineirão, que hoje apresenta um dos custos operacionais mais baratos do País.
Ninguém ficou gravemente ferido. Contamos com 504 seguranças privados (um número que vai além do necessário para uma partida com esta estimativa de público) e todo o apoio da Polícia Militar. Em toda a operação, a equipe executou um trabalho digno e de proteção à integridade das pessoas que estavam presentes e, somente por isso, foi possível preservar vidas.
As imagens das câmeras de segurança, somadas a vídeos que circulam em redes sociais, já foram mapeadas e entregues às autoridades competentes (Polícias Civil e Militar). É importante destacar que, absolutamente todos os últimos jogos no Mineirão, com registro de ocorrências, já tiveram pessoas identificadas, que deverão ser punidas de acordo com os termos da lei.
Ontem (09), já sediamos três eventos corporativos em áreas que receberam uma grande mobilização e, até o dia 18 de dezembro, (dia em que o gramado entra em descanso e manutenção para a próxima temporada) receberemos mais 35 eventos, entre eles jogos corporativos, feiras, shows, entre outros.
Acionamos um time interno de colaboradores dedicados à reconstrução total de nossas estruturas. A violência não pode vencer… e não vai. Não em nossas dependências e não no que depender de nós.
Por aqui, “mãos à obra”, pois seguiremos na luta e funcionando, pois nossas portas estarão sempre abertas para todos vocês”.
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FONTE: Hoje Em Dia.
Militantes jogam tinta na fachada de prédio da ministra Cármen Lúcia em BH
Cerca de 450 manifestantes se reuniram em frente ao prédio da magistrada no Bairro Santo Agostinho
Manifestantes se reuniram em frente ao prédio da ministra Cármen Lúcia, em Belo Horizonte, na tarde desta sexta-feira (6) para protestar contra a negação do Habeas Corpus ao ex-presidente Lula no Supremo Tribunal Federal. Cerca de 450 militantes do Movimento Sem Terra (MST) jogaram tinta vermelha na fachada do edifício na Rua Dias Adorno, no Bairro Santo Agostinho, Região Centro-Sul da capital.
De acordo com Josimar Silva, coordenador do MST, o ato foi planejado desde ontem para protestar contra a decisão da Justiça. “Lula foi condenado sem provas. Não vamos dar descanso para toda essa corja que deturpa as leis para beneficiar interesses do capital. Assistimos essa semana que o Supremo é tão golpista quanto Temer”, disse. Cármen Lúcia tem um apartamento na cobertura do prédio, que fica em frente à ouvidoria do Ministério Público de Minas Gerais. De acordo com vizinhos, ela esteve no prédio na última semana, mas desde então não é vista no local.
Vitor Ferreira, de 60 anos, conta que os manifestantes só saíram do local após a chegada da Polícia Militar. Segundo ele, que trabalha num prédio ao lado da residência da ministra, os militantes não quebraram nada, apenas jogaram tinta nos muros e na calçada. “Quando a polícia chegou, eles entraram num ônibus e saíram. Foi um transtorno para os vizinhos, mas eles apenas gritaram e jogaram tinta”, conta. Logo depois do protesto, os manifestantes se dirigiram para a Praça Sete, onde se concentra o grupo que protesta contra a ordem de prisão ao ex-presidente Lula.
- Manifestantes só saíram do local após a chegada da PM
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FONTE: O Tempo.
Morador de rua que chutou e riscou carros no Sion é localizado e conduzido a abrigo
Segundo a PM, o homem só poderá responder formalmente pelo crime depois que o proprietário de algum dos veículos prestar queixa. O homem é dependente de crack e deve ser encaminhado para um tratamento
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Ainda de acordo com o Capitão Jackson, dano ao patrimônio é considerado crime de contravenção e, por lei, o morador de rua só poderá responder formalmente depois que o proprietário de algum dos veículos prestar queixa. “O trabalho da PM já foi feito, que foi a localização, captura e condução para o abrigo”, finalizou.
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A Prefeitura de Belo Horizonte se comprometeu com a Polícia Militar a encaminhar o morador de rua para um tratamento, já que o homem é dependente de crack e, por causa da droga, pode apresentar transtornos mentais.
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FONTE: Estado de Minas.
ÚLTIMA ATUALIZAÇÃO: 26/06/2014, 11:00.
A Advocacia Geral do Estado conseguiu cassar a liminar que restringia a atuação da Polícia Militar durante protestos contra a Copa do Mundo. A informação foi passada pelo secretário Turismo e Esportes, Tiago Lacerda, na manhã desta quinta-feira, durante entrevista coletiva concedida no Mineirão, da qual também participa o secretário da Copa Mundo, Camilo Fraga.
Com isso, caso não ocorra nova reviravolta, a PM poderá manter a estratégia de cercar os manifestantes. Com a liminar, expedida nessa quarta-feira pelo juiz Ronaldo Claret de Moraes, os integrantes dos movimentos entenderam a tática adotada pela PM estava proibida.
No próximo sábado, dia da partida entre Brasil e Chile, no Mineirão, um novo protesto está marcado na capital. O desejo dos manifestantes era sair da Praça Sete em direção a Savassi, deslocamento que não foi permitido pela PM nos últimos protestos.
FONTE: Itatiaia.
A tática de manter o cerco policial e revistas em manifestações contra a Copa do Mundo em Belo Horizonte será mantida pela Polícia Militar, mesmo depois de uma decisão judicial proferida, em caráter liminar, na noite de segunda-feira. A medida atendeu a um mandado de segurança impetrado pelo Centro de Cooperação Comunitária Casa Palmares, que representa ainda outros movimentos sociais contrários à técnica de “envelopamento” feita Polícia Militar. A prática consiste no cercamento dos ativistas durante protestos em vias públicas e foi usada nos dois últimos atos na capital. A petição dos advogados era para que os cercos fossem suspensos, sob pena de pagamento de multa pelo governo do estado.
A decisão do juiz Ronaldo Claret de Moraes, do plantão de medidas urgentes do Fórum Lafayette, garante o livre direito à manifestação popular, mas não dá deferimento à suspensão do cercamento, segundo o Tribunal de Justiça de Minas Gerais informou ontem, por meio de nota.
O juiz reconheceu o direito previsto na Constituição, mas de forma pacífica. Ele permitiu que as pessoas se manifestassem desde que a Polícia Militar fosse avisada previamente.
A liminar determina ainda que “a polícia pode e deve exercer a segurança pública sem impedir tal liberdade de expressão dentro dos limites inerentes à sua atribuição de defesa social”. De acordo com a assessoria de imprensa do Fórum, a decisão não proíbe a PM de usar estratégia que achar adequadas para manter a segurança, a exemplo dos cercos policiais.
Ontem à noite, o governo estadual informou, também por meio de nota, que recebeu a notificação do Judiciário sobre a liminar. A Advocacia Geral do Estado (AGE) está examinando o teor do documento e vai definir hoje se apresenta recurso à decisão judicial.
Mesmo assim, organizadores do protesto entendem que, ao garantir a livre manifestação, o “envelopamento” não pode ser feito e já marcaram um ato para sábado, quando Brasil e Chile jogam no Mineirão.
irregularidade A PM informou que aguarda ser notificada para se manifestar oficialmente, mas uma fonte da corporação disse ao EM que nada muda em relação ao método de controle usado nas últimas manifestações. “Pelo contrário, estabelece aos manifestantes a obrigatoriedade de prestar informações prévias sobre os protestos, o que não foi obedecido nas duas ocasiões nas praças Sete e da Savassi”, disse a fonte, que lembra ainda a irregularidade do protesto ocorrido neste último local.
“Já estava sendo realizada uma reunião de pessoas no Savassi Cultural, evento que já havia sido comunicado e autorizado com antecedência pelos órgãos competentes. Os manifestantes não poderiam ter ido protestar lá”, garantiu. A corporação diz que os 13 mil militares estão de prontidão para garantir a segurança e também a realização de manifestações.
Em 14 de junho, protesto marcado para seguir da Praça Sete, no Centro, em direção ao Mineirão, onde jogaram Colômbia e Grécia, não foi realizado porque policiais cercaram os quarteirões da praça e deixaram liberado apenas o caminho para a Praça da Estação, também no Centro. Três dias depois, a mesma estratégia foi usada pela PM para controlar um ato na praça da Savassi. No dia da abertura da Copa, antes desses protestos, vândalos mascarados caminharam até a Praça da Liberdade, onde grupos depredaram prédios públicos, imóveis particulares e bancos, e ainda destruíram uma viatura da Polícia Civil.
Segundo Thales Nascimento, advogado dos movimentos sociais, a decisão de entrar na Justiça surgiu depois do entendimento de que a prática da PM é inconstitucional. Ele lembra que o artigo 5º da Constituição, inciso 16, garante o direto de livre manifestação, desde que de forma pacífica e com aviso prévio à autoridade competente, para que seja garantida a prioridade de uma manifestação previamente marcada.
“No caso de BH, todos os preceitos vinham sendo cumpridos no dias dos atos em 14 e 17 de junho. As autoridades públicas tinham ciência da realização do ato e não havia pessoas armadas nem uso de violência. Ainda assim, os manifestantes foram cercados e proibidos de dar continuidade ao movimento”, diz.
O advogado questiona ainda o impedimento de pessoas de fora do cerco terem acesso à parte interna, onde o grupo ficou concentrado, e reforçou que a liminar é favorável ao mandado de segurança impetrado pelo grupo. “Na decisão, o juiz não faz ressalvas ao conteúdo de nossa manifestação. É uma questão sutil e técnica, mas nossa interpretação é que o cercamento está proibido”, avalia o advogado. Ele integra um grupo de advogados dos grupos Brigadas Populares, Partido Comunista Revolucionário, Coletivo Margarida Alves e Frente Jurídica Única de Defesa dos Manifestantes contra a Copa.
Comércio e entidades de classe se manifestaram contrários à possibilidade de que os cercos policiais sejam suspensos. O receio é de que novos atos de vandalismo ocorram em manifestações, como na abertura da Copa, quando mascarados depredaram o entorno da Praça da Liberdade. “Embora a conduta da polícia tenha sido mais rigorosa na prevenção e na repressão, não deve ser classificada como exagerada, mas como necessária”, afirma o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL/BH), Bruno Falci. Segundo ele, manifestações pacíficas são bem-vindas. “Para o próximo jogo, nosso desejo é que BH viva uma grande festa, com muita alegria e respeito à cidade, a nós e aos visitantes”, disse.
Passeata será realizada no próximo sábado, quando acontece em Belo Horizonte a partida entre Brasil e Chile pelas oitavas de final da Copa do Mundo
Ficou acordado que os manifestantes irão se encontrar às 10h na praça Sete, no Centro de Belo Horizonte, de onde irão sair em passeata até a Savassi, na região Centro-Sul da capital. “Acho importante retomarmos com a marcha, já que depois do último protesto em que a polícia fez um cerco os manifestantes não conseguiram sair do lugar”, declarou a advogada da Frente Única de Defesa dos Manifestantes, Isabela Corby.
Ainda de acordo com Isabela, os participantes da assembleia decidiram fazer o ato antes da partida da seleção brasileira para tentar dialogar com a população e conseguir atrair mais pessoas para o movimento.
Os 100 manifestantes que compareceram a assembleia decidiram que durante a marcha serão realizadas intervenções artísticas para chamar a atenção da população.
Impasse
Na manifestação do dia 14, a Polícia Militar (PM) adotou a estratégia de disponibilizar seis homens para cada manifestante. Assim uma espécie de “cerco” foi formado por militares na praça Sete, no coração de Belo Horizonte. Desta vez, não houve registro de conflitos. O comando da Polícia Militar da capital informou, no mesmo dia, que não restringiu o direito de ir e vir dos participantes do protesto.
FONTE: Estado de Minas e O Tempo.
Crimes ‘sociais’, de certa maneira, não seriam crimes, mas atos de ‘resistência’
Estados democráticos são os que se caracterizam pela observância das leis, segurança jurídica e física de seus cidadãos, preservando a ordem pública toda vez que ela for perturbada. Não há neles, nem deve haver, nenhum tipo de tolerância com o crime, pois este nada mais é do que o germe de conturbações futuras.
No Brasil, desenvolveu-se uma extrema complacência com a insegurança, física e jurídica, com os crimes em geral, ainda mais quando estes se apresentam com uma roupagem social. Crimes “sociais”, de certa maneira, não seriam crimes, mas atos de “resistência”, ou seja lá que outra bobagem for.
O problema maior com tal tipo de complacência reside em que as instituições são progressivamente enfraquecidas, como se elas tivessem de conviver com atos que as desestabilizam e a reduzem, muitas vezes, a um mero ato de encenação. Instituições que convivem com “movimentos sociais” e outros que as desrespeitam são instituições fadadas a serem coadjuvantes de um jogo que as ultrapassa.
Convivemos com uma leniência tanto em relação aos crimes penais, na acepção corrente, quanto aos crimes digamos sociais, como se, em última análise, tudo fosse social. Ora se tudo é “social”, deveríamos aceitar e mesmo justificar que as instituições democráticas sejam debilitadas. Criam-se, assim, formas de subversão da democracia através de um discurso que se diz democrático. O “social” é instrumentalizado visando a enfraquecer a própria democracia.
A greve dos metroviários e a invasão de uma propriedade urbana pelo Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) em São Paulo são emblemáticas, por porem a nu tudo o que está em jogo. Antes delas, tivemos em várias cidades movimentos do mesmo tipo, com atos de vandalismo, como os dos rodoviários no Rio de Janeiro e em Porto Alegre.
A greve dos metroviários está se esvaindo graças à sua falta de sustentação popular e por atitudes firmes da Justiça do Trabalho e do governador Geraldo Alckmin. Os que infringem as leis estão sendo tratados enquanto tais, devendo, portanto, arcar com as consequências de suas ações. Conviver com “greves” em que não há punições e não há desconto dos dias parados significa uma espécie de “férias remuneradas”.
Mais concretamente, estamos diante da impunidade, como se fosse possível tudo fazer, inclusive o desrespeito às leis, e, posteriormente, tudo seria acomodado via uma negociação “política”. A política que transige com o crime não é “política”, mas é criminosa por aceitar como lícitos e justificáveis atos criminosos.
A Justiça do Trabalho tomou uma atitude de absoluto respeito às leis ao bloquear as contas do sindicato dos metroviários para o pagamento de multas estipuladas e de prévio conhecimento do mesmo. A greve foi declarada “abusiva” e o sindicato decidiu simplesmente desrespeitar a Justiça, como se a lei a eles não se aplicasse. A afronta foi total. De fato, ela é o produto de uma longa impunidade onde multas foram suspensas em troca da “volta à normalidade”. O “anormal” tornou-se “normal” em nome de uma democracia que foi desconsiderada.
Enquanto os sindicatos e os ditos movimentos sociais não respeitarem a lei, crendo ser o crime uma forma de ato político, as instituições democráticas terão dificuldades de se fortalecer entre nós. Espera-se que a própria Justiça honre a sua decisão e não volte atrás, pois se voltar o seu recuo significa o recuo mesmo do império da lei.
O governador Alckmin, corretamente, decidiu pelas demissões de sindicalistas e outros que partiram para o vandalismo, as depredações e as mais distintas formas de desrespeito à lei. Cabe, sim, aos governantes mostrar que as instituições devem ser respeitadas, a lei deve ser obedecida, não podendo haver nenhuma exceção. Esta é, aliás, a única forma de coibir novas manifestações deste tipo no futuro. Espera-se, também, que não haja recuo.
Tratamento diferente teve o MTST, que nada mais é do que o braço urbano do MST, cujo objetivo, declarado em todos os seus textos e manifestos, consiste na supressão da economia de mercado, do direito de propriedade e do próprio estado democrático de direito. Tem como finalidade subverter a democracia por meios democráticos, instaurando entre nós um Estado “bolivariano”, sendo Cuba e Venezuela os seus exemplos. Cartilhas para crianças, por exemplo, exibem fotos de Che Guevara em todas as suas páginas.
O movimento, transferindo para as cidades a tática de invasões utilizada no meio rural, ocupou uma área privada na cidade de São Paulo, próxima ao Itaquerão. Foi tratado com extrema compreensão. Desenvolveu, seja dito de passagem, uma campanha bem-sucedida junto à opinião pública e tornou a sua causa simpática, como se lutasse pela “moradia popular”.
Note-se que há uma lei no país, estranhamente não seguida, que impede a desapropriação de áreas invadidas. Ora, é isto precisamente que está acontecendo. O desrespeito à lei está sendo premiado. Outras exigências estão sendo apresentadas para modificar a própria legislação do município. Negociações “políticas” estão sendo estabelecidas, com a política servindo novamente para justificar o crime, sobretudo se a sua roupagem for “social”.
Houve a promessa de desapropriação da área, como se o direito de propriedade pudesse ser liminarmente desconsiderado. Já há também promessas de edificação de moradias para os militantes do MTST, fazendo com que verdadeiros trabalhadores sejam preteridos. Em nome dos trabalhadores, trabalhadores são relegados a segundo plano. A moeda de troca foi a de não houvesse manifestações na Copa. Trato feito, a impunidade foi assegurada, e o crime, recompensado.
A situação é extremamente perigosa, pois ela nada mais é do que o prenúncio de novas invasões nas cidades brasileiras, que certamente se multiplicarão após a Copa e no próximo ano. As portas foram abertas a novas invasões, agora em áreas urbanas.
Denis Lerrer Rosenfield é professor de Filosofia da UFRS
FONTE: O Globo.
ÚLTIMA ATUALIZAÇÃO: 14/06/2014, 08:30.
Concessionária na Av. Bandeirantes, no Sion
Loja na Av. Bias Fortes com Rua Gonçalves Dias
ICBEU, na R. da Bahia
O rastro de destruição deixado pelo grupo de vândalos mascarados no entorno da Praça da Liberdade na tarde de quinta-feira reacendeu o medo, aumentou a corrida de comerciantes para garantir a proteção do patrimônio por várias regiões de BH e reforçou o efetivo de segurança pelo poder público. A lista de prédios com estruturas de proteção nas fachadas aumentou de ontem para hoje, dia do primeiro jogo da Copa do Mundo no Mineirão. Estações e terminais de transporte público, incluindo do BRT/Move, ganharam policiamento extra. Nova manifestação está marcada para hoje, com concentração na Praça Sete, às 10h.
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Tapumes de madeira foram instalados ontem diante da vitrine de uma loja de presentes na Avenida Bias Fortes, esquina com Rua Gonçalves Dias. Na quinta-feira, mascarados destruíram vidraças do imóvel. O mesmo procedimento foi feito na fachada do Instituto Cultural Brasil-Estados Unidos, na Rua da Bahia, perto dos prédios depredados anteontem.
O receio de ter prejuízo afeta até comerciantes distantes dos locais de vandalismo em junho de 2013. Na Avenida Bandeirantes, ao lado da Praça JK, uma concessionária Honda se blindou com altas placas de metal apoiadas por grossas vigas. Em dias de jogos do Brasil, os veículos serão deslocados do pátio para um estacionamento subterrâneo.
Segundo o gerente de serviços da concessionária, Rodrigo Greco, a empresa faz parte do mesmo grupo que detém a loja que empilhou contêineres, cada um com 2,5 toneladas, para formar uma espécie de muralha em sua fachada, na Avenida Antônio Carlos. “O grupo decidiu pôr proteções em todas as suas 10 concessionárias, inclusive uma na Rua Rio Grande do Norte, na Savassi. Não dá para prever onde vândalos podem agir. É melhor prevenir do que arcar com prejuízos”, avaliou.
Já o Sindicato do Comércio Varejista de Derivados do Petróleo em Minas (Minaspetro) entrou com ação contra o governo estadual para garantir, por meio de uma tutela de urgência específica, que seja resguardada a segurança dos postos de combustível durante a Copa. A ação, em tramitação na 2ª Vara da Fazenda Estadual da Comarca de BH, foi ajuizada por causa da possibilidade de confrontos entre PM e manifestantes provocarem uma tragédia, segundo nota da entidade. “Posto de combustível é um estabelecimento que armazena produtos inflamáveis e, portanto, é suscetível a incêndios e explosões sob qualquer ameaça com bombas, fogo e depredações”, afirma o texto.
O sindicato orienta os comerciantes a registrar boletim de ocorrência caso o posto sofra depredação. Na Antônio Carlos, esquina com a Rua Noraldino Lima, um posto foi protegido com placas de metal. Tapumes foram postos diante das vidraças da loja de conveniência e em volta de um depósito de bebidas saqueado durante manifestação em junho do ano passado.
BRT/MOVE Policiais do Batalhão Copa fazem a segurança desde quinta-feira de estações e terminais de transporte público. No caso do BRT/Move, os agentes ficam nos terminais e nas estações de transferência de maior movimento ao longo das avenidas Antônio Carlos e Cristiano Machado, segundo o comandante do batalhão, tenente-coronel Hércules Freitas. Viaturas fazem ronda nas vias destinadas aos veículos do sistema.
Os agentes também resguardam estações do metrô e do sistema BHBus. “São três ou 10 policiais em cada ponto, a depender do tamanho do local e do volume de pessoas”, informou o oficial “Em dia de jogo no Mineirão, o contingente é reforçado nas estações do BRT, por fazerem parte do itinerário de eventuais manifestações”, acrescenta.
O Exército mantém 1.470 homens de prontidão, que podem ser convocados para garantir a segurança nas ruas, informou o chefe da comunicação social da 4ª Região Militar, tenente-coronel Marcus Vinícius Messeder. Segundo ele, o efetivo pode atuar em quatro eixos de defesa: aeroportos, hotéis, centros de treinamento e rotas protocolares.
O oficial informou que foi criado para a Copa o Comitê Executivo de Segurança Integrada Regional (Cesir), composto pelo comandante da 4ª Região, general Mário Lúcio Alves de Araújo; o secretário de Defesa Social, Rômulo Ferraz; e o superintendente da Polícia Federal em Minas, delegado Sérgio Barboza Menezes. “Se eles decidirem empregar o Exército em um dos quatro eixos, o órgão já tem a autorização da Presidência da República”, afirmou Messeder.
Segundo o oficial, “o cidadão do bem” não está proibido de manifestar suas insatisfações nas ruas, mas recomenda que ele se afaste dos “bandidos”, pois a polícia vai ser “cirurgicamente atuante e eficaz”. E desabafou: “Chega! Chega! Chega! Não podemos mais ficar apenas indignados com tamanha insensatez e tamanho abuso”.
O tenente-coronel considera que a polícia foi eficiente na quinta-feira, mas reconhece que não foi eficaz. “A PM permitiu que manifestantes saíssem da Praça Sete e subissem para a Praça da Liberdade, achando que se tratava apenas de manifestantes civilizados. Agora, não podemos dar mais espaço a eles. A PM usará tudo que for preciso para conter a agressividade, a violência e o crime. Vamos usar balas de borracha, gás lacrimogêneo, bombas de efeito moral, tudo que for menos letal”, avisou. Serão 13 mil homens à disposição dos manifestantes.
Alberto Luiz criticou o que considera fragilidade das leis, pois os presos pela PM sempre voltam para as ruas, segundo ele. “Fizemos prisões e duas apreensões agora, totalizando 18. E aí? Eles têm que ficar presos. A Polícia Civil está olhando as imagens e outras prisões serão feitas. Os vândalos serão todos monitorados”, promete o tenente-coronel. “Vamos agir com firmeza, pois estamos indignados, do soldado ao coronel. Não quero voltar a dizer que esses bandidos prosperaram. Um capitão tomou uma pedrada no nariz. Policiais não são saco de pancada. Já chega! Se protestar pacificamente, é legal, e estou ali para proteger, mas bandido a gente trata como bandido”, desabafou Alberto Luiz.
O Tribunal de Justiça de Minas Gerais informou que não pode julgar um réu se não for baseado em lei e que se a lei fala que o preso tem direito de ser solto, ele será solto. O Ministério Público informou que fiscaliza e cumpre a lei e que não cabe comentar ou questionar se a lei está certa ou errada.
Belo Horizonte virou uma praça de guerra neste primeiro dia de manifestação. Em aproximadamente uma hora, alguns jovens mascarados depredaram patrimônios públicos, agências bancárias, lojas e até uma viatura da Polícia Civil. Um dos homens que participou da destruição do veículo foi identificado e é reincidente em atos de vandalismo. R.P.A, de 34 anos, já havia sido detido, no ano passado, durante protesto na capital, no dia da Independência.
A informação foi confirmada por fontes ligadas a Polícia Militar. R.P.A foi flagrado enquanto destruía a viatura da Polícia Civil no Departamento Estadual de Trânsito (Detran-MG). O homem não foi detido. No ano passado, ele foi autuado por incitação ao crime e formação de milícia ao ser abordado na Praça Sete. Veja abaixo o vídeo em que o manifestante foi identificado.
Praça Sete é palco de protesto, mas também de torcedores e trabalhadores da região PM admite que estratégia deve ser revista, mas afirma que atuação foi positiva Protesto em BH termina com pelo menos 11 detidos Veja vídeos do vandalismo Black Bloc em BH Manifestantes protestam em BH; PM monitora movimentação
O saldo do protesto, além dos prejuízos para os empresários, foi de pessoas feridas, entre elas um repórter fotográfico da Reuters, e ao menos 11 pessoas detidas por vandalismo. A manifestação começou de forma pacífica. Aproximadamente 200 pessoas fecharam os cruzamentos das avenidas Amazonas e Afonso Pena às 13h45. Em seguida, caminharam em direção a Praça da Liberdade. O grupo parou em frente à sede da Prefeitura de Belo Horizonte onde picharam os muros do imóvel.
A situação ficou tensa quando o grupo subiu a Avenida João Pinheiro e chegou na Praça da Liberdade. Por volta das 16h01, lojistas, com medo de vandalismo, fecharam as portas. Quando a passeata chegou ao relógio da Copa, a tropa de choque da PM já estava no local para evitar a depredação do marco. Jovens mascarados atiraram pedras contra os militares que revidaram com tiros de balas de borrachas e bombas de efeito moral.
Foi neste momento que começou a quebradeira. Jovens mascarados recuaram pela Avenida João Pinheiro e Rua Gonçalves Dias. Eles atacaram os prédios nos arredores, como o INSS, Memorial Vale, Cine Belas Artes, Secretaria de Estado da Fazenda e uma loja de utensílios domésticos.
A ousadia dos vândalos impressionou quem passava pela Região Centro-Sul de BH. Os manifestantes entraram no Detran-MG e viraram uma viatura da Polícia Civil. Bicicletas que estão expostas para aluguel também foram danificadas. Algumas agências bancárias, como a do Santander na Avenida João Pinheiro, tiveram as vidraças quebradas.
No confronto entre os manifestantes e a Polícia Militar, o repórter fotográfico da Reuters. Sérgio Morais. ficou ferido com uma pedrada. De acordo com a Polícia Militar (PM), o homem sofreu ferimentos na cabeça e foi encaminhado para o Hospital Pronto-Socorro João XXIII. De acordo com a unidade de saúde, ele sofreu um traumatismo craniano leve e ficará em observação.
O grupo se dispersou e, por volta das 16h30, desceu pela Avenida Bias Fortes. Novamente houve confronto. Os jovens apedrejaram policiais e três viaturas que estavam na via. Os manifestantes voltaram para a Avenida Afonso Pena e foram cercados pela PM. A via foi novamente fechada entre a Avenida Carandaí e Rua da Bahia. Em seguida, o mesmo aconteceu na Praça Sete.
Os manifestantes apenas se dispersaram por volta das 18h25, quando a Polícia Militar conseguiu liberar os cruzamentos das Avenidas Afonso Pena e Amazonas.
O repórter ferido.
Jovens detidos
Pelo menos 11 pessoas foram detidas e uma adolescente apreendida, segundo nota divulgada pelas Polícias Militar e Civil de Minas Gerais, na noite desta quinta-feira. No entanto, o número pode subir para 12, já que informações ainda não confirmadas pela polícia dão conta que uma jornalista do Mídia Ninja, movimento independente que transmite os protestos no país, também foi encaminhada para a delegacia.
Segundo a polícia, os detidos foram flagrados praticando atos de vandalismo na Região Central de Belo Horizonte, entre eles dois suspeitos de participar da depredação de uma viatura da Polícia Civil, na Avenida João Pinheiro. Imagens do momento do vandalismo estão sendo aguardadas para comprovar a participação deles. Entre os detidos também estão um médico, um engenheiro de automação e uma enfermeira. Na Praça Sete, antes mesmo do confronto entre os manifestantes e a PM, outros dois homens foram flagrados com socos-ingleses.
Cerca de 70 mascarados espalharam pânico, enfrentaram policiais militares e deixaram um rastro de destruição em Belo Horizonte, principalmente nas imediações da Praça da Liberdade. A PM acompanhou tudo de longe, revidando as pedradas dos vândalos com tiros de balas de borracha e bombas de gás lacrimogêneo. A impressão de quem viu de perto a fúria dos vândalos é de que a polícia foi pega de surpresa. Pelo menos quatro agências bancárias foram apedrejadas, quatro viaturas da polícia atacadas – uma delas virada -, edifícios públicos, cinema, museu, a Biblioteca Pública Luiz de Bessa (que foi apedrejada, mas não houve danos) e lojas foram atacados entre as praças Raul Soares, da Liberdade, Sete e Afonso Arinos, região distante da Avenida Antônio Carlos, principal alvo do ano passado e onde o comércio se protegeu com tapumes e placas metálicas.
Depois da destruição, 11 pessoas foram detidas (entre elas um médico, um engenheiro e uma enfermeira, suspeitos de virar uma viatura da Polícia Civil) e uma adolescente acabou apreendida por suspeita de envolvimento com vandalismo. Segundo a polícia, havia entre 800 e mil manifestantes, entre eles militantes de partidos, sindicalistas, membros de movimentos sociais, de ocupações urbanas e estudantes. A PM tinha aparato numericamente superior, com 6 mil militares, sendo 1,2 mil do Batalhão Copa.
A manifestação saiu da Praça Sete pela Avenida Afonso Pena e subiu a Avenida João Pinheiro, até, então, pacífica. Os confrontos só começaram quando os cerca de 70 jovens mascarados tomaram a dianteira do protesto e avistaram um destacamento de policiais protegendo o relógio da Fifa com escudos.
A tática do grupo foi distrair os policiais queimando uma bandeira do Brasil na frente deles, enquanto outra parte dos mascarados reunia pedras e preparava bombas. Num instante, a bandeira que queimava foi baixada, uma bomba explodiu perto dos policiais e pedras começaram a ser lançadas pelos manifestantes. A polícia reagiu disparando balas de borracha e bombas de gás lacrimogêneo. Nesse momento, a maioria das pessoas que integrava o protesto se afastou.
Na Praça da Liberdade, o fotógrafo Sérgio Moraes, da Reuters, levou uma pedrada de um manifestante e foi levado por uma viatura da PM para o HPS João XXIII, onde permanecia internado ontem à noite com traumatismo craniano leve.
Enquanto parte dos vândalos jogava pedras nos policiais, outros se encarregaram da quebradeira. Chutaram lixeiras, espalharam lixo e materiais de construção nas ruas, arrebentaram placas de trânsito, arrancaram tapumes e cercas metálicas para usar de escudo para se proteger dos disparos dos policiais.
MAIS QUEBRADEIRA O Batalhão de Choque permaneceu parado no entorno do relógio da Copa, enquanto metade dos manifestantes descia a João Pinheiro quebrando tudo. A primeira depredação foi bem à vista dos policiais: um ponto de ônibus próximo ao fast food Xodó. Vândalos chegaram a gangorrar na parte superior dos bancos metálicos. Depois, desceram a avenida atacando agências bancárias, como a do Santander, que foi totalmente depredada. Não havia policiais para conter o ato. Até mesmo um carro da Polícia Civil, estacionado na porta Detran foi alvo do vandalismo. Dezenas de mascarados, ou não, chegaram a virar o carro e atearam fogo no veículo.
Do outro lado da Avenida João Pinheiro, a polícia também não conteve o quebra-quebra e acompanhava de longe quando os manifestantes começaram a descer a Bias Fortes. Os militares precisaram de se movimentar mais rápido para bloquear cruzamentos e tentar impedir que os vândalos se encontrassem com motoristas que circulavam por outras vias. Não havia bloqueios prévios porque essa rota não estava prevista pela PM.
insultos Em motocicletas e viaturas, a PM tentava fechar as ruas Espírito Santo e Rio de Janeiro e a Avenida Álvares Cabral. Assim que os policiais eram avistados, os manifestantes atiravam pedras e os insultavam, sendo repelidos por disparos de balas de borracha. Um dos manifestantes saiu mancando depois de ser ferido com um tiro na perna direita. Uma agência da Caixa Econômica teve os vidros destruídos por chutes e pedradas. O grupo começou a se dispersar, mas ainda atacou com pedras uma agência na Avenida Amazonas e outra na Rua Curitiba. A partir desse ponto eles se dispersaram.
Enquanto isso, um homem de identidade desconhecida, que xingava os policiais na esquina da João Pinheiro com a Gonçalves Dias, foi detido por dois militares, que chegaram a puxá-lo pela jaqueta e arrastá-lo sentado no asfalto da Gonçalves Dias, em direção à Praça da Liberdade. Policiais usaram os cassetetes para bater em manifestantes que se aproximaram para tentar liberar o homem.
O homem só foi liberado com a intervenção do tenente-coronel Alberto Luiz. Ao ver a cena, o inspetor da Polícia Civil Vander Marinho, de 51 anos, revoltado, anunciou que daria voz de prisão aos militares que haviam detido o homem. “Calma. Eu verifiquei, ele não está ferido, já o liberei. Avaliamos que ele não estava fazendo nada”, disse Alberto Luiz.
Por volta das 17h, os manifestantes tomaram a Praça Sete, porém, ali a estratégia policial foi outra. Em pouco tempo, a área foi cercada pelo Batalhão de Choque. Apesar de também haver vandalismo na praça, a polícia conteve os manifestantes e, por volta das 18h, já não havia mais protestos.
Na avaliação do advogado Alexandre Silva, a polícia pouco fez para conter o vandalismo. Por outro lado, ele criticou o uso de balas de borracha contra manifestantes que estavam de costas. Uma menina foi atingida na nuca”, criticou Alexandre, que faz parte de uma rede de advogados de diversas frentes, inclusive da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados (OAB).
“A PM reagiu no momento em que foi agredida, em que começaram a querer destruir os patrimônios público e privado. A PM não tem como ficar estática”, explicou o tenente-coronel Alberto Luiz, chefe da comunicação do órgão.
Tenente-Coronel Alberto Luiz, chefe da comunicação social da PM
‘‘Temos de reavaliar’’
O tenente-coronel Alberto Luiz, chefe da comunicação social da Polícia Militar, defendeu a ação da corporação durante os protestos de ontem em Belo Horizonte. “Não podemos descer a (avenida) João Pinheiro descendo a borracha em todo mundo”, disse. Ele admitiu, porém, que pode rever “pontualmente” a estratégia.
Houve críticas de parte da população de que a PM foi branda. O senhor concorda?
Temos que ser intelectualmente razoáveis porque numa ação dessa não podemos adotar uma medida que ultrapasse os limites da lei, como eles fizeram. Nós também não podemos descer a João Pinheiro descendo a borracha em todo mundo, atingindo pessoas inclusive que não têm nada com a ação criminosa. Não fomos brandos, não fomos inertes. Fomos pontuais e dinâmicos. Houve um equilíbrio. Temos que reavaliar pontualmente, atuar para que isso não volte a acontecer, para que eles nos respeitem e respeitem a cidade onde moram.
Qual o balanço que o senhor faz da manifestação?
É recorrente o vandalismo e a depredação. A polícia pretende agir pontualmente, mas de forma enérgica, mantendo o equilíbrio, a razoabilidade e a proporcionalidade das suas ações. Tivemos depredações ao longo da João Pinheiro. Nós evitamos que a Praça da Liberdade fosse depredada. Fizemos duas apreensões, de um menor e uma adolescente, e prisão de quatro adultos em razão das depredações. (Depois da entrevista, o total de prisões chegou a 11, com uma apreensão)
Como o senhor avalia a tática da PM?
A polícia só pode agir quando a violação da lei for caracterizada. Não é que a polícia tem que esperar quebrar para isso acontecer. Quando começava o vandalismo, a polícia agia, pois poderia ser pior. A polícia tem que seguir um protocolo internacional no caso de distúrbios civis. Nós conseguimos realizar isso ao dispersar a manifestação. Não conseguimos evitar totalmente depredação. Podemos fazer muito, mas não podemos fazer tudo.
FONTE: Estado de Minas.
Uma bola de neve de problemas assola a construção do terminal provisório (o puxadinho) do Aeroporto Internacional Tancredo Neves, em Confins. O edifício, que deveria possibilitar a ampliação da capacidade operacional do aeroporto, teve sua entrega adiada novamente, desta vez para julho. Com isso, os passageiros que desembarcam no terminal mineiro seguirão enfrentando o aperto da operação próxima à capacidade máxima durante a Copa do Mundo. O motivo: problemas estruturais complicaram a entrega do puxadinho. Com o atraso na construção, a Infraero advertiu o consórcio responsável pela obra, que, por contrato, deveria entregar a reforma até março. Em vez de serem multadas, no entanto, as empresas assinaram um aditivo de prazo que garantiu mais tempo para a conclusão da obra.
A Infraero confirma que, “durante a execução dos serviços, foi constatada a necessidade de reforço na estrutura metálica do terminal existente”, ou seja, do antigo terminal de aviação geral, que foi ampliado para receber voos comerciais. O superintendente regional da Infraero, Silvério Gonçalves, confirma a ocorrência de problemas, mas diz estar proibido de fornecer detalhes sobre as obras. “Sei que nós tivemos problemas técnicos lá e, por essa razão, ele não ficou de todo pronto. Ele está quase pronto”, diz.
Apesar disso, Gonçalves afirma que o puxadinho não está nos planos para o início da Copa do Mundo. “Com mais um mês de atraso, acredito que vai ser entregue em julho”, afirma. A Copa começa em 12 de junho e termina no dia 13 do mês seguinte.
“Em relação ao terminal de passageiros 3, já foi anunciada a intenção de multa. No momento, o consórcio responsável pela execução das obras está em fase de defesa”, diz nota da assessoria de imprensa da Infraero. A penalidade seria aplicada por causa do atraso. Segundo a Infraero, já foram concluídas a via de acesso ao novo terminal, além do saguão e da área de desembarque. O cronograma do restante dos serviços será redefinido depois do encerramento da Copa.
O gerente comercial da Urbtopo – empresa integrante do consórcio contratado para executar as obras do terminal provisório –, Henrique Abreu, diz que o suposto problema estrutural impediu o consórcio de fazer “a interligação dos sistemas de controle de voo, elétrico e de água, devido às constantes quedas de energia”. Isso, segundo ele, impediu a execução dos testes. Abreu isenta a empresa do problema e põe a culpa na Infraero. “As empresas mesmo não aceitam testar com risco de queima de equipamento. Imagina se queimar um painel daqueles”, diz ele.
Na semana passada, Abreu tinha dito ao Estado de Minas que a área de desembarque e o saguão seria entregue, com atraso, no próximo domingo. A área de embarque seria concluída no dia 20. Por contrato, a obra do terminal provisório seria entregue em março, mas a empresa alega ter atrasado o início da construção por dois motivos: a necessidade de os funcionários passarem por treinamento devido, à proximidade com a torre de controle, e as chuvas de fim de ano. Ao todo, esse atraso foi de 63 dias.
ARREMATES A empresa diz desconhecer a aplicação de penalidade pelo descumprimento do prazo. Em contrapartida, afirma que assinou aditivo, prorrogando o contrato até julho. “A obra mesmo foi entregue. Temos pessoal lá para fazer arremates”, afirma o gerente comercial da Urbtopo.
O atraso na entrega do terminal provisório restringiu as operações no aeroporto internacional. A unidade deve ampliar a capacidade em 3,9 milhões de passageiros por ano, mas, sem sua conclusão, a Secretaria de Aviação Civil da Presidência da República não pôde considerar o aumento de capacidade no planejamento operacional para atender a demanda da Copa do Mundo.
O consultor técnico da Associação Brasileira de Empresas Aéreas (Abear), Adalberto Feliciano, afirma que o setor aguarda a conclusão das obras para traçar o planejamento, inclusive com novas rotas. “A gente está simplesmente aguardando que as obras sejam feitas e o aeroporto esteja pronto para receber tais voos. Não tem como colocar avião onde avião não cabe”, afirma. E mais: “Quando o aeroporto estiver pronto, as empresas certamente vão planejar mais voos para cá. É a terceira maior cidade do país; tem um mercado potencial muito bom”.
Voo verde no céu de Minas
O decolar de um avião do aeroporto de Confins rumo a Brasília, abastecido com 4% de bioquerosene importado de uma refinaria em Pasadena, no Texas (Estados Unidos), é promessa de ares mais limpos à aviação nacional. O voo, realizado ontem, marcou a primeira experiência mineira com o uso de um combustível verde no setor aéreo, que, com o lançamento da Plataforma Mineira de Bioquerosene, tem a perspectiva de incentivar novos estudos e o desenvolvimento da cadeia no estado.
O programa, parceria do governo de Minas com 17 instituições, tem como desafio produzir o bioquerosene em escala industrial para reduzir o custo de produção, tornando viável a adoção do produto pelas empresas. Segundo o diretor de Controle de Operações da Gol, Pedro Scorza, atualmente, o querosene “verde” custa entre três e quatro vezes mais que o fóssil. “O objetivo é o 0 a 0. Não quero um centavo de desconto, mas não posso abrir mão do custo”, diz ele. Afirmativa que se explica por 40% do custo operacional das companhias aéreas nacionais serem relativos ao combustível e a desoneração do produto ser um pleito antigo das empresas.
Uma empresa deve firmar parceria com o governo estadual para a instalação de uma refinaria experimental nas proximidades do aeroporto, com capacidade de produzir 20 mil litros por ano. Segundo o subsecretário de Assuntos Estratégicos da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Luiz Antonio Athayde, a negociação está adiantada. O investimento previsto para a planta é de R$ 6 milhões. “O bioquerosene virá direto para a companhia abastecer no aeroporto”, afirma Athayde, que já planeja a implantação de uma refinaria maior com o avanço dos estudos.
Em Minas, macaúba, etanol e camelina devem ser experimentados para a produção do bioquerosene. O produto usado ontem no voo usou uma mescla de milho não-comestível. Em homenagem ao Dia Mundial do Meio Ambiente, comemorado ontem, o combustível usado pela Gol para 200 voos, incluindo o de ontem, teve isenção de ICMS em Minas. Ao todo, 69 toneladas serão usadas. Segundo Scorza, o bioquerosene usado ontem reduz em até 70% a emissão de gases do efeito-estufa.
A indústria de aviação é responsável pela emissão de 2% do dióxido de carbono produzido pelo homem. Segundo estudos, para suprir a aviação nacional seria preciso aumentar a área plantada brasileira, passando de aproximadamente 5% para 7% do território nacional. (PRF)
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Interdição de vias estratégicas, como a ligação com o aeroporto de Confins, pode desencadear atitudes mais enérgicas |
Cenas de policiais impassíveis, limitando-se a observar grupos nem sempre numerosos de manifestantes interditando o tráfego em vias urbanas e rodovias, ou de militares imóveis, enquanto vândalos destroem e saqueiam estabelecimentos comerciais, não devem se repetir no período do Mundial de futebol, como ocorreu seguidamente no ano passado, durante a Copa das Confederações. As forças de segurança pública mineiras admitem que vão intervir com mais rigor se situações graves como essas ocorrerem, diferentemente da postura adotada em 2013. Um dia após a troca da chefia do Comando de Policiamento Especializado da Polícia Militar, o assessor estratégico da PM para a Copa do Mundo, coronel Leandro Bettoni, disse em entrevista ao Estado de Minas que a corporação está mais preparada e que pretende agir com mais rapidez para impedir que estabelecimentos sejam destruídos e roubados. O governador Alberto Pinto Coelho (PP) também sinalizou que a força será usada quando o diálogo falhar.
De acordo com o governador, esse será o último expediente, em casos de impasse. “Mas, quando se fizer necessário, será usado, e a nossa polícia é qualificada para esse uso. Qualquer fato de transgressão, nós temos o aparato policial para inibir”, afirmou. A postura indica um endurecimento das forças de segurança, o que, de acordo com fontes ligadas ao comando da corporação, teria levado ao pedido de aposentadoria do então comandante do Policiamento Especializado, coronel Antônio de Carvalho Pereira, substituído na quarta-feira pelo coronel Ricardo Machado. Na Copa das Confederações, o coronel Carvalho segurou a tropa, que testemunhou as depredações e saques sem agir, em nome da proteção de manifestantes pacíficos que estavam entre vândalos. Uma outra versão, porém, dá conta de que o comandante teria se indisposto com superiores exatamente devido à falta de autonomia para agir.
Agora, com diretrizes aparentemente mais severas, uma das situações na qual a PM atuará é a liberação de corredores importantes, como a Linha Verde. Em menos de 15 dias, a MG-010, rodovia estadual que liga Belo Horizonte ao Aeroporto Internacional Tancredo Neves, em Confins, foi bloqueada duas vezes por manifestantes, fazendo com que passageiros perdessem voos e deixando o trânsito da capital mineira ainda mais caótico. O primeiro fechamento ocorreu no dia 22, quando integrantes de ocupações urbanas protestaram em frente à Cidade Administrativa, sede do governo do estado. O segundo foi na quarta-feira, quando professores estaduais em greve fecharam a via por quatro horas, sem que a Polícia Militar tenha sido capaz de minimizar os transtornos a cidadãos prejudicados pelo ato.
DESOBSTRUÇÃO Se vias como a Linha Verde, consideradas importantes, forem interditadas por protestos, haverá uma avaliação da situação, com a PM podendo agir para que a via seja desobstruída. “Tudo dependerá de avaliação de momento. Se for um espaço vital para o evento (Copa do Mundo), se oferecer risco aos envolvidos ou se for um local extremamente importante, a polícia poderá, sim, desmobilizar os manifestantes com uso de força”, afirmou ontem o assessor estratégico da PM para o Mundial, coronel Leandro Bettoni, depois de se reunir com delegados da Ordem dos Advogados do Brasil de Minas Gerais.
Uma das prioridades é a passagem das delegações dos países envolvidos com a Copa. De acordo com o coronel Bettoni, há várias estratégias e caminhos possíveis para que os comboios cheguem aos estádios e concentrações. Mas, se um grupo de manifestantes encurralar um desses ônibus, a escolta agirá imediatamente para resguardar atletas e delegados. “Essa é uma situação possível e consta no nosso plano de contingência. Se um veículo de delegação for parado, a escolta, que é feita pelas polícias Militar e Federal, terá de intervir e liberar a passagem”, disse.
Destruição e furtos a concessionárias e lojas também não serão tolerados. Segundo o coronel Bettoni, foram traçadas estratégias para que as forças de segurança intervenham mais rápido e impeçam as ações de saqueadores e depredadores. “Estamos mais preparados do que na Copa das Confederações. A demora para atuar enquanto os crimes ocorreram é diferente de omissão. Desta vez, agiremos muito mais rápido, com estratégias para impedir esses crimes. Estamos também trabalhando com prevenção”, alertou.
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As poucas vezes em que a Polícia Militar agiu com mais vigor contra manifestantes ocorreram em Ribeirão das Neves, na Grande BH. No ano passado, em 21 de junho, vândalos depredaram a Câmara Municipal e tentaram invadir a garagem da concessionária de transportes Transimão. Policiais militares que faziam um cordão de isolamento nos edifícios foram atacados com pedras. Dois homens também atiraram na direção dos PMs. Uma policial foi atingida na perna e teve de ser socorrida na Unidade de Pronto-Atendimento de Justinópolis. Um soldado baleado nas costas foi levado de helicóptero para o Hospital João XIII. A tropa reagiu e rechaçou os manifestantes. Dois suspeitos foram presos, pouco depois do ataque, em uma favela próxima ao local. Com eles foram apreendidas duas armas de fogo. A PM também agiu em duas oportunidades na cidade, para liberar a BR-040, após horas de interdição.
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Análise da notícia
O direito da maioria
Autoridades mineiras agem bem ao anunciar mais rigor contra bloqueios de vias promovidos durante protestos no estado, em especial em Belo Horizonte. A livre manifestação é parte da democracia e deve ser respeitada, mas é também obrigação das forças de segurança garantir que o direito de ir e vir da maioria não seja atropelado. Moradores da capital, prejudicados por seguidas interdições, exigiam havia muito tempo postura mais firme da Polícia Militar. A partir de agora, é de se esperar que não se repitam cenas como as de quarta-feira: na ocasião, policiais nada fizeram para impedir que milhares de pessoas fossem prejudicadas por bloqueio de pistas na MG-010. A população, que paga seus impostos em dia e espera ser protegida pelos policiais, agradece.
VEJA AQUI A TROCA DE COMANDANTES DO POLICIAMENTO DE EVENTOS!
FONTE: Estado de Minas.
Em rota de colisão
Cruzeiro e autoridades têm discursos opostos em relação à preparação da festa, e Polícia Militar vai pedir extinção de Máfia Azul e Pavilhão Independente
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Vândalos derrubaram uma árvore de grande porte durante o confronto |
A falta de diálogo e planejamento adequado para o que deveria ter sido a festa do tricampeonato do Cruzeiro, domingo, do lado de fora do Mineirão, pode ter facilitado mais um episódio de guerra entre duas facções organizadas – Máfia Azul e Pavilhão Independente – de conhecida rivalidade e histórico conturbado. Um dia depois do desespero, pânico e correria tomarem conta de torcedores celestes na Avenida Abrahão Caram, Polícia Militar e Corpo de Bombeiros disseram não ter sido previamente comunicados sobre os preparativos de uma comemoração que, ao ritmo do maior trio elétrico do mundo, prometia a distribuição de 100 mil latões de cerveja a um público de nada menos do que 40 mil pessoas.
Embora Cruzeiro e empresa responsável pelo evento aleguem ter repassado todas as informações necessárias, ambos os órgãos apontam irregularidades e preparam um relatório técnico a ser entregue ao Ministério Público do estado. A PM vai além e solicita a extinção das duas organizadas, que somente em 2013, já protagonizaram pelo menos quatro confrontos registrados em estádios. O saldo da selvageria impressiona: 51 pessoas foram presas, sendo 22 por causa das brigas depois da partida e 28 flagrados no entorno do estádio, como flanelinhas, cambistas e responsáveis por furtos. Foram feitos 38 boletins de ocorrência e 127 ônibus do transporte coletivo de Belo Horizonte foram para as garagens depredados.
“Nós só fomos acionados para tratar do jogo”, disse o tenente-coronel Alberto Luiz, assessor de Comunicação da Polícia Militar, ao sustentar que a corporação não foi consultada para discutir sobre os procedimentos. Segundo ele, em uma discussão mais aprofundada sobre o evento, a PM colocaria em questão dois tópicos. “Seria necessário discutir mais sobre a distribuição de bebidas alcoólicas e a confraternização de torcidas rivais dentro da própria torcida”. O chefe do Comando de Policiamento Especializado da PM mineira, coronel Antônio de Carvalho, corroborou. “A PM não foi acionada para fazer a segurança da festa. Fomos até próativos e entramos em contato com o clube sexta-feira para oferecer suporte, mas a empresa contratada não seguiu nossas orientações básicas de segurança”.
O Corpo de Bombeiros também garante que a festa não foi realizada dentro dos trâmites previstos, com o envio do projeto temporário com 15 dias de antecedência. “Fiscalizamos o local por sabermos do evento”, disse o capitão Wendell Hoover, da Companhia de Prevenção do 3º Batalhão.
O Cruzeiro, por outro lado, garantiu que a PM foi procurada em reuniões com a Comissão de Monitoramento da Violência em Eventos Esportivos e Culturais (Comoveec) e Federação Mineira de Futebol (FMF), quando o pedido de segurança externa no estádio foi reforçado. A empresa Loja Estrutura de Eventos, contratada para organizar a festa, alegou ter repassado todas as informações sobre instalação do trio elétrico, banheiros químicos e realização do evento ao Cruzeiro.
O dia seguinte à selvageria foi de muita limpeza e reparos do lado de fora do Mineirão. Ponto da comemoração que acabou cancelada, a esquina das avenidas Abrahão Caram e Coronel Oscar Paschoal amanheceu com uma árvore de médio porte arrancada e a praça completamente pisoteada, com muita lama no lugar da grama. No Mineirinho, vândalos danificaram parte da grade de proteção e quebraram duas pilastras de concreto que fazem parte da cerca do ginásio. A Superintendência de Limpeza Urbana (SLU) teve muito trabalho com montanhas de resíduos, formadas por sacos, copos, latas, espetos, além de considerável quantidade de óleo, gordura e carvão deixados por ambulantes.
MORADORES ASSUSTADOS Já acostumada com a baderna e sujeira depois das partidas, desta vez a população do entorno se assustou com as cenas de violência. Para a membro da Associação Pró-Interesses do Bairro Bandeirantes, Adrienne Moore, o que se viu em frente ao Mineirinho foi uma praça de guerra. “Os moradores ficaram muito assustados. Penso que tudo que aconteceu no domingo é resultado de uma desordem total na regulação desses eventos. A baderna desses jogos está tomando um vulto cada vez maior”, opinou. Um dos diretores da Associação dos Moradores dos Bairros São Luiz e São José, Fábio Souza Melo, chamou a atenção para o fato de que ambulâncias tiveram dificuldades para chegar aos feridos. “Carros particulares tiveram que socorrer as pessoas. A situação era de calamidade.” O MP disse que aguardará documentos da PM e dos Bombeiros para se pronunciar.
PUNIÇÃO No início da noite de ontem, o Cruzeiro divulgou nota em seu site ressaltando que se reuniu com diversas autoridades na preparação do evento. O primeiro encontro ocorreu em 21 de novembro, na Região Integrada de Segurança Pública, com Polícia Civil, Militar, prefeitura, Corpo de Bombeiros, BHTrans e Minas Arena. “No dia seguinte, houve outro encontro, na Minas Arena, para tratar de detalhes do evento e foi encaminhado ofício para a PM reafirmando a festa, com público estimado de 50 mil a 70 mil”. Comparando a ação dos vândalos aos “famigerados Hooligans”, na Inglaterra, o clube pediu rigor na punição e identificação dos vândalos. “O que temos visto não são situações que devam ser tratadas nos tribunais esportivos, mas reprimidas com ações enérgicas dos responsáveis por coibir a violência e manter a ordem pública.”
Rastro da destruição
3,5
toneladas de lixo ficaram acumuladas no entorno do Mineirão
60
garis cuidaram da remoção e lavação das ruas de acesso e dos bairros São Luiz e São José
2
caminhões pipa e dois basculantes foram utilizados
127
ônibus do transporte coletivo foram depredados, mais do que o dobro do jogo contra o Grêmio (54 veículos)
De longa data…
» 6 de agosto de 2012
Briga entre membros da Máfia Azul e Pavilhão Independente na Estação Santa Tereza do metrô acaba com 18 presos. Alguns vagões e as dependências da estação são depredados
» 8 de setembro
Nova confusão, dessa vez durante o jogo Cruzeiro 1 x 0 Flamengo, no Mineirão
» 10 de outubro Logo depois de Cruzeiro 0 x 2 São Paulo, integrantes das facções voltam a se enfrentar na Avenida Abrahão Caram. Sete são detidos. Um torcedor é atingido na cabeça por uma haste de bandeira e fica ferido
» 13 de outubro
Facções se enfrentam nas arquibancadas do Independência, antes do clássico Atlético 1 x 0 Cruzeiro. Na mesma partida, uma bomba é atirada sobre atleticanos. Ambos os clubes são punidos com perda de mando de campo
» 22 de outubro
Ministério Público de Minas Gerais proíbe Máfia Azul e a Pavilhão Independente de entrar nos estádios portando bandeiras, faixas, instrumentos destinados à bateria ou charanga, até 20 de março de 2014
» 1º de novembro
Briga entre as duas torcidas provoca cancelamento da festa programada para a parte exterior do Mineirão, depois de Cruzeiro 1 x 2 Bahia
Veja também:
CRUZEIRO – suspeita de jogo vendido
QUE VENÇA O BRASIL »
No campo
O que está em jogo no Brasil x Uruguai de hoje, às 16h, no Mineirão
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NOS PÉS DE NEYMAR ESTÃO MAIS UMA VEZ DEPOSITADAS AS MAIORES ESPERANÇAS DA TORCIDA BRASILEIRA |
1) Vaga na final da Copa das Confederações
2) a evolução do trabalho da seleção de felipão
3) Quase um século de rivalidade
4) a manutenção do alto astral do time verde-amarelo
5) Mais um degrau de Neymar e cia. rumo ao sonho do hexa
As seleções Brasileira e Uruguaia revivem hoje um dos maiores clássicos do futebol mundial, às 16h, no Mineirão, onde a equipe tupiniquim treinou ontem (acima). Será a partida mais importante no estádio desde a sua reinauguração. Vale uma vaga na decisão da Copa das Confederações contra o vencedor de Espanha e Itália, que se enfrentam amanhã, em Fortaleza.
Mas haverá muito mais em jogo. Principalmente a afirmação do trabalho de Luiz Felipe Scolari, que assumiu a Seleção em novembro do ano passado em substituição a Mano Menezes, e a demonstração de que o time terá condições de brigar pelo título na Copa do Mundo, ano que vem.
QUE VENÇA O BRASIL »
Nos protestos e nas ações
Esquema policial para o jogo terá quase 2 mil militares a mais nas ruas de BH, em comparação com sábado. Com medo de depredações, lojistas do Centro protegeram vitrines e levaram mercadorias para casa. Na Pampulha, moradores estão preocupados com possível ação de vândalos. Enquanto isso, a UFMG decidiu que não aceitará a presença de militares no câmpus. Em reunião com comitê de atingidos pela Copa, o governador Antonio Anastasia definiu que haverá limite físico para manifestações na Avenida Abrahão Caram.
Nas estradas, preocupação é evitar protestos como os que fecharam ontem o Anel Rodoviário (acima).Depois de encontro com Dilma (acima), o presidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa, se mostrou favorável a um plebiscito sobre a reforma política. A convocação de uma constituinte, porém, proposta pela presidente na véspera, foi rechaçada ontem pela própria Dilma.
O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), também defendeu %u201Cconsultas mais assíduas à sociedade%u201D e disse que vai pôr em votação em 15 dias uma série de projetos alinhados com a pauta do Planalto.l A Câmara derrubou ontem a PEC 37 e aprovou 75% dos royalties do petróleo para a educação e 25% para a saúde.
FONTE: Estado de Minas.
Como será amanhã? IMPREVISÍVEL
Votação pública decidirá se passeata seguirá até o Mineirão no dia do jogo do Brasil. PM reforça efetivo e manterá bloqueios
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Na dúvida, comerciantes que já foram vítimas de vandalismo protegem o que restou dos vidros das fachadas, temendo nova onda de violência |
Diante do tumulto na manifestação que reuniu mais de 60 mil pessoas no entorno do Mineirão, no sábado, e do prenúncio das autoridades de segurança, que consideram inevitável novo confronto amanhã, a dúvida dos manifestantes é seguir ou não até o estádio onde ocorre o jogo da Seleção Brasileira, com intuito de dar visibilidade às reivindicações.
A repressão policial e os atos de vandalismo, dizem integrantes do movimento, enfraquecem e criminalizam a manifestação, desestimulando a participação popular. Por seu lado, a Polícia Militar nega excessos e afirma que agiu com rigor para manter a ordem. Em reunião ontem, o comando iniciou planejamento para evitar mais quebra-quebra em Belo Horizonte, identificando e prendendo os vândalos. Nesse jogo de resultado imprevisível, o que
já se sabe é que, a partir do meio-dia de amanhã, a decisão será tomada na Praça Sete, com o trajeto da manifestação sendo escolhido pela maioria. Colaboradores do movimento acreditam que a caminhada pacífica deve seguir até o palco da semifinal entre Brasil e Uruguai, mas, nas redes sociais, muitos discutem se o melhor mesmo é chegar até lá, sugerindo opções como fechar vias de acesso ao campo e até a outros destinos, como a Cidade Administrativa, a Assembleia Legislativa, a prefeitura e a Câmara Municipal.
A Comissão de Prevenção à Violência em Manifestações Populares também se reuniu ontem no Ministério Público e decidiu encaminhar ao governo estadual documento pedindo que haja garantias sobre a segurança dos manifestantes. Do contrário, sugerem participantes de movimentos que integram a comissão, a partida entre o Brasil e o Uruguai deve ser suspensa.
“O movimento está preocupado com a segurança dos ativistas e a função da comissão é manter o diálogo. Faremos o encaminhamento de sugestões às autoridades estaduais e municipais, como manter a iluminação pública na Avenida Antônio Carlos e as câmeras do Olho Vivo ligadas”, afirma o promotor de Direitos Humanos Fábio Reis de Nazareth.
O movimento quer um encontro com o governador Antonio Anastasia e o prefeito Marcio Lacerda, para apresentar as pautas, que abordam 10 temas, entre eles saúde, educação e transporte, inclusive com a revogação do aumento da passagem de ônibus, que voltaria a custar R$ 2,65. Outro pedido diz respeito à presença de pessoal e equipamentos do Corpo de Bombeiros e da saúde suficientes para atender eventuais feridos durante atos de protesto.
De acordo com o vice-presidente da União Brasileira de Estudantes Secundaristas (Ubes), Gladison Reis, a convocação continua. “Muita gente tem intenção de ir ao Mineirão e queremos que nosso direito seja respeitado”, diz ele, defendendo apoio do time brasileiro. “Vamos pedir que os jogadores não entrem em campo, se a gente não tiver segurança nos protestos.”
Com mais de 83 mil apoiadores no Facebook, a página “BH nas ruas” sugeriu uma votação sobre para onde deveria seguir a manifestação no dia do jogo. Até o fechamento desta edição, 185 pessoas haviam escolhido fechar acessos do Mineirão, 36 optaram por seguir diretamente para o estádio e somente 18 sugeriram desviar a passeata para outros rumos. Pelo menos 10 destinos alternativos foram sugeridos pelos adeptos do Facebook, sendo os mais votados a Cidade Administrativa, Assembleia Legislativa e Prefeitura de Belo Horizonte.
A votação por múltipla escolha destoava do tom dos comentários postados no Facebook, que são assinados pelos responsáveis. Dezoito sugeriam destinos alternativos ao Mineirão, enquanto oito que mostravam a cara na internet e se diziam favoráveis a permanecer nas imediações do estádio. “Já basta o confronto de sábado, né, galera?”, dizia uma estudante. Fazia coro a aluna R. S., para quem ir ao estádio é arcar com o ônus da confusão. “Dá margem para baderneiros agirem e o movimento se enfraquecer.” Já o publicitário F.D. reforçava a necessidade de a “manifestação se manter distante do campo para fugir da guerra direta”.
Em entrevista por telefone, F. disse que preferia não ir, mas avaliou que será inevitável que os protestos se aproximem do Mineirão. “Só vai dar para saber no dia o que vai acontecer, porque não há líderes no movimento e as pessoas decidem tudo na hora.” Enquando a dúvida persiste, ontem em vários dos locais que foram alvo de vandalismo o dia foi de proteger fachadas com tapumes, diante do temor de mais destruição.
PM vai reforçar isolamento
Ao mesmo tempo em que ativistas se organizam, a Polícia Militar planeja sua ação para amanhã, trabalho que deve ser concluído hoje, segundo o chefe de comunicação da corporação, tenente-coronel Alberto Luiz. Ele disse que a PM vai preservar o perímetro de segurança no entorno do Mineirão, determinado pela Fifa (veja arte). Ele adianta que o policiamento vai ser reforçado ao longo da Avenida Antônio Carlos.
“Não vamos barrar ninguém, mas eles não poderão entrar na Avenida Antônio Abrahão Caram e nem no entorno do Mineirão”, disse. A PM pretende distribuir mais de 30 mil panfletos orientando manifestantes a manter distância dos vândalos. Uma mensagem também será direcionada aos pais, para que orientem seus filhos para uma manifestação pacífica e que evitem locais que ofereçam perigo.
FONTE: Estado de Minas.
PAIXÃO E MEDO DIVIDEM TORCIDA
Torcedores estão animados para ir ao Mineirão ver a Seleção Brasileira, mas há quem tema ficar no meio de um confronto
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André Luiz está confiante e acha que não vai haver problemas |
Ir ou não ir ao jogo entre Brasil e Uruguai, amanhã à tarde no Mineirão, válido por uma das semifinais da Copa das Confederações? Essa é a dúvida dos torcedores que compraram ingressos para a partida e estão com medo de serem apanhados no meio de um confronto entre a polícia e os responsáveis pelos atos de vandalismo cometidos nas manifestações que ocorrem na capital desde o dia 8.
NOSSA CAPA SERIA ASSIM
Estávamos preparados para registrar uma das maiores confraternizações cívicas nas ruas de Belo Horizonte. Dezenas de milhares de pessoas, incluindo famílias com crianças e até bebês, fizeram manifestação pacífica no Centro e uma caminhada igualmente ordeira até a Pampulha.Também iríamos destacar que japoneses e mexicanos, em harmonia, se juntaram a brasileiros para encher o Mineirão e ver o México superar o Japão por 2 a 1. Na Fonte Nova, mais festa: o Brasil venceu a Itália por 4 a 2, com gols de Fred (2), Neymar e Dante, sem grandes tumultos em Salvador.
Mas infelizmente, ficou assim
E somos obrigados a informar que, mais uma vez, vândalos e criminosos infiltrados na manifestação partiram para o confronto na barreira próxima ao Mineirão, atirando rojões e pedras contra a polícia, que reagiu com bombas de efeito moral e tiros de bala de borracha. Houve um grande enfrentamento na Avenida Antônio Carlos. A UFMG teve cercas arrancadas e o Exército foi acionado para protegê-la. Lojas foram depredadas.O conflito transformou num inferno a saída dos torcedores do estádio. Bandos promoveram ataques em outros pontos da cidade e a PM ocupou a Praça Sete, usando pela primeira vez o blindado %u201Ccaveirão%u201D e lançando bombas. Pelo menos 28 pessoas ficaram feridas, três delas ao caírem de um viaduto, e 19 foram presas. Agora fica a pergunta: qual capa faremos depois do jogo da Seleção Brasileira, quarta-feira, no Mineirão?
Começa em paz, termina em guerra
Manifestações em 100 cidades repetiram cenas de confronto
Brasília — Enquanto a Seleção estava em campo, na tarde de ontem, cerca de 100 cidades brasileiras eram tomadas mais uma vez por manifestações. Assim como ocorreu nos últimos dias, a maioria dos protestos começou de forma pacífica e acabou em tumulto, confronto com policiais e vandalismo. Em Salvador, onde o Brasil disputava a partida contra a Itália, a entrada de torcedores ocorreu tranquilamente graças a um cordão de isolamento feito em torno da Fonte Nova, mas a cidade protagonizou cenas de batalha na área externa e no Centro.
A área próxima à Arena Fonte Nova foi cercada pelo batalhão de choque da Polícia Militar pela manhã, em um raio de 2km. A dificuldade de aproximação do estádio levou a um confronto entre alguns dos 1,5 mil manifestantes e policiais na região, com troca de bombas caseiras e de gás lacrimogêneo. Os grupos se dispersaram pela cidade, interrompendo algumas das principais pistas do Centro. Nesses locais, a polícia acompanhou o protesto a distância, garantindo que ele seguisse pacificamente. No início da noite, porém, houve novos confrontos. Seis pontos de ônibus foram depredados. O shopping Iguatemi, ponto de encontro da manifestação, fechou as portas por volta das 18h30 e esvaziou o prédio.
Três dias depois de 35 mil pessoas ocuparem a Esplanada dos Ministérios na marcha batizada de Acorda, Brasília!, um grupo estimado em 3,5 mil manifestantes voltou a protestar em frente ao Congresso Nacional. A mobilização, marcada via Facebook, tinha por objetivo protestar contra a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 37, que tira poderes de investigação do Ministério Público. Durante a marcha, outras pautas foram incorporadas.
Antes da passeata, os organizadores debateram estratégias para denunciar vândalos aos policiais, como sentar no gramado quando algum ato violento fosse iniciado. Mesmo assim, dois adolescentes e um adulto foram detidos por carregarem seis coquetéis molotov. Segundo os investigadores, eles pretendiam atirar os artefatos contra os 750 PMs que faziam a segurança do local. Assim como na última quinta-feira, grupos mais radicais ocuparam o espelho d’água em frente ao Legislativo.
Jovens mais exaltados jogaram água contra a tropa, posicionada em linha para proteger a entrada do Congresso. A situação ficou tensa quando vândalos arremessaram bombinhas na direção dos PMs. Baderneiros e ativistas quase entraram em confronto. Os primeiros queriam usar métodos violentos, enquanto a maioria tentava manter o caráter pacífico do ato.
Por volta das 17h, o grupo seguiu em direção ao Congresso Nacional, cantou o Hino Nacional e voltou para a rodoviária do Plano Piloto. Duas horas depois, a multidão desceu novamente o Eixo Monumental até se estabelecer no Congresso. Na pauta de reivindicações, os manifestantes pediam a aprovação da lei que torna a corrupção crime hediondo, a retirada de tramitação da PEC 37, a revisão de foros privilegiados (para que deputados e senadores sejam julgados pela Justiça comum), a cassação do senador Renan Calheiros (PMDB-AL) e de mensaleiros como o deputado José Genoíno (PT-SP).
Com os anúncios de redução de tarifas de transporte público, demanda inicial dos manifestantes, os protestos de ontem começaram a ganhar temas específicos, como a rejeição à Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 37, que limita os poderes de investigação do Ministério Público.
A PEC seria votada nesta semana no Congresso, mas foi adiada por conta da pressão popular. As manifestações tendo a proposta como tema foram organizadas pelas redes sociais com evento intitulado Dia do Basta e ocorreram também em Goiânia, Anápolis (GO), Roraima, Lajeado (RS), Juiz de Fora (MG), Curitiba, Maceió, Aracaju, Teresina, Belém, Taubaté (SP) e Araraquara (SP).
FONTE: Estado de Minas.
Tudo que uma médica BRASILEIRA, que trabalha no interior, quer falar pra “Presidenta” hoje:
Dilma, deixa eu te falar uma coisa! Este ano completo 7 anos de formada pela Universidade Federal Fluminense e desde então, por opção de vida, trabalho no interior. Inclusive hoje, não moro mais num grande centro. Já trabalhei em cada canto… Você não sabe o que eu já vi e vivi, não só como médica, mas como cidadã brasileira. Já tive que comprar remédio com meu dinheiro, porque a mãe da criança só tinha R$ 2,00 para comprar o pão. Por que comprei? Porque não tinha vaga no hospital para internar e eu já tinha usado todos os espaços possíveis (inclusive do corredor!) para internar os mais graves.
Você sabe o que é puxadinho? Agora, já viu dentro de enfermaria? Pois é, eu já vi. E muitos. Sabe o que é mãe e filho dormirem na mesma maca porque simplesmente não havia espaço para sequer uma cadeira? Já viu macas tão grudadas, mas tão grudadas, que na hora da visita médica era necessário chamar um por um para o consultório porque era impossível transitar na enfermaria? Já trabalhei num local em que tive que autorizar que o familiar trouxesse comida ( não tinha, ora bolas!) e já trabalhei em outro que lotava na hora do lanche (diga-se refresco ralo com biscoito de péssima qualidade) que era distribuído aos que aguardavam na recepção.
Já esperei 12 horas por um simples hemograma. Já perdi o paciente antes de conseguir um mera ultrassonografia. Já vi luva descartável ser reciclada. Já deixei de conseguir vaga em UTI pra doente grave porque eu não tinha um exame complementar que justificasse o pedido. Já fui ambuzando um prematuro de 1Kg (que óbvio, a mãe não tinha feito pré natal!) por 40 Km para vê-lo morrer na porta do hospital sem poder fazer nada. A ambulância não tinha nada…
Tem mais, calma! Já tive que escolher direta ou indiretamente quem deveria viver. E morrer…Já ouvi muito desaforo de paciente, revoltando com tanto descaso e que na hora da raiva, desconta no médico, como eu, como meus colegas, na enfermeira, na recepcionista, no segurança, mas nunca em você.
Já ouviu alguém dizer na tua cara: meu filho vai morrer e a culpa é tua? Não, né? E a culpa nem era minha, mas era tua, talvez. Ou do teu antecessor. Ou do antecessor dele…Já vi gente morrer! Óbvio, médico sempre vê gente morrendo, mas de apendicite, porque não tinha centro cirúrgico no lugar, nem ambulância pra transferir, nem vaga em outro hospital? Agonizando, de insuficiência respiratória, porque não tinha laringoscópio, não tinha tubo, não tinha respirador? De sepse, porque não tinha antibiótico, não tinha isolamento, não tinha UTI?
A gente é preparado pra ver gente morrer, mas não nessas condições. Ah Dilma, você não sabe mesmo o que eu já vi!
Mas deixa eu te falar uma coisa: trazer médico de Cuba, de Marte ou de qualquer outro lugar, não vai resolver nada! E você sabe bem disso. Só está tentado enrolar a gente com essa conversa fiada. É tanto descaso, tanta carência, tanto despreparo…
As pessoas adoecem pela fome, pela sede, pela falta de saneamento e educação e quando procuram os hospitais, despejam em nós todas as suas frustrações, medos, incertezas… Mas às vezes eu não tenho luva e fio pra fazer uma sutura, o que dirá uma resposta para todo o seu sofrimento!
O problema do interior não é falta de médico. É falta de estrutura, de interesse, de vergonha na cara. Na tua cara e dessa corja que te acompanha! Não é só salário que a gente reivindica. Eu não quero ganhar muito num lugar que tenha que fingir que faço medicina. E acho que a maioria dos médicos brasileiros também não.
Quer um conselho? Pare de falar besteira em rede nacional e admita: já deu pra vocês! Eu sei que na hora do desespero, a gente apela, mas vamos combinar, você abusou! Se você não sabe ser “presidenta”, desculpe-me, mas eu sei ser médica, mas por conta da incompetência de vocês, não estou conseguindo exercer minha função com louvor!
Não sei se isso vai chegar até você, mas já valeu pelo desabafo!
Fernanda Melo, médica, moradora e trabalhadora de Cabo Frio, cidade da baixada litorânea do estado do Rio de Janeiro.
“O dia em que a Presidenta Dilma em 10 minutos cuspiu no rosto de 370.000 médicos brasileiros.”
Há alguns meses eu fiz um plantão que chorei. Não contei à ninguém (é nada fácil compartilhar isso numa mídia social). Eu, cirurgiã-geral, “do trauma”, médica “chatinha”, preceptora “bruxa”, que carrego no carro o manual da equipe militar cirúrgica americana que atendia no Afeganistão, chorei.
Na frente da sala da sutura tinha um paciente idoso internado. Numa cadeira. Com o soro pendurado na parede num prego similiar aos que prendemos plantas (diga-se: samambaias). Ao seu lado, seu filho. Bem vestido. Com fala pausada, calmo e educado. Como eu. Como você. Como nós. Perguntava pela possibilidade de internação do seu pai numa maca, que estava há mais de um dia na cadeira. Ia desmaiar. Esperou, esperou, e toda vez que abria a portinha da sutura ele estava lá. Esperando. Como eu. Como você. Como nós.
Teve um momento que ele desmoronou. Se ajoelhou no chão, começou a chorar, olhou para mim e disse “não é para mim, é para o meu pai, uma maca”. Como eu faria. Como você. Como nós.
Pensei “meudeusdocéu, com todos que passam aqui, justo eu… Nãoooo….. Porque se chorar eu choro, se falar do seu pai eu choro, se me der um desafio vou brigar com 5 até tirá-lo daqui”.
E saí, chorei, voltei, briguei e o coloquei numa maca retirada da ala feminina.
Já levei meu pai para fazer exame no meu HU. O endoscopista quando soube que era meu pai, disse “por que não me falou, levava no privado, Juliana!” Não precisamos, acredito nas pessoas que trabalham comigo. Que me ensinaram e ainda ensinam. Confio. Meu irmão precisou e o levei lá. Todos os nossos médicos são de hospitais públicos que conhecemos, e, se não os usamos mais, é porque as instituições públicas carecem. Carecem e padecem de leitos, aparelhos, materiais e medicamentos.
Uma vez fiz um risco cirúrgico e colhi sangue no meu hospital universitário. No consultório de um professor ele me pergunta: “e você confia?”.
“Se confio para os meus pacientes tenho que confiar para mim.”
Eu pratico a medicina. Ela pisa em mim alguns dias, me machuca, tira o sono, dá rugas, lágrimas, mas eu ainda acredito na medicina. Me faz melhor. Aprendo, cresço, me torna humana. Se tenho dívidas, pago-as assim. Faço porque acredito.
Nesses últimos dias de protestos nas ruas e nas mídias brigamos por um país melhor. Menos corrupto. Transparente. Menos populista. Com mais qualidade. Com mais macas. Com hospitais melhores, mais equipamentos e que não faltem medicamentos. Um SUS melhor.
Briguei pelo filho do paciente ajoelhado. Por todos os meus pacientes. Por mim. Por você. Por nós. O SUS é nosso.
Não tenho palavras para descrever o que penso da “Presidenta” Dilma. (Uma figura que se proclama “a presidenta” já não merece minha atenção).
Mas hoje, por mim, por você, pelo meu paciente na cadeira, eu a ouvi.
A ouvi dizendo que escutou “o povo democrático brasileiro”. Que escutou que queremos educação, saúde e segurança de qualidades. “Qualidade”… Ela disse.
E disse que importará médicos para melhorar a saúde do Brasil….
Para melhorar a qualidade….?
Sra “presidenta”, eu sou uma médica de qualidade. Meus pais são médicos de qualidade. Meus professores são médicos de qualidade. Meus amigos de faculdade. Meus colegas de plantão. O médico brasileiro é de qualidade.
Os seus hospitais é que não são.
O seu SUS é que não tem qualidade.
O seu governo é que não tem qualidade.
O dia em que a Sra “presidenta” abrir uma ficha numa UPA, for internada num Hospital Estadual, pegar um remédio na fila do SUS e falar que isso é de qualidade, aí conversaremos.
Não cuspa na minha cara, não pise no meu diploma. Não me culpe da sua incompetência.
Somos quase 400mil, não nos ofenda. Estou amanhã de plantão, abra uma ficha, eu te atendo.
Não demora, não. Não faltam médicos, mas não garanto que tenha onde sentar. Afinal, a cadeira é prioridade dos internados.
Hoje, eu chorei de novo.
Saiba onde serão os cinco bloqueios no entorno do Mineirão
PM distribuirá folhetos mostrando área restrita ao estádio e usará balas de borracha se houver tentativa de invasão
Só poderão pelos bloqueios torcedores com ingresso e pessoas credenciadas. As medidas de segurança foram anunciadas durante entrevista coletiva no Palácio Tiradentes, na Cidade Administrativa, no Bairro Serra Verde, na Região Norte. Para garantir que a partida ocorra sem transtornos, foi definido um perímetro de segurança com cinco pontos de restrição de acesso. Diferentemente de segunda-feira, quando a Antônio Carlos foi fechada em vários pontos, a circulação pela via está liberada hoje. Os pontos de contenção serão montados na entrada no Viaduto José Alencar, na Avenida Abrahão Caram, na rotatória da Avenida Otacílio Negrão de Lima com Rua Coronel Oscar Pascoal e na Avenida Presidente Carlos Luz com Rua Conceição do Mato Dentro.
A ideia, segundo o comandante, é permitir que as pessoas que integram a passeata possam chegar mais perto do estádio. “Na segunda-feira, tentamos cadenciar o deslocamento das pessoas pela Antônio Carlos com a intenção de que o cortejo chegasse de forma fragmentada até o ponto de obstrução a fim de evitar pisoteamento e pânico. Mas a estratégia foi positiva, porque criou oportunidade para confrontos”, explica o coronel. Hoje, os manifestantes poderão caminhar livremente até chegar aos pontos de interrupção. “O aparato será de tal magnitude que não vai inspirar a possibilidade de romper a barreira”, afirma o coronel.
A expectativa da PM é de que 50 mil pessoas participem dos protestos. Para garantir a segurança a cidade contará com 3.550 agentes e policiais da Força Nacional. O governador Antônio Anastasia disse esperar um dia sem violência: “Tivemos excessos nos primeiros dias, mas os desrespeitos têm sido coibidos. Amanhã (hoje), teremos uma grande manifestação pacífica que deve ser histórica.”
TRÊS PERGUNTAS PARA…
CORONEL CLÁUDIA ROMUALDO, Comandante de Policiamento da Capital
1) A PM vai permitir que os manifestantes ultrapassem o limite de 2 quilômetros do Mineirão?
Os manifestantes poderão passar pela Antônio Carlos e seguir até a Avenida Santa Rosa e contornar a Lagoa da Pampulha, mas o acesso à Avenida Abrahão Caram será proibido. Só passa quem tiver credencial ou ingresso.
2) A tropa está cansada?
Todos estão dedicados, mas exaustos, sim, já que trabalham sem descanso ou intervalo, chegando a 14 horas por dia. Estou orgulhosa deles. Coordeno o Comando de Policiamento da Capital, o Comando de Policiamento Especializado, a academia da PM e o Batalhão Metrópole. Diante do empenho da polícia, peço que respeitem o limite hoje e não entrem em confronto com a tropa.
3) Como vai atuar a Força Nacional de Segurança?
A tropa irá atuar no Mineirão, Praça Sete e Praça da Estação, somando-se aos policiais militares. Em toda frente terá um oficial da PM comandando.
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Após um início pacífico, o protesto no coração do poder acaba em confronto com policiais militares e atos de vandalismo
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Manifestantes invadem o Itamaraty |
Brasília – O Brasil viveu ontem a maior onda de protestos simultâneos da história do país. Foram cerca de 1,4 milhão de pessoas em aproximadamente 111 cidades brasileiras que foram às ruas em mais um dia de manifestações generalizadas, número só comparado às Diretas Já, quando os brasileiros lutaram pelo direito de votar para a presidente. Em São Paulo e no Rio de Janeiro, um dia após a redução na tarifa do transporte público, 100 mil e 300 mil pessoas, respectivamente, lotaram as avenidas. A capital federal ardeu com 35 mil pessoas ocupando a Esplanada dos Ministérios – parte delas entrando em confronto com a polícia na frente do Congresso Nacional e tentando invadir o Palácio do Itamaraty, quebrando, inclusive, uma das vidraças do histórico prédio desenhado por Oscar Niemeyer. O balanço final registrou 127 feridos.
O ataque à sede do Ministério das Relações Exteriores foi apenas o sinal da devastação que vândalos, infiltrados entre a grande maioria das pessoas dispostas a pedir melhorias para a saúde e para a educação – entre outras coisas – demostraram. Passava das 22h quando uma nova onda de fúria espalhou-se entre os presentes, depois de confrontos com policiais militares em frente ao espelho d´água do Congresso Nacional.
Revoltado e fora do controle dos manifestantes pacíficos, um grupo começou a percorrer o Eixo Monumental destruindo o que podia. Os vândalos picharam ministérios, destruíram pontos de ônibus, arrancaram banners alusivos à Copa do Mundo e Copa das Confederações, apedrejaram as vidraças da Catedral, trincando a fachada reformada recentemente. No prédio da Previdência Social, policiais chegaram depois de serem avisados pelos próprios manifestantes sobre a ação dos depredadores. Com pedaços de pau na mão, o mesmo grupo destruiu as estruturas montadas para as pessoas assistirem aos jogos da Copa das Confederações. Próximo da meia noite, eles chegaram à Rodoviária, onde uma tropa de choque da PMDF os aguardava.
Pacifismo O protestou iniciou de maneira pacífica por volta das 17 horas, quando os manifestantes deixaram a Biblioteca Nacional em direção ao prédio do Congresso. Eles ouviam a buzina de apoio dos motoristas que passavam ao lado da passeata. O clima começou a esquentar quando os presentes esbarraram no cordão de isolamento montado em frente ao espelho d’água do Congresso. Parte do grupo decidiu, então, subir o gramado em direção ao Ministério da Justiça e tentou seguir pela pista em direção ao Palácio do Planalto. Novo cordão de isolamento foi montado e, neste momento, as primeiras bombas foram lançadas, de ambos os lados.
Para demonstrar que a tensão partia de um grupo minoritário, boa parte dos manifestantes começou a gritar “sem violência” e, assim que as primeiras bombas explodiram, sentaram-se no gramado, em sinal claro de descontentamento com o andamento do protesto. Mas nem a atitude deles nem a polícia conseguiu deter os vândalos.
A presidente Dilma Rousseff cancelou todas as viagens e permaneceu no Palácio do Planalto ao lado de assessores e ministros mais próximos. No Congresso, especulou-se a necessidade de decretação de estado de Defesa para diminuir a pressão nas ruas, mas interlocutores do governo negaram a possibilidade. Até o final da noite de ontem não estava confirmada a convocação de uma cadeia de rádio e televisão para que a presidente fale à Nação. Na última manifestação de Dilma sobre os protestos – feita durante lançamento do Código de Mineração, na terça-feira, no Planalto – ela disse que a democracia havia acordado mais forte apesar de alguns sinais isolados de vandalismo e violência. Em Ribeirão Preto ocorreu a primeira morte desde que as manifestações começaram, há 11 dias.
LIÇÃO QUE VEM DE BH: PROTESTO, SIM. VIOLÊNCIA, NÃO. BADERNEIROS SÃO POSTOS PRA CORRER
Maioria dos manifestantes se mobiliza para barrar ataques de vândalos e ajudar Polícia Militar a prendê-los durante protestos
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Milhares de pessoas voltaram a ocupar pacificamente a Praça Sete e outras regiões de BH. Houve tumultos isolados causados por vândalos e repudiados pelos manifestantes |
“Cara limpa, cara limpa”, gritaram os manifestantes, ontem, depois que um grupo de vândalos, com os rostos cobertos por camisas, quebrou a vidraça de uma loja de produtos naturais na Avenida Cristóvão Colombo, na Savassi, e furtou potes de suplementos alimentares. O pedido para um protesto sem violência fechou mais um dia de manifestações em Belo Horizonte, marcado pela concentração e passeatas de pelo menos 10 mil pessoas que começaram no início da tarde e terminaram à noite na Praça Sete, se estendendo para o Viaduto Santa Tereza, a Praça da Assembleia e outras regiões.
A Polícia Militar informou que também está atenta à atuação de vândalos durante as manifestações. Na noite de anteontem, por exemplo, 12 pessoas foram presas em flagrante por depredação, sendo nove com ficha criminal. E ontem houve novas prisões de suspeitos de crimes.
Os atos de violência durante os protestos, principalmente de criminosos infiltrados, são uma preocupação crescente de quem está indo às ruas da capital pacificamente por causas diversas. Mesmo sem uma estratégia conjunta para lidar com o problema, a ideia geral é abordar na hora quem pretende ou começa a agredir ou depredar.
Foi o que aconteceu na noite de ontem. Às 20h40, os manifestantes chegaram à Praça da Savassi. Após uma bandeira do Brasil ser pendurada em um poste, a multidão cantava o Hino Nacional, quando vândalos subiram a Cristóvão Colombo, em direção à Avenida do Contorno. Eles colocaram fogo em sacos de lixo na calçada e quebraram a vidraça da loja. Rapidamente, a multidão reagiu gritando: “sem vandalismo”.
Além dos apelos, um grupo correu para frente da loja e fez uma corrente humana de braços dados para impedir os saques. Nesse momento, manifestantes e vândalos entraram em confronto, mas, com a chegada de mais gente contrária às depredações, os criminosos fugiram. Quando a polícia chegou foi informada de que ali só havia manifestantes e que os baderneiros haviam corrido. Começou então o apelo da maioria para que outros manifestantes tirassem as camisas e máscaras dos rostos. Por volta de 21h, eles retornaram para a Praça Sete. Exausta pela caminhada, a maioria se sentou no chão e depois se dispersou aos poucos.
Na noite de terça-feira, manifestantes já haviam tentado sem sucesso impedir a ação dos encapuzados, que atacaram a sede da prefeitura, lojas, agências bancárias e ônibus e outros veículos,. prova de que a resistência ao vandalismo e á violência é crescente entre a maioria.
O que se viu ontem nas ruas e praças foi muita gente com os rostos pintados de verde e amarelo, bandeiras do Brasil, diversas reivindicações – do passe livre estudantil à destinação de 10% do Produto Interno Bruto (PIB) para as áreas de educação e saúde e muitos cartazes condenando a violência.
“Vandalismo não me representa”, lia-se no cartaz erguido pelo estudante Pedro Cordeiro, de 17. “O pessoal tem um raiva contida da corrupção mais, mas os vândalos não nos ajudam a conseguir as mudanças que queremos. Falta liderança para motivar as pessoas a evitarem esse tipo de coisa”, analisa.
Repúdio crescente
A empresária Alice de Faria, de 24, foi para a manifestação acompanhada do marido, o também empresário Hernane Afonso, 26, e dos filhos Rodrigo e Erick, de 6 e 3. Os quatro foram a todas manifestações, desde segunda-feira. “Esses casos de violência são isolados e envolvem pouca gente. Costumam ocorrer mais tarde, quando a maioria já foi embora. O pessoal tenta conter, mas acaba recuando, com medo de se machucar”, observa. “Isso acaba ofuscando a beleza do movimento, mas a gente que está na paz vai conseguir passar nossa mensagem”, disse a moça.
Emocionados, ela e Hernane choraram quando Erick, sentado nos ombros do rapaz, ergueu um cartaz com a inscrição “Eu mereço um país melhor” e foi ovacionado pela multidão em volta. “Ficamos emocionados. As crianças também têm o direito de lutar”, disse Hernane.
Maioria dos manifestantes se mobiliza para barrar ataques de vândalos e ajudar Polícia Militar a prendê-los durante protestos
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Milhares de pessoas voltaram a ocupar pacificamente a Praça Sete e outras regiões de BH. Houve tumultos isolados causados por vândalos e repudiados pelos manifestantes |
“Cara limpa, cara limpa”, gritaram os manifestantes, ontem, depois que um grupo de vândalos, com os rostos cobertos por camisas, quebrou a vidraça de uma loja de produtos naturais na Avenida Cristóvão Colombo, na Savassi, e furtou potes de suplementos alimentares. O pedido para um protesto sem violência fechou mais um dia de manifestações em Belo Horizonte, marcado pela concentração e passeatas de pelo menos 10 mil pessoas que começaram no início da tarde e terminaram à noite na Praça Sete, se estendendo para o Viaduto Santa Tereza, a Praça da Assembleia e outras regiões.
A Polícia Militar informou que também está atenta à atuação de vândalos durante as manifestações. Na noite de anteontem, por exemplo, 12 pessoas foram presas em flagrante por depredação, sendo nove com ficha criminal. E ontem houve novas prisões de suspeitos de crimes.
Os atos de violência durante os protestos, principalmente de criminosos infiltrados, são uma preocupação crescente de quem está indo às ruas da capital pacificamente por causas diversas. Mesmo sem uma estratégia conjunta para lidar com o problema, a ideia geral é abordar na hora quem pretende ou começa a agredir ou depredar.
Foi o que aconteceu na noite de ontem. Às 20h40, os manifestantes chegaram à Praça da Savassi. Após uma bandeira do Brasil ser pendurada em um poste, a multidão cantava o Hino Nacional, quando vândalos subiram a Cristóvão Colombo, em direção à Avenida do Contorno. Eles colocaram fogo em sacos de lixo na calçada e quebraram a vidraça da loja. Rapidamente, a multidão reagiu gritando: “sem vandalismo”.
Além dos apelos, um grupo correu para frente da loja e fez uma corrente humana de braços dados para impedir os saques. Nesse momento, manifestantes e vândalos entraram em confronto, mas, com a chegada de mais gente contrária às depredações, os criminosos fugiram. Quando a polícia chegou foi informada de que ali só havia manifestantes e que os baderneiros haviam corrido. Começou então o apelo da maioria para que outros manifestantes tirassem as camisas e máscaras dos rostos. Por volta de 21h, eles retornaram para a Praça Sete. Exausta pela caminhada, a maioria se sentou no chão e depois se dispersou aos poucos.
Na noite de terça-feira, manifestantes já haviam tentado sem sucesso impedir a ação dos encapuzados, que atacaram a sede da prefeitura, lojas, agências bancárias e ônibus e outros veículos,. prova de que a resistência ao vandalismo e á violência é crescente entre a maioria.
O que se viu ontem nas ruas e praças foi muita gente com os rostos pintados de verde e amarelo, bandeiras do Brasil, diversas reivindicações – do passe livre estudantil à destinação de 10% do Produto Interno Bruto (PIB) para as áreas de educação e saúde e muitos cartazes condenando a violência.
“Vandalismo não me representa”, lia-se no cartaz erguido pelo estudante Pedro Cordeiro, de 17. “O pessoal tem um raiva contida da corrupção mais, mas os vândalos não nos ajudam a conseguir as mudanças que queremos. Falta liderança para motivar as pessoas a evitarem esse tipo de coisa”, analisa.
Repúdio
crescente
A empresária Alice de Faria, de 24, foi para a manifestação acompanhada do marido, o também empresário Hernane Afonso, 26, e dos filhos Rodrigo e Erick, de 6 e 3. Os quatro foram a todas manifestações, desde segunda-feira. “Esses casos de violência são isolados e envolvem pouca gente. Costumam ocorrer mais tarde, quando a maioria já foi embora. O pessoal tenta conter, mas acaba recuando, com medo de se machucar”, observa. “Isso acaba ofuscando a beleza do movimento, mas a gente que está na paz vai conseguir passar nossa mensagem”, disse a moça.
Emocionados, ela e Hernane choraram quando Erick, sentado nos ombros do rapaz, ergueu um cartaz com a inscrição “Eu mereço um país melhor” e foi ovacionado pela multidão em volta. “Ficamos emocionados. As crianças também têm o direito de lutar”, disse Hernane.
Mais 150 homens da Força Nacional
A Polícia Militar de Minas Gerais agora se prepara para reforçar o efetivo para o jogo de sábado no Mineirão, entre Japão e México, quando há previsão de nova manifestação. Ontem, o governador Antonio Augusto Anastasia (PSDB) fez um apelo para que os populares ajam de forma “tranquila e serena” nos protestos até o final da Copa das Confederações. Em caso de atos de enfrentamento, determinou ao Comando da PM que não “meça esforços” para garantir a segurança da população e do patrimônio público.
Em encontro na manhã de ontem entre Anastasia e a presidente Dilma Rousseff, ficou acertado que 150 homens da Força Nacional de Segurança vão atuar na capital no sábado sob o comando da PM mineira. Eles serão deslocados para o perímetro de segurança da Fifa, deixando os policiais militares livres para atuar nas manifestações previstas.
“O envio pelo governo federal de integrantes da Força de Segurança é um gesto simbólico, que demonstra o apoio da União ao esforço que o estado vem fazendo para garantir a segurança da população e dos próprios manifestantes. Trata-se de uma força especializada, bem treinada, que vai se somar ao nosso contingente policial nas ações para que as manifestações em Belo Horizonte transcorram de forma pacífica e ordeira”, afirma o comandante geral da Polícia Militar de Minas Gerais, coronel Márcio Martins Sant’Ana. À tarde, o comandante se reuniu com o governador para traçar novas estratégias para o ato programado no fim da semana. Além dos homens da Força Nacional, a previsão é aumentar o efetivo da PM para 9 mil policiais, três vezes mais que o usado na segunda-feira.
Em pronunciamento, o governador argumentou que “o sentimento das ruas não pode ser ignorado pelos governantes” e defendeu a “livre manifestação pacífica”. “Não podemos permitir, entretanto, que milhares de manifestantes que ocupam as ruas do país em manifestações pacíficas sejam confundidos com algumas pessoas que se misturam à multidão com o claro objetivo de criar confrontos, de provocar e atacar as forças de segurança e o patrimônio público, que pertence a toda a sociedade.” O secretário de Estado de Defesa Social, Rômulo Ferraz, esteve presente.
INQUÉRITO As imagens da manifestação de anteontem já foram reunidas pela PM e encaminhadas à Polícia Civil, encarregada de abrir inquérito para apurar quem são os possíveis líderes dos atos de vandalismo na Avenida Antônio Carlos. O coronel Márcio Martins Sant’Ana informou que as cenas foram encaminhadas também para a corregedoria da corporação com a finalidade de averiguar possíveis excessos cometidos por militares.
Sobre o uso de bala de borracha – proibido em São Paulo –, o comandante da PM argumentou que em Minas Gerais está mantido, mas para casos extremos. O coronel Sant’Ana negou a possibilidade de a PM usar os dois carros blindados para fazer uma barreira que impeça aos manifestantes ultrapassar os limites de segurança, permitidos pela Fifa, até o Mineirão. Entre as estratégias discutidas para sábado está também o uso de um carro de som para negociar com manifestantes em Belo Horizonte.
Governo envia Força Nacional para 5 cidades-sede
da Copa das Confederações
O governo informou nesta terça-feira que enviará efetivos da Força Nacional de Segurança Pública (FNSP) para as cinco cidades-sede da Copa das Confederações com a intenção de reforçar a segurança e a ordem pública, em meio à onda de protestos que vêm agitando o país desde a semana passada.
O Ministério da Justiça informou em comunicado que os policiais serão enviados aos estados que solicitaram e que o tempo de permanência delas dependerá da decisão de cada governo estadual.
Segundo o comunicado, os reforços foram requisitados pelos governos do Rio de Janeiro, Minas Gerais, Bahia, Ceará e do Distrito Federal. A única sede que não solicitou a Força Nacional foi o Recife.
O Ministério da Justiça informou que o envio de reforços estava previsto antes dos protestos, mas não esclareceu porque o desembarque dos policiais nas cidades está ocorrendo apenas quatro dias após o início do torneio.
Apesar de o Ministério ter negado uma relação direta entre o envio de tropas e os protestos, o governador de Minas Gerais, Antonio Anastasia, admitiu ontem que pediu apoio da Força Nacional para ajudar a conter os incidentes violentos que ocorreram em algumas manifestações.
Os protestos começaram na semana passada em São Paulo, exclusivamente contra o aumento nas tarifas do transporte público, mas acabaram se estendendo para outras cidades e revelando uma onda de descontentamento social em todo o país.
Os manifestantes exigem maiores investimentos na saúde e na educação pública e criticam a corrupção, o desperdício de recursos públicos e os gastos elevados do governo para organizar eventos como a Copa do Mundo de 2014.
Os protestos reuniram na segunda-feira cerca de 250 mil pessoas em 20 cidades e continuaram nesta terça-feira em São Paulo com a presença de aproximadamente 50 mil manifestantes.
Para a próxima quinta-feira foram convocadas novas mobilizações em várias cidades.
FONTES: Estado de Minas e Terra.
PAZ E GUERRA
Após protesto pacífico de 10 mil pessoas, vândalos atacam prédios e veículos no Centro de BH e na Praça da Liberdade
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Após protesto pacífico de 10 mil pessoas, vândalos atacam prédios e veículos no Centro de BH e na Praça da Liberdade |
A manifestação pacífica de cerca de 10 mil pessoas que se reuniram ontem à tarde perto da UFMG, na Pampulha, e seguiram para a Praça Sete, foi manchada por grupos isolados de vândalos à noite, que depredaram a sede da prefeitura, na Avenida Afonso Pena, agência bancária e lojas na Rua Tamoios, no Centro, o relógio de contagem regressiva para a Copa do Mundo, na Praça da Liberdade, e atacaram ônibus e carros particulares nos dois locais.